Buscar

Apostila 01 - Miriam

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

�
		�
____________________________________________________________
DIREITO EMPRESARIAL I
MÓDULO I
EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL
COMÉRCIO E DIREITO COMERCIAL
Muito embora a atividade comercial exista desde a antiguidade, o Direito Comercial, que se desenvolveu a margem do Direito Civil, de raízes romanas, na prática e no exercício do comércio ao longo dos séculos, somente pode ser considerado em termos de sistematização a partir da Idade Média. 
Vale frisar, nesse mesmo sentido, que desde os primórdios da atividade mercantil já existiam leis esparsas, a exemplo do próprio Código de Hammurabi que fazia referência, em alguns de seus dispositivos, à atividade mercantil. Desse modo, não há de se confundir a história do comércio com a do Direito Comercial.
A evolução do Direito Comercial, portanto, pode ser dividida em quatro fases a saber:
1.1 - Primeira fase (séculos XII a XVI) – Mercados de Troca
Nessa fase são identificadas as seguintes características:
- Existência das Corporações de Ofício: organizações formadas por comerciantes que ditavam as normas para o exercício da atividade comercial e para a solução de conflitos que se instalassem entre comerciantes. Nesse último caso, a solução era dada pelos chamados Cônsules, devendo os comerciantes se subordinarem às decisões por eles proferidas;
- Comércio itinerante: caracterizado pela figura dos mascates;
- As feiras e sua evolução para os mercados especializados;
- Surgimento de outros institutos tais como as sociedades, as ações, os contratos de seguro, etc.;
1.2 - Segunda fase (século XVI a XVIII) – Mercantilismo e colonização
A segunda fase da evolução do Direito Comercial é marcada pelos seguintes eventos:
- Expansão colonial com a autorização do Estado (mercantilismo: colonialismo e busca de novos mercados consumidores);
- Surgimento das primeiras codificações.
Nas duas primeiras fases evolutivas o Direito Comercial se caracteriza como um direito subjetivo corporativista, posto que fundamentado na pessoa que, pertencendo a uma corporação de ofício e exercendo a mercancia passava a ser considerada comerciante. Assim, enquanto a atividade de mercancia exercida pela pessoa ficava em plano secundário, a sua qualidade como comerciante era advinda de sua filiação a uma corporação de ofício.
1.3 - Terceira fase (século XIX a primeira metade do século XX) – liberalismo econômico
- Código de Napoleão (1804 – Civil; 1808 - Comercial); Divisão do Direito Privado (dicotomia)
Nesta fase o Direito Comercial passa a refletir o critério objetivo, posto que centrado não mais na figura do comerciante, como sendo a pessoa pertencente a uma Corporação de Ofício, mas sim naquilo que a lei passou a considerar como sendo “Ato de Comércio”. Assim, todo aquele que desenvolvesse uma atividade considerada por lei como Ato de Comércio era tido como comerciante independentemente de estar ou não vinculado a uma Corporação de Ofício instituições que a essa época, aliás, já se encontravam em plena extinção.
- No Brasil é publicado nosso primeiro diploma legal, ou seja, Código Comercial brasileiro, em 1850, que adotou a Teoria dos Atos de Comércio. Entretanto, como o Código Comercial não elencou o que consideraria como sendo “Ato de Comércio”, no mesmo ano foi publicado o Regulamento n. 737 que, em seu art. 19, solucionou a omissão ao dispor:
“Art. 19. Considera-se mercancia: 
§ 1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma especie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso.
§ 2º As operações de cambio, banco e corretagem.
§ 3º As emprezas de fabricas; de com missões; de depositos; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espectaculos publicos.
§ 4.º Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao cornmercio maritimo.
§ 5.º A armação e expedição de navios”. (sic)
A TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO
- Importância do Estudo: determinar a legislação aplicável a uma determinada relação jurídica.
- Sistema de classificação de Carvalho de Mendonça
Atos de comércio por natureza – referem-se ao exercício normal do comércio e sua prática habitual a fim de atribuir ao agente a qualidade de comerciante. Ex. compra e venda para revenda; operações de câmbio; operações bancárias etc.
Atos de comércio por dependência ou conexão – referem-se a atos que seriam civis, mas que se tornam mercantis. Ex. compra e venda de estabelecimento comercial.
Atos de comércio por força de lei – são comerciais porque a lei assim determina. Ex. atos praticados pelas S/A.
- Atividades fora da regulamentação do Código Comercial: como conseqüência do elenco trazido pelo mencionado regulamento 737, muitas outras atividades, embora possuindo a essência de comerciais ou paracomerciais, ficaram fora do âmbito do Direito Comercial, de modo que, seus exercentes não poderiam ser considerados comerciantes, ficando as relações jurídicas por esses estabelecidas sob o regramento do Direito Civil.
1.4 - Quarta fase (atual) – Código Civil de 2002 - Direito de Empresa
A Teoria da Empresa surge na Itália a partir de 1942, em razão da unificação da disciplina civil e comercial no mesmo código, ou seja, no Código Civil Italiano.
Dessa forma, exatamente ao contrário do sistema francês, que dividia as pessoas em razão da atividade por elas exercida, sujeitando-as a regimes jurídicos distintos, o sistema italiano, coloca todas as atividades sob a regência de um único código, apenas excepcionando algumas atividades.
Na Teoria da Empresa verifica-se o retorno ao critério subjetivo, posto que passa novamente a centrar-se na pessoa do empresário, distinguindo-o do não empresário.
A Teoria da Empresa passou a ser adotada no Direito brasileiro a partir do advento do Código Civil de 2002 pela inclusão do Livro II intitulado Direito de Empresa.
O art. 966 do referido diploma legal conceitua a pessoa do empresário nos termos seguintes:
“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. (destacou-se)
CONCEITOS DE COMERCIANTE DE ACORDO COM A ELVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL
De acordo com a fase evolutiva do Direito Comercial, conforme estudado anteriormente, altera-se o conceito de comerciante. Assim temos:
Conceito subjetivo corporativista: comerciante é aquele que pratica a mercancia, subordinando-se à corporação de mercadores e sujeitando-se às decisões dos cônsules das corporações.
Conceito objetivo: comerciante é aquele que pratica, com habitualidade e profissionalismo, atos de comércio.
Conceito subjetivo empresarial: empresário é aquele que exerce a empresa.
FONTES DO DIREITO COMERCIAL
Primárias
Constituição Federal (sistema capitalista) – art. 170 e seguintes da CF
Código Civil
Código Comercial
Leis comerciais
Secundárias
Princípios gerais de Direito
Analogia
Costumes
AUTONOMIA DO DIREITO COMERCIAL
O Direito Comercial consiste em ramo autônomo do Direito, visto possuir princípios e legislação específica.
REGIME JURÍDICO DA LIVRE INICIATIVA
Pressupostos constitucionais: 1) a produção de bens e serviços deve ser exercida primordialmente pela sociedade (livre iniciativa). Ao Estado cabe tal atividade apenas supletivamente.
Proteção da ordem econômica e da livre concorrência: o Estado deve atuar na economia, basicamente, para coibir práticas abusivas e para garantir a livre concorrência (impedindo a concorrência desleal)
CONCEITO DE EMPRESA
Embora o art. 966 do CC tenha definido a pessoa do empresário, não o fez com relação à empresa. Coube,
portanto, à doutrina essa conceituação, a partir da pessoa do empresário ou a partir do conjunto de bens necessários ao desenvolvimento da atividade empresarial.
Conceito Jurídico de Empresa a partir do perfil subjetivo
Nesse caso, o conceito de empresa é construído a partir do conceito de empresário. O empresário classifica-se em: Individual e coletivo (sociedade empresária)
Define-se empresário como sendo a pessoa que profissionalmente exerce atividade econômica organizada para fins de produção ou circulação de bens ou serviços. Dessa definição é possível a identificação dos seguintes elementos:
- Atividade Profissional: é a atividade exercida em nome próprio, de forma não ocasional, em que se assume os riscos da empresa.
- Atividade Econômica: é a atividade criadora de riquezas com vistas à produção ou à circulação de bens ou serviços que têm valor para o mercado consumidor. O EMPRESÁRIO SEMPRE VISA LUCRO.
- Atividade Organizada: é a atividade que compreende os fatores de produção: a organização do trabalho alheio, do capital próprio ou alheio, os insumos e a tecnologia.
Exceções: não se incluem no conceito de empresário as atividades intelectuais, científicas, artísticas ou literárias ainda que visem lucros, e nem as exercidas pelas associações, visto que essas não têm fins lucrativos.
Portanto, partindo-se do conceito de empresário A EMPRESA pode ser definida como sendo A ATIVIDADE que o empresário exerce.
ATIVIDADES NÃO EMPRESÁRIAS
	Individual
	Coletivo
	Profissional autônomo
Atividade intelectual, científica, literária ou artística (atividades não empresárias)
	Associações e fundações: entidades sem fins lucrativos;
Sociedades simples: atividades lucrativas não empresárias e as cooperativas
Conceito de empresa a partir do perfil objetivo
O conceito de empresa a partir do perfil objetivo refere-se ao seu aspecto patrimonial, ou seja, refere-se ao estabelecimento empresarial. 
Portanto, partindo-se desse aspecto A EMPRESA pode ser definida como O COMPLEXO DE BENS necessários ao exercício empresarial. 
ELEMENTOS DA EMPRESARIALIDADE
São elementos essenciais da empresarialidade: o empresário, a empresa e o estabelecimento empresarial.
ELEMENTO DA EMPRESARIALIDADE: O EMPRESÁRIO – PERFIL SUBJETIVO
Conforme definido no art. 966 do CC é a PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA que exerce a empresa.
Espécies de empresários
Empresário individual: é a pessoa física que exerce a atividade empresária sob a forma de firma individual;
Empresário coletivo: é a pessoa jurídica que exerce a atividade empresária sob a forma de sociedade empresária.
Condições para o exercício da atividade empresarial
Podem ser empresários os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos de exercer a empresa.
Ressalve-se que
O incapaz poderá, por meio de seu representante (absolutamente incapaz) ou devidamente assistido (relativamente incapaz), continuar a empresa antes por ele exercida, enquanto, por seus pais ou pelo autor da herança, mediante autorização judicial;
O legalmente impedido responderá pelas obrigações assumidas.
MICROEMPRESÁRIO, EMPRESÁRIO DE PEQUENO PORTE e MEI
O critério adotado para distinguir a microempresa (ME) da empresa de pequeno porte (EPP), segundo a Lei Complementar n. 123/06, é o faturamento anual. A ME é aquela que aufere receita bruta anual de até R$ 360.000,00, enquanto que a EPP é aquela que aufere receita bruta anual a partir desse valor até o limite de R$ 3.600.000,00.
Esses tipos de empresa, respeitados os demais requisitos legais, podem beneficiar-se do Simples Nacional, pelo qual é possível o recolhimento dos tributos por meio de um único documento. De igual modo, sua escrituração mercantil e contábil segue regras mais simplificadas das que são exigidas para outros tipos de empresário.
Os empresários individuais, as EIRELIS, as sociedades empresárias e as simples, que adotarem esses modelos, devem acrescer ao seu nome as expressões ME e EPP.
Portanto, de acordo com a lei, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte não só as sociedades empresárias, bem como as sociedades simples, as EIRELIS e o empresário individual, registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso.
MEI – MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL
O art. 18-A, introduzido no texto da LC 123/06 pela LC 128/08, criou a figura do Microempreendedor individual, nos termos seguintes:
Art. 18-A.  O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste artigo.
§ 1o  Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais),optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo. (...)
EIRELI
Prevista no art. 980 – A do CC, a EIRELI – Empresa individual de responsabilidade limitada é uma SOCIEDADE EMPRESÁRIA, constituída por uma única pessoa FÍSICA titular da totalidade do capital social não inferior a 100 vezes o salário mínimo. 
REGISTRO DE EMPRESA
Uma das obrigações do empresário é a de inscrever-se junto ao Registro das Empresas, estruturado pela Lei n. 8.934/94 (LRE), com o objetivo de obter regularidade em sua atividade.
O Registro das Empresas consiste em um sistema integrado de órgãos tanto no âmbito federal quanto no estadual, respectivamente, pelo DREI – Departamento de Registro Empresarial e Integração e pelas Juntas Comerciais (JC). Ao sistema integrado pelos dois órgãos denomina-se SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis.
DREI
É o órgão de cúpula do Registro das Empresas, sem função executiva, e que integra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nele destacam-se as seguintes atribuições:
Supervisão e coordenação da execução do registro de empresa e da expedição das normas e instruções necessárias para esse fim;
Orientação e fiscalização das Juntas Comerciais na execução dos registros;
Organização e manutenção do Cadastro Nacional das Empresas mercantis que, por seu turno, consiste em um banco de dados de natureza essencialmente estatística destinado ao apoio da política econômica federal.
JUNTAS COMERCIAIS
São órgãos da administração estadual, com subordinação hierárquica híbrida ao DNRC e ao governo do Estado ao qual pertencer, a quem compete a execução do registro de empresa. Possui, portanto, função executiva com as seguintes competências:
Assentamento dos usos e práticas mercantis;
Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais;
Registro do empresário.
– Atos do Registro de Empresa
O registro de empresa compreende três modalidades de atos: matrícula, arquivamento e autenticação.
– Matrícula: consiste no ato pelo qual se promove a inscrição dos tradutores públicos, intérpretes comerciais, leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. A matrícula, assim, corresponde à inscrição de profissionais que exercem atividades consideradas paracomerciais. Os tradutores públicos e os intérpretes comerciais, além de habilitados pela matrícula são também nomeados pela Junta comercial, quando seus serviços se fizerem necessários.
– Arquivamento: corresponde ao ato pelo qual se promove a inscrição do empresário individual, bem como aos relativos à constituição, dissolução e alteração contratual das sociedades empresárias. Submetem-se também ao arquivamento os atos relacionados aos consórcios de empresas e grupos societários; os relativos a empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil e as declarações das microempresas
e das empresas de pequeno porte.
– Autenticação: relaciona-se aos atos de escrituração dos empresários associados aos livros comerciais e as fichas escriturais.
– Empresário Irregular
O registro do empresário não é da essência do conceito de empresário. Isto significa que será considerada empresária qualquer pessoa que exerça profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens e serviços, independente de registro.
Contudo, a ausência do registro acarreta uma série de restrições ao empresário, assim considerado como irregular. São elas:
Não tem legitimidade ativa para pedido de falência e nem para o de recuperação judicial;
Possui legitimidade passiva para pedido de falência que caso seja deferida implicará, de plano, em falência fraudulenta;
Não poderá ter seus livros autenticados de forma que não poderá valer-se de sua eficácia probatória;
Não poderá participar de licitações;
Não poderá inscrever-se junto à Receita Federal e a outros órgãos da administração pública (CCM; INSS, etc.);
Terá responsabilidade pessoal pelas obrigações que assumir.
OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS EMPRESÁRIOS
Todos os empresários estão obrigados a cumprir as seguintes obrigações, sob pena de irregularidade no exercício da atividade. São elas:
Inscrever-se no Registro de Empresa antes do início de suas atividades;
Escriturar regularmente os Livros Obrigatórios;
Levantar balanço patrimonial e de resultado econômico.
Os microempresários e os empresários de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional são dispensados da escrituração dos Livros Obrigatórios. Os não optantes pelo Simples Nacional, contudo, deverão manter a escrituração regular do Livro Caixa, ressalvados os microempreendedores individuais (MEI), cuja receita anual não exceda a R$ 60.000,00.
– Livros Empresariais
Livros empresariais são aqueles cuja escrituração, por parte do empresário, é obrigatória ou facultativa nos termos da legislação aplicável.
Não devem, porém, ser confundidos com os Livros do Empresário que englobam tanto os livros empresariais quanto os livros fiscais.
Livros empresariais obrigatórios são aqueles cuja escrituração é imposta pela lei. A inobservância quanto à sua escrituração acarreta conseqüências, inclusive no campo penal. Facultativos são aqueles que o empresário escritura visando o melhor controle de sua atividade sem que haja qualquer imposição legal.
Os livros obrigatórios se subdividem em comuns e especiais. Comuns são aqueles cuja escrituração é imposta a todos os empresários. Especiais são aqueles cuja escrituração somente é exigida para alguns tipos de empresários. O único livro comum é o Livro Diário que poderá ser substituído por outros instrumentos autorizados pela lei para o fim a que se destina, qual seja, de registrar as operações desenvolvidas diariamente pelo empresário.
Na categoria dos livros especiais está o livro de Registro de Duplicatas, exigido de todos os empresários que as emitam; o livro de Entrada e Saída de Mercadorias, exigido aos empresários que explorem armazéns-gerais; o livro de Registro de Ações Nominativas, o livro de Transferência de Ações Nominativas, etc.
Como exemplo de livros facultativos podem ser citados o Caixa e o Conta Corrente.
– Regularidade na Escrituração
Considera-se regular a escrituração que contemple tanto os requisitos intrínsecos quanto os extrínsecos.
Intrínsecos são os requisitos relacionados à técnica contábil. Assim a escrituração deve ser feita, por exemplo, em idioma e moedas correntes nacionais, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem rasuras, emendas ou transporte de margens.
Extrínsecos são os requisitos que se relacionam à segurança dos livros empresariais, a exemplo da abertura e encerramento e autenticação pela Junta Comercial.
Para ser considerada regular a escrituração deve atender aos requisitos das duas ordens para que possa gerar os efeitos que lhe são próprios.
Exibição Judicial e Eficácia Probatória dos Livros Empresariais
Os livros empresariais gozam de sigilo motivo pelo qual sua exibição somente poderá ser deferida em juízo.
Cabe aqui, contudo, diferenciar a exibição total da parcial. A exibição total importa na retenção dos livros em cartório judicial de modo que não se assegurará, nesse caso, o sigilo dos livros empresarias e se impedirá que o empresário os escriture. Na exibição parcial estará assegurado o sigilo, posto que a exibição somente se fará na parte requerida, por extração da suma contida e que interessa ao juízo, com imediata restituição do livro ao empresário.
O sigilo de que gozam os livros empresariais não tem, porém, o alcance de eximir o empresário de sua exibição quando solicitada por determinadas autoridades administrativas como o Fisco, por exemplo.
– Balanços Anuais
O empresário tem, anualmente, a obrigação de levantar dois balanços distintos: a) o patrimonial e o de resultado econômico. Pelo balanço patrimonial se demonstra o ativo e o passivo do empresário, pelo balanço se resultado se demonstra se o empresário teve lucro ou prejuízo no período. Tal obrigação é imposta a todos os empresários com exceção, conforme já estudado, dos microempresários e dos empresários de pequeno porte.
ELEMENTO DA EMPRESARIALIDADE: O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL – PERFIL OBJETIVO DA EMPRESA
Conceito
A par do empresário e da empresa, o estabelecimento empresarial representa o terceiro elemento da empresarialidade e pode ser conceituado como sendo o complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento da empresa. Vale relembrar, nesse sentido, que a própria empresa pode ser definida pela adoção a partir do perfil objetivo, qual seja, o estabelecimento empresarial.
O estabelecimento empresarial representa, assim, uma universalidade de bens que reunidos possibilitam o exercício da atividade do empresário. Inclui, dessa forma, tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos. Enquanto referidos bens estiverem reunidos importam num valor econômico denominado aviamento que se adiciona ao valor individual de cada um dos bens corpóreos e incorpóreos, em razão da organização criada pelo próprio empresário.
Proteção dos bens componentes do estabelecimento
Cada bem que compõem o estabelecimento empresarial recebe do direito uma proteção específica. Assim, para fins de ilustração temos:
Bens corpóreos: recebem proteção no âmbito do D. Civil e Penal. Ex. mercadorias, máquinas, veículos etc.
Bens incorpóreos: a propriedade das marcas, patentes, invenções é conferida pelo D. Industrial; a proteção do nome empresarial por instituto próprio; o ponto empresarial pela Lei de Locações etc.
Alienação do estabelecimento empresarial
O estabelecimento empresarial integra o patrimônio do empresário, mas com ele não se confunde. Por outro lado, prestando-se o estabelecimento empresarial como garantia dos credores do empresário sua alienação, seja a que título for, dependerá da anuência desses mesmos credores. A alienação do estabelecimento empresarial denomina-se trespasse.
Conforme determina o art. 1.145 do CC, no caso de alienação, deverá o empresário notificar seus credores por escrito. A anuência, por seu turno, poderá dar-se de forma expressa ou tácita, nesse último caso, pelo silêncio dos credores no prazo de 30 dias contados do recebimento da notificação. Caso, porém, o empresário disponha de outros bens que possam garantir os créditos respectivos essa obrigação não se impõe.
Quando exigível, porém, caso o empresário não adote tal cautela poderá ter sua falência decretada pela prática de ato falimentar consubstanciado na ausência da notificação. Nessa situação específica a alienação será considerada ineficaz perante a massa falida, acarretando a reivindicação do estabelecimento em relação ao adquirente.
No trespasse, o passivo regularmente escriturado pelo alienante é transferido ao adquirente, mas, o alienante continua responsável
pelo prazo de 1 ano tornando-se o adquirente seu sucessor, podendo em razão de tal qualidade ser demandado pelos credores. 
Continua o alienante, desse modo, solidário com o adquirente pelo prazo de 1 ano que se conta, quanto aos créditos vencidos, da publicação do trespasse e quanto aos demais a partir da data do vencimento de cada um deles.
O adquirente, contudo, não será considerado como sucessor do alienante quando venha a adquirir o estabelecimento empresarial em leilão judicial, até porque, a rigor, não existe alienação e sim arrematação e conseqüente adjudicação do complexo de bens.
Cláusulas de não-transferência do passivo e de não-restabelecimento
Celebrado o contrato de alienação entre alienante e adquirente, dele poderá constar uma cláusula pela qual o adquirente não assume as dívidas do estabelecimento empresarial. Referida cláusula é conhecida como não-transferência do passivo. Colocada no contrato da cláusula gera tão somente direito de regresso ao adquirente, mas é ineficaz em relação aos credores que poderão demandá-lo na qualidade de sucessor do alienante.
A cláusula de não restabelecimento, também conhecida como cláusula de interdição da concorrência é implícita ao contrato, desde que não firmada de modo expresso pelas partes no contrato, e implica na obrigação imposta ao alienante de não poder restabelecer-se em ramo idêntico da atividade empresarial do adquirente pelo prazo de 5 anos contados da alienação.
A cláusula de não restabelecimento deve apresentar limites materiais (ramo de atividade), territoriais (âmbito geográfico) e temporais (prazo de não concorrência) para não ofender os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência. Assim, a cláusula de não restabelecimento que vede a exploração de qualquer atividade econômica ou não estipule restrições temporais ou territoriais não gera o efeito pretendido pelas partes.
Proteção do Ponto Empresarial
O ponto empresarial é um dos elementos do estabelecimento empresarial e consiste local específico no qual se encontra o estabelecimento. Trata-se, contudo, de bem considerado móvel e incorpóreo. Aqui se distinguem duas situações: a) o empresário é proprietário do imóvel onde está instalado o estabelecimento; b) o empresário é locatário do imóvel onde está o estabelecimento.
No primeiro caso, a proteção do ponto se faz pelo Direito Civil. No segundo, a proteção é conferida pela LL (art. 51), compreendida na legislação extravagante civil.
Renovação Compulsória da Locação (Direito de Inerência ao Ponto)
Tratando-se de locação empresarial (não-residencial), o locatário tem direito a renovação compulsória da locação, cujo objetivo é justamente o de proteger o ponto empresarial, desde que presentes os seguintes requisitos:
deve ser empresário ou sociedade simples;
a locação anterior deve ter sido contratada por escrito e com prazo determinado de, no mínimo, 5 anos, admitida a soma dos prazos dos contratos a renovar;
deve estar explorando a mesma atividade pelo prazo ininterrupto de 3 anos à data da propositura da ação.
O exercício deste direito se faz por meio da Ação Renovatória de Locação a ser exercida entre 1 ano e 6 meses antes do término do contrato a renovar, sob pena de decadência.
Referido direito, contudo, é relativo na medida em que não pode afrontar o direito de propriedade garantido constitucionalmente ao proprietário. Assim, os próprios dispositivos da lei, no tocante à exceção de retomada, sempre que referido direito mostrar-se afrontado não deverão sobre ele prevalecer.
Exceção de Retomada
O locador do imóvel poderá opor-se à renovação da locação nas situações seguintes:
Insuficiência da proposta de renovação: no caso de promover a ação renovatória, o locatário deverá ofertar proposta de novo aluguel. Entretanto, se tal valor se mostrar inferior ao de mercado o locador rejeitará a proposta e a locação não será renovada, a menos que o locatário concorde com valor exigido pelo proprietário.
Melhor proposta de terceiro: ainda que o locatário ofereça como valor, para o novo aluguel, compatível com o valor de mercado, a locação não será renovada se um terceiro oferecer valor superior que seja aceito pelo locador. Nessa situação, porém será devida indenização ao locatário pela perda do ponto.
Reforma substancial no imóvel: imposta pelo Poder Público obstará a renovação do contrato. Caberá indenização ao locatário caso o início das obras fique retardado por mais de 3 meses.
Retomada para uso próprio: nesse caso não haverá renovação, mas o locador terá que indenizar o locatário.
Transferência de estabelecimento empresarial existente há mais de 1 ano (locador, ascendente, descendente ou cônjuge). Nesse caso a indenização será devida, apenas, quando o ramo de atividade for idêntico ao do locatário ou se não se realizar o uso nas condições alegadas.
Locação de espaço em Shopping Center
O empresário, empreendedor desse tipo de atividade, tem atividade peculiar porque não se limita a simples locação de espaços para outros empresários, mas, além dessa, também a uma organização de distribuição de oferta centralizada em seu complexo. A essa centralização de produtos e serviços, organizada de forma específica, a doutrina denomina tenant mix (plano de distribuição estratégica). Desse modo, a renovação da locação poderá ser obstaculizada quando acarretar prejuízo à mencionada organização.
As lojas são, assim, distribuídas em três categorias: magnéticas ou âncoras que se constituem nos grandes magazines ou supermercados bem conhecidos, mini-âncoras igualmente consagradas, mas de porte menor e satélites que são aquelas que tiram proveito da clientela potencial atraída pelas mencionadas lojas.
A LL igualmente reconhece o direito a renovação da locação desses espaços (art. 52, § 2º), sendo certo, por outro lado que a renovação poderá representar um obstáculo ao desenvolvimento do tanant mix. A questão é discutida pela doutrina.
Proteção do Título do Estabelecimento
O título do estabelecimento não pode ser confundido com o nome empresarial, que identifica o empresário, e nem com a marca, que identifica o produto. O título do estabelecimento, como a expressão já indica, identifica o próprio estabelecimento. Por exemplo: Padaria da Esquina.
A lei (civil e penal) protege o título do estabelecimento com vistas a evitar a concorrência desleal, caracterizada pelo fato de um empresário utilizar o nome semelhante ao de outro, objetivando confundir a clientela.
QUESTÕES DE REVISÃO 1º BIM
1 – De acordo com o CCB, considera-se empresário:
a) Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços;
b) Quem exerce profissionalmente atividade cultural;
c) Quem exerce atividade em associações, de forma organizada;
d) Quem exerce profissionalmente atividades em cooperativas.
  
2 – O Registro de Empresário:
a) É constitutivo;
b) Declaratório;
c) Constitutivo e Declaratório;
d) Constitutivos das Sociedades personificadas.
3 – Podem ser empresários:
a) Os chefes do poder executivo estadual;
b) Os plenamente capazes sem impedimento legal
c) Os estrangeiros individualmente;
d) Todos aqueles plenamente capazes.
4 – São requisitos para a caracterização da atividade empresária:
a) Circulação de bens e serviços;
b) Todas aquelas atividades com fins econômicos;
c) Exercício da atividade econômica com profissionalismo e habitualidade;
d) Aquisição de bens para uso próprio.
5 – Quanto ao estabelecimento empresarial, é correto afirmar:
a) É o mesmo que aviamento e clientela;
b) É o mesmo que freguesia;
c) É elemento de exercício da empresa;
d) É elemento de identificação da empresa.
6 – Quanto ao ponto comercial:
a) É protegido por lei especial, Lei 8245/91;
b) É protegido pelo Código Comercial, nas disposições em vigor;
c) Não possui tutela própria;
d) Possui
tutela própria como o título de estabelecimento na LPI.
7 – Quanto ao trespasse do estabelecimento, é correto afirmar que:
a) O adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 180 dias, da publicação;
b) O adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 2 anos, do vencimento das dívidas;
c) O adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 2 anos, da publicação;
d) O adquirente responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de 1 ano quanto aos créditos vencidos da publicação e quanto aos outros, da data do vencimento.
8 – Quanto aos livros obrigatórios comuns do empresário, podemos afirmar que:
a) São obrigatórios os livros; diário, razão e registro de duplicatas;
b) São obrigatórios os livros; diário, borrado e copiado de cartas;
c) Obrigatório comum somente o livro Diário;
d) Obrigatórios comuns são os livros especiais descritos no art. 100 da Lei das S/As
9 – São obrigações comuns a todos os empresários:
a) Registro, Escrituração e arquivamento;
b) Registro, arquivamento e publicidade;
c) Registro, escrituração e contabilidade;
d) Registro e contabilidade.
1. Quanto à evolução histórica do D. Comercial, apresente as principais características de cada uma de suas fases, contextualizando-as com as respectivas épocas em que se verificaram.
2. Por que as duas primeiras fases são chamadas subjetivas e a terceira objetiva.
3. Conceitue comerciante nas três primeiras fases do D. Comercial.
4. No que consiste a dicotomia entre o D. Comercial e o D. Civil?
5. É possível dizer que a partir do advento do C. Civil de 2002 não existe mais dicotomia entre o D. Comercial e o D. Civil? Justifique.
6. No que consiste o D. de Empresa?
7. Qual a principal distinção entre as figuras do comerciante e a do atual empresário?
8. Como eram classificados os atos de comércio?
9. Cite os elementos da empresarialidade.
10. Quais os tipos de empresários previstos no atual ordenamento?
11. Por que se diz que a empresa qualifica a pessoa do empresário?
12. Que atividades não podem ser consideradas empresariais?
13. Quais os atos praticados no Registro de empresa e a que se destinam?
14. O registro do empresário é condição essencial para o exercício da empresa? Justifique.
15. Cite as obrigações comuns a todos os empresários.
16. Diferencie livros empresariais de livros do empresário.
17. Diferencie, exemplificando, livros obrigatórios comuns e especiais.
18. No que consistem os requisitos intrínsecos e extrínsecos da escrituração empresarial?
19. Defina estabelecimento empresarial.
20. No que consiste o aviamento?
21. Relacione empresário, empresa e estabelecimento empresarial.
22. Como se dá a proteção aos bens que compõem o estabelecimento empresarial?
23. Defina ponto empresarial.
24. Defina trespasse. No que consistem as cláusulas de não-transferência e de não restabelecimento?
25. Por que se diz que as obrigações decorrentes do trespasse são propter rem?
26. No que consiste o ponto empresarial e como se dá sua proteção?
27. No que consiste o direito de inerência ao ponto empresarial? Qual o instrumento processual adequado à sua proteção?
28. Relacione o prazo para exercício da ação renovatória com os institutos da decadência e da prescrição.
29. O que visa proteger o direito de inerência?
30. Quais os requisitos para o exercício da ação renovatória de locação não empresarial?
31. Que alegações podem ser apresentadas pelo locador como exceção de retomada? Justifique se as exceções previstas na lei de locação são as únicas possíveis.
32. No caso de ação renovatória de locação não residencial julgada improcedente, justifique se, em qualquer caso, a parte vencida terá direito à indenização pela perda do ponto.
33. No que consiste a locação gerência? Relacione esse tipo de locação com a possibilidade de indenização.
34. Relacione o tenant mix com o exercício da ação renovatória de locação não residencial.
� PAGE \* MERGEFORMAT �16�

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais