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Ilicitude e culpabilidade

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Ilicitude e culpabilidade
Revisão de teoria do crime:
Conceito analítico de crime: Teoria tripartide = fato típico + ilícito+ culpável. Classificação da infração penal = É gênero
Tipo e tipicidade
Conceito de tipo: A doutrina traz diversos conceitos entendendo o tipo como conduta proibitiva descrita na lei penal, ou seja, é um comportamento (modelo abstrato) proibitivo.
Espécies de tipo penal
Tipo penal permissivo/ Justificador: Trata-se da situação em que permitem a pratica de condutas descritas como criminosas. Ex. as causas excludentes da ilicitude art. 23 CP.
Tipo penal proibitivo/ incriminador: É o tipo que incrimina a conduta (descreve as condutas proibidas)
Elementos do tipo: A norma penal descreve os elementos do tipo em duas categorias: Elementos objetivos e elementos subjetivos.
Objetivos: Referem-se a fatos já existentes no mundo de forma concreta, referindo-se ao aspecto matéria do fato. 
 Elementos descritivos: Referem-se a situações perceptíveis, captáveis pelos sentidos humanos (NUCCI) são os elementos que buscam descrever, traduzir o tipo penal.
Subjetivos Normativos: Está ligado à vontade do agente em que necessita de uma valoração de um intérprete, é um juízo de valor, uma análise social, cultural acerca da conduta. Geralmente são acompanhados de expressões como: ‘’Sem justa causa’’, ‘’indevidamente’’, ‘’documento’’, ‘’decoro’’.
Elementos subjetivos: Está ligado ao campo psíquico, espiritual do agente (vontade do agente, intenção do agente) tal tipo penal pode ser identificado com as expressões indicativas de um especial fim de agir do agente. Art. 159 CP
Elementos específicos do tipo penal
Núcleo do tipo: É o verbo descrito no tipo penal unicelular ou pluricelular.
Sujeito ativo: É quem pratica a conduta.
Objeto do crime material: Trata-se da pessoa ou da coisa contra a qual recai a conduta criminosa – objeto material/ jurídico. Ex. furto a coisa furtada.
Funções do tipo
Função garantidora: Trata-se da situação em que o agente somente poderá ser responsabilizado penalmente por condutas proibidas previamente estipuladas em lei.
Função fundamentadora: Como o estado exerce o direito de punir, se vale ele do tipo penal para fundamentar suas decisões quando o tipo for violado.
Função selecionadora: O tipo penal seleciona bens jurídicos mais relevantes.
A doutrina dizia que a tipicidade penal era a própria tipicidade formal, todavia a doutrina moderna afirma que a tipicidade penal era a tipicidade formal + material.
Modalidade de Tipicidade
Tipicidade Dolosa- Art. 18 CP, I
Tipicidade Culposa- Art. 18 CP II
Crimes Agravando pelo resultado- Art. 19 CP
Ilicitude
É o segundo elemento que compõe o conceito analítico do crime, também chamado de antijuridicidade.
Conceito 
Ilicitude ou antijuricidade deve ser entendido como uma conduta típica não justificada
Causas excludentes
 Em teoria da teoria da RATIO COGNOSCENDI OU INDICIARIEDADE adotada no ordenamento jurídico brasileiro, todo fato típico gera uma presunção relativa que também é ilícita.
As causas que exclui a ilicitude não se esgotam no rol do (art. 23 do CP), pois se localizam em outros dispositivos da lei penal, bem (art. 128 CP) bem como em outras leis (art. 1.210 CC).
Estado de Necessidade- art. 23 I + art.24.  No estado de necessidade o pressuposto fático para essa excludente é uma situação DE PERIGO.
1°Perigo atual
2° Não provocado por sua vontade 
3° Inevitabilidade do sacrifício.
4° Proporcionalidade para o bem que sacrifício e o bem preservado. (bens jurídicos)
Perigo atual- a expressão perigo atual trazida no art.24, traduz um perigo real (presente):
COMPORTAMENTO ANIMAL (não comandado pelo dono);
OU POR UM FATO DA NATUEZA;
SEM DESTINATARIO CERTO;
OBS: A SITUAÇÃO DE IMINENCIA TRAZIDA NO ART. 25 CP NECENCADEIA NA DOUTRINA SE TAMBEM E APLICAVEL no estado de necessidade o perigo iminente significaria aquele perigo que esta preste a se desencadear, pela a leitura do código penal o perigo iminente não se aplica somente se ele se tornasse atual, diante do silencio da lei a doutrina majoritária intende que não se aplica no estado de necessidade.
Não provocado por sua vontade- na interpretação desse requisito a vontade trazida no CP, é a vontade dolosa.
Inevitabilidade do sacrifício- para se invoca nessa excludente somente sacrifica alguém ou alguma coisa se o sacrifício for inevitável (a única saída).
Proporcionalidade para o bem que sacrifício e o bem preservado. (bens jurídicos).
Surgem na doutrina duas teorias que discutem esses requisitos
teoria unitária: para essa teoria todo e qualquer estado de necessidade ele é justificante (excluindo a ilicitude).
teoria diferenciadora- os adeptos nessa teoria afirma que o estado de necessidade pode ser:
Justificante- quando o bem jurídico sacrificado tiver valor menor ou igual ao bem protegido (excluindo a ilicitude).
Exculpante- (excluía a culpabilidade) Quando o bem jurídico sacrificado tiver valor maior do que o bem jurídico protegido.
 
	Estado de necessidade
	Bem jurídico protegido
	Bem sacrificado
	Teoria Unitária
	Teoria diferenciada
	SIM/ SIM
	Vida
	Patrimônio
	Estado de necessidade justificante.
	Estado de necessidade justificante.
	SIM/SIM
	Vida
	Vida
	Estado de necessidade justificante.
	Estado de necessidade justificante.
	NÃO/ SIM
	Patrimônio
	Vida
	Estado de necessidade justificante.
	Estado de necessidade exculpante.
 Obs.: o código penal adota a teoria unitária art. 24 II CP- exclui a ilicitude somente quando o bem jurídico sacrificado for de valor menor ou igual ao bem protegido. O código penal militar anota a teoria diferenciada Art. 39 CP.
Pressuposto fático de estado de necessidade = PERIGO
 A ausência do dever legal de enfrentar o perigo está no art. 24, 1 em que não se aplica a excludente ora em estudo à aqueles que tem o dever legal de agir (de enfrentar o perigo) seja em razão da função ou do seu trabalho (desde que seja razoável enfrentar o perigo), ele respondera pelo resultado que ocorrer da conduta criminosa. Em regra está direcionado a bombeiros e policiais.
 Conhecimento só pode invocar o estado de necessidade, quem te, conhecimento de estar agindo sob o abrigo desta excludente, este requisito configura uma situação que esta na cabeça do agente que invoca a excludente de necessidade.
Espécies de estado de necessidade
Quanto ao bem jurídico sacrificado
Quanto ao titular do bem exculpante e justificante
Próprio: É quando o agente protege o bem jurídico próprio (vida)
Estado de necessidade de terceiro: O agente protege o bem jurídico de terceiro.
Quanto ao terceiro que sofre a conduta: 
Estado de necessidade agressivo: É quando a conduta recai contra uma vítima não causadora, não provocadora da situação de perigo, AFASTA A RESPONSABILIDADE PENAL MAS PERMANECE A RESPONSABILIDADE CIVIL.
Estado de necessidade defensivo: A conduta recai contra uma vítima CAUSADORA, PROVOCADORA DA SITUAÇÃO DE PERIGO. EXCLUI A RESPONSABILIDADE PENAL E CÍVEL.
Legitima defesa art. 23, II e 25 CP
Pressuposto fático para sua invocação = injusta agressão humana.
A doutrina assegura que na legitima defesa ainda que o agente tenha outra opção (fugir) ele poderá revidar a agressão que lhe foi dirigida sendo ela injusta, atual ou iminente, não deixa a característica de covardia. Quem se defende de um animal descontrolado invoca estado de necessidade, quem se defende de um animal adestrado que esteja sob o comando do seu dono estará agindo então em legitima defesa, pois o animal é um mero instrumento.
Por isso entende a doutrina que o sujeito matar o dono e não o animal ainda assim estará agindo em legitima defesa.
Legitima defesa putativa É a situação em que o individuo imagina esta em legitima defesa, reagindo contra uma agressão inexistente. A reação a uma legitima defesa real neste caso surgirão duas situações:
Art. 20 Caput, CP exclui o dolo, mas o agente responderia a titulo de culpa.
Art. 20, 1, CP acarretaria na isenção
da pena.
Obs.: A legitima defesa real exclui a ilicitude - erro de tipo exclui o dolo
			Putativa – erro de proibição isenção da pena.
A legitima defesa exclui a ilicitude pois é uma causa de exclusão disposta no art. 23, II, CP. Já a legitima defesa putativa será considerada erro de proibição, art. 20, 1, CP, O excesso na legitima defesa art. 25 CP.
Uso moderado dos meios necessários
Meios necessários são meios eficazes e eficientes para repelir a agressão.
Moderação: Trata-se de equilíbrio de uma razoável proporção entre a defesa empreendida e o ataque sofrido. O excesso se configura nos limites da ação, e reação do agente, art. 23 paragrafo único, O EXCESSO SERÁ PUNIDO TANTO DOLOSAMENTE QUANTO CULPOSAMENTE.
Excesso intensivo: Ocorre quando a injusta agressão ainda existia. CESAR ROBERTO – a reação decorre ainda da sua defesa.
Excesso extensivo: A conduta do sujeito continua a atuar mesmo quando cessada a injusta agressão, ela não mais existia.
Art.23, CAPUT, III; 24 ;25; 26 CP
Estrito cumprimento do dever legal: Para NUCCI o estrito cumprimento do dever legal seria a ação praticada em cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extra penal, mesmo que acarrete lesão a um bem jurídico de terceiro, essa lei não se refere só na lei complementar pode advir de outras normas, mas lei em sentido amplo (portarias, decretos, resoluções, ‘’normas administrativas’’). Ex.: Art. 292, CPP uso moderado dos meios necessários, caso policial. E o carrasco que executa pena de morte. Invasão domiciliar de agentes sanitários.
Atenção: O particular pode invocar essa excludente? A doutrina diverge Mirabette entende que essa excludente é exclusiva dos agentes dos estados, todavia doutrina majoritária entende ser possível ainda que difícil de acontecer, o particular fazer uso dessa excludente, ( Ex. Flavio Monteiro de Barros exemplifica esta situação onde o advogado responde por crime de falso testemunho, por ter recusado a depor sobre fatos que envolvia segredos profissionais do seu cliente.)
Os policiais e atiradores de elite não tem o dever legal de matar ninguém. Quando agem a conduta estaria abarcada pela legitima defesa própria ou de terceiros.
Exercício regular de direito: Não tem conceito na lei penal, para NUCCI esta excludente seria o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta autorizada por lei que tornaria lícito o fato típico. Ex. o aborto, quando a gravidez resulta de um estupro desde que haja consentimento da gestante; art.146, caput, 3,I, CP cirurgia curativa; a pratica de artes macias, luta de MMA, pode haver punição por eventual excesso (caso Mike Tyson)
Os castigos dos pais com a finalidade de educar x a lei 13.010/ 2014, caso os pais castiguem seus filhos sob o aspecto do ‘’animus corrigendi’’ ainda que a lei 13.010/2014 tenha vedado qualquer espécies de castigo físico a crianças ou adolescentes restringindo assim o castigo como exercício regular do direito, NUCCI entende ser cabível invocar esta excludente.
Causa supralegal (Extralegal) de exclusão da ilicitude: A causa supra legal ou também chamada de extralegal de exclusão da ilicitude é o consentimento do ofendido, que traduz segundo a doutrina no desinteresse da vitima de fazer valer a proteção legal ao bem jurídico que lhe pertence, necessário observar a presença de três requisitos para a incidência do consentimento do ofendido:
O bem jurídico tem que ser disponível, patrimônio, honra, liberdade...
O agente tem que ser ‘capaz’ para consentir.
O momento do consentimento tem que ser anterior ou simultâneo a conduta. Ex. tatuagem, lutas MMA...
O consentimento do ofendido quando excludente do crime será sempre uma causa supralegal de exclusão da ilicitude? Não, ex. 213 CP, nos crimes em que o tipo penal exige o não consentimento do ofendido (ex. o estupro)se houver o consentimento será uma excludente da tipicidade.
Ofendículos: São objetos, instrumentos destinados a proteção do patrimônio, ex. cacos de vidro no muro, cerca elétricas, grades com pontas de lanças. A doutrina discute a natureza jurídica. No momento da instalação do Ofendículos por constituir um legitimo direito do proprietário em proteger seu patrimônio, a natureza será de um exercício regular do direito.
Quando da atuação do ofendículo a doutrina afirma ser uma legitima defesa pré- ordenada.

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