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Apostila LÍNGUA PORTUGUESA LEITURA PRODUÇÃO DE TEXTO E LITERATURA INFANTIL

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Prévia do material em texto

LÍNGUA PORTUGUESA: 
LEITURA, PRODUÇÃO 
DE TEXTO E 
LITERATURA INFANTIL. 
Professora Dra. Ivone Pingoello
Professor Me. João Carlos Dias Furtado
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; PINGOELLO, Ivone; FURTADO, João Carlos Dias. 
 
 Língua Portuguesa: Leitura, Produção de Texto e Literatura 
Infantil. Ivone Pingoello; João Carlos Dias Furtado. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 209 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Língua Portuguesa. 2. Leitura. 3. Produção de Texto 4 Literatu-
ra Infantil. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-555-6
 CDD - 22 ed. 469
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Executiva de Ensino
Janes Fidelis Tomelin
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Minco�
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Supervisão do Núcleo de Prod. de Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Marcia Maria Previato de Souza
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
Iconografia
Isabela Soares Silva
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
André Morais de Freitas
Editoração
Robson Yuiti Saito
Ilustração
Marcelo Goto
Revisão Textual
Cintia Prezoto Ferreira
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou 
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista 
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores 
e tutores que se encontra disponível para sanar suas 
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e 
segurança sua trajetória acadêmica.
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Professora Dra. Ivone Pingoello
Doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho (2012), possui mestrado em Educação pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009), graduação em Pedagogia pela 
UniCesumar (2013) e graduação em Letras pela Universidade Paranaense 
(2005). Atua como professora Universitária, pesquisadora e palestrante sobre 
os temas Violência Escolar e Bullying.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas 
e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://
buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4744310Z5>. 
Professor Me. João Carlos Dias Furtado
Mestre em Letras com ênfase em literatura pela Universidade Estadual de 
Maringá (2011) e graduado em Letras Português/Inglês pela Universidade 
Estadual de Maringá (2007) e Doutorado do Programa de Pós graduação em 
Letras da Universidade Estadual de Maringá. Atualmente trabalha no Centro 
Universitário Cesumar (Unicesumar), nos cursos de Letras e Pedagogia, e no 
Colégio Marista de Maringá.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas 
e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://
buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4127815Y2>. 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com imensa satisfação que esse livro foi preparado para você, pois 
participar do seu sucesso estudantil é o grande prêmio de todo docente. Sendo assim, 
nós, João Carlos Dias Furtado e Ivone Pingoello, queremos contribuir efetivamente para 
a sua formação acadêmica e pessoal.
Este livro foi constituído visando uma formação teórica e promovendo reflexões sobre 
a prática que auxiliará o seu trabalho com a Língua Portuguesa, com todas as suas nu-
ances de leitura, produção e interpretação, como também na sua formação como pes-
quisador.
O domínio da língua materna é fundamental para todo cidadão exercer o seu papel ple-
no e alcançar seus objetivos pessoais e profissionais, pois conseguir estabelecer uma co-
municação eficiente e adequada nos mais diversos meios comunicativos é fundamental 
para aproximar a pessoa de seu objetivo, deseu sonho; por isso, o ensino da língua 
no contexto escolar deve valorizar e promover o enaltecimento de um aluno que saiba 
manipulá-la eficientemente e seja um pesquisador constante em sua vida profissional.
A primeira Unidade apresenta a Língua Portuguesa como objeto de estudo, discutindo 
suas funções, as diferenças entre a língua escrita e a oralidade, entendendo as concep-
ções de linguagem, a formação gramatical e as diferentes gramáticas possíveis de serem 
praticadas. O objetivo dessa unidade é apresentar a língua como um organismo vivo em 
constante transformação e o modo como podemos ensiná-la diante das possibilidades 
gramaticais existentes.
A segunda Unidade introduz a importância da leitura na formação do aluno, resgatando 
as funções da leitura e destacando quais competências precisam ser desenvolvidas em 
sala de aula para conseguirmos formar um leitor crítico, que saiba, também, ler as novas 
mídias, imagens e o mundo ao seu redor. O objetivo dessa unidade é resgatar a impor-
tância de um bom trabalho de leitura no processo de formação educacional como base 
formadora de um indivíduo consciente de seu papel no mundo.
A terceira Unidade discute a produção textual, a necessidade de instrumentalizar os alu-
nos para produzirem bons textos (articulando a coerência e a coesão) e a importância 
de trabalhar com os gêneros textuais. O objetivo dessa unidade é valorizar a produção 
textual como importante meio de expressão individual e coletiva no ambiente profis-
sional e pessoal.
APRESENTAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA: LEITURA, PRODUÇÃO 
DE TEXTO E LITERATURA INFANTIL
A quarta Unidade enfatiza a produção textual no ambiente acadêmico, pois discute 
e apresenta aspectos importantes do texto dissertativo, do relatório de estágio, de 
como fazer uma revisão de texto, promovendo uma formação orientada para esse 
nível de ensino. O objetivo dessa unidade é fomentar e qualificar a escrita no ensino 
superior, formando e orientando uma produção acadêmica de qualidade.
A quinta Unidade apresenta um breve histórico da Literatura Infantil, discutindo a 
importância da literatura voltada para crianças na escola e as funções que ela exerce 
na formação do aluno-cidadão. O objetivo dessa unidade é compreender o valor 
que a literatura promove na aquisição linguística, cultural, estética, crítica e ideoló-
gica do aluno.
As cinco unidades deste livro incitam reflexões, discussões e o debate de teorias e 
práticas que estimulam a sua formação acadêmica de qualidade; por isso, as unida-
des desenvolvem progressivamente o estudo de tópicos que se complementam e 
promovem uma discussão ampla e orientada para a sua práxis. 
Portanto, este livro apresenta a língua materna e suas especificidades para a forma-
ção de um profissional capaz de articular esse conhecimento para a formação de 
outros alunos, pois esse é o objetivo principal desta disciplina.
Bons estudos.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
OS NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
15 Introdução
16 A Língua Materna Como Objeto de Estudo 
20 Os Fundamentos Linguísticos da Comunicação 
28 Oralidade Versus Escrita 
35 A Gramática 
39 Concepções de Linguagem 
42 Considerações Finais 
51 Referências 
53 Gabarito 
UNIDADE II
CONCEPÇÕES DE LEITURA: DA DECODIFICAÇÃO AO LETRAMENTO
57 Introdução
58 Fundamentos Teóricos da Leitura 
65 As Etapas dos Procedimentos de Leitura 
72 As Competências Críticas de Leitura 
83 Considerações Finais 
89 Referências 
90 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
A PRODUÇÃO TEXTUAL
93 Introdução
94 Leitura e Formação do Leitor 
97 A Influência da Leitura na Produção de Texto 
99 Elementos Fundamentais para uma boa Produção de Texto 
109 Características de Textos Narrativos 
114 Características de Textos Descritivos 
116 A Produção Textual na Internet 
120 Considerações Finais 
127 Referências 
128 Gabarito 
UNIDADE IV
ASPECTOS ACADÊMICOS DA PRODUÇÃO TEXTUAL
131 Introdução
132 As Especificidades e a Estrutura do Texto Dissertativo 
144 A Linguagem Dissertativa 
151 Tópicos de Revisão Textual 
155 Considerações Finais 
160 Referências 
161 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
LITERATURA INFANTIL
165 Introdução
166 A Criança Tem Direito à Literatura
170 Funções da Literatura
173 Características Essenciais da Literatura Infantil
179 Breve História da Literatura Infantil
191 Literatura Infantil: Formação Linguística e Cultural
197 Considerações Finais
205 Referências 
207 Gabarito 
209 Conclusão
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Professora Dra. Ivone Pingoello
Professor Me. João Carlos Dias Furtado
OS NÍVEIS E FUNÇÕES 
DA LINGUAGEM ORAL E 
ESCRITA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conceituar linguística, língua, linguagem e fala.
 ■ Conceituar os elementos linguísticos da comunicação.
 ■ Verificar as especificidades da comunicação oral e escrita.
 ■ Compreender as concepções de linguagem existentes.
 ■ Compreender a importância e a função da gramática na estruturação 
da língua.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A língua materna como objeto de estudo
 ■ Os fundamentos linguísticos da comunicação
 ■ Oralidade versus Escrita
 ■ A gramática
 ■ Concepções de linguagem
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, adentraremos no estudo da língua materna, sua 
função, suas particularidades e diferenças entre o seu uso na escrita e na oralidade 
e discutiremos a sua importância para todo o processo de ensino-aprendizagem.
A importância do conhecimento da nossa língua é primordial para o desen-
volvimento de um bom trabalho educacional e formativo, possibilitando o 
desenvolvimento de habilidades e o conhecimento que auxiliarão na nossa vida 
pessoal e profissional.
A realidade do século XXI exige um cidadão, um profissional apto a desen-
volver seu papel com desenvoltura e excelência, promovendo uma interação 
linguística e social que permita a execução de sua função; por isso, o domínio 
e o uso da polissemia, da conotação e das variantes linguísticas é fundamental.
Sendo assim, nesta primeira unidade, estudaremos a importância da língua 
materna como objeto de estudo e uso social, as suas funções e a relevância em sua 
diversidade e variedade. Entenderemos quais são as concepções de linguagem e 
como isso pode favorecer o ensino da língua materna e a sua formação gramatical.
Faremos uma breve passagem pela história evolutiva da linguagem, da gra-
mática e das necessidades pedagógicas de ensino que devem ser refletidas para 
tratá-la em sala de aula.
Historicamente, o ensino escolar da língua portuguesa tem priorizado as 
regras gramaticais marcadas pela ideia do certo e do errado, desconsiderando 
as variações linguísticas, a ação comunicativa e o perfil sociocultural dos alunos 
e desprezando seus conhecimentos prévios em relação à língua. 
Hoje sabemos que essa não deve ser a realidade do processo de ensino e 
aprendizagem na sala de aula, pois a língua, viva e orgânica, deve ser trabalhada 
de forma a demonstrar as potencialidades e os caminhos que podem ser cons-
truídos pelos alunos em sua caminhada estudantil. Essa é a nossa função.
Bons Estudos!
Introdução
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OS NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A LÍNGUA MATERNA COMO OBJETO DE ESTUDO
A cultura de um povo/nação é construída ao longo de sua história e suas expe-
riências, isso envolve uma grande quantidadede eventos, fatos, habilidades 
desenvolvidas e evolução. A língua materna está dentro dessa evolução pela 
qual o ser humano passou e ainda passa, pois é a partir da utilização da lingua-
gem elaborada que o desenvolvimento humano ocorre de forma exponencial.
A partir disso, não podemos separar a língua/linguagem humana de sua cul-
tura, ou seja, aquela tem um papel fundamental na formatação da cultura humana 
e há uma interação constante entre elas. Segundo Antunes (2009, p. 21), “dessa 
forma, todas as questões que envolvem o uso da língua não são apenas questões 
linguísticas, são também questões políticas, históricas, sociais e culturais”.
A linguagem é a essência da ação humana e perpassa toda a história evolutiva 
do ser humano, em graus mais e menos desenvolvidos. A comunicação efetiva-
-se por meio da linguagem e esta é o campo de estudos da linguística que, como 
ciência, baseia-se em estudos teóricos e empíricos para fundamentar a tese de 
que toda e qualquer manifestação linguística é passível de descrição e explica-
ção dentro de um quadro científico específico. 
A Língua Materna Como Objeto de Estudo
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A Linguística, enquanto ciência, surgiu no início do século XX com os estudos 
de Ferdinand de Saussure, estabelecendo dicotomias muito adequadas ao con-
texto histórico e científico da época, o positivismo. Essas dicotomias conceituadas 
por ele foram denominadas posteriormente como: língua versus fala; sincronia 
versus diacronia; significado versus significante e sintagma versus paradigma.
Como um processo natural na ciência, Saussure traz em seus estudos aponta-
mentos feitos por Humboldt; e, posteriormente, estudiosos, como Bakhtin, Chomsky 
e Labov, contribuíram discordando ou continuando os estudos de Saussure.
Esses estudos avançaram e adentraram as universidades brasileiras no meio 
do século XX. Ferdinand de Saussure, com o Curso de Linguística Geral, é con-
siderado um marco inicial na era da ciência da linguagem, pois ele consegue 
conduzir a Linguística ao status de ciência; segundo Lemos (2002), Saussure não 
tratou a Linguística apenas como uma composição de outros estudos científicos, 
mas ordenou estudos da língua e linguagem a partir de suas relações, evidente-
mente com certas limitações que foram discutidas por outros estudiosos.
Segundo Saussure (2006), a ciência que estuda a língua passou por três fases 
sucessivas até o reconhecimento do seu objeto específico de estudo. Conforme 
esclarece o autor, os primeiros estudos foram designados de Gramática, inau-
gurados pelos Gregos e tendo continuidade com os franceses, e constituíam-se 
nos estudos das regras normativas da língua e as formulações de regras para 
distinguir-se o certo do errado. Em seguida, surge a Filologia, movimento 
instaurado a partir de 1777 por Friedrich August Wolf, que se ocupava com a 
história literária, com os costumes, as instituições e se apegava mais à língua 
escrita do que à falada.
Os estudos filológicos continuam e criam um corpus de análise que fomenta 
o desenvolvimento da linguagem e todas as suas nuances. Sendo assim, na ter-
ceira fase de evolução dos estudos da língua, observou-se que elas poderiam 
ser comparadas entre si e surgiu, em 1816, a partir da filologia comparada, a 
Gramática Comparada, que se ocupa em estudar as origens das línguas, com-
parando-as em sua evolução como a relação entre o sânscrito, o germânico, o 
grego, o latim, dentre outras (SAUSSURE, 2006).
Câmara Jr. (1975) considera esses estudos como pré-linguísticos, pois ainda 
não têm caráter científico, mas contribuirão para o desenvolvimento da ciência 
OS NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
linguística. Para o autor, o cerne dos estudos linguísticos consiste no estudo his-
tórico e descritivo.
No século XIX, já havia uma grande euforia nos estudos da linguagem, apre-
sentando a comparação entre as línguas e suas origens, os estudos fonéticos e 
os princípios universais na gramática, mas quem chancela o caráter científico 
desses estudos é Saussure, discutindo a língua como um conjunto de relações 
que constitui um sistema que é mais relevante do que seus próprios elementos.
Assim, no século XX, Saussure dedica-se ao estudo da língua imanente, 
estabelecendo a dicotomia de sistemas Langue (língua) e Parole (fala), embora 
direcione seus estudos para a língua.
Consoante Faraco (2004, p. 64), “Saussure tinha descoberto na língua uma 
construção legitimamente estrutural”, pois trabalhou com o sentido sincrônico 
da língua em oposição aos estudos comparatistas diacrônicos e estabeleceu que 
o significante e o significado são arbitrários em todas as línguas, desfazendo 
qualquer conceito que juntava o sinal gráfico/som ao sentido da palavra em si.
Apesar de não deixar um modelo acabado e/ou pronto de análise linguís-
tica, a proposta estruturalista dele modificou o olhar para os estudos linguísticos, 
tornando-se a base da ciência da língua. Esse novo paradigma difundiu-se na 
Europa e na América em diversas correntes importantes de estudos, como a Escola 
Linguística de Praga (Wilhem Mathesius, Roman Jakobson, Troubetzkoy), o estru-
turalismo que deu origem à glossemática de Louis Hjelmslev, o funcionalismo de 
André Martinet e as pesquisas nos Estados Unidos (Franz Boas e Edward Sapir). 
Nesse breve panorama, observamos que os direcionamentos saussurianos foram 
tão amplos que são poucas, hoje, “as teorias linguísticas que podem declarar-se 
autenticamente não saussureanas”, afirma Faraco (2004, p. 68). 
Já na segunda metade do século XX, por volta dos anos de 1970, diversos 
estudos de base saussuriana entremeiam-se pelas lacunas deixadas pela teoria 
estruturalista, propondo um estudo da linguagem e do pensamento, o lado psi-
cológico da comunicação, tendo como base o fato de que “a língua foi criada 
somente quando o pensamento humano excogitou empregar os sons vocais com 
propósito comunicativo”, conforme afirma Câmara Jr. (1975, p. 59).
Um olhar para os fenômenos da comunicação com o entendimento de que 
as estruturas linguísticas não explicariam tudo, recorrendo à base da psicologia 
Professor Educação
Lição
Treinamento
Ciência
Aprendiz
EDUCAÇÃO INFOGRÁFICA
A Língua Materna Como Objeto de Estudo
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e aos estudos cognitivos: essa vertente chamou a atenção de diversos estudiosos 
que enveredaram suas pesquisas por esse caminho, como um grande expoente 
da Escola de Praga, Roman Jakobson, que ampliou a discussão sobre as funções 
da comunicação, atentando para as relações internas e externas da comunicação 
e para a intenção do discurso; evidentemente, ele não conseguiu resolver todos 
os aspectos da comunicação, mas apontou para avanços significativos nessa dire-
ção que se denominou Funcionalismo.
Outra vertente que surge dos estudos 
estruturalistas de Saussure é a Sociolinguística, 
que pretende verificar os fenômenos da lín-
gua em seu contexto social, sua valorização e 
segregação, suas variedades e um olhar dire-
cionado aos falantes.
Estudiosos como Hugo Schuchardt e 
Émile Benveniste indicam a importância de 
não separar a língua, o indivíduo e seu con-
texto social, pois “é dentro da e pela língua, 
que indivíduo e sociedade se determinam 
mutuamente” (ALKMIM, 2001, p. 26).
Esses estudos abriram diversas oportu-
nidades de pesquisa e desenvolvimento da 
Sociolinguística com diferentesenfoques na 
relação da língua e da sociedade.
“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coi-
sa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” 
(Paulo Freire)
COMUNICAÇÃO
OS NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
OS FUNDAMENTOS LINGUÍSTICOS DA 
COMUNICAÇÃO
Como vimos anteriormente, a Linguística moderna inicia-se com os estudos 
de Saussure; são os conceitos apresentados por ele que constituem o direciona-
mento científico do estudo da linguagem humana, tema que sempre encantou e 
inquietou muitos estudiosos.
Você já deve ter percebido que a linguagem e o discurso envolvem uma gama 
de variáveis (poder, grupos sociais, cultura, momentos históricos) que influen-
ciaram e continuam influenciando no desenvolvimento e complexidade que o 
uso da língua materna envolve. Se estudamos a língua morta de uma sentença 
desconexa com a realidade, tudo pode parecer perene e objetivo, mas sabemos 
que a linguagem envolve diretamente um caráter social, por isso entendemos 
que a língua está em constante mudança e transformação.
Um exemplo disso é que não usamos a mesma linguagem ou as mesmas expres-
sões e gírias ou o vocabulário que os nossos avós, e nos distanciamos, também, da 
linguagem de nossos pais, por motivos cronológicos e pela busca de autoafirmação, 
Os Fundamentos Linguísticos da Comunicação
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buscando uma identidade social; ou seja, há uma coexistência entre o momento 
histórico, o grupo social, o poder econômico e a linguagem que usamos.
É quase impossível citar uma variável social que, ao surgir, não produza 
um efeito sistemático sobre o comportamento linguístico: idade, sexo, 
classe, casta, país de origem, geração, região, escolaridade; pressuposi-
ções cognitivo-culturais; bilinguismo, e assim por diante (GOFFMAN, 
2002, p. 13-14).
Outro bom exemplo disso é quando pensamos na diversidade de palavras que 
existem para denominarem uma mesma situação, pessoa ou objeto. Imaginemos 
alguém que não gosta de gastar seu dinheiro. Podemos chamá-lo de muquirana, 
sovina, mão de figa, avarento, fominha, muximba, mão fechada, e tantas outras 
possibilidades. Isso indica o quanto a língua é viva, rica e molda-se à necessi-
dade do falante/escritor.
Esse exemplo demonstra um caráter fundamental das línguas nacionais: a 
arbitrariedade, isto é, a relação do signo (palavra) e significante (objeto/sen-
tido) é construída social e historicamente, dado que não há uma naturalidade 
entre ambos, pois se assim houvesse, todos os objetos teriam o mesmo nome 
nas mais diversas línguas maternas existentes.
Como verificamos isso? Fácil! Pensemos no signo “cadeira” e no seu signifi-
cante (objeto/conceito do objeto); se a relação entre eles fosse natural, em todas 
as línguas aquele objeto de sentar e com um encosto chamaria “cadeira”, mas 
sabemos que não é assim, por exemplo, em inglês chama-se “chair”, em espa-
nhol “silla”, em francês “chaise” etc.
A arbitrariedade está em não haver relação entre a palavra, que seria o signo, 
e a imagem, que seria o significado. Para que houvesse relação, o objeto deveria 
ser designado por uma palavra que remeteria à sua função; a cadeira se chama-
ria “sentador”, por exemplo, nome que remete à função da cadeira, de ser um 
objeto para sentar. Conseguimos entender que a palavra carro designa o objeto 
que já conhecemos por compartilharmos do significado estabelecido socialmente. 
Portanto, as grafias convencionais não representam o objeto, não há nenhum 
laço natural entre a grafia e o objeto designado.
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Percebemos assim que o signo e o significante são construções sociais e histó-
ricas para relacionar um conceito (matéria) a um nome que seja comum a um 
grupo de falantes; portanto, o vocabulário de uma língua nacional vai sendo 
construído de forma arbitrária ao longo de sua formação histórica, com diver-
sas influências culturais, sociais e regionais.
Como surgiu a Língua Portuguesa, então? Ela tem sua origem no Latim que, 
adotado pelo Império Romano e com a sua expansão por quase toda a Europa, 
sofreu a influência de diversos povos conquistados. Constituiu-se, assim, o Latim 
erudito, usado por um grupo seleto para documentos oficiais e literários, e o Latim 
Vulgar, que transforma-se em outras línguas chamadas neolatinas (com origem 
do Latim). Exemplos vivos de línguas neolatinas são o português, o espanhol, o 
francês, o italiano e o romeno. Ora, as línguas não existem sem as pessoas que as 
falam, e a história de uma língua é a história de seus falantes (CALVET, 2002, p. 11).
Ficaram claras as mudanças e transformações que ocorreram nas línguas 
nacionais? Outro bom exemplo é a diferença de pronúncia (sotaque) e expressão 
gramatical entre os países que falam a “mesma” Língua Portuguesa, diferença clara 
entre o sotaque de Portugal e do Brasil. Porém, nem precisamos ir tão distante 
assim, pois é fácil notar essas diferenças entre os usos da língua materna entre 
as regiões do nosso próprio país. Por isso, criamos a nossa identidade cultural 
e pessoal diante da interação linguística, vendo, ouvindo, falando e escrevendo 
em língua portuguesa; conforme Bakhtin (2010), adquirimos os conceitos da 
língua mediante a interação verbal quando ouvimos enunciados concretos e os 
reproduzimos com os indivíduos que nos cercam. 
São 249 milhões de falantes nativos da língua portuguesa e 20 milhões de 
pessoas que têm o idioma como segunda língua, compreendidos pelas comu-
nidades de Macau (China) e Goa (Índia) e por oito países: Angola, Brasil, Cabo 
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal 
maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática.” 
(Paulo Freire) 
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A Língua Portuguesa hoje é a 6ª língua mais falada no mundo, isso nos dá uma 
dimensão de sua importância e do peso cultural e comercial que ela adquiriu ao 
longo de sua história e formação.
Diante disso, surge uma pergunta: posso entender Língua como um sinô-
nimo de Linguagem? 
Para nós, ela [língua] não se confunde com a linguagem; é somente 
uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo 
tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto 
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir 
o exercício dessa faculdade nos indivíduos (SAUSSURE, 2006, p.17).
A partir do pensamento de Saussure, entendemos que a Língua e Linguagem não 
são a mesma coisa, mas que a Língua é algo construído (“conjunto de conven-
ções necessárias”) para que faça parte de um domínio maior (Saussure chama 
isso acima de faculdade, no sentido de capa-
cidade, aptidão natural), que é a linguagem.
Assim, entendemos que a Linguagem é 
a faculdade comunicativa, ou seja, a capa-
cidade, possibilidade de comunicar-se, 
enquanto a Língua é a “ferramenta” que per-
mite exercer tal faculdade. A Linguagem é 
algo natural ao ser humano, é uma capaci-
dade com a qual nascemos; contudo, a Língua 
é adquirida, convencionada (arbitrária) e pre-
cisamos assimilá-la.
Você sabia que Brasil e Portugal não são os únicos paísesque usam a Língua 
Portuguesa? Realmente, o grupo de países que falam português é grande. 
Quer saber um pouco mais? Existe o site dessa comunidade de países que 
usam a mesma língua. Nesse site você encontrará informações e curiosida-
des sobre todos os integrantes. Para saber mais, acesse o link disponível em: 
<www.cplp.org>.
Fonte: os autores.
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Podemos, agora, fazer a seguinte síntese sobre Língua e Linguagem:
 ■ A língua é um conjunto de grafias combinadas entre si que representam a 
linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos constituintes de 
uma comunidade. Diante da heterogeneidade da linguagem, é a língua 
que será capaz de fornecer um ponto de apoio satisfatório para seu usuá-
rio, ou seja, a língua é um conjunto de convenção necessária que permite 
o uso e organização da linguagem.
 ■ A linguagem é o uso de procedimentos variáveis que possibilitam a comu-
nicação humana, faculdade inerente ao homem de comunicar-se utilizando 
a fala. Esta abrange a comunicação linguística em toda a sua totalidade, 
é individual, intencional, espontânea e depende das estruturas psicofísi-
cas do indivíduo para se realizar.
Conseguimos identificar a relação e as diferenças entre o que é Língua e Linguagem, 
algo que parece tão natural e tão corriqueiro em nosso dia a dia, mas que repre-
senta uma sofisticação da comunicação humana que se estabelece todos os dias 
com diferentes pessoas em diversos lugares.
E diante desse poder comunicativo da linguagem é que notamos que a lín-
gua, como base de comunicação, pode ser utilizada na forma escrita, oral, braile e 
libras. Evidentemente, cada forma de utilizar a língua exige uma certa habilidade 
que influencia diretamente na potencialidade de seu discurso; por exemplo, na 
língua escrita, o uso das normas gramaticais, da pontuação adequada, da organi-
zação das ideias de forma coerente nos parágrafos possibilita uma comunicação 
eficiente, pois é pouco provável que um texto cheio de erros ortográficos e inco-
erente possa comunicar algo a alguém de forma clara.
O mesmo ocorre com a língua oral (fala), algumas habilidades são necessárias 
para estabelecer um boa comunicação, pois aqui a proximidade entre locutor e 
interlocutor possibilitam uma forma de interação que extrapola a língua escrita, 
pois a expressão facial e a entonação vocal influenciam diretamente na eficiên-
cia comunicativa. Podemos perceber relações de semelhança e diferença entre 
o uso da língua escrita e oral que promovem, em seus contexto,s particularida-
des que formam uma linguagem própria.
A língua escrita pode ser dividida em literária e não literária. A primeira é 
conhecida como linguagem conotativa, figurada, em que não há compromisso 
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com a verdade, podendo ser fictícia ou misturar fatos reais com a ficção, há liber-
dade de uso de formas não convencionais da escrita em nome da estilística. A 
segunda se refere à linguagem utilizada com o objetivo de informar, registrar, 
argumentar ou relatar fatos verídicos, é definida como linguagem denotativa, 
pois tem compromisso com a verdade.
Na comunicação oral, não são observadas a rigor as formalidades das nor-
mas culta da língua, o falante não necessita ir à escola para aprender a utilizar a 
língua falada, ele aprende no meio em que vive, sob a influência de seus fami-
liares e amigos, por meio de veículos de comunicação etc. Em situação de uso 
da língua falada, emissor e receptor estão presentes, a recepção da mensagem 
é imediata e o receptor pode intervir no discurso do emissor. Este pode perce-
ber na reação do receptor o efeito de sua mensagem. Na língua falada, pode-se 
empregar gestos, expressões faciais, gírias, entonações mais acentuadas nas par-
tes mais importantes do discurso, e podemos repetir palavras ou frases que não 
foram bem entendidas pelo emissor. 
Encontrar variações no uso da língua é comum e é um processo natural. 
Quem ainda se dirige a um amigo com o pronome de tratamento “Vossa Mercê”? 
Acredito que ninguém, mas e o pronome “você”? Acredito que muitos. Assim, se 
olharmos atentamente para as mudanças na língua ao longo da história, veremos 
que Vossa Mercê transformou-se em vossemecê que virou vosmecê e que virou 
você e, que se formos pensar muito bem, hoje em dia já está ultrapassado, pois 
muitos já falam há um bom tempo “cê” (“cê vai lá em casa?”, “cê gosta disso?”), e 
nada impede que futuramente ele se transforme e vc por causa do uso em massa 
das novas mídias e redes sociais.
A partir disso, muitas vezes surgem dúvidas: não existe uma língua correta, 
tudo pode mudar, tudo é possível, tudo está correto? E aí não conseguimos nos 
posicionar, por isso precisamos ter alguns conceitos bem claros, principalmente 
como educadores. 
Primeiramente, já notamos que a língua é um organismo em constante trans-
formação, por isso tende a alterar-se conforme o tempo passa, especialmente na 
oralidade, onde as mudanças são mais rápidas e dinâmicas; já na escrita, elas ten-
dem a ocorrer menos. 
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É importante lembrar que, no campo artístico/literário, as inovações esté-
ticas, o uso das figuras de linguagem e a conotação sempre têm uma liberdade 
maior de criação e invenção que o uso ordinário da língua.
Portanto, não temos uma língua única, estanque e perfeita que é a correta, exis-
tem as variedades linguísticas, que devem estar adequadas à situação comunicativa 
na qual o falante e/ou escritor for usá-la. Vamos refletir sobre isso com alguns exem-
plos: não é adequado o uso informal e com vícios de linguagem na aprendizagem 
escolar, da mesma forma que dois amigos conversando podem usar uma lingua-
gem informal, ou um casal de namorados pode usar apelidos, palavras carinhosas 
entre si em um jantar. Da mesma forma que seria estranho ir de terno à praia, é 
estranho usar uma linguagem chula em uma apresentação formal de trabalho.
Numa comunidade linguística, possibilidade de representação de de-
terminados elementos linguísticos (fonéticos, morfológicos, sintáticos 
etc.) por diferentes modos de expressão. A sociolinguística se carac-
teriza pelo reconhecimento da variação linguística como constitutiva 
das línguas humanas e por assumir essa heterogeneidade natural como 
objeto de estudo (CALVET, 2002, p. 156).
Percebemos que todas as línguas nacionais têm uma liberdade de uso, de varia-
ções enormes, mas isso não quer dizer que não haja um norma, há sim, pois é a 
partir da norma culta da língua que surgem as variantes (variação linguística), 
e é por isso que o falante/escritor deve dominar a norma culta e suas variantes 
e não somente uma variação linguística, pois se assim ocorrer, seria como se a 
pessoa só tivesse um tipo de roupa para ir trabalhar, ir a uma celebração reli-
giosa, ir à praia, praticar um esporte. Isso indica a necessidade de estudarmos 
profundamente a nossa língua materna.
As variações linguísticas podem ser classificadas da seguinte forma:
 ■ Variação geográfica ou diatópica: características de falas regionais, expressões 
próprias de determinados lugares, diferenciação entre o urbano e o rural.
 ■ Variação social ou diastrática: características relacionadas à posição que 
o falante ocupa em suas relações que demonstram escolaridade, classe 
social e/ou gênero.
 ■ Variação estilística ou diafásica: características relacionadas à circunstân-cia comunicativa: espaço da comunicação, assunto abordado, tipo de texto. 
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Podemos nos deparar em nosso dia a dia com vários níveis de linguagem e 
temos a capacidade de nos adaptarmos a todas elas, conforme nossa necessi-
dade e conhecimento. Não podemos dizer que ora erramos ou ora acertamos, o 
que ocorre é o uso adequado ou inadequado em certas ocasiões. 
Os grupos sociais diferenciam-se por vários aspectos, entre eles a vestimenta, 
local de moradia, de trabalho, gosto musical, religioso e político e não poderia ser 
diferente com a língua falada por esses grupos, cada qual utiliza códigos linguís-
ticos que os identifica com o grupo ao qual pertencem. Lembrando que códigos 
linguísticos são as expressões da comunicação verbal utilizada pelos falantes.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos 
os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independentemente de 
qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portugue-
sa” está se falando de uma unidade que se constitui de muitas varieda-
des (BRASIL, SEF, 1998, p. 24). 
Dessa forma, um advogado em serviço adotará o linguajar típico da área do direito, 
mas este mesmo advogado em um momento de lazer e descontração poderá uti-
lizar outro linguajar, o linguajar coloquial. O que se percebe é que o falante é 
capaz de adaptar seu linguajar às exigências sociais do seu meio. Por exemplo, 
não falamos com uma criança como falamos com um adulto, não falamos com 
nosso chefe como falamos com nossos colegas de trabalho, quando estamos reu-
nidos em família, ficamos despreocupados com a estética da nossa fala. Isso se 
deve ao fato de que sempre que falamos queremos obter uma resposta, por isso 
nosso discurso tende a se adaptar ao emissor; levamos em consideração a forma 
como nossa fala será absorvida pelo destinatário, qual o grau de conhecimento 
que ele possui da situação, suas opiniões, preconceitos, ponto de vista, simpatia 
ou antipatia (BAKHTIN, 2010). Sendo assim, não se pode falar em linguagem 
correta ou errada, mas sim adequada ao ambiente social em que a linguagem 
está sendo produzida, à relação entre emissor e receptor, ao grau de intimidade 
entre ambos. Nas relações familiares, as conversas são desprovidas das convenções 
sociais, há uma confiança profunda no poder de compreensão do destinatário, 
e o falante se despe de toda convenção social. Já nas relações formais, fora do 
âmbito de amizade, do grau familiar, a convenções são mantidas e a confiança 
quanto à compreensão do outro é duvidosa (BAKHTIN, 2010).
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Embora no Brasil haja relativa unidade lingüística e apenas uma língua 
nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, 
de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente iden-
tificam os falantes de comunidades lingüísticas em diferentes regiões, 
como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala. Não 
existem, portanto, variedades fixas [...] (BRASIL, SEF, 1998, p. 24). 
Isso demonstra que a língua é viva, pertence ao falante e devemos respeitar o 
modo de falar de cada um. É nesse contexto que um futuro professor pode ques-
tionar: se temos que respeitar esses modos diferentes de falar, o que fazer quando 
um aluno diz “pobrema” ao invés de dizer “problema”; “a gente vamos” ao invés 
de “a gente vai” ou “nós vamos”?
Devemos nos atentar para o fato de que o linguajar da criança é reflexo do 
linguajar da família, do ambiente em que vive, portanto, em uma situação como 
essa, não se recomenda chamar a atenção do aluno na frente de todos, expondo-o 
à humilhação e indiretamente expondo alguém da família da qual ele copiou o 
termo errado; agindo dessa forma, estaremos fazendo com que o aluno passe a 
ter vergonha daquele que lhe ensinou a falar errado, que pode ser o pai, a mãe 
ou os avós. O correto é o professor ensinar à toda a turma de forma que o aluno 
perceba os erros cometidos sem ser citado.
ORALIDADE VERSUS ESCRITA
 A escrita e a oralidade são práticas sociais muito comuns na história da huma-
nidade, cada uma com sua particularidade, mas ambas com funções de grande 
importância para a nossa sociedade.
A escrita tornou-se mais do que uma tecnologia, um conhecimento, tornou-
-se um bem cultural que foi e ainda é construído, e que é indispensável para a 
vida em qualquer ambiente rural ou urbano, pois permeia as mais diversas rela-
ções: trabalho (documentos, relatórios), namoro (bilhetes, cartas, dedicatórias), 
profissional (contrato), pessoal (leitura, bilhete) etc.
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A fala é naturalmente aprendida no dia a dia de qualquer criança de forma natu-
ral; passa por um processo formativo, mas não tão incisivo quanto a escrita. A fala 
também é um instrumento comunicativo de prestígio na sociedade moderna, pois 
atinge um objetivo poderoso na comunicação de massa por meio das mídias tradi-
cionais (televisão, rádio) e das novas mídias (internet, aplicativos de smartphone).
Notamos que tanto a escrita quanto a fala nascem da necessidade de comu-
nicar-se com outrem. Esse princípio básico de comunicação (locutor/enunciador 
e um interlocutor/receptor) faz com que a comunicação se torne uma necessi-
dade social, e por isso entendemos a importância que cada vez mais a escrita e 
a fala assumem nos tempos contemporâneos.
“Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem 
ela a sociedade muda.” 
(Paulo Freire)
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Diante dessa necessidade de comunicação (oral ou escrita) é que entendemos 
o caráter coletivo da comunicação, isto é, a fala e a escrita são individuais, mas 
só tornam-se comunicação pelo processo de interação com o outro; consoante 
Bakhtin (2010), só existe o Eu porque existe o outro, esse confronto é que deli-
mita a fala e/ou escrita individual. Para o autor, esse é o caráter dialógico da 
língua/comunicação.
Um bom exemplo disso é um discurso político que tem um comunicador, 
uma intenção comunicativa, tem um horizonte de expectativa e um ouvinte/lei-
tor idealizado, há uma interdependência dos indivíduos no discurso mesmo que 
pessoalmente essas pessoas nunca conversem ou sejam amigas.
Outro exemplo é quando o filho pede algo aos pais, também há um comu-
nicador com sua intenção comunicativa bem clara, um horizonte de expectativa 
(conseguir o que foi pedido) e os ouvintes (seus pais). Imagine, hipoteticamente, 
que essa pessoa não tenha pais; o seu discurso não se configura como uma comu-
nicação, por isso Bakhtin (2010) reforça a ideia de que as palavras, o texto e o 
discurso estão impregnados de significado e são dependentes do outro para faze-
rem sentido ou serem eficazes.
Um grande estudioso da comunicação, das unidades linguísticas e das fun-
ções da linguagem foi Roman Jakobson (1896 - 1982), que participou do Círculo 
Linguístico de Praga (grupo de estudos que desenvolveu métodos de análise estru-
turalista e semiótica) que também contou com diversos estudiosos de renome, 
como: Vilém Mathesius, Nikolai Trubetzkoy, Sergei Karcevskiy, René Wellek, 
Jan Mukařovský, entre outros.
A pesquisa de Jakobson aprofundou o estudo sobre a finalidade da língua,as funções que a linguagem pode proporcionar e o entendimento da relação 
entre o falante e o ouvinte. Como base para a criação de sua teoria, Jakobson 
toma o modelo Karl Buhler como princípio de estudo, pois este já definia três 
funções básicas da linguagem: função expressiva; função conativa e função de 
representação.
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Partindo disso, ele cria sua teoria sobre a comunicação com seis elemen-
tos constituintes:
1. Remetente/codificador: emissário da mensagem;
2. Mensagem: objeto da comunicação, conteúdo, assunto;
3. Referente/Contexto: é aquilo (objeto ou situação) a que mensagem se 
refere;
4. Código: conjunto de signos comum ao emissor e ao receptor;
5. Canal de comunicação: meio pelo qual a mensagem é transmitida;
6. Destinatário/decodificador: receptor da mensagem.
Para que possamos entender claramente esses elementos, imaginemos a seguinte 
situação comunicativa: você manda uma mensagem para um amigo, por meio de 
um aplicativo de mensagens, convidando-o para uma festa. Nesse contexto hipo-
tético, classificamos a situação, segundo o modelo de Jakobson, da seguinte forma:
1. Remetente: você;
2. Mensagem: conteúdo da mensagem enviada (texto);
3. Referente: a festa;
4. Código: língua portuguesa;
5. Canal de comunicação: aplicativo de mensagens;
6. Destinatário: o seu amigo.
Jakobson foi além de uma simples classificação comunicativa, ele atribuiu a cada 
uma das citadas acima uma função comunicativa que estabelece sentido em seu 
uso, assim, o remetente corresponde à função emotiva; a mensagem corresponde 
à função poética; o referente à função referencial; o código à função metalinguís-
tica; o canal de comunicação à função fática e o destinatário à função conativa.
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Para Jakobson (2005), essas funções da linguagem não se anulam, mas sim 
há uma predominância de uma sobre a outra, dependendo da situação comuni-
cativa, de forma que, em uma situação comunicativa, quando a função conativa 
prevalece, as outras fazem um papel secundário; isso ocorre devido à dinami-
cidade da língua.
A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas fun-
ções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura 
verbal de uma mensagem depende basicamente da função predomi-
nante (JAKOBSON, 2005, p. 157).
A partir disso, é necessário entendermos as particularidades de cada uma des-
sas funções. Segundo Jakobson (2005), elas são:
 ■ Função emotiva: expressa as emoções e sentimentos de quem fala, na 
primeira pessoa do discurso. Comum em textos opinativos, frases com 
interjeições e poesias subjetivas;
 ■ Função conativa: centrada no destinatário, por isso tem um aspecto de 
persuasão, convencimento. Comum em textos publicitários;
 ■ Função referencial: tem o seu objetivo em descrever/apresentar o objeto 
ou situação tratada na mensagem, há predominância do discurso em ter-
ceira pessoa impessoal. Comum em textos científicos e descritivos;
 ■ Função poética: tem como objetivo a construção do texto da mensagem, 
pois utiliza a linguagem de forma a combinar imagens, sons e ritmos que 
produzam uma mensagem mais elaborada. Comum em textos literários 
e publicitários;
 ■ Função fática: tem como objetivo estabelecer comunicação, prolongan-
do-a, focando-se no canal. Comum em cumprimentos e despedidas;
 ■ Função metalinguística: tem como objetivo o próprio código, verificar 
o êxito da própria comunicação. Comum quando a comunicação volta-
-se para explicar um termo ou expressão usada na própria comunicação.
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O modelo de Jakobson pode ser esquematizado na figura a seguir:
Figura 1 - Modelo de comunicação de Jakobson
Fonte: Alves (2014, on-line)1.
Naturalmente, a teoria/modelo de comunicação de Jakobson não consegue abar-
car todas as possibilidades comunicativas ou encaixar-se com perfeição em todos 
os momentos comunicativos, pois, como já discutimos, a linguagem é dinâmica e 
está em constante transformação. Sendo assim, surgiram e surgirão situações em 
que esse modelo não será aplicado com exatidão; contudo, é uma ótima orienta-
ção teórica para entendermos e trabalharmos a escrita e a oralidade no ambiente 
escolar, especialmente nas práticas orais na escola, que muitas vezes são subju-
gadas ou esquecidas, sendo tratadas com menor importância.
Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em ge-
ral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a apren-
dizagem escolar da língua portuguesa e de outras áreas (exposição, re-
latório de experiência, entrevista, debate, etc.) e, também, os gêneros da 
vida pública no sentido mais amplo do termo (debate, teatro, palestra, 
entrevista, etc.) (BRASIL, 1998, p. 67-68). 
Assim, é necessário entender que as práticas de comunicação oral e escrita têm 
suas particularidades, mas ambas são importantes para a formação desse edu-
cando e na construção de um cidadão que saiba se expressar adequadamente 
na forma escrita e oral.
OS NÍVEIS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
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Segundo Fávero et al. (2005, p. 74), podemos observar traços distintivos entre a 
fala e a escrita organizados no quadro a seguir:
Quadro 1 – Fala X Escrita
FALA ESCRITA
O texto mostra todo seu proces-
so de criação
 O texto tende a esconder o seu processo de 
criação, mostrando apenas o resultado
Interação face a face Interação a distância (espaço-temporal)
Planejamento simultâneo ou 
quase simultâneo à produção Planejamento anterior à produção 
Criação coletiva: administrada 
passo a passo Criação individual
Impossibilidade de apagamento Possibilidade de revisão
Sem condições de consulta a 
outros textos Livre consulta
Reformulação pode ser promovi-
da tanto pelo falante como pelo 
interlocutor
A reformulação é promovida apenas pelo 
escritor
O falante pode processar o texto, 
redirecionando-o a partir das 
reações do
interlocutor
O escritor pode processar o texto a partir das 
possíveis reações do leitor
Fonte: Fávero et al. (2005, p. 74).
A partir desse quadro explicativo, entendemos a importância da comunicação 
por meio da escrita e da oralidade e que não há um meio melhor do que o outro, 
mas sim possibilidades discursivas que se adaptam a contextos comunicativos 
distintos, que podem ser potencializados de acordo com a escolha correta do 
tipo de discurso utilizado e da forma de expressá-lo.
Notadamente, as novas mídias e recursos tecnológicos impõem-nos e, certa-
mente, imporão novas práticas discursivas utilizando o texto escrito e a oralidade, 
por isso a escola e seus educadores devem estar atentos às possibilidades comu-
nicativas e suas adequações.
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A GRAMÁTICA
Quando nascemos e logo nos primeiros anos de vida, quando começamos a falar, 
construímos uma fala baseada em uma lógica comunicativa; mesmo que não 
saibamos o que é gramática, sujeito, verbo ou análise sintática, conseguimos esta-
belecer uma comunicação eficiente com os paise/ou responsáveis. Sendo assim, 
notamos que as regras gramaticais surgem da análise de como o ser humano uti-
liza a língua; por isso, a gramática não pode ser uma camisa de força, mas sim 
um instrumento que nos auxilie na nossa formação como comunicadores.
Ao olharmos para a história da evolução dos estudos gramaticais, notamos 
que os primeiros estudos e os primeiros manuais voltaram-se para estudar um 
certo padrão, um certo uso e desconsiderar as outras variáveis, por isso surge o 
conceito de “certo” e “errado”. 
A origem da gramática tradicional data do século II a. C. e foi descrita pela 
primeira vez por Dionísio da Trácia, com o objetivo de oferecer os padrões linguís-
ticos para as obras de escritores consagrados, limitando-se à língua literária grega. 
Foi organizada para transmitir o patrimônio literário grego e serviu de modelo 
para a tradição gramatical ocidental com o apoio das línguas grega e latina, sendo 
aplicada, posteriormente, à descrição de diversas línguas (CHAPANSKI, 2003).
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A gramática tradicional sempre trabalhou com a organização de uma lín-
gua padrão, denominada como norma culta, que estabeleceu o modelo “certo” 
de usá-la e apontou as variantes informais como um uso “errado” da língua, e 
isso perdurou durante muito tempo nos estudos da linguagem, começando a ser 
questionado apenas com o surgimento da ciência Linguística, como vimos nesta 
mesma unidade. É nesse contexto que o ensino tradicional baseou o estudo da 
língua materna, como uma memorização e aplicação das regras “corretas”; o que 
não se encaixava na norma culta era visto como “errado”.
De acordo com Travaglia (2006), há três concepções gramaticais que podem ser 
trabalhadas, discutidas e utilizadas para a formação linguística do aluno, que são: 
Gramática Normativa, Descritiva e Internalizada.
As principais características dessas gramáticas são: 
 ■ A Gramática normativa estabelece as regras e normas a serem seguidas 
pelos falantes da língua e considera erro o que foge a essas regras. É divi-
dida em três partes: a fonética, que estuda os sons da fala; a morfologia, 
que estuda as classes gramaticais, e a sintaxe, que estuda a função que as 
palavras desempenham dentro da oração, como a concordância, a regên-
cia e a disposição da palavra na frase. Para que se possa compreender o 
uso dos pronomes relativos, a colocação pronominal e as várias relações 
de concordância, por exemplo, dentro da frase e esta dentro do período, é 
importante realizarmos uma análise sintática, que é a parte da gramática 
normativa que se preocupa com a organização das palavras na sentença.
“A teoria sem a prática vira ‘verbalismo’, assim como a prática sem teoria, vira 
ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, 
a ação criadora e modificadora da realidade.” 
(Paulo Freire)
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 ■ A Gramática descritiva se ocupa com a descrição da forma e do funcio-
namento da língua, refere-se à formação do discurso concreto utilizado 
pelos falantes dentro das regras gramaticais estabelecidas. Sua função 
é investigar, descrever e registrar as variedades da língua, em um dado 
momento de sua existência, estudando os seus mecanismos e construindo 
hipóteses que expliquem seu funcionamento. Não leva em conta o con-
ceito de certo ou errado, mas o que funciona como meio de comunicação, 
e considera que existe apenas o adequado e o inadequado ao contexto.
 ■ A Gramática internalizada ocorre por meio da internalização do conjunto 
de regras normativas de uso da língua pelos seus usuários. De acordo com 
Luft (2008), essa internalização ocorre na medida em que se convive com 
falantes da mesma língua, e é denominada pelo autor de saber linguístico. 
Para Travaglia, “não há erro linguístico nessa concepção de gramática, mas 
sim o uso inapropriado de interação de situações comunicativas por não 
atender às normas sociais de uso da língua” (TRAVAGLIA, 2006, p. 29).
Evidentemente, as possibilidades de trabalho com a gramática não podem nos 
levar a deixar de lado o ensino da norma culta; esta é a função da escola, pro-
mover o ensino da norma padrão da língua materna, mas isso não quer dizer 
que devemos impor o ensino como um conjunto de regras e que os alunos serão 
avaliados como “certos” ou “errados”, por isso o entendimento de que a língua é 
dinâmica e está em constante mutação deve permear todas as propostas didáti-
cas de ensino do professor.
Só existe um tipo de gramática? Devemos ser escravos da gramática? Só 
podemos escrever ou falar de um forma? Essa reflexão é fundamental para 
adotarmos uma postura adequada em sala de aula em relação ao ensino da 
língua materna, por isso leia o artigo de Eunice de Campos: “Reflexões sobre 
o ensino de gramática” e esclareça alguns pontos fundamentais para a nossa 
prática docente. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1155-4.pdf>. 
Fonte: os autores.
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Diante desse entendimento, conseguimos enxergar possibilidades de ensino 
que promovam a inclusão e o aprimoramento por parte dos estudantes no uso 
da linguagem, tanto nas variantes que ele domina quanto na aprendizagem das 
variantes que ele não conhece, inclusive no aprimoramento do norma culta, 
fazendo disso um processo natural de estudo de sua língua e o tornando um 
manipulador eficiente dela. Segundo Bechara (2002, p. 13), “A língua não se 
‘impõe’ ao indivíduo (embora isso frequentemente se costuma dizer): o indiví-
duo ‘dispõe’ dela para manifestar sua liberdade de expressão”.
Entendemos que as diferentes possibilidades de usar a língua materna 
demonstram as diferenças culturais, sociais e históricas na formação de uma 
sociedade que optou conscientemente ou não por usar uma construção linguís-
tica para se comunicar; por isso excluir as variedade linguísticas da sala de aula 
é excluir a diversidade cultural da sala de aula. Essa exclusão ou segregação lin-
guística e cultural demonstra a distância que a escola está da sociedade.
Dessa forma, todas as questões que envolvem o uso da língua não são 
apenas questões linguísticas; são também questões políticas, históricas, 
sociais e culturais. Não podem, portanto, ser resolvidas somente com 
um livro de gramática ou à luz do que prescrevem os comandos de 
alguns manuais de redação (ANTUNES, 2009, p. 21).
Entendemos assim que a língua materna também faz parte da formação pessoal 
e cultural do aluno que vai, aos poucos, construindo a sua identidade e inserin-
do-se na sociedade com seus posicionamentos. Isso evidencia que é por meio 
do uso da língua que o sujeito constrói sua identidade social, recebe e transmite 
informações, ideias, culturas e conceitos; portanto, limitar o conhecimento da 
língua seria o mesmo que limitar o campo de atuação do sujeito. Dessa forma, 
entendemos que todos devem ter acesso a todas as informações que contribuam 
com o desenvolvimento pleno das competências linguísticas adequadas para cada 
ocasião, incluindo as variantes da linguagem escrita e a norma culta presentes 
em situações que envolvem o aspecto profissional e social.
A língua é, assim, um grande ponto de encontro; de cada um de nós, 
com nossos antepassados, com aqueles que, de qualquer forma, fize-
ram e fazem a nossa história. Nossa língua está embutida na trajetória 
de nossa memória coletiva. Daí, o apegoque sentimos à nossa língua, 
ao jeito de falar de nosso grupo. Esse apego é uma forma de selarmos 
nossa adesão a esse grupo (ANTUNES, 2009, p. 23).
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Dessa maneira, entendemos a relevância de apresentar na sala de aula o valor 
de nossa língua materna como nossa identidade cultural e, principalmente, de 
demonstrar a sua relevância na formação de nossa identidade, por isso trabalhar 
a língua deve ser um, experiência na qual o aluno se sinta inserido e entenda as 
possibilidades existentes de uso da língua, tanto da norma culta quanto das diver-
sas variáveis existentes na própria língua. Portanto, o ensino de língua materna 
não pode restringir-se ao ensino de regras que conduzam ao pensamento limitado 
do “certo” e do “errado”, mas sim a uma reflexão maior sobre as possibilidades 
de domínio das variantes linguísticas. Consoante Antunes (2009, p. 31), “a lín-
gua portuguesa falada no Brasil precisa ter como foco de sua legitimidade as 
manifestações da plural e mestiça cultura brasileira”, demonstrando a inclusão 
e a diversidade que a língua portuguesa produziu e produzirá.
CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
Notamos ao longo desta unidade que a língua tem um caráter dinâmico, está em 
constante transformação e que historicamente teve um papel importante na for-
mação e construção das sociedades em que o homem viveu. 
Muitos estudiosos apresentaram suas teses sobre o desenvolvimento da língua e 
sua influência da formação escolar e de seus paradigmas. Contudo, Bakhtin postulou 
a concepção dialógica da linguagem, entendendo que a língua se constitui na interde-
pendência da comunicação com o outro, isto é, ela não existe em um sistema isolado.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a 
sua própria produção ou a sua construção.” 
(Paulo Freire)
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As concepções bakhtinianas inserem-se dentro de um contexto de ensino-apren-
dizado e ainda hoje são pontos fundamentais para a reflexão da prática docente. 
As concepções são: linguagem como expressão do pensamento; linguagem como 
instrumento de comunicação; e linguagem como forma de interação. Sobre isso, 
Travaglia ressalta que
[...] o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera 
em muito o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de 
ensino. A concepção de linguagem é tão importante quanto a postura 
que se tem relativamente à educação (TRAVAGLIA, 2006, p. 21). 
Entendemos assim a importância de saber claramente as concepções de Bakhtin, 
pois a forma como encaramos a língua definirá os caminhos que nós, professo-
res, optaremos para o ensino de língua materna. 
Veremos, a seguir, as características principais das três concepções baseadas 
na leitura que Travaglia (2006) fez das propostas bakhtinianas:
1. Linguagem como expressão do pensamento: está ligada diretamente à 
noção da gramática tradicional e entende que o ato de escrita não sofre 
nenhuma influência das circunstâncias sociais e históricas em que o 
autor está inserido. Entendendo que a norma culta é a forma de “tradu-
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zir” o que o ser humano está pensando, assim o conhecimento pleno da 
gramática tradicional permite uma expressão e comunicação eficiente.
2. Linguagem como instrumento de comunicação: entende que a língua é 
um conjunto de códigos que, combinados da forma correta, permitem 
uma comunicação objetiva e eficiente. Assim, se o emissor e o receptor 
dominarem o mesmo código, a comunicação ocorrerá satisfatoriamente. 
Essa concepção vincula-se a uma visão gramatical tradicional por apre-
sentar a língua como uma ferramenta isolada do seu contexto social e 
real de uso. Esse modelo entendia que a repetição de modelos prontos 
de comunicação seriam suficientes para estabelecer a aprendizagem da 
língua e seus elementos comunicativos. 
3. Linguagem como forma de interação: entende que a língua se materializa 
no processo comunicativo de forma dinâmica e ininterrupta, considerando 
o contexto histórico, político e social como parte essencial do discurso 
e com interferência direta na comunicação. Essa concepção não aceitou 
que a língua é a expressão do que o ser humano pensa ou, ainda, que ela 
é um conjunto fechado de regras comunicativas, mas apoiou-se no con-
ceito de que a língua constitui-se nas condições do ato comunicativo, 
que é sempre diferente e dinâmico, mesmo que seja repetido diversas 
vezes. Segundo Bakhtin (2010, p. 271), “a compreensão de uma fala de 
um enunciado é sempre acompanhada de uma atitude responsiva ativa.” 
O entendimento dessas concepções é fundamental para que possamos atualizar 
e/ou repensar nossas práticas docentes no ensino de língua materna, pois não 
podemos promover um ensino puramente gramatical entendendo que o sim-
ples domínio da regra possibilitará uma formação linguística adequada a esse 
aluno do século XXI; por isso, no processo de ensino-aprendizagem, a adoção 
da terceira concepção de Bakhtin deve ser constante e permear todo o nosso 
planejamento escolar, possibilitando entender a língua e todas as suas perspec-
tivas na sua forma real de interação e não em contextos idealizados ou irreais.
Portanto, a língua como um organismo vivo e dinâmico deve estar presente 
na sala de aula, nos planejamentos e nas práticas escolares, incluindo as diver-
sas variedades linguísticas e culturais para formar linguisticamente o aluno para 
a pluralidade da língua materna.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso da linguagem elaborada articula uma série de habilidades que diferenciam 
o ser humano dos demais animais, sendo um ponto crucial na evolução humana 
e no desenvolvimento da capacidade de interagir, comunicar-se, transformar, 
produzir e singularizar-se. É o uso dessa linguagem elaborada que perpetua a 
espécie humana, seus hábitos, culturas e seus descendentes.
Estudamos, nesta unidade, a importância do uso da linguagem de forma 
adequada ao meio em que se está inserido, ao propósito comunicativo e à pos-
sibilidade de utilizar diversos recursos da linguagem para atingir seu objetivo.
A materialização do som da fala, dos gestos, a entonação vocal e a expres-
sividade facial e corporal constituem partes fundamentais da linguagem que 
estudamos, embora evidentemente demos destaque para o estudo da lingua-
gem escrita e falada.
Entendemos as diferenças entre a língua escrita e a oral, os recursos que cada 
uma dispõe para sua utilidade e vimos que a linguagem se articula necessaria-
mente na comunicação; por isso, entender os fundamentos da comunicação é 
necessário e importante para uma boa aprendizagem.
Discutimos, também, a origem, formação e importância da gramática no 
contexto escolar, refletindo sobre o seu uso e a necessidade de estar atento para 
a linguagem que extrapola os limites gramaticais que engessam a língua.
Estudamos as concepções de linguagem e entendemos como o ensino da lín-
gua materna pode privilegiar certos aspectos e nuances que valorizam a gramática, 
a oralidade e as transformações da linguagem e como isso deve ser trabalhado 
para valorizar a formação de um aluno que saiba explorar a sua potencialidade 
linguística.
Aaquisição da linguagem não é um fim, é um começo de evolutivas etapas 
de conhecimento e interação que vão se aprimorando nos níveis subsequentes de 
estudos e aperfeiçoamentos. Nesta etapa de nosso trabalho, nosso objetivo foi con-
tribuir com esse aprimoramento e fomentar a percepção da comunicação como 
um ato social ao alcance de todos e capaz de transformação e ascensão social.
43 
1. O desenvolvimento de uma linguagem elaborada por parte do ser humano foi 
fundamental para a sua evolução histórica, cognitiva e social. Sabemos que os 
conceitos de Língua e Linguagem não são sinônimos, por isso, assinale (V) para 
as assertivas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) A língua é um conjunto de símbolos e sinais que se organizam naturalmente 
no uso da língua.
( ) A língua é um conjunto de grafias que combinadas entre si reproduzem a 
língua.
( ) A linguagem abrange a comunicação linguística em sua totalidade.
( ) A linguagem são as variadas possibilidades de comunicação humana.
a) V V F V.
b) F V V V.
c) F V V F.
d) V V V F.
e) V V F F. 
2. A língua portuguesa, como todas as outras línguas vivas, tem variantes linguísti-
cas que demonstram as diferentes construções sociais, históricas e regionais que 
a língua sofre. Sobre isso, é correto afirmar:
I- As variações linguísticas são deformações da norma culta.
II- As variações linguísticas são ampliações do uso da língua.
III- A linguagem informal ou regional não pode ser considerada uma variante.
IV- As variações linguísticas fazem parte do patrimônio cultural de um país. 
a) Apenas a alternativa I.
b) As alternativas I e II.
c) As alternativas II e IV.
d) As alternativas III e IV.
e) As alternativas I, III e IV.
44 
3. Um dos grandes estudiosos da comunicação humana é Jakobson, não só na aná-
lise e funcionamento da língua, como também na comunicação. Sobre o modelo 
de comunicação e as funções da linguagem de Jakobson, é correto afirmar:
a) O emissor corresponde à função conativa por apresentar uma apelo emocio-
nal em sua mensagem.
b) O código corresponde à função poética da língua por demonstrar uma neces-
sidade explícita de desenvolver uma linguagem rebuscada.
c) A mensagem corresponde à função metalinguística pela necessidade de dei-
xar o canal comunicativo sempre “alerta”, em contato.
d) O receptor corresponde à função referencial da linguagem por apresentar um 
conteúdo de extrema importância para a comunicação.
e) O canal corresponde à função fática da comunicação por pretender manter 
contato com o destinatário. 
4. Estudamos, nesta unidade, que a gramática não pode servir para nos “escravizar”, 
mas que ela deve apresentar a língua em funcionamento e analisar as poten-
cialidades que podemos realizar ao utilizar a língua materna. Explique como a 
gramática pode ser utilizada na prática escolar.
5. Bakhtin foi um dos grandes estudiosos da linguagem e possui grande impor-
tância na formação escolar. As suas três concepções de língua demonstram a 
dificuldade histórica que o ensino de língua materna sofreu e ainda sofre em 
alguns casos. Explique qual das três concepções de língua deve ser utilizada 
em sala de aula para promover uma melhor aprendizagem.
45 
Leia um trecho do artigo intitulado “Educação e Desenvolvimento Econômico no Brasil”, 
de Lúcia Bruno, que discute a relação entre o valor educativo e o desenvolvimento do 
mercado, da economia e do conhecimento.
Para analisar o valor de uso e o valor de troca da educação escolar e sua incidência no 
desenvolvimento econômico, vou abordá-la a partir da questão da qualificação, da qual 
constitui um dos elementos centrais. Há ainda muita discussão acerca do que seja qua-
lificação, talvez pela dificuldade em estabelecer um sentido único a ela quando as for-
mas de exploração do trabalho são muito distintas entre si, como ocorre no capitalismo 
contemporâneo. Em um artigo publicado em 1996, intitulado “Educação, qualificação e 
desenvolvimento econômico”, apresentei uma formulação de qualificação, mais como 
recurso heurístico do que propriamente um conceito fechado. Considerei, então, qua-
lificação como uma estrutura cujos elementos, além de mutáveis historicamente, se 
apresentam hierarquizados entre si a partir de uma determinada lógica, que por sua vez 
é dada pelas relações sociais de produção vigentes em processos de trabalho que são 
distintos entre si, do ponto de vista das formas de exploração. Historicamente a quali-
ficação no capitalismo diz respeito à capacidade do trabalhador de realizar as tarefas 
requeridas pela tecnologia utilizada. Essa perspectiva pressupõe dois componentes bá-
sicos: um muscular e outro intelectual, que têm sido combinados de diferentes formas 
nas sucessivas fases do capitalismo. 
Em termos históricos e em linhas muito gerais, 
[...] desde que o capitalismo começou a se desenvolver em vastas regiões 
do mundo, a capacidade de trabalho do proletariado foi se caracterizando 
pela seguinte sucessão de etapas: inicialmente a qualificação dizia respeito 
à capacidade de realizar operações que requeriam grande esforço físico e 
habilidades manuais sempre mais aprimoradas. Depois, progressivamente, 
enquanto era obtido esse crescente adestramento muscular e manual, fo-
ram sendo desenvolvidos os componentes intelectuais da qualificação dos 
trabalhadores. O período que estamos vivendo se caracteriza exatamente 
pela predominância dos componentes intelectuais da capacidade de traba-
lho, especialmente daquela em processo de formação. Trata-se, pelos menos 
nos setores mais dinâmicos do capitalismo, de explorar não mais as mãos 
dos trabalhadores, mas seu cérebro (BRUNO, 1996, p. 92).
O que vem sendo valorizado pelas empresas que operam com tecnologias intensivas 
em conhecimento envolve pelo menos os seguintes elementos: escolaridade crescente; 
conhecimento tácito relacionado com a experiência subjetiva do trabalhador no exer-
cício de sua função; capacidade de tomar decisões e prevenir desajustes operacionais; 
capacidade de comunicação que permita o estabelecimento de referências comuns e 
proposição de ações conjuntas entre trabalhadores que desempenham funções dis-
tintas e com diferentes graus de complexidade; habilidade manual que permita a uti-
lização eficiente de equipamentos de alta precisão técnica; capacidade de inovação no 
âmbito das atividades desempenhadas; capacidade de selecionar e relacionar informa-
46 
ções variadas; capacidade de assimilação de códigos e normas disciplinares e de com-
portamento, articulando, ainda, aspectos de personalidade e atributos relacionados à 
condição étnico-cultural, de gênero e geracional. 
Esses elementos existem sempre articulados entre si e hierarquizados a partir de situa-
ções concretas, conferindo diferentes conteúdos à qualificação, consoante o processo 
de trabalho em questão, as condições conjunturais da economia, as estratégias patro-
nais de utilização da força de trabalho e o nível de desenvolvimento das lutas dos tra-
balhadores. 
Essa compreensão do que seja qualificação no capitalismo nos permite estudá-la nas 
mais diferentes situações, pois a cada hierarquização apresentada por seus elementos 
constitutivos temos uma dada configuração dos processos de exploração da capacida-
de de trabalho e uma dada valorização de alguns de seus elementos em detrimento de 
outros. 
Isso situa a qualificação como algo decorrente diretamente das relações sociais de pro-
dução na sua contraditoriedade, isto é, a qualificação é aberta aos conflitos sociais. Na 
realidade, há sempre uma luta entre o trabalhador e a racionalidade que lhe é imposta 
por meio dos métodos de trabalho, da tecnologia empregada, da disciplina, da avalia-
ção de seu desempenho, na medida em que se objetiva impedi-lo de usar sua capacida-
de de trabalho em benefício próprio. 
Da mesma forma que o valor de uso

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