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Unidade III CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO HUMANO Profa. Cássia Palermo Maturidade etária: idade adulta e terceira idade Relembrando: O processo de desenvolvimento humano é um continuum em todos os domínios, ou seja, a divisão em faixas etárias é uma forma de facilitar a investigação (estudo), agrupando características de pessoas de idades próximas. Portanto, ao se pensar em idades maduras, é necessário pensar em um aumento na qualidade em vários aspectos, porém, após atingir o máximo, haverá também muitos declínios – mas não em todos eles e nem para todas as pessoas. Divisão em faixas etárias na maturidade Adulto jovem – 20 a 40 anos de idade. Adulto de meia-idade – 40 a 65 anos de idade. Terceira idade – 65 anos de idade em diante Velhice (ou início da velhice): 65 a 75 anos de idade. Velhice Avançada (ou velhice mediana): 75 a 85 anos de idade. Velhice Muito Avançada: acima dos 85 anos de idade. Divisão em faixas etárias na maturidade A soma dessas faixas etárias perfaz cerca de 40 a 50 anos de vida, no mínimo, sendo que as anteriores abrangem cerca de 20 anos. Assim, nos domínios físico, motor e cognitivo, leva cerca de 20 a 25 anos para o indivíduo se tornar maduro, por isso não há muitos modelos de desenvolvimento que abranjam as faixas etárias na maturidade. Para os demais domínios, a variação interindividual é muito grande. Processo de envelhecimento: declínios e possibilidade de melhora Declínios naturais: domínios físico, motor e cognitivo – porque há perdas estruturais e, portanto, funcionais. Pode haver melhoras: domínios emocional, moral e sociocultural. Adulto jovem: 20 a 40 anos de idade Domínio sensorial e cognitivo Audição: declínio do final da adolescência e mais evidente a partir dos 25 anos de idade (mais ainda os sons agudos). Visão: acuidade (precisão) é maior entre os 20 e 40 anos de idade. Paladar, olfato, sensibilidade à dor e à temperatura – inalterado até 45 anos de idade. Após esse período, todos sofrem declínios. Solução de problemas tende a se aprimorar mais pela experiência, pois o SNC está totalmente maduro – embora a interação entre ambos seja para toda a vida. Adulto jovem: 20 a 40 anos de idade Domínio físico e motor Físico: auge da força, resistência e aproveitamento de energia – até por volta dos 30 anos de idade. Forte relação com aspectos físicos e hábitos da vida diária: Alimentação. Tabagismo. Consumo de álcool. Prática de atividade física. Adulto jovem Alimentação – maus hábitos desde a infância. Cuidados com ingestão de produtos hipercalóricos gordura em excesso (e outras especificações). Tabagismo – já na adolescência. Hábito que mata muito (da ordem de “x” mil pessoas por ano). Cânceres. Doenças gastrointestinais, respiratórias e cardíacas. Infarto (fumantes entre 30 e 40 anos de idade – 5 vezes mais chances do que não fumantes); mulheres – cigarro + anticoncepcionais. Diminuição acelerada da densidade óssea. Melhoras logo após parar de fumar. Exceção: câncer. Adulto jovem Álcool – já na adolescência. Maior dependência do que a causada pelo fumo – doença (tendência genética – 4 vezes mais chances nos homens). Parentes alcoólatras. Facilidade: preço e disponibilidade da bebida. Aspectos culturais que reforçam o consumo – euforia etc. Necessidade de tratamento – não acaba com a dependência, mas ensina a pessoa a levar uma vida produtiva. Adulto jovem Prática de atividade física Pelo menos 30 min./dia exercícios moderados – evitar problemas no sistema cardiovascular. Lembrar: ápice da força física por volta dos 25-30 anos de idade. Adulto jovem Desenvolvimento motor Muitas habilidades motoras especializadas (esportes, danças etc.). Desenvolvimento emocional e sociocultural Vida social intensa e diversificada. Culto ao corpo (vigorexia) e com a estética em geral – preocupação com vida sexual. Escolhas – parceiro permanente ou não; profissão; ensino superior. Prorrogação para sair da casa dos pais. Ansiedade e depressão. Interatividade Com o processo de envelhecimento, ocorrem mudanças significativas no domínio físico. Essa afirmação é: a) Correta, e esse processo se inicia na terceira idade. b) Correta, e esse processo se inicia no final da meia-idade. c) Correta, e esse processo se inicia no início da meia-idade. d) Correta, e esse processo se inicia no final da idade adulta jovem. e) Correta, e esse processo se inicia no início da idade adulta jovem. Adulto de meia-idade: 40 a 65 anos de idade Domínio sensorial e cognitivo Tendência a perdas na visão e audição. Exemplo: muitas pessoas passam a usar óculos por volta dos 45-50 anos de idade. Cognição se aplica a resolver muitas demandas (desafios) da vida diária. A continuidade de atividades intelectuais contribui para a manutenção do desenvolvimento cognitivo ativo. Pode haver doenças degenerativas do SNC, como o mal de Alzheimer, por exemplo. Adulto de meia-idade Desenvolvimento físico Perda de 10-30% da função dos principais sistemas biológicos – comparativamente ao adulto jovem. Perdas funcionais versus mudanças de hábitos de vida (parar de fumar; diminuir consumo de bebidas alcoólicas; prática sistematizada de atividade física etc.). Principais causas de morte: câncer; doenças cardíacas; AVC (acidente vascular cerebral – “derrame”). Osteoporose – mais comum nas mulheres. Taxa de mortalidade – maior nos homens. Adulto de meia-idade Desenvolvimento físico – Mudanças no aspecto sexual Queda nas taxas hormonais – progesterona (mulher); testosterona – homem. Eventual queda da libido, da quantidade de orgasmos; Mulher – secura vaginal, calores; menopausa – termina a capacidade reprodutiva. Homem – ereções menos frequentes; recuperação pós-ejaculação mais demorada; maior risco de disfunção erétil; continua a capacidade reprodutiva, porém com diminuição da fertilidade. Adulto de meia-idade Desenvolvimento motor Há declínios em capacidades motoras (coordenação multimembros, timing coincidente etc.) As habilidades motoras podem se manter no que se refere ao padrão de movimento, contudo, pode haver maior lentidão de execução, diminuição da força. Adulto de meia-idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Variações interindividuais ainda maiores – histórias de vida cada vez mais diferentes. Modificações Estado civil – divórcio. Filhos crescidos – independência; netos. Grupos de “solteiros” ou ex-casados. Nova carreira. Nova residência. Alguma crença. Adulto de meia-idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Ansiedade e depressão – podem continuar. Fatores mais comuns: “síndrome do ninho vazio”; ausência de parceiro fixo – solidão; depleção hormonal. Podem ser reversíveis, mesmo a depressão. Tratamentos: uso de medicamentos; psicoterapias; prática de atividade física. Adulto de meia-idade Desenvolvimento emocional e sociocultural A relação com o aproveitamento do tempo é diferente do que antes. Maior estabilidade financeira – em alguns casos. Atividades culturais – hobbies (dança, fotografia, jardinagem etc.); teatro, cinema, shows e outros. Adulto de meia-idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Modificações que tendem a permanecer: Papel mais ativo da mulher na sociedade e na própria família – influência intergeracional. Maior responsabilidade financeira e maior realização pessoal. Famílias com composição híbrida. Uniões homoafetivas – já a partirdo final da adolescência. Adulto de meia-idade e processo de envelhecimento Profissional de Educação Física – maioria não atingiu essa idade. Cuidados com essas pessoas – demandas individuais e respeito a suas história de vida, em razão da grande diversidade. Estudar bastante sobre o processo de envelhecimento no que se refere essa faixa etária e daí em diante, sobretudo no declínio das capacidades físicas e comprometimentos músculo-esqueléticos. Interatividade O adulto de meia-idade compreende uma fase da vida de cerca de 25 anos. Sobre essa fase, é correto afirmar que: a) Há modificações sexuais importantes. b) Há manutenção das características físicas, pois o declínio ocorrerá somente na terceira idade. c) Há tendência a uma rapidez na degradação de gordura. d) Há grandes diferenças entre homens e mulheres no que se refere ao domínio cognitivo. e) Há manutenção no estilo de vida para todas as pessoas, em razão da aproximação ao período da terceira idade. Terceira idade: 65 anos de idade em diante Terceira idade – 65 anos de idade em diante. Velhice (ou início da velhice): 65 a 75 anos de idade. Velhice Avançada (ou velhice mediana): 75 a 85 anos de idade. Velhice Muito Avançada: acima dos 85 anos de idade . Aumenta os cuidados com o idoso porque diminui a autonomia para a execução das atividades de vida diária (AVD). Terceira idade Conceitos importantes Longevidade – quanto uma pessoa vive (média populacional local). Expectativa de vida – quanto se espera que uma pessoa viva (média populacional local). Independência funcional – capacidade de realizar atividades da vida diária (AVD) sem auxílio de outras pessoas. Qualidade de vida (QV) – conceito multidimensional sobre condições de vida (objetivamente) e as autopercepções. Terceira idade No Brasil – fatos e tendências É uma classe cada vez mais ativa economicamente. Aumento da longevidade e da expectativa de vida Avanços científicos – prevenção e tratamento de doenças; Atuação diferenciada de profissionais da área de saúde e lazer. Políticas públicas – orientação para prevenção de doenças: alimentação mais saudável; prática de atividade física; ampliação da vida social (grupos de idosos). Terceira idade No Brasil – fatos e tendências Ampliação dos cuidados com essa população – considerada especial → amparo (proteção) legal: Terceira idade – a partir dos 60 anos. Constituição Federal (1988). Estatuto do Idoso (2003). Leis municipais – por exemplo, com transporte público (assento preferencial, gratuidade etc.). Terceira idade Domínio sensorial e cognitivo Prejuízos: Visão – de perto, nitidez, aumento de sensibilidade à luz, na visão dinâmica (ler enquanto se movimenta). Audição – perda acelerada aos 55 anos de idade (2 vezes maior nos homens do que nas mulheres). Tato – diminuição da sensibilidade à dor (após 40 anos de idade) e ao toque (após 45 anos de idade). Olfato e paladar – mais nos homens do que nas mulheres. Diminui a velocidade de percepção. Terceira idade Domínio sensorial e cognitivo Cérebro Diminuição do peso e da quantidade de neurônios (células nervosos), porém aumento das conexões dos neurônios restantes. Perda de células do cerebelo e do hipocampo (região central do cérebro). O cérebro tem uma capacidade considerável de regeneração. Perda significativa em pessoas com boa saúde – após 80 anos de idade. Terceira idade Domínio sensorial e cognitivo Demência senil – perda das funções cognitivas associadas a perdas fisiológicas naturais do processo de envelhecimento. Tendência maior à irreversibilidade em pessoas com problemas cardiovasculares (hipertensão, AVC etc.). Mal de Parkinson* – tremores, rigidez articular, lentidão nos movimentos, postura instável. Mal de Alzheimer* – déficits na memória, na inteligência e na consciência corporal, levando à morte. *Ambos são transtornos degenerativos progressivos e podem se iniciar em faixas etárias anteriores, principalmente na meia-idade. Terceira idade Desenvolvimento cognitivo Inteligência e sabedoria – as perdas fisiológicas são inevitáveis, porém a plasticidade (“regeneração”) cerebral aliada a tarefas que exijam exercício intelectual podem diminuir essas perdas. Além disso, tende a haver maior desenvolvimento da sabedoria, que envolve reflexões, julgamentos aconselhamento quanto a problemas importantes e incertos. É necessário experiência e envolvimento – não apenas ter idade mais avançada. Terceira idade Desenvolvimento cognitivo Memória – perdas: de curta duração (armazena de 5 a 9 itens); de longa duração. Recomenda-se atividades para exercitar: raciocínio lógico, memorização, solução de problemas da vida diária, leitura, escrita, voltar a estudar, estudar assuntos diversos etc. Aprendizagem – pode ser mais lenta, mas a capacidade não é perdida – toda pessoa é sempre capaz de aprender. Interatividade Na terceira idade ocorre declínio significativo do desenvolvimento físico. Entre as consequências desse declínio não está: a) Dificuldade de autonomia motora. b) Tendência a sofrer quedas. c) Apresentar dificuldade em se equilibrar. d) Não se comunicar bem com as pessoas. e) A estrutura e funcionalidade dos órgãos está prejudicada. Terceira idade Desenvolvimento físico e motor Composição corporal: gradativa substituição de massa magra (músculos) por massa gorda – 30% do corpo é gordura aos 65 anos de idade. Declínio qualitativo (“piora”) das estruturas corporais (órgãos, vasos etc.) e de suas respectivas funções (respiração, circulação, digestão etc.). Terceira idade Declínio nas capacidades físicas Força – em razão de lentidão na síntese de proteína e diminuição na produção de testosterona. Declina ainda mais após os 70 anos de idade. Para diminuir a perda: exercícios resistidos (“musculação”) – melhora no equilíbrio, no padrão da caminhada (maior sustentação do corpo), no controle motor, nas AVD. Terceira idade Declínio nas capacidades físicas Flexibilidade – amplitude do ângulo articular. Depende da estrutura óssea e da elasticidade dos tecidos moles (músculos, tendões, ligamentos e outros). Perda em razão de a demanda ser muito baixa. Sua perda acentua-se dos 49 anos de idade em diante. Osteoartrose – doença articular degenerativa – causa dor e rigidez. É treinável durante toda a vida. Terceira idade Declínios no equilíbrio – Maior após os 60 anos de idade, também em razão das perdas do sistema sensorial. Quedas – uma das principais causas de morte em idosos acima de 75 ano de idade. Levam a grandes períodos na cama – doenças infecciosas (pulmões, circulação) e desânimo – podem levar a óbito. Prejudicam as AVD – inatividade e dependência de outras pessoas. Força, flexibilidade e equilíbrio estão inter-relacionados. Terceira idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Pode haver continuidades em relação à meia-idade. Exemplos: Casos de depressão podem se intensificar ou haver reversão – depende de como é tratado. A pessoa pode se tornar gradativamente mais sensível e tolerante, mas o contrário também acontece com várias pessoas. “Síndrome do ninho vazio” ou o contrário (grande conivência com filhos, netos e bisnetos). Falta de sentido (significados) para viver, em especial se entender o processo de envelhecimento como uma fatalidade e que nada pode ser feito para amenizar esse processo. Terceira idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Aposentadoria – pode gerar problemas deidentificação com as atividades que restam como possíveis de se realizar. Diferente para homens e mulheres. Perda do cônjuge – pode trazer intenso sofrimento por conta da solidão. Falta de compreensão dos mais jovens sobre a condição dos idosos – conflitos intergeracionais. Terceira idade Desenvolvimento emocional e sociocultural Dificuldades de adaptação dos idosos com: as novas tecnologias – comandos específicos; hábitos de vida dos mais jovens; com a alta velocidade dos mais variados eventos (trânsito, por exemplo). Não basta viver mais: é necessário viver melhor. Terceira idade A terceira idade é realmente a melhor idade? Depende a que se está referindo... Domínio físico, motor e cognitivo – não. Domínio emocional e sociocultural – pode ser que sim ou não. Há muitas pessoas que se realizam em muitos aspectos da vida na terceira idade: menores exigências de trabalho e financeiras, menos necessidade de cuidar dos outros, formação de grupos de convívio com pessoas da mesma idade etc. Declínios físico, motor e cognitivo são inevitáveis, mas podem ser bem administrados e razoavelmente controlados. Atuação profissional no ciclo de vida Lembrar: a maior parte dos profissionais de Educação Física não chegou na terceira idade, portanto, não vivenciou minimamente o que é ser idoso. Gestantes e idosos, assim como pessoas que apresentam problemas relacionados a metabolismo (diabetes) e sistema circulatório, por exemplo, são estudadas em outras disciplinas, embora haja referências a eles nesta também. Levar em consideração as característica de cada faixa etária, porém sem negligenciar as características individuais. Ouvir o que o cliente tem a dizer de si mesmo – gostos, necessidades, expectativas – é imprescindível para uma atuação profissional competente e ética. Interatividade Terceira idade é a melhor idade. Essa frase pode se considerada: a) Correta, no que se refere ao desenvolvimento cognitivo. b) Incorreta, no que se refere ao desenvolvimento físico. c) Correta, no que se refere ao desenvolvimento motor. d) Incorreta, no que se refere ao desenvolvimento emocional. e) Correta, no que se refere ao desenvolvimento sensorial. ATÉ A PRÓXIMA!
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