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Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Ética, Valores 
Humanos e 
Transdisciplinaridade 
Delmo Mattos 
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o 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Marcio Barros Dutra 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Diretora Claudia Antunes Ruas Guimarães 
Assessora Andrea Jardim 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Delmo Mattos 
Revisão: Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior 
Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
M444e Mattos, Delmo. 
Ética, valores humanos e transdisciplinaridade / Delmo 
Mattos ; revisão de Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. 
Valverde Junior. 2. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO, 2011. 
167 p. ; il. 
1. Ética. 2. Moral. 3. Ética empresarial. 4. Responsabilidade 
social da empresa. I. Maria, Lívia Antunes Faria. II. Valverde 
Junior, Walter P. III. Título. 
 
 
CDD 170 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
© Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
 
Informações sobre a disciplina 
 
Carga horária: 60 
Créditos: 04 
Ementa: Ética e moral. A ética profissional. A responsabilidade social. A 
questão da alteridade como principio da relação social. Os valores humanos 
fundamentais à construção de uma cultura de paz. Transdisciplinaridade e 
convergência de conhecimentos. 
Objetivo geral: oferecer ao discente as condições de referência para a 
compreensão da ética e da moral, do ponto de vista filosófico, bem como, a sua 
importância para a sua atividade profissional e acadêmica. Além disso, refletir e 
discutir sobre a dimensão ética na existência do ser humano, dentro do contexto 
da crise dos valores da nossa sociedade, conduzindo a uma compreensão global da 
influência da reflexão ética no âmbito das decisões e responsabilidades inerentes 
aos atores sociais e econômicos da atualidade. 
Conteúdo programático 
Unidade 1 – Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e social, 
conceitos e definições fundamentais. 
 Distinguindo Ética da Moral. 
 O caráter histórico e social da Moral. 
 O caráter histórico e social da Ética. 
 
Unidade 2 – Problemas Éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade. 
 A consciência moral e os valores éticos. 
 A busca da felicidade: virtude e o bem viver em Aristóteles. 
 Aristóteles e a amizade como um problema ético-moral. 
 Pensando a liberdade: La Boétie e Sartre. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Unidade 3 – Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios. 
 Pressupostos teóricos da ética empresarial: história e 
desenvolvimento. 
 Empresa ética e visão ético-empresarial. 
 A ética nos negócios ou negociando com ética: lucro x princípios 
morais. 
 O código de ética profissional: funções e limites. 
 
Unidade 4 - Ética profissional e responsabilidade social. 
 Ética profissional: os valores sociais da profissão. 
 O desempenho ético-profissional: ambiência e relações pessoais. 
 Ética e responsabilidade social nos negócios. 
 Decisões morais racionais. 
 
Bibliografia Básica 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304p. 
CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. 3ª. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 118p. 
Bibliografia Complementar 
NASH, L. Ética nas empresas: boas intenções à parte. São Paulo: Makron Books, 
2001. 359p. 
ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São 
Paulo: Saraiva, 2002. 340p. 
 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Reitora 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1. Apresentação da disciplina ............................................................................................................. 09 
2. Plano da disciplina .............................................................................................................................. 11 
3. Unidade 1 – Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e 
 social, conceitos e definições fundamentais. ......................................................................... 13 
4. Unidade 2 – Problemas éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade. ..................................................................................................47 
5. Unidade 3 – Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios ...................................85 
6. Unidade 4 – Ética profissional e responsabilidade social .................................................117 
7. Considerações finais........................................................................................................................... 153 
8. Conhecendo a autora ........................................................................................................................ 154 
9. Referências ............................................................................................................................................. 155 
10. Anexos ...................................................................................................................................................... 165 
 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Caro aluno, 
Seja bem-vindo à disciplina Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade. 
O tema da ética constitui-se em uma das áreas de conhecimento da Filosofia 
que mais desperta interesse em nossa sociedade nos dia de hoje. Sabe-se, por 
exemplo, a maioria das profissões e empresas possui seus códigos de ética, o que 
nos leva a supor que estas se preocupam, especificamente, na fundamentação e 
sistematização dos princípios e valores que orientarão respectivamente as ações 
dos seus profissionais e dos seus funcionários. Também, podemos constatar um 
profundo interesse em discutir e refletir sobre os problemas relacionados à vida 
humana, principalmente, devido às descobertas mais recentes da medicina, da 
biologia e da genética que promovem uma alteração inigualável nos padrões 
habituais pelo qual pensávamos e reagíamos a situações, como a clonagem 
humana, o uso de alimentos transgênicos e a utilização de células tronco. 
Por outro lado, igualmente, constata-se uma preocupação em revisar os 
parâmetros habituais do homem em relação ao meio ambiente, assim como do 
nosso dever em conscientizarmos, do ponto de vista ético, a responsabilidade com 
o futuro de nossa espécie e das demais que habitam o nosso planeta. Estas são 
apenas algumas das questões que suscitam um debate relacionado à ética e à 
moral verificadas por nós diariamente nos jornais, revistas e nos noticiários da 
televisão. 
Mas porque este interesse tão grande sobre a ética? A ética, mais do que 
qualquer outra disciplina, está diretamente relacionada à nossa experiência 
cotidiana. Ela nos conduz a uma reflexão crítica acerca dos valores adotados por 
nós, o sentido dos atos praticados e a forma pela qual as nossas decisões são 
tomadas e que tipo de responsabilidade devemos ter sobre elas. A ética é um 
campo de estudo altamente controverso e absolutamente relevante para nossa 
época. 
Desejando ou não, todos nós somos confrontados por questões éticas a cada 
dia. Cada vez mais somos sobrecarregados de perguntas que, no fundo, são 
estritamente éticas. Vemo-nos cercados por decisões acerca de como devemos 
viver e de que tipo de pessoas devemos ser. De certa forma, possuímos consciência 
9 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
de que o que fazemos e quem somos são coisas absolutamente relevantes para 
nossa conduta enquanto ser social. Diante dessa perspectiva, estamos todos, de 
certa forma, refletindo sobre a ética. 
Neste sentido, é concebível afirmar que a ética está tão próxima de nós quanto 
estamos próximos dela. Contudo, o estudo da ética não se deve limitar em discutir 
e apresentar apenas os seus pressupostos fundamentais. Necessitamos ir sempre 
além deles, promovendo em nossa prática cotidiana os elementos que nos 
conduzirão a sermos indivíduos mais atentos com os valores básicos de nossa 
sociedade, e assim, tornando-nos capazes de possuirmos responsabilidade sobre 
nossas ações a fim de torná-las eticamente possíveis. Por isso, espera-se que o 
estudo da ética não seja tomado somente como exigência acadêmica. A ética é 
muito mais do que isso! 
Esta disciplina fora construída tendo em vista a fornecer um quadro geral de 
uma determinada questão ou problema, o que facilita o seu estudo em 
profundidade, pois permite facilmente uma visão crítica do âmbito em que está 
colocada cada questão particular da ética. Sendo assim, esta disciplina não se 
constitui em uma síntese esquemática e sufocante como muitas vezes acontece 
com certas apostilas e manuais, mas procura oferecer uma exposição que 
contempla o que há de mais valioso sobre uma determinada questão ou assunto 
da ética, deixando outras para que você tenha iniciativa de investigá-la por conta 
própria diante das variadas sugestões de bibliografia que serão apresentadas ao 
longo das unidades. 
Neste contexto, a disciplina apresenta uma integração que se manifesta no 
equilíbrio da sua exposição, na proporção e divisão dos assuntos abordados de 
modo a facilitar a compreensão em seu conjunto. Por outro lado, o 
desenvolvimento linear das unidades tem por finalidade fazer você se contagiar 
pelo gosto da disciplina, do raciocínio e da utilização da reflexão ética na sua vida 
pessoal e profissional, pois veremos então que esta disciplina, em lugar de ser 
penosa como muitos pensam, é condição para o viver em harmonia e liberdade 
respeitando as diferenças. 
Estaremos sempre presentes para auxiliá-lo em suas tarefas. 
Bons estudos! 
10 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Plano da Disciplina 
 
Esta disciplina fora construída tendo em vista a fornecer um quadro geral de 
uma determinada questão ou problema, o que facilita o seu estudo em 
profundidade, pois permite facilmente uma visão crítica do âmbito em que está 
colocada cada questão particular da ética. 
Desse modo, esta não se constitui em uma síntese esquemática e sufocante 
como muitas vezes acontece com certas apostilas e manuais, mas procura oferecer 
uma exposição que contempla o que há de mais valioso sobre uma determinada 
questão ou assunto da ética, deixando outras para que você tenha iniciativa de 
investigá-la por conta própria diante das variadas sugestões de bibliografia que 
serão apresentadas ao longo das unidades. 
Diante desse contexto, a disciplina Ética, Valores Humanos e 
Transdisciplinaridade apresenta uma integração que se manifesta no equilíbrio da 
sua exposição, na proporção e divisão dos assuntos abordados de modo a facilitar 
a compreensão em seu conjunto. Sendo assim, faremos um breve resumo de cada 
unidade, enfatizando seus objetivos para que você tenha uma visão geral daquilo 
que irá estudar: 
Unidade 1: Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e social, 
conceitos e definições fundamentais 
Apresenta esquematicamente os aspectos históricos e sociais da ética e da 
moral e situa os seus elementos constitutivos no desenvolvimento da humanidade. 
Objetivo: expor a problemática relativa à distinção entre ética e moral e suas 
respectivas definições e objetos de estudo. 
 
Unidade 2: Problemas Éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade 
Esta unidade fornece os problemas norteadores da ética e discute a 
problemática da liberdade, da responsabilidade e do determinismo nos filósofos La 
Boétie e Sartre e, em seguida, dá noções de felicidade amizade e virtude na 
reflexão filosófica de Aristóteles. 
11 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Objetivo: refletir sobre a nossa prática cotidiana e avaliar a direção para a qual 
nossos valores éticos dirigem-se no mundo em que vivemos hoje. 
 
Unidade 3: Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios 
Trata dos pressupostos teóricos da ética empresarial e seus fundamentos, para 
a partir deste,expor os aspectos éticos presentes nas relações comerciais ou nos 
negócios. 
Objetivo: abordar a prática da ética no nível das organizações e nos negócios. 
 
Unidade 4: Ética profissional e responsabilidade social 
Esta unidade versará sobre problemática relativa à distinção aos valores sociais 
da profissão. Trata-se, portanto, de debater a essência da ética profissional. 
Objetivo: expor os conceitos capitais da ética e da responsabilidade social nos 
negócios e expor os princípios norteadores das decisões morais racionais. 
 
12 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Fundamentos da Ética e da 
Moral: contexto histórico e 
social, conceitos e 
definições fundamentais 
Distinguindo Ética de Moral. 
O caráter histórico e social da Moral. 
O caráter histórico e social da Ética. 
1 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
14 
 
Caro aluno, bem-vindo à nossa primeira unidade de estudo. Comecemos esta 
módulo apresentando a você o contexto histórico do surgimento da ética e da 
moral, assim como os principais conceitos e definições que as envolvem. Trata-se, 
portanto, de uma unidade introdutória cujo teor da abordagem preparará você ao 
entendimento seguro das questões tratadas nas unidades seguintes. Espero que, 
por intermédio desta explicação, você sinta-se confortável ao se introduzir no 
universo especulativo da ética e seus problemas fundamentais. 
 
Objetivos da unidade 
 Apresentar a problemática relativa à distinção entre ética e moral, 
assim como as suas respectivas definições e objetos de estudo. 
 Esboçar, de forma esquemática, os aspectos históricos e sociais da 
ética e da moral. 
 Situar os seus elementos constitutivos no desenvolvimento da 
humanidade. 
 
Plano da unidade 
 Distinguindo Ética de Moral. 
 O caráter histórico e social da Moral. 
 O caráter histórico e social da Ética. 
 
Como parceiros de sua aprendizagem, desejamos sucesso na sua formação! 
Bons Estudos! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
15 
 
Distinguindo Ética da Moral 
No sentido geral, a palavra ética origina-se do grego antigo ήθική [ήθική 
φιλοσοφία] "filosofia moral" e do adjetivo ήθος (ēthos) que quer dizer "costume, 
hábito". Conexo ao conceito de ética está o conceito de moral, também originado 
de uma palavra grega “mores” (ήθος = mos) possui aparentemente um significado 
semelhante ao de ética. No entanto, se atentarmos como os gregos realmente 
usavam a grafia e a pronúncia do termo ēthos, nota-se uma nítida diferença de 
significado entre ambas. São elas: 
 (pronunciado como êtos) = para designar "costume”. 
 (pronunciado como étos) = para designar a índole, no sentido de caráter 
e temperamento natural da pessoa. 
 
Compreendeu como a diferença da pronúncia de ēthos altera substancialmente o 
seu significado? Certamente, em um ato concreto realizado por uma pessoa a diferença 
de sentido entre ambas não são claramente percebida. Por exemplo: o ato do cidadão 
grego de partir, com seus iguais, para a guerra, em defesa da cidade-estado (pólis), está 
presente nos dois sentidos indicados pelas duas palavras gregas. É costume da cidade 
grega que o cidadão seja soldado e não escravo, pois o ato de defender a cidade é um 
ato honroso. Com efeito, o ato de ir à guerra diz também algo íntimo acerca do homem, 
pois está relacionado ao seu caráter: ele é um homem corajoso e, como tal, valoroso. 
Vejam, nestas frases comuns entre nós, como os dois sentidos da palavra ēthos 
utilizados pelos gregos antigos estão intimamente relacionados: 
 
a) "O rapaz foi muito ético: não revidou agressão." 
b) “Aquele político é um homem ético." 
c) "Todos aqui o respeitam como um homem de moral." 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
16 
 
Diferentemente dos gregos, os romanos utilizavam a palavra latina mos 
(mores) para designar o costume ou costumes. Foi a partir deste termo romano que 
surge o modo como entendemos o significado de moral na Língua Portuguesa. 
Sendo assim, na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, 
implicam, simultaneamente, de alguma forma, nos dois 
significados diferentes antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral, incidem sobre estas duas dimensões, ou 
seja, uma valoração do homem como tal e do seu agir em 
conformidade ou não com os costumes e a tradição. 
Reconhecendo as dificuldades para separar de modo consensual e técnico o 
que é ético do que é moral, em um terreno em que não há acordo fácil entre os 
filósofos sobre a distinção entre ambas, vejamos como o dicionário de Aurélio 
Buarque de Holanda as define: 
1. ÉTICA: refere-se ao "estudo dos juízos de apreciação referentes à 
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e 
do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo 
absoluto" (HOLANDA, 1999, p. 848-849). 
2. MORAL: refere-se ao "conjunto de regras de conduta consideradas 
como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, 
quer para grupo ou pessoa determinada" (HOLANDA, 1999, p. 978-
979). 
IMPORTANTE: 
A distinção do dicionarista está de acordo com a certa tradição 
filosófica: a de considerar moral como as normas de convivência social e ética como 
o estudo e a reflexão teórica, sobre a moral, o comportamento moral dos homens e 
as valorações morais das diferentes culturas e sociedade, segundo uma 
metodologia estritamente racional, ou seja, filosófica e científica (Cf. VÁZQUEZ, 
2001). 
Percebe-se claramente que as definições de ética e moral fornecidas pelo 
dicionarista apresentam uma diferença técnica entre os dois termos, segundo seu 
uso correto em nossa língua, em que está também a chave da solução para 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
17 
 
entender o modo confuso e equivocado com que as duas palavras são usadas: os 
homens modernos não gostam de dizer que suas ações são morais, pois isto 
equivaleria a dizer que elas são corretas apenas porque são conformes ao costume 
e à tradição. Preferem dizer que agem segundo uma ética para denotar um 
suposto caráter independente, reflexivo e filosófico de sua posição existencial e 
política. 
Diante dos clamores da imprensa, dos políticos e dos militantes dos 
movimentos sociais por "mais ética na política", nos 
últimos anos, usa-se o termo ética e não o termo moral 
para uma fuga, até certo ponto fictícia, do caráter 
"tradicionalista" da moral. Por um lado, se avaliarmos bem 
quais seriam os "princípios éticos" que, em última análise, 
se espera dos políticos, encontraríamos antigos valores da cultura ocidental, 
consignados em mandamentos da lei de Deus, conforme a tradição mosaica e 
incorporada pelo cristianismo: “Não matarás; não roubarás”; “não levantarás falso 
testemunho”; “não cobiçarás as coisas alheias” (Cf. VÁZQUEZ, 2001). 
Diante disso, o apelo por mais ética na política nada mais é do que um apelo 
por mais fidelidade aos antigos valores morais do mundo ocidental. Desta forma, lá 
onde se alardeia uma novidade, produto de uma reflexão "filosófico-ética" original, 
nada mais há do que valores antigos sob novos nomes ou "novas fachadas". Por 
outro lado, há níveis de complexidade dos problemas humanos reais e concretos 
que já não são tão facilmente resolvidos com base nos costumes tradicionais. 
Veja-se que ninguém precisa fazer apelo à reflexão ética para dizer que "é 
imoral um vizinho roubar o cachorro do outro e dá-lo de presente a um amigo". Em 
geral, poder-se-ia dizer que a lei moral "não roubarás" surgiu neste mesmo 
contexto elucidativo, ou seja, problemas humanos antigos continuam sendo 
suficientemente bem resolvidos pela moral tradicional.Logo, um dos grandes 
dilemas dos estudos da moral na atualidade pode ser resumido nas seguintes 
questões: existem ou não valores morais válidos para todos os homens? Como 
justificar a classificação das ações em moralmente corretas ou incorretas, boas ou 
más? 
Tradição mosaica: 
tradição proveniente dos 
ensinamentos de Moisés. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
18 
 
Retomando a problemática da distinção conceitual entre ética e moral, 
Vázquez afirma que a “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos 
homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do 
comportamento humano” (VÁZQUEZ, 2001, p. 12). Essa definição ressalta o caráter 
científico da ética, isto é, corresponde à necessidade de uma abordagem científica 
dos problemas morais. 
Por outro lado, Valls afirma que: 
“a ética preocupa-se com as formas humanas de 
resolver as contradições entre necessidade e 
possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o 
individual e o social, entre o econômico e o moral, entre 
o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural e 
entre a inteligência e a vontade, evidenciando as 
contradições enfrentadas pelos indivíduos na tomada 
de decisões envolvendo dilemas éticos (VALLS, 1996, p. 
48). 
Comparando as definições fornecidas pelos autores, poderemos traçar o 
seguinte esquema: 
1. a ética relaciona-se com a ciência (o conhecimento científico); 
2. a ética relaciona-se com avaliação da conduta humana; 
3. a ética é uma ciência normativa; 
4. a ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente 
racional; 
5. a ética possui um caráter universalista opostamente ao caráter 
restrito da moral. 
Conforme explicitado, os problemas éticos caracterizam-se pela sua 
generalidade; isto os distingue dos problemas morais relativos à vida cotidiana. De 
acordo com Vázquez, “por causa de seu caráter prático (…), tentou-se ver na ética 
uma disciplina normativa, cuja função fundamental seria a de indicar o 
comportamento melhor do ponto de vista moral” (VÁZQUEZ, 2001, p. 10). Desse 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
19 
 
modo, o ético tornar-se-ia uma espécie de “legislador do comportamento moral” 
dos indivíduos ou da comunidade. 
No entanto, ainda segundo Vázquez: 
 
A função fundamental da ética é a mesma de toda 
teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma 
determinada realidade, elaborando os conceitos 
correspondentes. Por outro lado, a realidade moral 
varia historicamente e, com ela, variam os seus 
princípios e as suas normas (VÁZQUEZ, 2001, p. 10). 
 
Portanto, não cabe à ética formular juízos de valor sobre a prática moral de 
outras sociedades ou épocas, mas sim explicar a razão de ser destas mudanças de 
moral, esclarecendo o fato de o homem ter recorrido a práticas morais diferentes e 
até opostas. É importante notar que a ética não deve ser confundida com moral, 
como podem induzir expressões correntes como “ética católica” ou “ética do 
capitalismo”. 
Segundo Robert Srour: 
Enquanto a moral tem uma base histórica, o 
estatuto da ética é teórico, corresponde a uma 
generalidade abstrata e formal. A ética estuda as morais 
e as moralidades, analisa as escolhas que os agentes 
fazem em situações concretas, verifica se as opções se 
conformam aos padrões sociais. (…). Distingue-se das 
morais históricas que imbuem coletividades amplas 
(nações, classes ou categorias sociais) e que remetem a 
conceitos específicos ou de “espécie” (SROUR, 2000, p. 
270). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
20 
 
Embora sejam temas de natureza teórica, as definições 
construídas pela ética podem interferir substancialmente nas 
práticas morais. Por isso, Vázquez afirma que teoria ética e a 
prática moral, ainda que distintas, devem viver entrelaçadas 
ou, nas suas palavras, em “retroalimentação” permanente. 
Neste sentido, a ética estudaria os comportamentos “prático-
morais”, trazendo-lhes depois questionamentos e 
proposições. 
Quanto à moral, entende-se um conjunto de normas e 
regras destinadas a regular as relações entre os indivíduos. O seu significado, função e 
validade não podem deixar de receber uma variação histórica nas diferentes sociedades. 
De fato, o comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme as 
exigências nas quais os indivíduos se organizam ao estabelecerem as formas de 
relacionamento e as práticas de trabalho. À medida que estas relações se alteram, exige-
se uma modificação progressiva nas normas do comportamento coletivo. Por exemplo, 
a idade média caracterizava-se pelo regime feudal, baseado, sobretudo, na hierarquia 
de suseranos, vassalos e servos (ARANHA, 2003). 
Neste regime, o trabalho era garantido pelos servos, possibilitando aos nobres uma 
vida dedicada ao ócio e à guerra. A moral cavalheiresca deriva e baseia-se no 
pressuposto da superioridade da nobreza, exaltando a virtude da lealdade e da 
fidelidade — suporte do “sistema de suserania”. Em contraposição, o trabalho é 
desvalorizado e restrito aos servos. Esta situação foi alterada substantivamente com o 
aparecimento da burguesia, a qual, formada pelos antigos servos libertos, tendeu a 
valorizar o trabalho e criticar a ociosidade (Cf. ARANHA, 2003). 
IMPORTANTE: 
Diante disso, é possível perceber que uma mudança radical na estrutura 
social acarreta uma mudança fundamental de moral. Em cada indivíduo, 
entrelaça-se, de modo particular, uma série de relações sociais próprias ou particulares 
de sua época ou da sua sociedade, o que demonstra que a sua individualidade possui 
também um caráter social. Percebe-se, por outro lado, que existe uma gama de padrões 
que, em cada sociedade, modelam o comportamento individual, o seu modo de 
trabalhar, o seu modo de se vestir, sentir, amar, etc. Estes padrões variam de uma 
sociedade para outra e, por isso, não há sentido em falar de uma individualidade fora 
das relações que os indivíduos encontram na sociedade. 
Retroalimentação 
significa, neste contexto, 
uma troca constante e 
mútua de elementos da 
moral e da ética que se 
entrecruzam 
simultaneamente. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
21 
 
Contudo, ainda que a moral mude historicamente, e uma mesma norma moral 
possa apresentar um conteúdo diferente em diferentes contextos sociais, a função 
social da moral em seu conjunto ou de uma norma particular é a mesma, isto é, 
regular as ações dos indivíduos nas suas relações mútuas ou as do indivíduo com a 
comunidade, objetivando preservar a sociedade no seu conjunto ou a integridade 
do grupo social. 
Para Vázquez (2001, p. 233): 
Assim a moral cumpre uma função social bem 
definida: contribuir para que os atos dos indivíduos ou 
de um grupo social desenvolvam-se de maneira 
vantajosa para toda a sociedade ou para uma parte. 
 
A moral implica, portanto, uma relação livre e consciente entre os indivíduos 
ou entre estes e a comunidade. Mas esta relação está também socialmente 
condicionada, precisamente porque o indivíduo é um ser social ou um nexo das 
relações sociais. O indivíduo se comporta moralmente no quadro de certas relações 
e condições sociais determinadas que ele não escolheu e dentro também de um 
sistema de princípios, valores e normas morais que não inventou, mas que recebe 
socialmente e segundo o qual regula as suas relações com os demais ou com a 
comunidade inteira. 
Com base nestes elementos conceituais, podemos definir a moral da seguinte 
forma: 
“A moral é um sistema de normas, princípios e 
valores, segundo o qual são regulamentadas as 
relações mútuas entre os indivíduos ou entre estese a 
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas 
de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e 
conscientemente, por uma convicção íntima, e não de 
uma maneira mecânica, externa e impessoal (VÁZQUEZ 
2001, p. 84). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
22 
 
A moral, portanto, possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente estabelecidos. Também, regula somente 
atos e relações que acarretam consequências para outros e exigem 
necessariamente a sanção dos demais. Por outro lado, cumpre a função social de 
induzir os indivíduos a aceitar livre e conscientemente determinados princípios, 
valores e interesses. 
Com base na definição de moral em Vázquez, delinearemos um quadro 
comparativo entre ética e moral. Vejamos a seguir: 
ÉTICA MORAL 
Parte da filosofia prática que objetiva elaborar 
um reflexão sobre os problemas fundamentais 
da moral fundamentado em um estudo 
metafísico do conjunto de regras da conduta 
considerada como universalmente válida. 
A moral é uma forma de comportamento 
humano que compreende tanto uma aspecto 
normativo quanto um aspecto factual. 
Diferente da moral, a ética preocupa-se em 
detectar os princípios de uma vida conforme a 
sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão 
sobre as razões de se desejar a justiça e a 
harmonia e sobre os meios de alcançá-la. 
A moral é um fato social. 
A ética é a ciência da moral, ou seja, de uma 
esfera do comportamento humano. Neste 
sentido, a ética não é moral nem a moral é 
científica. 
Embora a moral possua um caráter social, o 
individuo tem um papel fundamental, pois a 
moral exige a interiorização das normas e 
deveres. 
Diante desse quadro comparativo, é possível constatar a confluência dos 
enunciados com as definições de ética e moral formuladas anteriormente. Ética e 
moral relacionam-se, mas com objetos diferenciados, específicos e bem definidos. 
Com efeito, ambas as palavras mantêm uma relação que não possuíam 
propriamente em suas origens etimológicas. Certamente, a moral diz respeito ao 
conjunto de normas ou regras adquiridas pelo hábito. Neste caso, a ela refere-se ao 
comportamento adquirido socialmente ou modo de ser conquistado pelo homem. 
A ética, por sua vez, baseia-se em um modo de comportamento que não 
corresponde a uma disposição natural, mas é adquirido ou conquistado pelo 
hábito. É precisamente esse caráter não-natural da forma de ser do homem que, no 
período antigo da humanidade, conferia a este mesmo homem uma “dimensão 
moral”. 
A seguir, discutiremos com mais detalhe o caráter histórico e social da moral, 
especificando esta dimensão moral do homem. Preparados? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
23 
 
 
O caráter histórico e social da Moral 
 
Mesmo considerando a origem divina das ideias morais, por intermédio das 
quais os indivíduos teriam adquirido a consciência dos meios adequados à sua 
elevação ao plano espiritual dos valores perenes, a investigação do problema da 
moral não pode desprezar os processos históricos responsáveis pelos mecanismos 
de criação, funcionamento e aplicação dos padrões e das regras morais. Todas as 
sociedades humanas possuem valores padrões, normas de conduta e sistemas que 
garantem a aplicação e o funcionamento das mesmas. 
O estudo do modo de implementação social desses sistemas de regulação 
moral revela-nos que o fundamento sobre o qual repousam constitui-se de hábitos 
e atitudes firmados diante de “padrões de conduta”, que funcionam como 
“cimento da unidade social dos grupos humanos”. A questão que nos interessa é 
saber se estes padrões de conduta moral são impostos a partir da própria estrutura 
de poder vigente ou se refletem a natureza geral humana. 
IMPORTANTE: 
No primeiro caso, a existência desses padrões é objetiva: está posta nas 
leis e normas emanadas das instâncias de poder. No segundo caso, fazem-se 
necessárias especulações e discussões sobre o que é a natureza humana e como 
ela deve ser cuidada para se manter fiel a si mesma. Para auxiliarmos no 
entendimento destas questões, verificaremos o comentário de Howard Parsons 
(1982, p. 158) sobre esta problemática: 
A “moral”, em suas raízes latinas, caracteriza-se 
como algo de pesado, inamovível e campesino: os 
mores são os usos e costumes de um povo, embebido 
de hábitos que estão na base dos seus caracteres e que 
os une num sólido liame. Destruam os mores, 
destruirão os homens e a sociedade. A moral 
tradicional, porém, não satisfaz muita gente hoje em 
dia. A sociedade e a mores estão em uma convulsão 
como nunca se viu antes. Deriva daí que a nossa 
pesquisa não deve voltar-se nem tanto para uma nova 
moral (os frutos), nem tampouco para velhas morais 
(troncos vazios), e sim para raízes eternas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
24 
 
Baseados no comentário citado pelo autor, podemos dividir as concepções 
quanto à origem da moral em dois tipos básicos: aquelas que explicam esta origem 
por princípios metafísicos e, como tal, supra-históricos ou a-históricos. Alinham-se 
neste primeiro tipo as teorias que veem um poder sobre-humano como fonte das 
normas morais. Também as que veem o homem como origem e fonte da moral, 
mas referindo-se a uma essência eterna e imutável a todos os indivíduos. De outro 
lado, estão as teorias historicistas, ou seja, as que procuram a origem da moral no 
horizonte da história, vendo-a como produto histórico e social do homem. 
Entre as teorias a-historicistas ou metafísicas, 
poder-se-ia citar a posição Neotomista. Esta corrente 
de pensamento europeia e católica (representada por 
Garrigou-Lagrange e Jacques Maritain) surgiu entre as 
duas grandes guerras mundiais e que teve penetração 
no Brasil a partir dos anos cinquenta através do Pe. 
Leonel Franca e de Alceu de Amoroso Lima (Tristão de 
Ataíde). Estes seguem o pensamento de São Tomás de 
Aquino e afirmam que o homem é dotado de um 
senso moral natural, "no sentido de que possui uma 
infalibilidade resultante da própria natureza da 
inteligência" (Cf. ARANHA, 2003, p. 67). 
O senso moral, segundo Tomás de Aquino, é o 
"sentimento imediato e absoluto da lei reguladora do 
conhecimento e da ação práticos", define-se 
"adequada e essencialmente pelo princípio de que é 
preciso fazer o bem e evitar o mal". Desta forma, a 
vontade humana tende necessariamente para o bem. 
Por esta razão, os sentimentos morais, considerados 
componentes da consciência moral, manifestem uma 
tendência ao bem e uma repulsa ao mal, o respeito do 
dever e a antipatia pela má conduta. 
Tomás de Aquino que foi 
chamado o mais sábio dos 
santos e o mais santo dos 
sábios. Seu maior mérito foi a 
síntese do cristianismo com a 
visão aristotélica do mundo, 
introduzindo o aristotelismo, 
sendo redescoberto na Idade 
Média, na escolástica anterior, 
compaginou um e outro, de 
forma a obter uma sólida base 
filosófica para a teologia e 
retificando o materialismo de 
Aristóteles. Em suas duas 
"Summae", sistematizou o 
conhecimento teológico e 
filosófico de sua época : são elas 
a "Summa Theologiae", a 
"Summa Contra Gentiles" 
(Disponível em: 
<www.wikpedia.com.br>. 
Acesso em 16 maio 2008.) 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
25 
 
As teorias historicistas, por outro lado, defendem que a moral de uma 
comunidade encontra-se essencialmente em seus costumes. Em outras palavras, 
para estes os costumes dizem como cada homem deve agir em situações concretas 
em função daquilo que a comunidade considera como sendo o bem e o mal. Por 
isso, consideram o modo de agir e de pensar baseado na "moral" como aquele queestá em conformidade com a moralidade. Por sua vez, para estes a moralidade 
consiste na obediência ao costume de tal forma que onde não há nenhum 
costume classificado como certo, não há moralidade, pois se pode agir de 
diferentes modos sem que nenhum deles seja visto pela comunidade como um ato 
imoral ou amoral. 
Mas o que é imoral e amoral? No sentido geral, o termo imoral significa algo 
que é contrário à moral. Especificamente, diz respeito a uma conduta ou regra que 
contraria a moral prescrita pela sociedade. Em outras palavras, entende-se por 
imoral tudo aquilo que uma sociedade (em um determinado espaço e tempo) 
consensualmente não admite ou julga ser correto ou justo em relação à conduta 
ou ao comportamento social de um indivíduo e um grupo de indivíduos que 
pertencem a ela. 
De outra forma, o termo amoral significa propriamente ausência de moral, ou 
seja, é o instante que não se pode avaliar ou emitir um juízo de valor de natureza 
moral ou imoral sobre o agir de um indivíduo ou mesmo um grupo de indivíduos 
pertencentes a uma determinada sociedade. 
Percebeu como estes dois termos estão intimamente relacionados ao 
comportamento dos indivíduos no seio da sociedade? É exatamente este o ponto 
de vista de Vázquez (2001, p. 244): 
A necessidade de ajustar o comportamento de 
cada membro aos interesses da coletividade leva a que 
se considere como bom ou proveitoso tudo aquilo que 
contribui para reforçar a união ou a atividade comum e, 
ao contrário, que se veja como mau ou perigoso o 
oposto; ou seja, o que contribui para debilitar o minar a 
união; o isolamento, a dispersão dos esforços, etc. 
Estabelece-se, assim, uma linha divisória entre o que é 
bom e o que é mau, uma espécie de tábua de deveres 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
26 
 
ou obrigações baseada naquilo que se considera bom 
ou útil para a comunidade. Destacam-se, assim, uma 
série de deveres: todos são obrigados a trabalhar, a 
lutar contra os inimigos da tribo, etc. Estas obrigações 
comuns comportam o desenvolvimento das qualidades 
morais relativas aos interesses da coletividade: 
solidariedade, ajuda mútua, disciplina, amor aos filhos 
da mesma tribo, etc. O que mais tarde se qualificará 
como virtudes ou como vícios acha-se determinado 
pelo caráter coletivo da vida social. Numa comunidade 
que está sujeita a uma luta incessante contra a 
natureza, e contra os homens de outras comunidades, o 
valor é uma virtude principal porque o valente presta 
um grande serviço à comunidade. Por razões análogas, 
são aprovadas e exaltadas a solidariedade, a ajuda 
mútua, a disciplina, etc. Ao contrário, a covardia é um 
vício horrível na sociedade primitiva porque atenta, 
sobretudo contra os interesses vitais da comunidade. E 
se deve dizer a mesma coisa de outros vícios como o 
egoísmo, a preguiça, etc. 
Cabe notar que a partir desta consideração, Vázquez entra em uma calorosa 
discussão entre as teses metafísicas e historicistas sobre a origem da moral, o que 
nos conduz a uma reflexão sobre os seus fundamentos, ou seja, uma discussão a 
respeito da legitimidade com que a moral se impõe aos indivíduos. Se a moral 
possui uma origem metafísica, não está ao alcance do 
homem modificar seus postulados fundamentais, tais 
como, o princípio "faça o bem e evite o mal". Um princípio 
metafísico como este garante por si mesmo uma forte 
fundamentação teórica para o ordenamento moral da 
sociedade. Se concepções historicistas da origem da moral estiverem certas, a 
moral a que estamos submetidos relativiza-se os nossos próprios atos, o que torna 
um desafio repensar os seus fundamentos. 
Com efeito, torna-se possível não apenas reformá-la, mas fazê-la com a 
consciência de que ela é apenas um produto humano. Isto retira boa parte de sua 
força de imposição e legitimidade proveniente da ideia de sua origem metafísica, 
transcendente e sagrada. O que acontece com o indivíduo e com a sociedade que 
dessacraliza sua moral? Surge o risco da desordem e da desestruturação da 
sociedade? Desestruturar a sociedade é correr risco de voltarmos para a 
animalidade, para a barbárie. 
Barbárie: estado ou 
condição de bárbaro. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
27 
 
Por conta disso, o âmbito da moral passar a existir como um traço de formação 
que todo homem recebe do processo de interação. Essa formação é inteiramente 
não-religiosa na sua própria justificação: por isso se diz que a moral do homem 
moderno é laicizada. Os valores morais não são reconhecidos como revelados por 
uma um origem divina, ou seja, trata de valores que não são sagrados. Ao 
contrário, estes valores são resultantes do processo histórico de sua 
dessacralização. A eles recusa-se qualquer transcendência, qualquer caráter 
sagrado. Mas existem objetivamente e sua existência pode até ser estatisticamente 
verificada, ou seja, justificada através de critérios científicos. 
Não é somente o critério científico que a moral justifica-se. Ela pode ainda ser 
justificada pelos seguintes critérios: 
 critério de justificação social: na medida em que a moral 
desempenha a função social de garantir o comportamento dos 
indivíduos de uma comunidade numa determinada direção, toda 
norma corresponderá aos interesses e necessidades sociais. Em 
suma, em uma comunidade em que se verifica a necessidade de um 
indivíduo ou o interesse de um indivíduo particular, justifica-se uma 
norma que exige o seu comportamento adequado; 
 critério de justificação prática: uma norma moral somente pode 
ser justificada se forem verificadas as condições reais para que a sua 
aplicação não se ponha às necessidades sociais da comunidade. 
Sendo assim, em uma determinada comunidade na qual se verificam 
as condições necessárias, justifica-se a norma que corresponde a tais 
condições; 
 critério de justificação lógica: a justificação lógica das normas 
satisfaz plenamente a função social de toda moral, pois impede que 
uma comunidade determinada elabore normas arbitrárias ou 
caprichosas que, precisamente, por não se integrarem no respectivo 
sistema normativo, entrariam em contradição com os interesses e 
necessidades da comunidade. Neste contexto, uma norma se 
justifica logicamente se demonstrada a sua coerência e não-
contraditoriedade com respeito às demais normas do código moral 
do qual faz parte. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
28 
 
Veremos a seguir alguns aspectos desta discussão, apresentando a você o 
contexto histórico e social da ética. Vamos lá? 
 
O caráter histórico e social da Ética 
Como já discutimos, toda coletividade humana possui sua própria moral ou 
suas morais (diferentes morais para diferentes grupos da mesma sociedade). Isto, 
porém, não significa que todo povo tenha uma ética, entendida como um estudo 
racional da moral. O nascimento (origem ou gênese) da moral data do próprio 
nascimento da coletividade humana e do seu processo de interação. Pode-se 
afirmar que as doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações 
entre os homens e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. 
Por essa razão, existe uma estreita vinculação entre os conceitos morais e as 
realidades humana e social, sujeitas historicamente à mudança. Com efeito, as 
doutrinas éticas não podem ser consideradas isoladamente, mas dentro de um 
processo de mudança e de sucessão que constitui propriamente a história. Ética e 
história, portanto, relacionam-se duplamente: com a vida social e com a sua 
própria história, uma vez que cada doutrina ética está em conexão com as 
anteriores. 
Toda moral efetiva se elaboram certos princípios, valores ou normas. Assim,mudando radicalmente a vida social, muda também a vida moral. Os princípios, 
valores e normas encarnados nela entram em crise e exigem a sua justificação ou a 
sua substituição por outros. Assim explica-se o surgimento e sucessão de doutrinas 
éticas fundamentais em conexão direta com a mudança e sucessão de estruturas 
sociais e, dentro delas, da vida social. 
A gênese da moral é também um problema em relação à moral estabelecida 
na atualidade. O fato de ela estar estabelecida, de sustentar-se e perpetuar-se 
historicamente exige uma explicação. Por isso, do ponto de vista filosófico, há uma 
necessidade intrínseca para explicar a gênese e os pressupostos fundamentais da 
moral. A ética, enquanto estudo da moral, por outro lado, tem data de nascimento 
certa e, graças à história da filosofia, podemos conhecer o seu surgimento e a sua 
evolução. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
29 
 
A ética surgiu na Grécia, no século V a.C., com o surgimento dos sofistas e com 
a atitude de reação aos sofistas por parte de Sócrates. A sofística aparece num 
momento cultural e político muito específico da história e cultura grega. No 
período clássico grécia, os sofistas rejeitam a tradição mítica ao considerar que os 
princípios morais resultam de convenções humanas. Embora na mesma linha de 
oposição aos fundamentos religiosos, Sócrates se contrapõe aos sofistas ao buscar 
explicar os princípios morais não nas convenções, mas na natureza humana. 
Segundo Hamlyn (1990 p. 25): 
A ética propriamente dita começou com Sócrates, 
embora os sofistas lhe tenham dado um estímulo 
importante. Isto a despeito do fato de que Sócrates, a 
julgar pelas indicações que nos dá Platão, se opunha a 
eles. Para seus contemporâneos, de qualquer maneira, 
eles provavelmente pareciam mais próximos a ele do 
que nos parece hoje. Os sofistas eram mestres 
ambulantes que davam cursos ou aulas individuais 
sobre vários assuntos e cobravam por esse privilégio. 
Alguns deles, pelo menos, parecem ter ganho bom 
dinheiro com essas atividades. É tentador atribuir a esse 
fato o desfavor em que são hoje tidos, embora seja 
duvidoso que cobrar honorários por serviços prestados 
tenha sido motivo de desaprovação para o ambiente 
ateniense típico de meados do século V a.C. Sócrates 
censurava-os porque achava que eles alegavam 
fornecer mais do que realmente davam. Em especial, 
alegava que eles diziam que podiam ensinar virtude ao 
homem e achava que não faziam nada disso. 
Um sofista era um professor e, por este motivo, a palavra sophistés era utilizada 
para se referir aos poetas, que foram os primeiros educadores na Grécia. Em 
princípio, a palavra sofista não possui um sentido pejorativo que veio adquirir mais 
tarde, em Atenas, quando os seus inimigos os acusavam de charlatães e 
mentirosos. O que ensinavam os sofistas? Os sofistas ensinavam a arte de 
argumentar e persuadir, arte decisiva para quem exerce a cidadania em uma 
democracia direta. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
30 
 
Mais uma vez, contudo, se acreditarmos nos diálogos de Platão, os 
próprios argumentos de Sócrates, considerados puramente como tais, são 
amiúde pouco melhores do que os de seus adversários sofistas. Pouca dúvida 
pode haver de que os contemporâneos de Sócrates o teriam julgado tão 
inigualável a esse respeito como os sofistas. Por outro lado, muitos 
tributavam a todos eles uma análoga admiração prudente. Sócrates, no 
entanto, exercia um fascínio próprio, como dá notícia Alcibíades em O 
Banquete, de Platão, e era o caráter do homem e a profundidade de sua 
consciência moral que o tornava especial. 
Inúmeros são os diálogos de Platão em que são descritas as discussões 
socráticas a respeito das virtudes e da natureza do bem. Resulta daí a convicção de 
que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância. Neste 
termos, para Platão, a virtude pode ser aprendida. Na célebre passagem de 
República em que Platão descreve o mito da caverna reaparece essa ideia: o sábio é 
o único capaz de se soltar das amarras que o obrigam a ver apenas sombras e, 
dirigindo-se para fora, contempla o sol, que representa a ideia do Bem. Portanto, 
"alcançar o bem" se relaciona com a capacidade de "compreender bem". Todavia, 
apenas o filósofo atinge o nível mais alto de sabedoria, só a ele cabe a virtude 
maior da justiça e, portanto, lhe é reservada a função de governar a cidade. Outras 
virtudes menores, mas também importantes para a cidade, caberão aos soldados 
defensores da pólis e aos trabalhadores comuns, artesãos e comerciantes. 
 
IMPORTANTE: 
Herdeiro do pensamento de Platão, Aristóteles aprofunda a discussão a 
respeito das questões éticas. Mas, para este, o homem busca a felicidade, que 
consiste não nos prazeres nem na riqueza, mas na vida teórica e contemplativa cuja 
plena realização coincide com o desenvolvimento da racionalidade. O que há de 
comum no pensamento dos dois filósofos gregos em questão é a concepção de 
que a virtude resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do controle racional dos 
desejos e paixões. Além disso, o sujeito moral não pode ser compreendido ainda, 
como nos tempos atuais, na sua completa individualidade. Os homens gregos são, 
antes de tudo, cidadãos, membros integrantes de uma comunidade, de modo que 
a ética se acha intrinsecamente ligada à política e a pólis. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
31 
 
No período helenista, os filósofos se ocupam 
predominantemente com questões morais, e 
destacam-se duas tendências opostas: hedonismo e o 
estoicismo. Para os hedonistas (do grego hedoné, 
"prazer"), o bem se encontra no prazer. O principal 
representante do hedonismo grego, Epicuro (341-270 
a.C.), considera que os prazeres do corpo são causas 
de ansiedade e sofrimento. Para permanecer 
imperturbável, a alma precisa desprezar os prazeres 
materiais, o que leva Epicuro a privilegiar os prazeres 
espirituais, dentre os quais aqueles referentes à 
amizade. 
Na mesma época, o estoico Zenon de Cítio (336-
264 a.C.) despreza os prazeres em geral, ao considerá-
los fonte de muitos males. As paixões devem ser 
eliminadas, porque só produzem sofrimento e, por 
isso, a vida virtuosa do homem sábio, que vive de 
acordo com a natureza e a razão, consiste em aceitar 
com impassibilidade o destino e o sofrimento (Cf. 
ARANHA, 2003). 
As teorias estoicas foram bem aceitas pelo 
cristianismo ainda na época do Império Romano, 
tendo também fecundado as ideias ascéticas do 
período medieval. Durante a Idade Média, a visão teocêntrica do mundo fez com 
que os valores religiosos impregnassem as concepções éticas, de modo que os 
critérios do bem e do mal se achavam vinculados à fé e dependiam da esperança 
de vida após a morte. Na perspectiva religiosa, os valores são considerados 
transcendentes, porque resultam de doação divina, o que determina a 
identificação do homem moral com o homem temente a Deus. 
No entanto, a partir da Idade Moderna, culminando 
no movimento da Ilustraçao no século XVIII, a moral se 
torna laica, secularizada. Ou seja, ser moral e ser religioso 
não são polos inseparáveis, sendo perfeitamente possível 
que um homem ateu seja moral e, mais ainda, que o 
fundamento dos valores não se encontre em Deus, mas no próprio homem. 
Epicuro (341-270 a.C.), filósofo 
grego (nascido em Samos) 
atomista, fundador do 
epicurismo. A base de seu 
sistema é uma física fundada 
nos *átomos como em 
Demócrito. Pontos últimos se 
deslocando no vazio. Os átomos 
constituem a explicação última 
do mundo: nada existe a não ser 
os átomos e o vazio no qual se 
move: a alma, como tudo o que 
existe, é formada de átomos 
materiais: tudoo que acontece 
no mundo deve-se às ações e 
interações mecânicas dos 
átomos. 
Visão teocêntrica é aquela que 
atribui Deus como centro de 
tudo. 
Laico e secular significam 
respectivamente o oposto ao 
eclesiástico. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
32 
 
O movimento intelectual do século XVIII conhecido como Iluminismo, 
Ilustração ou Aujklärung e que caracteriza o chamado Século das Luzes exalta a 
capacidade humana de conhecer e agir pela "luz da razão". Esta critica a religião 
que submete o homem à heteronomia, que o subjuga a preconceitos e o conduz 
ao fanatismo. Rejeita toda tutela que resulta do princípio de autoridade. Em 
contraposição, defende o ideal de tolerância e autonomia. 
No lugar das explicações religiosas, a Ilustração fornece três tipos de 
justificação para a norma moral: aquela se funda na lei natural (teses 
jusnaturalistas), no interesse (teses empiristas, que explicam a ação humana como 
busca do prazer e evitação da dor) e na própria razão (tese kantiana). 
A máxima expressão do pensamento iluminista encontra-se em Kant (1724-
1804) que, além da Crítica da razão pura escreveu a Crítica da razão prática e 
Fundamentação da metafísica dos costumes, nas quais desenvolve a sua teoria 
moral e ética. A razão prática diz respeito ao instrumento para compreender o 
mundo dos costumes e orientar o homem na sua ação. Analisando os princípios da 
consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é verdadeiramente moral 
quando regida por imperativos categóricos. O 
imperativo categórico é assim chamado por ser 
incondicionado, absoluto, voltado para a realização da 
ação tendo em vista o dever. 
A tradição da moral ocidental encontrou no 
pensamento do filósofo alemão do século XVIII um 
momento de aparente resolução do antagonismo 
histórico entre as fontes judaicas e helênicas da 
moralidade. Para este, uma ação moralmente 
justificável deve ser pública e, como tal, não pode estar 
a serviço de qualquer intenção ou interesse particular ou egoísta. Deve-se, 
portanto, agir somente na medida em que a nossa ação possa ser imitada por 
todos sem prejuízo a ninguém. Ou seja, a norma a que obedeço é a norma que eu 
próprio me dou, mas que deve poder ser defendida publicamente, para que possa 
ser seguida por toda a humanidade como um “lei universal” ou , no mínimo, não 
ser rejeitada por esta. 
Imperativo categórico: Kant 
criou o termo imperativo no 
seu livro Fundamentação da 
Metafísica dos Costumes, 
escrito em 1785. Esta palavra 
pode ser entendida, segundo 
alguns autores, como uma 
analogia ao termo bíblico 
Mandamento. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
33 
 
Para Kant, esse ato de autonomia e de poder agir publicamente, sem ser 
acusado por ninguém, é a fonte da satisfação moral. Essa atitude moralmente 
válida decorre unicamente do uso de nossa capacidade racional, da liberdade da 
nossa vontade e, sobretudo, da orientação que, por educação, imprimimos à nossa 
vontade para que se torne boa ou para que seja absolutamente boa. 
Nesse sentido, fica patente que Kant rejeita as 
concepções morais predominantes até então, quer seja da 
filosofia grega, quer seja da cristã, e que norteiam a ação 
moral a partir de condicionantes como a felicidade ou o 
interesse privado. Por exemplo, para Kant não faz sentido 
agir bem com o objetivo de ser feliz ou evitar a dor, ou 
ainda para alcançar o céu ou não merecer a punição 
divina. O agir moralmente funda-se exclusivamente na 
razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois 
não se trata de descoberta subjetiva (mas do homem 
enquanto ser racional) e é necessária, pois é ela que 
preserva a dignidade dos homens. Isso pode ser 
sintetizado nas seguintes afirmações do próprio Kant (1988, p. 34): 
"Age de tal modo que a máxima de tua ação possa 
sempre valer como princípio universal de conduta"; 
"Age sempre de tal modo que trates a Humanidade, 
tanto na tua pessoa como na do outro, como fim e não 
apenas como meio". 
A autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever. Pois todo 
imperativo se impõe como dever, mas a exigência não é heterônoma — exterior e 
cega e sim livreniente assumida pelo sujeito que se autodetermina. Vamos 
exemplificar: suponhamos a norma moral "não roubar”. Para a concepção cristã, o 
fundamento da norma se encontra no sétimo mandamento de Deus. No entanto, 
para os teóricos jusnaturalistas (como Rousseau e Hobbes), ela se funda no direito 
natural, comum a todos os homens; por outro lado, para os empiristas (como 
Locke, Condillac) a norma deriva do interesse próprio, pois o sujeito que a 
desobedece será submetido ao desprazer, à censura pública ou à prisão. 
Lei moral é a expressão de 
um princípio moral, sob 
forma que explicite o que 
é o bem e o mal, a partir 
do qual se pode justificar a 
validade das normas ou 
valores morais por ele 
aceitos como fonte de 
sentido para a sua 
existência. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
34 
 
Para Kant, a norma se enraíza na própria natureza da razão; ao aceitar o roubo 
e consequentemente o enriquecimento ilícito, elevando a máxima (pessoal) ao 
nível universal, haverá uma contradição: se todos podem roubar, não há como 
manter a posse do que foi furtado. 
A reflexão ética de Kant foi importante para fornecer as categorias da 
moral iluminista racional, laica, acentuando o caráter pessoal da liberdade. 
Mas, a partir do final do século XIX e ao longo do século XX, os filósofos 
começam a se posicionar contra a moral formalista kantiana fundada na razão 
universal, abstrata, e tentam encontrar o homem concreto da ação moral. É 
nesse sentido que podemos compreender o esforço de pensadores tão diferentes 
como Marx, Nietzsche, Freud, Kierkegaard e os existencialistas. 
Vejamos a posição de Nietzsche. O pensamento de Nietzsche (1844-
1900) se orienta no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais, 
instintivas subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica 
Sócrates por ter encaminhado pela primeira vez a reflexão moral em 
direção ao controle racional das paixões. Segundo Nietzsche, nasce aí o 
homem desconfiado de seus instintos, tendo essa tendência culminado 
com o cristianismo, que acelerou a "domesticação" do homem (ARANHA, 
2003). 
Segundo Machado (1999), em diversas obras, como A genealogia da 
moral, Para além do bem e do mal e Crepúsculo dos ídolos Nietzsche faz a análise 
histórica da moral e denuncia a incompatibilidade entre esta e a vida. Em outras 
palavras, o homem, sob o domínio da moral, se enfraquece, tornando-se doentio e 
culpado. Nietzsche relembra a Grécia homérica, do tempo das epopeias e das 
tragédias, considerando-a como o momento em que predominam os verdadeiros 
valores aristocráticos, quando a virtude reside na força e na potência, sendo 
atributo do guerreiro belo e bom, amado dos deuses. 
Nessa perspectiva, o inimigo não é mau: "Em Homero, tanto o grego quanto o 
troiano são bons. Não passa por mau aquele que nos inflige algum dano, mas 
aquele que é desprezível". Ao fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche 
preconiza a "transvaloração de todos os valores" e denuncia a falsa moral, 
"decadente", "de rebanho", "de escravos", cujos valores seriam a bondade, a 
humildade, a piedade e o amor ao próximo. Também, contrapõe a ela a moral "de 
senhores", uma moral positiva que visa à conservação da vida e dos seus instintos 
fundamentais. A “moral de senhores” é positiva, porque baseada no sim à vida e se 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
35 
 
configura sob o signo da plenitude, do acréscimo. Por isso, ela funda-se na 
“capacidade de criação”,de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da 
afirmação da potência. O homem que consegue superar-se é o “super-homem”, diz 
Nietzsche apud MACHADO (1999, p. 67). 
À moral aristocrática, “moral de senhores”, que é sadia e voltada para os 
instintos da vida, Nietzsche contrapõe o pensamento socrático-platônico (que 
provoca a ruptura entre o trágico e o racional) e a tradição da religião judaico-
cristã. A moral que deriva daí é a moral de escravos, moral decadente, porque 
baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela razão, o “homem-
fera”, “animal de rapina”, é transformado em “animal doméstico ou cordeiro”. 
De acordo com Nietzsche, a moral plebeia estabelece um sistema de juízos 
que considera o bem e o mal valores metafísicos transcendentes, isto é, 
independentes da situação concreta vivida pelo homem. O que é proveitoso 
constitui o valor. O homem é o criador de valores, mas se esquece de sua criação. A 
moralidade é o instinto gregário do indivíduo, pois quem é punido é quem pratica 
os atos. Para Nietzsche, na sociedade, existem os “instintos de rebanho”. Atribui-se 
às palavras um sentido fixo e acha que ela espelha a realidade, que tem caráter 
transitório. O homem chega, pelos costumes, à convicção de que é preciso 
obedecer. No inverso disso, existe o prazer, a autodeterminação e a liberdade de 
vontade. 
De acordo com Nietzsche (1987, p. 45): 
Qual a genealogia da moral, isto é, a origem do 
conceito “bom”?] (...) O juizo “bom” nao provém 
daqueles aos quais se fez o “bem”! Foram os “bons” 
mesmos, isto é, os nobres, poderosos, superiores em 
posição e em pensamento, que sentiram e 
estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de 
primeira ordem, em oposição a tudo o que era baixo, de 
pensamento baixo, vulgar e plebeu (...). 
De uma forma geral, o que Nietzsche denomina de valor e, ao contrário do que 
poderíamos pensar, não é uma entidade utilizada para ajuizamento moral, mas o 
nome com que se designa todo tipo de manifestação engendrada por esse 
conflito. Quanto a sua apreensão, os valores podem apresentar-se sob duas 
disposições fundamentais para o filósofo em questão: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
36 
 
1. “disposição afirmativa”, como aquela que se faz em sintonia com o 
lance e cadência do citado binômio, afirmando-o como modo 
estrutural da realidade em sua gênese; 
2. “disposição reativa”, que não se conforma com este modo 
constitutivo, fazendo que irrompa uma perspectiva derivada, que se 
arroga no direito de requerer um modo de realização da existência 
diverso do que se dá nessa instauração. 
 
Estes modos dos valores são possibilidades de realização dessa vida para 
Nietzsche. Estes, por estarem articulados com o próprio modo de dar-se da vida, 
isto é, com o movimento da vontade, são sempre passíveis de apreensão através 
de duas disposições fundamentais: as disposições afirmativas e reativas. 
Respectivamente, aquelas que indicam sintonia e dissintonia com a compreensão 
de vida como valor. No primeiro caso, a disposição afirmativa surge na sintonia 
com uma perspectiva que se constrói a partir do “aquecimento” do modo de ser 
sempre eterno da gênese de realidade, celebrando a vida enquanto experiência de 
criação (Cf. MACHADO, 1999, p. 78). 
De acordo com Machado (1999), a esse processo Nietzsche chama “vontade 
criadora”. No segundo caso, a disposição negativa irrompe em uma perspectiva 
que, ao se instaurar, nega a si mesma enquanto perspectiva e se arroga o direito de 
determinar — para além de toda e qualquer instância de realização — o modo de 
ser da totalidade dos entes. Esta é a compreensão da verdade, como uma instância 
que surge em função da separação radical frente ao mundo fenomênico, e recebe 
o nome de “vontade de verdade”. 
O que Nietzsche revela com isso é que os escravos negam os valores vitais e 
resulta na passividade, na procura da paz e do repouso. Nesta perspectiva, o 
homem se torna enfraquecido e diminuído em sua potência. 
A alegria é transformada em ódio à vida, isto é, o “ódio dos impotentes”. A 
conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se marcada pelo 
ressentimento e pela “má consciência”. O ressentimento nasce da fraqueza e é 
nocivo ao fraco. Por sua vez, para Nietzsche, o “homem ressentido”, incapaz de 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
37 
esquecer, é como o dispéptico: fica "envenenado" pela sua inveja e impotência de 
vingança. Ao contrário, o homem nobre sabe "digerir" suas experiências e esquecer 
é uma das condições de manter-se saudável. A má consciência ou sentimento de 
culpa é o ressentimento voltado contra si mesmo, daí fazendo nascer a noção de 
pecado, que inibe qualquer ação. 
Neste sentido, o ideal ascético nega a alegria da vida e coloca a mortificação 
como meio para alcançar a outra vida num mundo superior, do além. Assim, as 
práticas de altruísmo destroem o amor de si, domesticando os instintos e 
produzindo gerações de fracos. É por isso que, contra o enfraquecimento do 
homem, contra a transformação de fortes em fracos (tema constante da reflexão 
nietzschiana), é necessário assumir uma perspectiva além de bem e mal, isto é, 
"além da moral". Mas, por outro lado, para além de bem e mal não significa para 
além de bom e mau. A “dimensão das forças”, dos instintos, da vontade de 
potência, permanece fundamental. "O que é bom? Tudo que intensifica no homem 
o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência. O que é mau? 
Tudo que provém da fraqueza” (MACHADO, 1999, p. 77). 
 
IMPORTANTE: 
Os pontos de vistas éticos apresentados não são os únicos existentes 
e nem representam a totalidade dos problemas relativos a ética. Existem várias 
doutrinas que se debruçaram sobre o tema da ética apresentado e refletindo sobre 
seus fundamentos e aplicacações. Cabe neste momento, apresentar as principais 
teorias ou doutrinas de ética e suas respectivas especifidades teóricas: 
● egoísmo ético: pressupõe que devemos agir apenas em função do nosso 
interesse pessoal. A única obrigação moral é promovermos o nosso próprio bem-
estar. Critério moral: são as consequências que as ações têm para nós próprios que 
as tornam certas ou erradas. O egoísmo ético é, portanto, uma teoria 
consequencialista: o que conta são as consequências que as ações têm para nós 
próprios. Regra moral básica: “age sempre e apenas em função do teu próprio 
bem-estar”; 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
38 
 
● utilitarismo ético: pressupõe que devemos agir com a finalidade de 
promover o máximo de bem-estar a um maior número possível de pessoas, 
numa perspectiva imparcial. O utilitarismo é também uma teoria 
consequencialista: o que conta são as consequências que as ações têm para a 
generalidade das pessoas (e não já apenas para nós próprios). Critério moral: são as 
consequências que as ações têm para o maior número de pessoas que as tornam 
certas ou erradas. Sendo assim, uma ação está moralmente certa apenas quando 
maximiza o bem-estar, ou seja, quando promove tanto quanto possível o bem-
estar e está errada quando não o promove. Regra moral básica: “age de tal modo 
que as tuas ações possam proporcionar o maior bem possível ao maior número de 
pessoas, imparcialmente consideradas”; 
● ética deontológica: pressupõe que devemos agir de acordo com o Dever e 
não pensar nas consequências das nossas ações. A pergunta a fazer é: toda as 
pessoas deveriam fazer o mesmo em idênticas circunstâncias? A ética deontológica 
é, portanto, uma teoria anticonsequencialista. O critério moral desta é a relação das 
ações com os deveres universais (são os esmos para todos os seres humanos) que 
as tornam certas ou erradas. Há,portanto, ações intrinsecamente más (ou seja, são 
más em si mesmas), ainda que tenham consequências boas. Desse modo, uma 
ação está moralmente certa quando não infringe os nossos deveres e está errada 
quando infringe intencionalmente algum desses deveres. Regra moral básica: “age 
de tal modo que as tuas ações possam valer para todo o ser racional, sem nunca 
infringir os deveres universais”. 
 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Pegue seu caderno de anotações, sente-se e assista ao filme A Letra 
Escarlate de Douglas Day Stewart, baseado em livro de Nathaniel Hawthorne. Ele 
contextualizará melhor ainda o conteúdo que você acabou de estudar. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
39 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Visando enriquecer seu processo de aprendizagem, procure efetuar a 
leitura complementar dos seguintes textos: 
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. FILOSOFANDO - Introdução à Filosofia. 
3ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2001. 439p. 
MACHADO, R. Nietzsche e a verdade. São Paulo: Brochura, 1999. 116p. 
HAMLYN, D. W. Uma história da filosofia ocidental. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Ed., 1990. 416p. 
GRENZ, S. J. & SMITH, J. T. Dicionário de Ética. 1ª Edição. São Paulo: Brochura, 
2005. 184p. 
VALLS, Á. L.M. O que é ética. 9a edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1996. 84p. 
PARSONS, H. As raízes humanas da moral: Moral e sociedade. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1982. 300p. 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304p. 
PEREIRA, O. O que é moral? São Paulo: Brasiliense, 1996. 90p. 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades propostas no caderno de 
exercícios! Elas são fundamentais para ajudá-lo a fixar o conteúdo teórico 
trabalhado, a sistematizar as ideias e os conceitos apresentados, além de 
proporcionar a sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Caso prefira, 
redija suas respostas no caderno de exercícios e depois as envie através do nosso 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
Procure interagir permanentemente conosco e utilize todos os recursos 
didáticos e pedagógicos disponibilizados com o objetivo de aprimorar a sua 
formação acadêmica. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
40 
 
Nesta unidade, você estudou o contexto histórico do surgimento da ética e da 
moral, assim como os principais conceitos e definições que as envolvem. 
Apresentamos a problemática da distinção entre ética e moral, assim como as suas 
respectivas definições e objetos de estudo. Além disso, esboçamos, de forma 
esquemática, os aspectos históricos e sociais da ética e da moral, objetivando situar 
você nos elementos do contexto do desenvolvimento da humanidade. 
Na próxima unidade, discutiremos alguns dos problemas fundamentais no 
qual a ética se ocupa. Trata-se, portanto, de apresentar a você os temas recorrentes 
da ética, tais como, a consciência moral e os valores éticos e a dicotomia liberdade 
versus determinismo, a felicidade, a virtude e a amizade. 
 
Bons estudos e até a próxima unidade! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
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Exercícios - unidade 1 
 
1ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“Vázquez (2001, p. 12) afirma que a “ética é a ________ do comportamento moral 
dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do 
___________.” 
a) Senso comum ou ciência - comportamento antissocial 
b) Hermenêutica ou ciência - comportamento surreal 
c) Teoria ou ciência - comportamento humano 
d) Psicologia jurídica - comportamento social 
e) Teoria ou anticiência - comportamento antirreal 
 
2ª QUESTÃO: Qual das alternativas abaixo NÃO se relaciona aos pressupostos da 
ética? 
a) A ética relaciona-se com a ciência. 
b) A ética relaciona-se com avaliação da conduta humana. 
c) A ética é uma ciência normativa. 
d) Os problemas éticos caracterizam-se pela sua particularidade e a ausência de 
critérios normativos e científicos. 
e) A função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer 
ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos 
correspondentes. 
 
3ª QUESTÃO: Segundo Robert Srour: “Enquanto a moral tem uma base histórica, o 
estatuto da ética é teórico, corresponde a uma generalidade abstrata e formal” 
(SROUR, 2000, p. 270). Seguindo a afirmativa de Srour, indique qual das alternativas 
abaixo corresponde ao correto sentido da ‘moral’. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
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a) A moral implica uma relação livre e consciente entre os indivíduos ou entre 
estes e a comunidade. 
b) A moral não se relaciona em nada com a ética. 
c) A moral não cumpre uma função social bem definida. 
d) A moral não possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente estabelecidos. 
e) A moral possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente construídos com base em normas 
artificiais. 
 
4ª QUESTÃO: Mesmo considerando a origem divina das ideias morais, por 
intermédio das quais os indivíduos adquirem consciência dos meios adequados à 
sua elevação ao plano espiritual dos valores perenes, a investigação do problema 
da moral não pode desprezar os processos históricos responsáveis de fato pelos 
mecanismos de criação, funcionamento e aplicação dos padrões e das regras 
morais. Como base nesta explicação, podemos afirmar que: 
a) o âmbito da moral passa a existir como um traço de desinformação que se 
recebe no processo de interação e de identificação a priori. 
b) as regras morais em nada correspondem aos pressupostos morais. 
c) os costumes nunca dizem como cada homem deve agir em situações 
concretas em função daquilo que a comunidade considera como sendo o bem 
e o mal. 
d) o termo imoral significa algo que é o mesmo que o de moral. 
e) todas as sociedades humanas possuem valores padrões, normas de conduta e 
sistemas que garantem a aplicação e o funcionamento das mesmas. 
 
5ª QUESTÃO: Não é somente o critério científico que a moral justifica-se. Ela pode 
ainda ser justicada por alguns critérios. Entre estes critérios podemos apontar: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
43 
 
a) o critério de justificação social e o critério de justificação prática. 
b) o critério de justificação metafísica e o critério de justificação anárquica. 
c) o critério de justificação eloquente e o critério de justificação factual. 
d) o critério de justificação ilusório e o critério de justificação fatídico. 
e) o critério de justificação anormal e o critério de justificação multissocial. 
 
6ª QUESTÃO: As doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações 
entre os homens e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. Uma 
dessas doutrinas é o egoísmo ético. Sobre esta doutrina afirma-se: 
a) que devemos agir com a finalidade de promover o mínimo de bem-estar a um 
menor número possível de pessoas, numa perspectiva imparcial. 
b) que devemos agir de acordo com o coração e a mente e não pensar nas 
consequências das nossas ações. 
c) que devemos agir de acordo com o Dever e não pensar nas consequências das 
nossas ações. 
d) que devemos agir com a finalidade de promover o máximo de bem-estar a um 
maior número possível de pessoas, numa perspectiva imparcial. 
e) que devemos agir apenas em função do nosso interesse pessoal. Para esta a 
única obrigação moral é promovermos o nosso próprio bem-estar. 
 
7ª QUESTÃO: No sentido geral, a palavra

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