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APLICAÇÃO DA KINESIO® TAPING NA SUBLUXAÇÃO DE OMBRO EM PACIENTES PORTADORES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CRÔNICO Virginia Lopes de Souza Matos 1 , Thiago Vilela Lemos 2 , Felipe Moreira Campos 3 , Lorrane Barbosa Lucas 4 . Maryane Leandro Prudente Marçal 5 . RESUMO: O presente artigo tem por objetivo comprovar a eficácia da aplicação da Kinesio® Taping na subluxação de ombro em pacientes portadores de Acidente Vascular Cerebral e as consequentes melhoras na simetria do ombro e a projeção corporal do centro de gravidade. Participaram do estudo três sujeitos com subluxação de ombro. Porém, apenas dois sujeitos cumpriram todo o protocolo da pesquisa. Foram submetidos a uma avaliação inicial da subluxação de ombro através de exames físicos e pelo programa de Biofotogrametria. Os três sujeitos receberam a aplicação da Kinesio® Taping no ombro, três tipos de aplicação foram realizadas, uma aplicação em “Y” e duas em “I”. O tratamento teve duração de 15 dias e após três aplicações os sujeitos foram reavaliados. Os resultados obtidos mostraram uma diminuição da subluxação de ombro, em média, de 4,13cm. Melhora do alinhamento horizontal dos acrômios, em média, de 9,05°. Quanto à simetria horizontal em graus da escápula em relação à T3, foi obtido em média, 44,2° de melhora. Considerando o plano frontal, a projeção do centro de gravidade encontrava-se em -26,5% e, ao final, estava em 15,8%. O sujeito (C) iniciou-se com 61,7% e ao final 17,1%. Conclui-se que A Kinesio® Taping contribui para diminuição da subluxação de ombro, além de promover uma melhor simetria corporal e uma melhor projeção do centro de gravidade. Podendo ser utilizada de forma isolada ou em conjunto com outro tipo de tratamento fisioterapêutico. Palavras-chaves: Kinesio Taping. Acidente Cerebrovascular. Subluxação. Ombro. Biofotogrametria computadorizada. Fisioterapia. Citações: Virginia LSM, Maryane LPM. Aplicação da Kinesio® Taping na subluxação de ombro em pacientes portadores de acidente vascular cerebral crônico. ABSTRACT: This article aims to demonstrate the effectiveness of the application of Kinesio® Taping on shoulder subluxation in patients with stroke and the consequent __________________________________ 1. Graduada em Fisioterapia pela UNIFAN-GO e pós-graduando em Fisioterapia Cardiopulmonar no CEAFI-GO. E- mail: virginiamatos@gmail.com 2. Graduado em Fisioterapia pela PUC-GO, especialista em Acupuntura e Fisioterapia Esportiva e Mestre em Fisioterapia Traumato-Ortopédica. E-mail: tvlemos@gmail.com 3. Graduado em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás – UEG, especialista em Fisioterapia Traumato- Ortopédica. E-mail: felipe@labormednet.com.br 4. Graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). E-mail: lorranebarbosa.fisio@gmail.com 5. Graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), mestre em Ciências Ambientais e Saúde pela PUC-GO. E-mail: maryaneprudente@yahoo.com.br 2 improvement in the symmetry of the shoulder and the projection of the body center of gravity. Participants were three subjects with shoulder subluxation. However, only two subjects completed the entire study protocol. Underwent an initial assessment of shoulder subluxation through physical examinations and the program biophotogrammetry. The subjects received three application of Kinesio Taping shoulder, three application types were performed, one application "Y" and two "I". The treatment lasted 15 days and after three applications the subjects were reassessed. The results showed a decrease in shoulder subluxation averaged 4.13 cm. Improved horizontal alignment of acromions on average 9.05 °. As for horizontal asymmetry in degrees relative to the scapula T3 got an average of 44.2 ° improves. In relation to the projection center of gravity of the subject (B) in relation to the asymmetry of the frontal plane was initiated with the end -26.5% and 15.8%. The subject (C) was initiated with 61.7% and 17.1% at the end. We conclude that the Kinesio Taping ® contributes to decreased shoulder subluxation, and promote a better body symmetry and better projection of the center of gravity. It can be used alone or in conjunction with other physical therapy. Keywords: Kinesio Taping ®. Stroke. Shoulder subluxation. Biophotogrammetry. Physiotherapy. Citation: Virginia LSM, Maryane LPM. Application effectiveness of Kinesio Taping ® on shoulder subluxation in patients with chronic stroke. 1.INTRODUÇÃO Acidente Vascular Cerebral O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença cerebrovascular que pode ser apresentada como isquêmico ou hemorrágico, além de transitório ou definitivo, possui uma grande incidência de mortes ocorridas em todo mundo, apesar de que há alguns anos houve um declínio do mesmo devido a população estar melhor informada e preocupada com a prevenção. No entanto, o AVC ainda é uma doença que mata grande parte dos brasileiros e causa grandes consequências físicas e neurológicas, fazendo com que as capacidades funcionais sejam comprometidas, dificultando a realização das Atividades de Vida Diária (AVD’s) (SANTOS et al., 2010; BATISTA et al., 2008). As doenças cardiovasculares compreendem as principais causas de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), tais como o infarto do miocárdio, doença valvular, doenças cardíacas congênitas, arritmias, diabetes mellitus (DM) e doenças sistêmicas com a produção de êmbolos. Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) em geral, as hemorragias que ocorrem devido à ruptura de importantes artérias cerebrais em decorrência principalmente de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) compreendem a maior incidência do AVCH (PIASSAROLI et al., 2011; RADANOVIC, 2000). Entre os sintomas mais característicos destacam-se a perda da consciência, da 3 coordenação, da fala ou compressão da mesma, espasticidade, perda completa ou da metade do campo visual e alteração da marcha (PIASSAROLI et al., 2011). No paciente com AVC, a hemiplegia é muito característica, ocasionando comprometimento do complexo do ombro, o que altera sua biomecânica. E com a instabilidade da articulação gleno-umeral, as complicações se tornam evidentes, ocorrendo modificação dos padrões normais do movimento do mesmo. Isso ocorre porque na fase aguda da hemiplegia, suas estruturas estarão mais propícias a certas patologias por haver flacidez na musculatura que envolve as estruturas do ombro. Ao movimentar ou até mesmo transferir esse paciente de forma inadequada facilitará que a subluxação ocorra (SANTOS et al., 2010). Subluxação de Ombro A prevalência da subluxação de ombro em pacientes portadores de AVC varia entre 17% a 75%, essa ampla variação ocorre devido aos métodos que são aplicados para diagnosticar o mesmo, como exames clínicos ou por imagem (SILVA; RIBEIRO; BATISTELLA, 2000). Dor, lesões do plexo braquial, capsulite adesiva e lesões dos músculos supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular (bainha rotatória) e limitação da amplitude do movimento podem ocasionar uma subluxação do ombro (CORRÊA et al., 2009). Através da manifestação clínica é possível diagnosticar, porém não há nenhuma forma para se quantificar o grau da subluxação (SANTOS et al., 2010). É preciso restaurar o mecanismo de travamento do ombro, corrigir a escápula e a fossa glenóide em relação a suas posições, não se esquecendo que a atividade ou o tônus muscular precisam ser estimulados, além de manter a amplitude de movimento sem gerar dor ou trauma nas articulações envolvidas (SANTOS et al., 2010) Para uma avaliação fidedigna e com parâmetros, a Biofotogrametria Computadorizadaé um recurso que pode ser usado para diagnósticos e avaliação funcional pelos fisioterapeutas, em diferentes áreas, vários estudos já foram demonstrados a sua validade. A Biofotogrametria Computadorizada foi desenvolvida pela aplicação dos princípios fotogramétricos às imagens fotográficas obtidas em movimentos corporais. A essas imagens foram aplicadas bases de fotointerpretação, gerando uma nova ferramenta de estudo da cinemática (BARAÚNA et al., 2006). Uma variada gama de técnicas podem ser utilizadas no tratamento da subluxação de ombro em pacientes hemiplégicos, tais como cinesioterapia, hidroterapia, eletroterapia como 4 corrente russa, corrente farádica e a estimulação elétrica funcional (FES), Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) e Conceito Neuroevolutivo Bobath. Além dessas técnicas é preciso de outro instrumento para que a ação dos exercícios sejam mantidos por um tempo maior. Essa manutenção pode ser adquirida através da Kinesio® Taping (SANTOS et al., 2010). Kinesio® Taping A Kinesio® Taping (KT) foi criada pelo quiropraxista Kenso Kase em 1973, no Japão. Como Kenso, inicialmente, utilizava o método para aplicação em desportistas, criou-se então um material que mais se assemelhasse a elasticidade da pele humana (peso e espessura) (ESPEJO; APOLO, 2011). A Kinesio® é constituída por um tecido fino e poroso, com ausência de látex, porém adesiva, ativada pela temperatura da pele (KAHANOV, 2007; ESPEJO; APOLO, 2011). A bandagem elástica possibilita sua aplicação sobre a pele, esticando-se em até a 140% a mais do seu comprimento original, resultando em um mecanismo de compressão (FU et al., 2008). A quantidade de tração colocada na bandagem e a direção que a mesma será aplicada definirá seus efeitos terapêuticos (KAHANOV, 2007). As propostas para o uso da KT são variadas, incluindo a correção da função muscular, fortalecimento da musculatura debilitada, diminuição de edemas através da melhora da circulação sanguínea e linfática, diminuição da dor, correção de desalinhamento articular, melhora a amplitude de movimento e o aumento da propriocepção por aumentar a excitação dos mecanoceptores cutâneos, podendo ser aplicada em qualquer musculatura ou articulação (RIBEIRO et al., 2009; THELEN et al., 2008). Além de todos os benefícios oferecidos pela KT, o material é impermeável, podendo assim ter contato com a água e pode ser utilizado de 3 a 5 dias, dependendo das necessidades (TSAI et al., 2009). Nos últimos anos novas pesquisas têm sido realizadas para comprovação da eficácia da bandagem na neurologia (SAYGI et al., 2010), na pediatria (RIBEIRO et al., 2009; YASUKAWA; PATEL; SISUNG, 2006) e na reumatologia (ZUK; ORTOWSKA, 2008). Cabe destacar que ainda não há critérios metodológicos padronizados. Por tais motivos, considera-se necessário artigos de revisão de literatura para melhor serem analisados resultados obtidos por pesquisadores (ESPEJO; APOLO, 2011). 5 2.CASUÍSTICA E MÉTODO Este estudo se tratou de uma pesquisa longitudinal e quantitativa. Participaram do estudo três sujeitos com diagnóstico de AVC, de ambos os gêneros, com idade entre 45 a 65 anos, apresentando subluxação de ombro. Foram excluídos do estudo os sujeitos apresentando cognitivo não preservado, utilizando estabilizadores de ombro, apresentando outras doenças ortopédicas em ombro e/ou neurológicas associadas, além dos sujeitos cadeirantes. Todos os sujeitos selecionados estavam em atendimento Fisioterapêutico na Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (ADFEGO), duas vezes por semana com duração de 40 minutos cada sessão. Após leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), todos assinaram o Termo de Participação da Pessoa como Sujeito (TPPS). Foram submetidos a uma avaliação inicial da subluxação de ombro através de exames físicos. Marcadores foram utilizados em alguns pontos de acordo com o protocolo elaborado para este estudo (Quadro 1). Quadro 1. Protocolo de avaliação Vista anterior Nível dos acrômios Comprimento dos membros superior Perfil Distância entre acrômio e tubérculo maior do úmero Vista anterior / perfil / posterior Projeção do centro de gravidade em relação à assimetria do plano frontal Fonte: adaptado de SANTOS, 2010. O tratamento teve duração de 15 dias. Primeiramente foi realizada a avaliação postural através do programa Biofotogrametria. Para fazer as imagens foi utilizada uma câmera fotográfica Sony 14.1MP. A máquina digital foi posicionada sobre um tripé nivelado, com distância de 1,50m e altura de 93cm. 6 Após a avaliação, os sujeitos iniciaram o protocolo de aplicação da Kinesio® Taping. Alguns cuidados foram tomados para a aplicação da bandagem, tais como: a higienização da pele da região do ombro com álcool 70%, sujeitos sentados com pés apoiados ao solo. Para a aplicação da Kinesio® Taping, a bandagem foi colocada em três diferentes formas, segundo a técnica em “Y”, e as demais aplicações foram utilizadas a técnica em “I”, completando assim, três aplicações. A bandagem em “Y” foi a primeira aplicação a ser realizada, a mesma foi aplicada no músculo deltóide, com a finalidade de ativar o mesmo, com uma tensão de aproximadamente 10%. Para a função mecânica, primeiramente foi aplicada a Kinesio®Taping da musculatura do peitoral direcionando para a escápula do mesmo lado, com uma tensão de aproximadamente de 50%, em seguida uma outra aplicação mecânica, iniciando-se do músculo trapézio, passando pelo deltóide e ancorando em bíceps braquial (Figura 1). As cores utilizadas na bandagem foram preta e azul. Figura 1. Aplicação da Kinesio® Taping em “Y” no músculo deltóide e as demais aplicações em “I”. A aplicação ocorreu da seguinte forma: o paciente permanecia por dois dias com a bandagem, após era retirada e reaplicada dois dias depois novamente, seguindo assim o mesmo protocolo até completar as três sessões. O sujeito (A) recebeu a aplicação da Kinesio® Taping apenas duas vezes, relatou melhora no quadro álgico, porém desistiu da pesquisa em virtude da dificuldade de acesso ao local da pesquisa. Os sujeitos (B) e (C) receberam aplicação da Kinesio® Taping em três sessões. 7 A análise das fotos foram feitas através do Software de Avaliação Postural (SAPO), Posturograma e FisioMeter. Através de uma análise descritiva foram demonstrados os resultados. 3. RESULTADOS Na avaliação inicial o sujeito (B) apresentou uma distância em cm entre acrômio e tuberosidade do úmero 2,31cm e ao final 1,97cm (Gráfico 1). O sujeito (C) apresentou em sua avaliação inicial uma distância em cm entre acrômio e tuberosidade do úmero -2,07cm e ao final -1,91cm (Gráfico 2). Os valores positivos são referentes ao ombro direito e os valores negativos referentes ao ombro esquerdo. Gráfico 1. Variação da distância em cm entre acrômio e tuberosidade do úmero direito do sujeito (B) 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 INICIAL FINAL 8 Gráfico 2. Variação da distância em cm entre acrômio e tuberosidade do úmero esquerdo do sujeito (C) No gráfico 3 foi possível observar a melhora do alinhamento horizontal dos acrômios. O sujeito (B) apresentou em sua avaliação inicial 0,8° e ao final 0°. No gráfico 4 o sujeito (C) apresentou -13,1° e ao final -4,2°. Gráfico 3. Alinhamento horizontal em graus dos acrômios do sujeito B -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 INICIAL FINAL 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 INICIAL FINAL 9 Gráfico 4. Alinhamento horizontalem graus dos acrômios do sujeito C Quanto à assimetria horizontal da escápula em relação à T3, também foi possível observar o melhor alinhamento das mesmas. O sujeito (B) apresentou em sua avaliação inicial 24,2° e ao final 2° (Gráfico 5). O sujeito (C) apresentou -38,8° e ao final -23,4° (Gráfico 6). Gráfico 5. Assimetria horizontal em graus da escápula em relação à T3 do sujeito (B) -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 INICIAL FINAL 0 5 10 15 20 25 30 INICIAL FINAL 10 Gráfico 6. Assimetria horizontal em graus da escápula em relação à T3 do sujeito (C) Quanto à projeção do centro de gravidade, considerando a simetria do plano frontal do sujeito (B), observou-se inicialmente a projeção para o lado oposto à lesão, após a aplicação, a projeção do mesmo foi para o mesmo lado da lesão. O sujeito (B) apresentou, em sua avaliação inicial, -26,5% (Figura 2) e ao final 15,8% (Figura 3). Quanto ao sujeito (C), observou-se uma diminuição da projeção para o lado oposto à lesão, inicialmente 67,1% (Figura 4) e na avaliação final 17,1% (Figura 5). Figura 2. Projeção do centro de gravidade inicial em relação à assimetria do plano frontal do sujeito (B) -45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 INICIAL FINAL 11 Figura 3. Projeção do centro de gravidade final em relação à assimetria do plano frontal do sujeito (B) Figura 4. Projeção do centro de gravidade inicial em relação à assimetria do plano frontal do sujeito (C). 12 Figura 5. Projeção do centro de gravidade final em relação à assimetria do plano frontal do sujeito (C). 4. DISCUSSÃO A articulação do ombro além de ser a maior é a mais complexa existente no corpo humano. O tônus do músculo supra-espinhal, o posicionamento correto do úmero na fossa glenóide, onde o músculo deltóide o auxilia, posicionamento do ângulo da fossa glenóide e o tônus dos músculos trapézio e serrátil anterior mantêm o ombro em sua posição normal e as escápulas em seu alinhamento correto. Essas junções fazem com que a articulação do ombro alcance grandes amplitudes de movimento, 180º na e abdução, fazendo com que gere uma alta instabilidade na articulação, tornando propenso a subluxação (SILVA; RIBEIRO; BATISTELLA, 2000). Em 70 a 84% dos casos de AVC, existem dores relacionadas ao movimento e, nos casos mais graves, ao repouso. Além de 17 a 66% dos pacientes portadores de AVC apresentarem a subluxação de ombro (PIASSAROLI et al., 2011). Isso ocorre devido a interrupção de um ou todos os componentes neurológicos do sistema nervoso central que mantém a posição correta e dá funcionalidade ao complexo glenoumeral (CAILLET et al., 2000). No sujeito (A), a Kinesio® Taping foi aplicada apenas duas vezes, porém apresentou melhoras consideráveis em relação ao quadro álgico do paciente, sugerindo que a efetividade da Kinesio® pode ser imediata. 13 A Kinesio® Taping atualmente tem sido utilizada tanto para prevenção quanto para processo de reabilitação (HALSETH et al., 2004). Conforme alguns estudos, a bandagem sendo colada na pele permite estímulos mecânicos constantes e duradouros são percebidos em nível cortical, produzindo assim resposta motora, além de permitir os estímulos somatossensoriais aferentes. Estes estímulos no sistema tegumentar podem auxiliar na neuroplasticidade do sistema nervoso (STUPIK et al., 2007). Em um estudo realizado por Santos et al. (2010), com 3 pacientes portadores de AVC, foi verificado a influência da Kinesio® Taping no tratamento de subluxação inferior de ombro, os sujeitos da pesquisa, receberam a aplicação da Kinesio® Taping no músculo deltóide, sendo que após 2 meses de tratamento foi realizada uma nova avaliação. Como resultados, foi verificada uma diminuição da subluxação inferior de ombro, bem como aumento do movimento de flexão do ombro, uma melhora da simetria postural, além de um aumento no movimento de extensão e abdução e de adução horizontal, concluindo assim que a Kinesio® Taping, utilizada como recurso terapêutico, contribui para uma diminuição da subluxação inferior de ombro, além de promover a melhora na simetria postural e diminuição de compensações. Em outro estudo realizado por Murray e Husk, (2001), foi analisado o efeito da Kinesio® Taping na propriocepção de tornozelo e constataram que a mesma aumenta as habilidades na amplitude média de movimento, além de aumentar a propriocepção na entorse lateral em posições sem descarga de peso, na amplitude média de movimento, na qual os mecanorreceptores ligamentares estão inativos. Em um terceiro estudo analisado, a aplicação foi realizada nos músculos quadríceps e ísquiotibiais e o resultado revelou que não ouve diferença significativa na força muscular após a aplicação da Kinesio® em jovens saudáveis (FU et al., 2008). Já em outro estudo realizado com vinte e sete pessoas saudáveis, a bandagem foi aplicada no músculo vasto medial, ouve um aumento significativo de recrutamento de unidades do músculo motor e atividade bioelétrica muscular, 24 horas após a aplicação, o seu efeito manteve por 48 após a remoção, um exame realizado 72 horas após a aplicação da Kinesio® também mostrou um aumento significativo (STUPIK et al., 2007). Ambos os sujeitos avaliados na pesquisa assumiam uma projeção de gravidade oposta à lesão antes da bandagem realizada, após a bandagem foi observado em um dos sujeitos à projeção total para o lado da lesão e no outro sujeito a diminuição da projeção para 14 o lado não lesado, é questionável que o estímulo proprioceptivo deve ter ocorrido nesses pacientes, fazendo com que houvesse o reconhecimento do lado lesado. A inibição ou ativar a função muscular, diminuir a dor, manter uma posição articular e gerar a propriocepção pode ser facilitada através da Kinesio® Taping e um conjunto de outros recursos (ZARACZEWSKA; LONG, 2006). A elevação proprioceptiva pela estimulação sensorial como resultado da aplicação da Kinesio® gera um reforço ao controle postural facilitando assim o retorno às atividades realizadas anteriormente pelo indivíduo (HALSETH et al., 2004). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa nos apresentou bons resultados com o uso da Kinesio® Taping, onde a mesma contribuiu para diminuição da subluxação de ombro em média, 4,13cm, em relação ao alinhamento horizontal dos acrômios ocorreu uma melhora em média de 9,05°, quanto à simetria horizontal da escápula em relação à T3, foi obtido em média, 44,2°, comprovando assim que a bandagem Kinesio® Taping promove uma melhor simetria corporal. Observado os resultados referentes a projeção do centro de gravidade obtivemos também resultados positivos, onde, após a bandagem em um dos sujeitos, a projeção foi totalmente para o lado da lesão, no outro sujeito, ouve a diminuição da projeção do lado oposto a lesão, concluindo assim que seja questionável o estímulo proprioceptivo, fazendo com que houvesse o reconhecimento do lado lesado. Apesar dos resultados positivos apresentados, é necessário que haja pesquisas com um maior número de participantes, afinal existem pouquíssimos estudos referentes ao assunto para fazermos comparações. REFERÊNCIAS 1.BARAÚNA, M. et al. Avaliação do Equilíbrio Estático em Indivíduos Amputados de Membros Inferiores Através da Biofotogrametria Computadorizada - Revista Brasileira de Fisioterapia, Minas Gerais, v.10, No.1, 2006. 15 2.BATISTA, M. et al. O Uso da Terapia por Ondas de Choques Radiais no Ombro Doloroso por Subluxação após um Acidente Vascular Cerebral – Série de Casos.ACTA FISIATR, São Paulo, v. 15, p. 122-126, 2008. 3.CAILLET, R. et al. Dor no ombro. 3ª. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000, 4.CORRÊA, J. et al. Estimulação Elétrica Funcional na Subluxação Crônica do Ombro após Acidente Vascular Encefálico: relato de casos. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 16, p. 89-93, 2009. 5.ESPEJO, L., APOLO, D. Revisión bibliográfica de la efectividad del kinesiotaping. Elsevier Doyma, Badajoz, 2011. 6.FU, T. et al. Effect of Kinesio Taping on Muscle Strength in Athletes — A pilot study. Journal of Science and Medicine in Sport, Austrália, v. 11, p. 198-201, 2008. 7.HALSETH, T. et al. The Effects of Kinesio Taping on Proprioception at the Ankle. Journal of Sports Science and Medicine, Boise, v. 3, p.1-7, 2004. 8.KAHANOV, L. Kinesio Taping®, Part 1: An Overview of Its Use in Athletes. Human Kinetics, San Jose, v. 12, p. 17-18, 2007. 9.KAHANOV, L. Kinesio Taping®: An overview of use with athletes, part II. Athletic Therapy Today, San Jose, v. 12, p. 5-7, 2007. 10.MURRAY, H., HUSK, L. Effect of Kinesio taping on proprioception in the ankle. Journal of Orthopedic Sports Physical Therapy. Idaho, v. 31, p.33-37, 2001. 11.PIASSAROLI, Cláudia et al. Modelos de Reabilitação Fisioterápica em Pacientes Adultos com Sequelas de AVC Isquêmico. Disponível em: < http://www.revistaneurociencias.com.br>. Acesso em: 03 maio 2012. 12.RADANOVIC, M. Características do Atendimento de Pacientes com Acidente Vascular Cerebral em Hospital Secundário. Arq. Neuro-psiquiatr, São Paulo, v. 58, 2000. 16 13.RIBEIRO, M. et al. O Uso da Bandagem Elástica Kinesio no Controle da Sialorréia em Crianças com Paralisia Cerebral. ACTA FISIATR, São Paulo, v. 16, p. 168 – 172, 2009. 14.SANTOS, J. et al. A Influência da Kinesio Taping no Tratamento da Subluxação de Ombro no Acidente Vascular Cerebral. Revista Neurociência, São Paulo, v. 18, p. 335-34, 2010. 15.SAYGI, K. et al. The role of kinesiotaping combined with botulinum toxin to reduce plantar flexors spasticity after stroke. Top Stroke Rehabil, Istanbul, v. 17, p. 318-322, 2010. 16.SILVA, C., RIBEIRO M., BATISTELLA L. Avaliação da dor no ombro em paciente com acidente vascular cerebral. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 7, p. 78-83, 2000. 17.STUPIK, A. et al. Effect of Kinesio Taping on bioelectrical activity os vastus medialis muscle: preliminary report. 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