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Resumo - Mecanismos de agressão e defesa

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO: MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA (MAD) II 
 
 
Arlindo Ugulino Netto 
Raquel Torres Bezerra Dantas 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 
IMUNOLOGIA: INTRODUÇÃO AO SISTEMA IMUNOLÓGICO 
 
 
O sistema imunológico (do latim: imuunis = 
insento de pagamento de impostos; logos = estudo, 
conhecimento), também conhecido como sistema 
imunitário, compreende todos os mecanismos pelos 
quais um organismo multicelular se defende de 
invasores internos, como bactérias, vírus ou parasitas. 
Portanto, a imunologia é a ciência que estuda o sistema 
imunitário: suas células e órgãos, sua fisiologia e 
patologia e suas reações com os demais sistemas 
orgânicos. 
Existem dois tipos de mecanismos de defesa: os inatos ou não específicos (imunidade inata), como a proteção 
da pele, a acidez gástrica, as células fagocitárias ou a secreção de lágrimas; e o sistema imunitário adaptativo 
(imunidade adquirida), como a ação direcionada dos linfócitos e a sua produção de anticorpos específicos. 
 Imunidade Inata: primeira linha de defesa do nosso organismo, com a qual, já nascemos. Como exemplo de um 
dos integrantes desse sistema têm-se os macrófagos e neutrófilos, células fagocitárias com receptores de 
baixa especificidade (MHC – Complexo Principal de Histocompatibilidade – é um complexo proteico da célula 
fagocitária responsável por apresentar o antígeno ao linfócito). 
 Imunidade Adquirida: sistema imunitário que se potencializa a partir da exposição à antígenos, sendo ela mais 
específica. Como exemplo de integrantes, têm-se os linfócitos com receptores CD (Classes de Diferenciações) 
muito mais específicos e seletivos. Esses receptores também determinam o grau de maturidade da célula. 
 
OBS
1
: Antígeno é toda partícula ou molécula capaz de iniciar uma resposta imune, a qual começa pelo reconhecimento 
pelos linfócitos e cumula com a produção de um anticorpo específico. Anticorpo (imunoglobulinas) são glicoproteínas 
sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes no plasma, 
tecidos e secreções que atacam proteínas estranhas ao corpo (antígenos), realizando assim a defesa do organismo 
(imunidade humoral). Depois que o sistema imunológico entra em contato com um antígeno (proveniente de bactérias, 
fungos, etc.), são produzidos anticorpos específicos contra ele. 
OBS²: Epítopo (determinante antigenico) são sequências de aminoácidos presentes na estrutura proteica do antígeno 
que é reconhecida por receptores específicos nos anticorpos. 
 
 
HISTÓRICO 
 Século XV: Chineses e turcos tentam induzir imunidade através da variolação. 
 1546: Girolamo Fracastoro, Univ. Pádua, diz "O contágio é uma infecção que passa de um para outro...a 
infecção se origina de partículas muito pequenas - imperceptíveis" 
 1798: Sir Edward Jenner, vacinação, o pai da imunologia, observou que os fazendeiros que contraíram varíola 
bovina ficavam protegidas da varíola humana. Inoculou então um menino de 8 anos com a varíola bovina e 
obteve resultados satisfatórios. A técnica foi denominada de “vacinação” (de vaca). 
 1879-1881: Louis Pasteur, vacinas atenuadas. Estava estudando a bactéria que causa a cólera, cultivando-a e 
injetando em galinhas. Ao voltar de férias, ele usou uma cultura velha para injetar e, surpreendentemente, as 
galinhas adoeceram mas melhoraram. Pasteur concluiu: cultura velha, e fez uma cultura fresca. Desta vez, como 
ele tinha poucas galinhas, resolveu usar algumas do experimento anterior. Resultado: as galinhas do 
experimento anterior sobreviveram e as não inoculadas previamente morreram. Pasteur reconheceu que o 
envelhecimento da cultura tinha enfraquecido a bactéria, a ponto de torná-la não letal, e aplicou este 
conhecimento para proteger outras doenças. Ele chamou a linhagem atenuada de VACINA, de vaca. Pasteur 
então produz vacinas para cólera, anthrax, e raiva. 
 Elie Metchnikoff, teoria dos fagócitos. Observou a fagocitose de esporos de fungos por leucócitos e antecipou a 
ideia de que a imunidade era devido às células brancas do sangue. Partiu daí a definição de imunidade celular. 
 1890: Emil von Behring e Kitasato, antitoxina da difteria. Demonstram que o soro de animais imunes à difteria 
pode transferir a proteção. Esse componente, antitoxina, era capaz de neutralizar, precipitar toxinas, aglutinar e 
lisar bactérias. Partiu daí a definição de imunidade humoral. 
 1974: Peter Doherty e Rolf Zinkernagel, descoberta da especificidade das respostas imunes mediadas por 
células T (restrição das células T). 
 1989: Tim Mosmann e Robert Kopfman, descoberta dos subtipos de células Th1/Th2, através do perfil de 
citocinas que produzem. 
Arlindo Ugulino Netto; Raquel Torres Bezerra Dantas. 
MÓDULO: MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA II 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
3 
 
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SISTEMA IMUNE E HOMEOSTASIA 
 
 
Os sistemas imune, nervoso e endócrino são considerados os três principais sistemas de contato entre o 
indivíduo e seu meio ambiente. 
 Sistema Nervoso  origem embrionária: ectoderma; células: neurônios; substâncias: neurotransmissores. 
 Sistema Endócrino  origem embrionária: endoderma; substâncias: hormônios. 
 Sistema Imunológico  origem embrionária: mesoderma; células: leucócitos; substâncias: citocinas. 
 
As células do sistema imune, diferentemente das células desses outros dois sistemas, exercem suas funções 
circulando pelas mucosas e tecidos internos e identificando a entrada de moléculas próprias. Essas células utilizam 
como principais vias de entrada as mucosas e tecidos dos vasos sanguíneos e linfáticos, que seriam como estradas de 
acesso aos tecidos. 
 As respostas imunes adquiridas podem ser divididas em três fases: o reconhecimento do antígeno, a ativação 
dos linfócitos e a fase efetora. Todas as respostas imunes são iniciadas pelo reconhecimento do antígeno específico. 
Isso induz a ativação do linfócito que reconhece o antígeno e culmina na instalação de mecanismo efetores que 
medeiam a função fisiológica da resposta, ou seja, a eliminação do antígeno. Depois de eliminado o antígeno, a reação 
imune é atenuada e a homeostase é restaurada. 
 Reconhecimento dos Antígenos: todo indivíduo possui numerosos linfócitos derivados a partir de clones. Cada 
clone origina-se de um precursor único e é capaz de reconhecer e responder a um determinante antigênico 
distinto e, quando o antígeno entra, seleciona um clone específico pré-existente, ativando-o. Em um primeiro 
momento, a linha primordial de defesa imune – imunidade inata – entra em cena por meio de células 
apresentadoras de antígenos (macrófagos), que fagocitam e “digerem” o antígeno patogênico, degradando-o em 
nível de peptídeo (epítopo). Esse mesmo macrófago apresenta o epítopo aos linfócitos por meio do seu MHC. 
 Ativação dos Linfócitos: a ativação dos linfócitos requer dois sinais distintos: o primeiro é o antígeno e o 
segundo, os produtos microbianos ou os componentes das respostas imunes inatas aos micro-organismos. A 
exigência do antígeno (sinal 1) assegura que a resposta imune a seguir seja específica. A exigência de um 
estímulo adicional, desencadeado pelos micro-organismos ou por reações imunes inatas (sinal 2), assegura que 
as respostas imunes sejam induzidas quando necessárias (isto é, contra micro-organismos e outras substâncias 
nocivas), e não contra substâncias inócuas, incluindo os antígenos próprios. As respostas dos linfócitos aos 
antígenos e aos segundos sinais constituem da síntese de novas proteínas, proliferação celular e diferenciação 
em células efetoras e de memória. 
o Síntese de Novas proteínas: os linfócitos começam a transcrever os genes que anteriormente estavam 
silenciosos e a sintetizar uma variedade de novas proteínas (citocinas secretadas que estimulam o 
ArlindoUgulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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crescimento e a diferenciação dos próprios linfócitos e de outras células efetoras; receptores de citocinas; e 
outras proteínas envolvidas na transcrição dos genes e na divisão das células). 
o Proliferação celular: em resposta ao antígeno e aos fatores de crescimento formados pelos linfócitos 
estimulados pelos antígenos e por outras células, os linfócitos antígeno-específico sofrem divisão mitótica. 
Isso resulta em proliferação e aumento de tamanho do clone antígeno-específico, a chamada expansão 
clonal. 
o Diferenciação em células efetoras: parte da progênie de linfócitos estimulados por antígenos diferenciam-se 
em células efetoras, cuja função é a de eliminar o antígeno. As células T auxiliares diferenciadas secretam 
citocinas que ativam outras células. 
o Homeostase – declínio das respostas imunes: ao final de uma resposta imune, o sistema imune retorna ao 
seu estado basal, em grande parte porque a maioria da progênie de linfócitos estimulados por antígenos 
morre por apoptose (morte celular limpa, fisiológica e regulada). Uma grande fração dos linfócitos estimulados 
por antígenos sofrem apoptose, provavelmente porque a sobrevivência desses linfócitos é dependente do 
antígeno, e dos fatores de crescimento induzidos pelo antígeno e, como a resposta imune elimina o antígeno 
que a iniciou, o linfócito fica privado do estimulo essencial para a sobrevivência. 
o Diferenciação em células de memória: parte da progênie dos linfócitos B e T estimulados por antígenos não se 
diferenciam em células efetoras. Em vez disso, tornam-se linfócitos de memória funcionalmente 
quiescentes, que são capazes de viver por longos períodos, aparentemente na ausência de antígenos. 
 
 Fase Efetora das Respostas Imunes – eliminação de antígenos: Durante a fase efetora das respostas 
imunes, os linfócitos que foram ativados especificamente por antígenos executam as funções efetoras que 
induzem a eliminação dos antígenos. Os anticorpos e os linfócitos T eliminam, respectivamente, os micro-
organismos extracelulares e os intracelulares. Essas funções dos anticorpos e das células T exigem, muitas 
vezes, a participação de outras células não-efetoras e de mecanismos de defesa que também operam na 
imunidade inata. Assim, os mesmos mecanismos inatos que proporcionam as linhas de defesa iniciais contra 
agentes infecciosos podem ser usados pela resposta adquirida subsequente para eliminar micro-organismo. De 
fato, como mencionado anteriormente, uma função geral importante das respostas imunes adquiridas é a de 
facilitar os mecanismos efetores da imunidade inata e de focalizar esses mecanismos efetores sobre os tecidos 
e células que contenham antígenos estranhos. A fase efetora, portanto, necessita da participação de vários 
mecanismos de defesa, incluindo o sistema do complemento e os fagócitos, que também atuam na imunidade 
inata. As respostas adquiridas facilitam os mecanismos de defesa da imunidade inata. 
 
 
MECANISMOS INATOS (NÃO-ESPECÍFICOS) 
O sistema inato é composto por todos os mecanismos que defendem o organismo de forma não específica, 
contra um invasor, respondendo da mesma forma, qualquer que ele seja. Constituem as estratégias de defesa mais 
antigas, sendo algumas destas formas encontradas nos seres multicelulares mais primitivos, nas plantas e fungos. 
 
BARREIRAS FÍSICAS 
 A pele é a principal barreira física. A sua superfície lipofílica é constituída de células mortas ricas em queratina, 
uma proteína fibrilar, que impede a entrada de micro-organismos. As secreções ligeiramente ácidas e lípidicas 
das glândulas sebácea e sudorípara criam um microambiente cutâneo hostil ao crescimento excessivo de 
bactérias. 
 O ácido gástrico é uma poderosa defesa contra a invasão por bactérias do intestino. Poucas espécies são 
capazes de resistir ao baixo pH e enzimas destruidoras que existem no estômago. 
 A saliva e as lágrimas contêm enzimas bactericidas, como a lisozima, que destroem a parede celular das 
bactérias. 
 No intestino, as numerosas bactérias da flora normal competem com potenciais patogénios por comida e locais 
de fixação, diminuindo a probabilidade de estes últimos se multiplicarem em número suficiente para causar uma 
doença. É por isso que o consumo de demasiados antibióticos orais pode levar à depleção da flora benigna 
normal do intestino. Com cessação do tratamento, espécies perigosas podem multiplicar-se sem competição, 
causando, posteriomente, diversas doenças. 
 O muco é outra defesa, revestindo as mucosas. Ele sequestra e inibe a mobilidade dos corpos invasores, sendo 
a sua composição hostil para muitos micro-organismos. Além disso, contém anticorpos do tipo IgA. 
 
FAGÓCITOS 
Os fagócitos são as células, como neutrófilos e macrófagos, que têm a capacidade de estender porções 
celulares (pseudópodes) de forma direcionada, englobando uma partícula ou micro-organismo estranho. Este 
microrganismo é contido num vacúolo, o fagossoma, que depois é fundido com lisossomas, vacúolos ricos em enzimas e 
ácidos, que digerem a particula ou organismo. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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Os fagócitos reagem a citocinas produzidas pelos linfócitos, mas também fagocitam, ainda 
que menos eficazmente, de forma autónoma sem qualquer estimulação. Naturalmente esta forma de 
defesa é importante contra infecções bactérianas, já que virus são demasiado pequenos e a maioria 
dos parasitas demasiado grandes para serem fagocitados. A fagocitose também é importante na 
limpeza dos detritos celulares após infecção ou outro processo que leve a morte celular nos tecidos. 
No entanto os fagócitos morrem após algumas fagocitoses, e se o número de invasores e de detritos 
for grande, poderão ambos, fagócitos e bactérias, ficarem presos num liquido pastoso e rico em 
proteínas estruturais, que se denomina pús. 
Além disso, estas células produzem radicais livres, formas altamente reativas de oxigênio, 
que danificam as bactérias e outros invasores, além dos tecidos a sua volta. 
 Neutrófilos: são granulócitos, fagocíticos móveis, o mais abundante e é sempre o primeiro a 
chegar ao local da invasão e sua morte no local da infecção forma o pus. Eles ingerem, 
matam e digerem patógenos microbianos. São derivados dos mastócitos e basófilos. 
 Macrófago: célula gigante, sendo forma madura do monócito, tem capacidade de fagocitar e 
destruir micro-organismos intracelulares. A sua diferenciação é estimulada por citocinas. É 
mais eficaz na destruição dos micro-organismos, tem vida longa ao contrário do neutrófilo. 
São móveis e altamene aderentes quando em atividade fagocítica. Macrófagos 
especializados incluem: células de Kupffer (fígado), células de Langerhans (pele) e micróglias 
(Sistema Nervoso Central). 
 Basófilo e Mastócito: são granulócitos polimorfonucleados que produzem citocinas em defesa 
contra parasitas, também são responsáveis pela inflamação alégica mediadas por IgE. 
 Eosinófilo: São granulócitos polimorfonucleados que participam na defesa contra parasitas 
também participando de reações de hipersensibilidade via mecanismo de citotoxidade. 
Envolvido em manifestações de alergia e asma, via espeficidade por antígeno IgE. 
 
SISTEMA COMPLEMENTO 
O sistema complemento é um grupo de proteínas produzidas pelo fígado, presentes no sangue. Elas 
reconhecem e ligam-se a algumas moléculas presentes em bactérias (via alternativa), ou são ativados por anticorpos 
ligados a bactérias (via clássica). Então se inserem na membrana celular do invasor e criam um poro (chamdo de MAC, 
ou Complexo de Ataque a Membrana), pelo qual entra água excessiva, levando à lise (rebentamento osmótico da 
célula). 
Outras proteínas não específicas incluem a proteína C-reactiva, que também é produzida no fígado e se liga a 
algumas moléculas comuns nas bactérias mas inexistentes nos humanos, ativando o complemento e a fagocitose. 
 
RESPOSTA INFLAMATÓRIA 
A respostainflamatória é fundamentalmente uma reação inespecífica, apesar de ser na prática controlada pelos 
mecanismos específicos (pelos linfócitos). Caracteriza-se por cinco sintomas e sinais, definidos na antiguidade greco-
romana: calor, rubor, tumor (edema), dor e em último caso (crôcicos) perda da função. 
A inflamação é desencadeada por fatores libertados pelas células danificadas, mesmo se por danos mecânicos. 
Esses mediadores (bradicinina, histamina) sensibilizam os receptores da dor, e produzem vasodilatação local (rubor e 
tumor), mas também atraem os fagócitos, principalmente neutrófilos (quimiotaxia). Os neutrófilos que chegam primeiro 
fagocitam invasores presentes e produzem mais mediadores que chamam linfócitos e mais fagócitos. Entre as citocinas 
produzidas, as principais são InterLeucina 1 (IL-1) e TNF (Fator de necrose Tumoral). 
 
 
MECANISMOS ADAPTATIVOS OU ADQUIRIDOS (ESPECÍFICOS) 
 Todo o sistema específico se concentra na capacidade das células imunitárias distinguirem proteínas produzidas 
pelas células do próprio corpo (antigénio "self" - ou seja do próprio organismo), e proteínas produzidas por invasores ou 
pelas células humanas sob o controle de vírus (antigénio "non-self" - ou seja, que não é reconhecido como sendo do 
próprio organismo). Esta distinção é feita através de receptores, os TCR (T-cell receptors) ou BCR (B cell receptors que 
são anticorpos presos à membrana). Estes receptores, TCR ou BCR, para serem eficazes têm de ser produzidos com 
milhões de conformações. De outro modo não se ligariam a muitos tipos de proteínas de invasores, e não os 
reconheceriam. 
Muitos dos TCR e BCR assim gerados vão reagir com péptidos próprios. Uma das funções do Timo e Medula 
óssea é manter os jovens linfócitos sequestrados até que seja possível determinar quais reagem com moléculas do 
próprio organismo. Essa função é feita por células especializadas desses orgãos que apresentam aos linfócitos jovens 
moléculas produzidas por elas (e, portanto, próprias). Todos os linfócitos que reagem a elas são destruídos, e apenas 
aqueles indiferentes a própria (mais possivelmente reativos a não-próprios) são largados na corrente sanguínea. 
Os linfócitos que não reagem a própria são milhões, cada um com milhões de configurações possíveis de 
receptores e haverá inclusive vários, cada um com receptor para zonas diferentes de cada proteína microbiana possível. 
A esmagadora maioria dos linfócitos nunca encontra uma proteina para a qual o seu receptor seja específico. Aqueles 
poucos que a encontram, são estimulados e multiplicam-se. São geradas células efetoras com o receptor específico 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
6 
 
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(produtoras de anticorpos ou citotóxicas, ou ainda coordenadoras) e células memória. As células de memória são 
quiescentes, têm vida longa e são capazes de reconhecer esse antígeno mesmo muito depois, multiplicando-se em 
maior numero e respondendo mais rapidamente a infecções futuras. 
 
LINFÓCITOS B E PRODUÇÃO DE ANTICORPOS 
 Os linfócitos B possuem um BCR (IgD e IgM), que é em tudo semelhante ao anticorpo, mas está preso na 
membrana. Os linfócitos B concentram-se nos gânglios linfáticos, onde filtram a linfa, à espera de uma molécula que seja 
não-self e reaja especificamente com o seu receptor aleatório. Para cada molécula possível há vários linfócitos 
específicos. Logo, assim que haja uma ligação específica antigênio-receptor e se o linfócito for estimulado 
simultaneamente por citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4
+
 (reguladores ou Helper), eles multiplicam-se e 
diferenciam-se em plasmócitos e em células-memória. Estas, se a infecção se repetir muitos anos depois, podem iniciar 
a reposta mais rapidamente. Os plasmócitos produzem então grandes quantidades BCR solúvel e não preso à 
membrana, ou seja, anticorpos específicos para aquela molécula. 
Os anticorpos são assim proteínas receptoras livres no sangue, que são específicas e se ligam à molecula não-
self e possivelmente invasora. Os anticorpos podem assim ligar-se a antígenos na superfície de bactérias, vírus ou 
parasitas. Eles os eliminam de várias formas. Podem neutralizar o invasor diretamente (cobrindo a superficie de um vírus 
e impedindo-o de se ligar aos seus receptores nas células, por exemplo); atrair fagócitos (que reconhecem e são 
estimulados por eles); ativar o sistema complemento de forma a lisá-los; ou ainda estimular as células citotóxicas 
(assassinas) para destruírem as células identificadas pelo anticorpo. 
Há vários tipos de anticorpos: IgM é sempre o primeiro tipo a ser produzido; IgG é o principal grupo de anticorpos 
sanguíneos e há vários subtipos, aparece mais tarde que IgMs, e têm maior afinidade após hipermutação; os IgAs são 
anticorpos secretados para as mucosas, como intestino, genitais e bronquios; as IgE têm funções de luta contra 
parasitoses; os IgD estimula o sistema imunitário. 
 
LINFÓCITO T E CITOTOXICIDADE 
Os Linfócitos T CD8
+
 são os linfócitos citotóxicos ou também chamado de Killers. Eles têm cada um, um tipo de 
receptor específico nas suas membranas, gerado aleatóriamente numa fase de recombinação genética do seu 
desenvolvimento, denominado de TCR (T-cell receptor, semelhante aos anticorpos da célula B, mas de localização 
membranar). Esses receptores se ligam a outros que todas as células humanas possuem (complexo MHC I), e que 
apresentam peptídios (fragmentos de proteínas) que elas estejam a produzir à superficie da célula. No caso que os 
complexos MHC I (Complexo de Histocompatibilidade) - péptido seja reconhecidos por uma célula T CD8
+
, esta última 
desencadeará a morte da célula que apresenta o péptido atravéz de enzimas citolíticas chamadas de perfurinas e 
granzimas que induzem a apoptose da célula alvo por desequilíbrio osmótico. 
Todos os linfócitos T CD8
+
 que têm receptores que reagem a substâncias do próprio corpo morrem durante o 
seu "estágio" no timo. Quando o linfócito T CD8
+
 reconhece um antígeno não-self com o seu receptor numa molécula 
MHC classe I de uma célula do organismo, ele liberta substâncias (perforina) que criam um poro na membrana, lisando 
(rompendo osmoticamente) a célula, ou então libertam mediadores (granzima) que induzem a célula a iniciar a apoptose 
(morte celular programada). Há milhões de linfócitos CD8
+
 em circulação no organismo, cada um com receptores 
aleatórios para todos os péptidos possiveis não-self. Normalmente o linfócito T CD8
+
 só destroi as células se for 
estimulado por citocinas dos linfócitos T CD4
+
 (reguladores). Se um linfócito T CD8
+
 com determinado receptor for 
estimulado dessa forma, ele divide-se em mais células citotóxicas e um pequeno grupo de células quiescentes e de 
longa esperança de vida, as células memória, manter-se-ão em circulação (entre o sangue e os gânglios linfáticos). 
Estas células de memória podem ser ativadas mais tarde de uma forma mais eficiente, mais rápida e 
independentemente da presença de citocinas produzidas pelos linfócitos CD4
+
, após reconhecimento do péptido para o 
qual são específicas apresentado por uma molécula de MHC classe I. 
 
FAGÓCITOS 
Apesar de os fagócitos serem um mecanismo inato, já que respondem a qualquer corpo estranho, eles também 
são efetores de primeira linha das decisões dos linfócitos. 
 Os fagócitos, especialmente os macrófagos, respondem a citocinas geradas pelos linfócitos (IL-1). Os monócitos 
são os precursores dos macrófagos e eles transformam-se em macrófagos se estimulados por citocinas dos T4. Além 
disso, são atraídos por outras citocinas e fatores libertados de células em locais de infecção activa. 
Se estimulados apropriadamente pelas citocinas libertadas de forma localizada e controlada pelos linfócitos T4, 
os macrófagos libertam suficientes quantidades de enzimas e radicais livres para destruir totalmente uma região 
localizada, matando ambos invasores e células humanas. 
Além disso, sob controle dos linfócitos, os macrófagos são responsáveispor algumas reações imunológicas 
específicas como o granuloma e o abcesso. O granuloma ocorre na invasão por micobactérias e fungos, sendo o 
exemplo mais célebre a tuberculose. É uma reação ordenada por citocinas dos T4, quando há infecção intracelular dos 
próprios fagocitos. De forma a impedir a disseminação pelo sangue do invasor dentro dessas células móveis, os 
linfócitos T4 secretam citocinas que chamam mais macrófagos, e os tornam mais resistentes à infecção ("alerta de 
bactéria endocelular"). 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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Vale lembrar também que as citocinas provocam a adaptação pelos macrófagos de morfologia epitelial em volta 
do núcleo da invasão, com numerosas camadas de células imobilizadas ligadas por conexões impermeáveis, de forma a 
sequestrar o invasor. 
 
 
FILOGENIA DO SISTEMA IMUNE 
 No que diz respeito à escala evolutiva, o Sistema Imune Inato (sistema fagocitário) é muito mais antigo que o 
Sistema Imune Adquirido (sistema linfoide). A grosso modo, desde o surgimento dos invertebrados, já apresentavam 
células fagocitárias. A partir do surgimento de peixes cartilaginosos, viu-se o surgimento do sistema linfoide e dos órgãos 
linfoides. 
 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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IMUNOLOGIA: CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE 
 
 As células que estão envolvidas nas respostas imunes adquiridas são os linfócitos antígeno-específicos, células 
acessórias especializadas que participam na ativação dos linfócitos, e células efetoras que atuam na eliminação de 
antígenos. 
As células do sistema imune estão, normalmente, circulando no sangue e na linfa, como coleções definidas 
anatomicamente nos órgãos linfoides e como células dispersas em virtualmente todos os tecidos. A organização 
anatômica dessas células e sua capacidade para circular e permutar entre sangue, linfa e tecidos têm importância 
essencial para a geração das respostas imunes. 
 
HEMATOPOIESE 
Hematopoiese é o processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos do sangue (eritrócitos, 
plaquetas e leucócitos) a partir de um precursor celular comum e indiferenciado conhecido como célula hematopoiética 
pluripotente, ou célula-tronco, unidade formadora de colônias (UFC), hemocitoblasto ou stem-cell. As células-tronco que 
no adulto encontram-se na medula óssea são as responsáveis por formar todas as células e derivados celulares que 
circulam no sangue. 
A hematopoiese é função do tecido hematopoiético, que aporta a celularidade e o microambiente tissular 
necessários para gerar os diferentes constituintes do sangue. No adulto, o tecido hematopoiético forma parte da medula 
óssea e ali é onde ocorre a hematopoiese normal. A medula óssea é o órgão mais importante da gênese das mais 
diversas células sanguíneas pois lá estão as células-tronco que dão origem a células progenitoras de linhagens 
mielocíticas, linfocítica, megacariócitos e eritroblastos. 
 
 
As células-tronco são as células menos diferenciadas responsáveis pela formação dos elementos figurados do 
sangue; as células-tronco dão origem às células progenitoras cuja progênie são as células precursoras. 
 Todas as células do sangue originam-se das células-tronco hematopoéticas pluripotentes (CTHP), ou stem 
cell, que passará a sofrer sucessivas mitoses e que participará de um processo de diferenciação para dar origem 
as duas principais linhagens: a mieloide e a linfoide. 
 Depois de sucessivas divisões celulares, originam-se mais CTHPs e dois tipos de células-tronco 
hematopoiéticas multipotentes (CTHM): a unidade formadora de colônias do baço (CFU-S) – antecessoras 
das linhagens de células mieloides (hemácias, granulócitos, monócitos e plaquetas) – e a unidade formadora 
de colônia-linfócito (CFU-Ly) – antecessoras das linhagens de células linfoides (linfócitos T e linfócitos B). 
Estas unidades formarão as células progenitoras. 
 As células progenitoras são unipotentes (estão comprometidas a formação de uma única linhagem celular) e 
têm uma capacidade limitada de auto-renovação. 
 As células precursoras originam-se das células progenitoras e não tem capacidade de auto-renovação. Com o 
avanço da maturação e diferenciação celular, passando por estágios intermediários em que células 
sucessivamente tornam-se menores, os nucléolos desaparecem, a malha da cromatina fica mais densa, e as 
características citoplasmáticas aproximam-se mais de células maduras (induzidos por citocinas). Estas células 
passam por uma série de divisões e diferenciações até se transformarem em uma célula madura. Todas as 
células amadurecem na medula e são lançadas na corrente, com exceção dos linfócitos T, que se originam na 
medula, mas amadurecem e se diferenciam no timo, para só depois cair na circulação. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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CITOCINAS 
As citocinas são mediadores celulares do sistema imunitário que permitem às células comunicar entre si e com 
outras de outros orgãos. São um sistema incrivelmente complexo e inteligente ainda pouco conhecido. Algumas 
citocinas mais importantes: 
 IL-1: produzidas e liberadas aquando de infecções. Produzem nos centros cerebrais regulatórios febres, 
tremores, calafrios e mal-estar; promovem a inflamação, estimulam os linfócitos T. A sua ação é responsável por 
estes sintomas comuns na maioria das doenças. No cérebro há libertação de prostaglandina E2, que estimula o 
centro da temperatura, aumentando a sua configuração. A aspirina inibe a formação da prostaglandina (bloqueia 
a enzima que a produz) e é por isso que diminui a febre e mal estar nas afecções virais. 
 IL-2: Estimula a multiplicação dos linfócitos T e B. Antes chamada de Fator de proliferacao de Linfócitos. 
 IL-3: Estimula o crescimento e a secreção de histamina. 
 IL-4: Estimula multiplicação dos linfócitos B; produção de anticorpos, resposta do tipo TH2. 
 IL-5: Estimula multiplicação e diferenciação de linfócitos B; produção de IgA e IgE, alergias. 
 IL-6: Estimula a secreção de anticorpos. 
 IL-7: Induz a diferenciação em células B e T progenitoras. 
 IL-8: Quimiocina;induz a adesão ao endotélio vascular e o extravazamentoaos tecidos. 
 IFN-alfa: Interferon. Ativa as células em estado de "alerta viral". Produção diminuida de proteínas, aumento de 
enzimas antivirais (como as que digerem a dupla hélice de RNA tipica dos virus) e aumentam também a 
apresentação de péptidos internos nos MHC I aos linfócitos. Estimula os linfócitos NK e T8. 
 IFN-gama: Ativa os macrófagos, tornando-os mais eficientes e agressivos; promove a inflamação, e estimula a 
resposta TH1, inibindo a TH2. 
 TNF-alfa: Induz a secreção da citocina e é responsável pela perda extensiva de peso associada com inflamação 
crônica. 
 TNF-beta: Ativa os fagocitos. Estimula a resposta citotoxica (TH1). 
 
 
CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO 
Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula age de acordo 
com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão 
(inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroem 
substâncias que neutralizam os “invasores” ou neutralizam substâncias liberadas por eles. As células estão 
organizadas nos seguintes grupos: 
 Sistema Fagocitário Mononuclear 
 Sistema Granulócito Polimorfonucleares 
 Sistema Linfocitário 
 Sistema de Células Dendríticas (Células Apresentadoras Profissionais) 
 
SISTEMA FAGOCITÁRIO MONONUCLEAR 
 Dessa família fazem parte células (monócitos e macrófagos) cujas características são: núcleo de morfologia 
única e capacidade de fagocitar partículas, degradá-las e expressá-las, na membrana, na forma de pequenos 
peptídeos associados a moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC do inglês, major 
histocompatibility complex). Além de realizar fagocitose eopsonização, os macrófagos podem apresentar efeito 
citotóxico sobre células tumorais mediado pelo mecanismo de ADCC. 
1. Monócitos: Os monócitos estão presentes no sangue, constituindo-se de 3 a 8 % dos leucócitos circulantes. 
Participam da formação dos granulomas (tuberculose, lepra, filariose). O granuloma nada mais é que o 
antígeno rodeado por uma barreira de monócitos durante o processo de defesa. Realizam um mecanismo 
denominado citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC), que é um mecanismo da 
imunidade inata. 
2. Macrófagos: São células teciduais e de grande poder fagocítico derivadas dos monócitos. Dentre suas 
principais funções na imunidade destaca-se: Apresentação de antígenos (MHC-II); Células de limpeza; 
Produção de citocinas inflamatórias e regulatórias. Podem ser encontradas: no SNC (Micróglia); no Fígado 
(Células de Kupppfer); na pele (Células de Langehans); no Pulmão (Macrófagos Pulmonares). 
 
SISTEMA GRANULÓCITO POLIMORFONUCLEARES 
 Fazem parte dessa família as células que têm como características comuns: a presença de grânulos no 
citoplasma, que apresentam diferentes afinidades por corantes ácidos e básicos, e um núcleo multilobulado (2-4 lóbulos) 
ou segmentado. Essas células, presentes, sobretudo, no sangue e nas mucosas, são os neutrófilos, os eosinófilos e 
os basófilos. 
1. Basófilos: apresentam núcleo em forma irregular sem a divisão em lóbulos e grânulos com afinidade por 
corantes básicos (se coram em azul-violeta). Sua principal função é a liberação de diferentes mediadores, 
como a histamina (associada à heparina), os leucotrienos, as prostaglandinas e serotonina. O basófilo é uma 
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célula típica do sangue, sendo o mastóctio a célula que exerce funções similares às do basófilo nas mucosas 
e no tecido conjuntivo. 
2. Neutrófilos: apresentam núcleo segmentado em 2 a 5 lóbulos e grânulos que não tem afinidade seletiva para 
corantes básicos ou ácidos. São, portanto, células inflamatórias que chegam mais rapidamente ao local da 
injúria. É a classificação leucocitária mais populosa (65%). Têm como funções: Fagocitose; Liberação de 
Mediadores (mieloperoxidase, fosfatase ácida e alcalina, colagenase e citocinas). 
3. Eosinófilos: apresentam núcleo bilobulado e grânulos que tem afinidade por corantes ácidos, como a eosina, 
apresentando coloração avermelhada. O seu percentual entre os leucócitos no sangue é de 3%. Apresentam 
diminuída atividade fagocitária e como têm como principal função: Proteína Básica Principal (MBP); 
Peroxidase Eosinofílica; muito presentes em processos alérgicos em infecções parasitárias. Sua função 
principal é a realização de mecanismo denominado citotoxicidade celular dependente de anticorpos 
(ADCC), que é um mecanismo da imunidade inata. 
 
SISTEMA LINFOCITÁRIO 
 Há dois tipos principais de linfócitos clássicos: os linfócitos T (LT) e os linfócitos B (LB). Os linfócitos T podem ser 
de dois tipos: linfócitos T auxiliares (LTh CD4) e linfócitos T citotóxicos (LTc CD8). Os LTh atuam ativando outras células 
para exercer suas funções: 
 Os macrófagos ativam a capacidade fagocítica e a produção de moléculas (monocinas e outras); 
 Os LB induzem a maturação fazendo que se tornem plasmócitos, secretando anticorpos, ou LB de memória; 
 Os LTc induzem a atividade citotóxica contra células tumorais e infectadas por vírus e outros parasitas 
intracelulares. 
 
Portanto, tem-se como células do sistema linfocitário: 
1. Linfócitos T (LT): Apresentam um mecanismo de ativação onde fazem parte os receptores de células T (TCR), 
responsável por reconhecer o complexo MHC-peptídeo, expresso nas células apresentadoras de antígenos. 
Podem ser do tipo T citotóxico (CD8) ou T auxiliar (CD4, também chamado de helper). 
2. Linfócitos B (LB): Apresentam receptores de células B (BCR). Quando produzem imunoglobulinas ou 
anticorpos são chamadas de plasmócitos (principal produtor de anticorpos, em que há uma diferenciação e 
amadurecimento do LB, com o aumento e desenvolvimento de suas organelas). O antígeno tem a função de se 
ligar e neutralizar o anticorpo ou a função de facilitar a fagocitose desse anticorpo (opsonização). 
 
OBS
1
: O TCR é um receptor altamente específico com função de 
reconhecer o complexo peptídeo MHC, por meio da resposta 
adquirida. Além do TCR, há moléculas presentes na membrana do 
linfócito que tem com função permitir uma co-estimulação, que são do 
tipo CD (grupo de diferenciação), sendo elas CD8 ou CD4. Essas 
moléculas servem como característicos marcadores fenotípicos de 
cada respectivo linfócito: O LTc está marcado com CD8 e o LTh com 
o CD4. Quando uma célula APC (Célula Apresentadora de Peptídeo), 
como uma célula dendrítica, fagocita um antígeno, esta metaboliza o 
mesmo até degradá-lo a moléculas de peptídeo. Para degradá-lo totalmente, a APC necessita da ação de um linfócito. 
Simultaneamente à degradação do antígeno, outra organela sintetiza um receptor de membrana (MHC) e o une ao 
peptídeo. Em sua membrana, a APC expõe o complexo peptídeo-MHC aos linfócitos T, que por meio de seu receptor 
TCR, reconhece o peptídeo antigênico via MHC. Outras moléculas, como o CD8 ou CD4 (em outra célula), amplia essa 
avidez de reconhecimento da célula. 
OBS²: De um modo geral, o linfócito T citotóxico (com CD8 na membrana) tem a capacidade de promover ação sobre 
peptídeos intracelulares, uma vez que ele libera enzimas chamadas perfurinas que perfuram a membrana da APC para 
liberar nela outras enzimas presentes em seu citoplasma chamadas de granzimas, que penetram pelos poros 
produzidos pela perfurina para desempenhar uma citotoxicidade. Quando células estão infectadas por proteínas 
estranhas (como as tumorais), é necessária a sua morte completa, sendo importante a ação direta do LTc e de suas 
enzimas. Já os LTh reconhecem o complexo MHC-peptídeo vindo da APC, mas respondem a ameaças de naturezas 
extracelulares: parasitose, bactérias extracelulares, etc. 
OBS³: Na resposta imune adaptativa, em alguns casos, ao reconhecer o 
complexo MHC-peptídeo, o linfócito T libera citocinas que ativa o LB, o qual se 
diferencia em plasmócito, capaz de produzir imunoglobulinas (anticorpo) que 
neutralizam antígenos. 
OBS
4
: Opsonina é qualquer fator que auxilia a fagocitose de antígenos por 
células fagocitárias, como o próprio anticorpo funciona. Esse processo de 
facilitação é chamado de opsonização. Opson é uma palavra grega que 
significa condimento, tempero, molho, ou seja, algo que facilite a digestão. Uma 
das mais importantes opsoninas provém do complemento: a C3b. 
 
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3. Células Natural Killers (NK Cells): As células assassinas naturas (NK – de, natural killer), são semelhantes 
aos linfócitos, mas não apresentam TCR. São de natureza linfoide mas não tem a especificidade dos linfócitos T 
e B, não fazendo parte então da resposta imune adquirida, mas sim, da resposta inata. Tem como funções a lise 
de células infectadas por vírus, de células tumorais; citotoxicidade celular dependente do anticorpo. Essa 
citotoxicidade se dá por meio do mecanismo da ADCC em que, devido a sua baixa capacidade de fagocitose, há 
a liberação de mediadores celulares, ocorrendo uma fagocitose frustrada (uma vez que ela tenta fagocitar, mas 
por não conseguir, libera esses mediadores químicos). Esse processo ocorre quando o antígeno se liga ao 
anticorpo. 
 
SISTEMA DE CÉLULAS DENDRÍTICAS 
 Essas células são assim chamadas porque apresentam expansões citoplasmáticas em forma de dendritos, 
assim como os neurônios. Apresentam como principal função a fagocitose e a apresentação de antígenos na sua 
membrana. As primeiras células dendríticas identificadas foram as células de Langerhans da epiderme. 
 Acredita-se que essas células migram da pele para os linfonodos regionais e baço, onde ocupam locais 
diferentes e desempenham funções distintas. As células dendríticasque ficam nos folículos linfoides, onde as células 
predominantes são LB, são encontradas sob o epitélio da maioria dos órgãos. Sua função é a captura de antígenos 
estranhos e seu transporte para os órgãos linfoides secundários. 
 
OBS
5
: ADCC: quando ocorre a infecção por microrganismos, já sabemos que ocorrerá um processo de reação em que 
anticorpos serão liberados para realizar a opsonização, ocorrendo assim maior facilidade de fagocitose do agente 
invasor. Contudo, se este for muito grande, as células efetoras como os macrófagos produzirão fatores de morte 
intracelular (como o NO, O2
-
, OCl
-
: intermediários reativos do O2 e N2). Ocorre, assim, um processo de morte do 
microrganismo. As células NK passam a secretar substancias como perfurinas e granzimas, causando a morte do 
microrganismo por apoptose. 
 
 
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IMUNOLOGIA: ÓRGÃOS DO SISTEMA IMUNE 
 
As células do sistema imune estão organizadas em tecidos ou órgãos linfoides. 
Essas estruturas são denominadas linfoides porque as células que predominam no 
estroma são linfócitos; no entanto, outras células do sistema imune (macrófagos, células 
dendríticas e polomorfonucleares) e de outros sistemas (células epiteliais, endoteliais, 
fibroblastos) estão presentes, nesses órgãos, em menor proporção. 
 Os órgãos linfoides, de acordo com sua função, podem ser classificados em 
primários (geram e amadurecem células do sistema imune) ou secundários (local onde 
ocorre a reposta imune: encontro do antígeno com o anticorpo). Vale ressaltar que, uma 
célula é caracterizada fenotipicamente amadurecida quando apresenta seus marcadores 
celulares (como o TCH para o LT e BCH para o LB). Para isso, essas células precisam ser 
amadurecidas nos órgãos linfoides primários. 
 Órgãos linfoides primários: os linfócitos passam por processos de maturação e 
diferenciação. Os principais órgãos linfoides primários nos mamíferos são: a 
medula óssea e o timo. 
 Órgãos linfoides secundários: são os linfonodos (ou gânglios linfáticos), o baço, 
a própria medula óssea e os tecidos linfoides associados à mucosa (MALT, 
mucosal-associated lymphoid tissue). 
 
 
 
ÓRGÃOS LINFOIDES PRIMÁRIOS 
 
MEDULA ÓSSEA 
 A medula óssea, popularmente 
conhecida como "tutano", é um tecido 
gelatinoso que preenche a cavidade 
interna de vários ossos e fabrica os 
elementos figurados do sangue periférico 
como: hemácias, leucócitos e plaquetas. 
A medula óssea é constituída por um 
tecido esponjoso mole localizado no 
interior dos ossos longos. É nela que o 
organismo produz praticamente todas as 
células do sangue: glóbulos vermelhos 
(Eritrócitos), glóbulos brancos 
(Leucócitos) e plaquetas (Trombócitos). 
Estes componentes do sangue são 
renovados continuamente e a medula 
óssea é quem se encarrega desta 
renovação. Trata-se portanto de um 
tecido de grande atividade evidenciada 
pelo grande número de multiplicações 
celulares. 
 No início da gestação, a 
hematopoiese é função do saco 
vitelínico. Semanas depois, o processo 
de geração das células do sangue passa 
a ser função do baço e fígado, para só 
depois, assumir a medula óssea repleta 
de steam cells. Ao nascer, a 
hematopoise acontece principalmente 
em nível da medula óssea. 
 
 
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TIMO 
 O timo é um órgão linfático bilobulado que está localizado na porção 
anterossuperior da cavidade torácica. Limita-se, superiormente pela traqueia, 
a veia jugular interna e a artéria carótida comum, lateralmente pelos pulmões 
e inferior e posteriormente pelo coração. 
 Os lobos timicos são revestidos por uma cápsula de colágeno frouxo, 
que invade o interior do órgão, delimitando estruturas denominadas lóbulos. 
Esses lóbulos são formados por duas regiões distintas: a cortical e a 
medular. Na intersecção entre essas duas regiões, delimita-se a junção 
corticomedular. 
 No ambiente lobular, pelo contato com células do epitélio tímico, 
macrófagos e células dendríticas interdigitantes, percusores dos linfócitos T 
oriundos da medula óssea (denominados timócitos) são submetidos aos 
processos de maturação, seleção e diferenciação. 
 Durante o processo de maturação, os timocitos passam a expressar 
receptores específicos de antígenos (TCR, do inglês, T cell receptor) e outras 
moléculas, denominadas co-estimuladoras (CD3, CD4 e CD8), importantes 
nos mecanismos de ativação dessas células. 
O timo, que apresenta como função principal a maturação do LT, 
possui uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado que dele 
partem septos que dividem os lobos em lóbulos. Cada lóbulo do timo é 
constituído por córtex e medula. 
 Córtex: é composto por um grande numero de linfócitos T (timócitos) que migram da medula óssea para a 
periferia do córtex, onde proliferam-se intensamente e tornam-se imunocompetentes. Além disso, o córtex possui 
macrófagos e células reticulares epiteliais. 
 Medula: caracteriza-se pela presença dos corpúsculos de Hassall (tímicos), que consiste no conjunto de 
células dendríticas e epiteliais dispostas de forma espiral. Todos os timócitos da medula são células T 
imunocompetentes. A função dos corpúsculos tímicos pode ser associada ao local de morte dos linfócitos T da 
medula. Encontra-se também, nessa região, vasos linfáticos e sanguíneos. 
 
A partir do momento em que os timócitos expressam os receptores de antígenos na membrana, esses são 
selecionados de acordo com a afinidade e o tipo de moléculas que reconhecem. Durante o processo de seleção, os 
timócitos passam pelo processo de diferenciação e se tornam LT auxiliares (LTh) ou LT citotóxico (LTc). 
 
OBS
1
: O linfócito T imaturo é marcado com CD44+. É por meio desse marcador que o mesmo é reconhecido para entrar 
no timo. Vale ressaltar também que todo LT, quando maduro, apresenta o CD3, ou seja, quando ele é citotóxico, 
apresenta CD3 e CD8, e quando ele é auxiliar, CD3 e CD4. 
 
MECANISMO DE MATURAÇÃO DO LT 
Os precursores dos linfócitos T (células CD44+), provenientes da medula óssea, chegam ao timo e, sob a 
influencia de fatores quimiotáticos derivados do epitélio tímico, instalam-se na região logo abaixo da cápsula (região 
subcapsular) e à medida que se tornam maduros, migram do córtex para a medula. A transição através dos vasos ocorre 
provavelmente pela associação da molécula CD44, presente nos precursores de LT, a moléculas de hialuronato. 
Durante a migração no timo, as células são submetidas aos efeitos de hormônios tímicos (timopoetina, tomisina-
α1 e timosina-β4, timulina e fator tímico humoral) e citocinas (IL-1, IL-2, IL-4 e IL-7) produzidos por células epiteliais 
tímicas e passam a proliferar e expressar moléculas de membrana. 
Quando chegam da medula óssea, essas células precursoras não apresentam moléculas de membrana típicas 
de LT, ou sejam CD3- CD4- CD8- (triplo negativas). As citocinas IL-7 e IL-2 parecem ser importantes na proliferação 
dessa população de timócitos imaturos, que dão origem a células CD3+ CD4+ CD8+ (triplo-positivas). Durante o 
progresso de maturação, as células CD3- CD4- CD8- deixam de expressar CD44 e passam a expressar CD25, o que as 
leva a proliferar sob estímulo da IL-2 (fator de crescimento LT). 
Além disso, temos dois tipos de TCR conhedicos: 
 TCR-1: apresenta uma cadeia gama (γ) e outra delta (δ) 
 TCR-2: apresenta uma cadeia alfa (α) e outra beta (β), mais comum no sistema linfático. 
 
As células que expressam TCRγδ maturam antes das que expressam TCRαβ e são menos dependente do timo, 
podendo maturar em locais extratímicos. O TCR, como sabemos, é o receptor de LT que reconhece moléculas do 
complexo de histocompatibilidade (MHC) de classe I ou II associadas a antígenos peptídicos. No entanto, enquanto o 
TCR-2 reconhece o MHC-peptídeo, o TCR-1, além destes complexos, reconhece fosfoaçúcares, fosfoésteres e outros 
antígenos não proteicos. De acordo com a capacidade dos linfócitos T (expressam TCR-2) emreconhecer complexos 
MHC-peptídeos, eles são selecionados e essa seleção é realizada em duas fazes: seleção positiva e seleção negativa. 
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 Seleção positiva: à medida que os timócitos entram em contato com células epiteliais do córtex tímico (que sintetizam 
moléculas do MHC próprias associadas com peptídeos próprios oriundos das membranas celulares ou dos líquidos 
corporais), eles são selecionados com a avidez dos seus TCRs pelos complexos MHC-peptídeo. Os timócitos que 
apresentam TCR com um limite mínimo de avidez por esses peptídeos próprios são selecionados positivamente, ou 
seja, sobrevivem. Os que apresentam uma avidez alta morrem por apoptose para que, ao chegarem ao sistema, não 
ataquem células do próprio organismo. Durante a seleção positiva, os LT CD3+ CD4+ CD8+ cujos TCR reconhecem o 
complexo MHC classe I-peptídeo passam a expressar CD8 porque essa molécula adere à molécula de classe I e um 
sinal é emitido nos sentidos do CD4 deixar de ser expresso e essas células tornam-se linfócitos T citotóxicos 
(CD3+CD8+). Da mesma forma, nos LT cujos TCRs reconhecem MHC classe II-peptídeo, a molécula CD4 adere à 
molécula de classe II e um sinal é emitido para que a CD8 deixa de ser expressa, e essas células tornam-se linfócitos 
T auxiliares (CD3+CD4+). 
 Seleção Negativa: os linfócitos que sobrevivem na fase de seleção positiva passam pela seleção negativa. Esse tipo 
de seleção pode ocorrer pelo contato dos TCRs dos timócitos com peptídeos apresentados tanto pelas células 
epiteliais tímicas quanto pelos macrófagos e células dendríticas interdigitantes. Nessa seleção, os TCRs que 
reconhecem com alta afinidade os complexos MHC classe I ou II e peptídeos morrem por apoptose; os que 
reconhecem com média afinidade, sobrevivem. Portanto, os timócitos CD4+CD8+ selecionados apresentam TCR que 
reconhece com média afinidade complexos formados pelas proteínas MHC classe I ou II associadas com peptídeos. 
Após o processo seletivo, essas células migram, pelos vasos sanguíneos e linfáticos presentes na região medular, 
para os órgãos linfoides secundários onde ocuparão regiões especificas de linfócitos T, denominadas regiões timo-
dependentes ou T-dependentes. 
 
 
No timo, portanto, há também um ensinamento ao linfócito T quanto à composição de peptídeos estranhos e 
próprios do organismo, de modo que o LT, ao sair do timo, seja treinado a diferenciar proteínas estranhas das 
produzidas pelo próprio organismo. 
 
 
ÓRGÃOS LINFOIDES SECUNDÁRIOS 
Os tecidos linfoides secundários são os que efetivamente participam da resposta imune, seja ela humoral ou 
celular. As células presentes nesses tecidos secundários tiveram origem nos tecidos primários, que migraram pela 
circulação e atingiram o tecido. Neles estão presentes os nodos linfáticos difusos, ou encapsulados como os linfonodos, 
as placas de Peyer, tonsilas baço e medula óssea. Devemos aqui destacar a medula óssea, que é órgão primário e 
secundário ao mesmo tempo. 
 
 
LINFONODO 
Linfonodos são órgãos pequenos em forma de feijão que aparecem no 
meio do trajeto de vasos linfáticos. Normalmente estão agrupados na superfície e 
na profundidade nas partes proximais dos membros, como nas axilas, na região 
inguinal, no pescoço, região esternal, etc. Também encontramos linfonodo ao redor 
de grandes vasos do organismo. Eles “filtram” a linfa que chega até eles, e 
removem bactérias, vírus, restos celulares, etc. 
São caracterizados por concentrar os folículos linfoides (LB) e as 
regiões intefoliculares (LT) ao longo dos vasos linfáticos, exercendo a função de 
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filtração da linfa. Os linfonodos apesentam uma cápsula de colágeno que se estende em forma de trabéculas para o 
interior do órgão e às quais se associam fibras reticulares. A linfa entra nos linfonodos pelos vasos linfáticos aferentes, 
percorre pelos seios subcapsulares, corticais e medulares e sai do linfonodo pelo vaso linfático eferente. Ao longo dos 
seios, há um grande numero de macrófagos responsáveis pela fagocitose das partículas que entram no linfonodo com a 
linfa. Carreados pela linfa, também chegam aos linfonodos células dendríticas ou macrófagos que capturam antígenos 
na pele e nas mucosas. 
O parênquima do linfonodo é constituído pelas regiões cortical (concentrado de LB) e medular (concentrado de 
LT). A região cortical é subdividida em córtex superficial, onde estão os folículos linfoides, constituídos de LB e de 
células dendríticas foliculares, e em córtex profundo ou paracórtex (linfócitos T e células dendríticas interdigitantes). 
Na região medular estão presentes macrófagos, linfócitos, células dendríticas e, quando o linfonodo foi 
recentemente ativado, são encontrados os plasmócitos, linfócitos B secretores de anticorpos. 
 
 
BAÇO 
 Diferentemente dos linfonodos (que captam antígenos da linfa), o 
baço capta antígenos do próprio sangue. O baço é um órgão linfoide 
secundário presente no quadrante superior esquerdo do abdome e 
responsável pela remoção tanto de partículas estranhas do sangue como 
de hemácias e plaquetas envelhecidas. 
 O baço é revestido por uma cápsula de colágeno da qual se 
estendem fibras reticulares que formam o arcabouço do parênquima 
esplênico. A maior parte do parênquima é composta por cordões 
esplênicos celulares e uma rede de sinusoides/seios vasculares, 
preenchidos de sangue. Essa região é denominada de polpa vermelha. 
A outra parte do parênquima, que corresponde a 5-20% de massa 
esplênica, e está presente ao redor das artérias e arteríolas centrais, é a 
porção linfoide denominada de polpa branca. 
 A polpa branca está disposta ao redor das arteríolas formando o que se chama de bainha periarteriolar (PALS), 
composta de linfócitos T e células dendríticas interdigitantes; entre os LT estão presentes os folículos linfoides primários 
e secundários, compostos, como já mencionado, de LB e células dendríticas foliculares. Entre a polpa vermelha e a 
polpa branca, encontra-se uma região denominada zona marginal, onde estão os macrófagos e os linfócitos. Os 
macrófagos presentes na zona marginal são importantes na resposta a antígenos T-independentes, que são na sua 
maioria polissacarídeos complexos. 
 
 
TECIDOS LINFÁTICOS ASSOCIADOS A MUCOSAS (MALT) 
 São constituídos por infiltrações de linfócitos e nódulos linfáticos 
do trato gastrointestinal, respiratório e urinário. 
 GALT: está localizado no íleo (onde formam agregados 
linfáticos denominados Placa de Peyer), sendo constituídos por 
células B e T. 
 NALT: localizado na mucosa nasal. 
 SALT: localizado na pele. 
 DALT: localizados no ductos associados aos gânglios linfáticos. 
 BALT: localizados na parede dos brônquios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS
2
: Em resumo, temos: ao entrar no epitélio, o antígeno é fagocitado por células fagocíticas e o levam em direção a 
vasos linfáticos. Esses vasos se encarregam de levar o antígeno fagocitado em direção ao vaso aferente do linfonodo 
mais próximo. Neste linfonodo, por meio da apresentação antigênica, se inicia a reposta imune: reconhecimento, 
proliferação das células, síntese de proteínas como citocinas (que ativam e potencializam ainda mais a resposta para 
deletar o antígeno) e a formação de células de memória (que não reagiram à resposta, mas que obtiveram outros 
marcadores para responder futuras agressões). 
 
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IMUNOLOGIA: IMUNIDADE INATA 
 
 Como já sabemos, a resposta imune é divida em resposta imune inata e resposta imune adquirida que, embora 
ambas aconteçam simultaneamente, cada uma apresenta células específicas para cada tipo de resposta. 
O sistema imune inato é a forma de imunidade que nasce com a pessoa, sem precisar de substâncias ou 
estruturasexteriores, ou seja, é a primeira resposta de defesa do organismo. 
É a imunidade fornecida pelos macrófagos (células fagocitárias); pela pele, que é uma barreira de proteção 
contra micro-organismos invasores; por substâncias químicas presentes no corpo (na pele principalmente); pelo sistema 
complemento (um complexo de proteínas que atuam na imunidade). Portanto, é uma imunidade nativa, natural e 
inespecífica, ou seja, não tem preferencia de qual micro-organismo invasor esse tipo de sistema atua. Ele apenas 
defende o organismo de forma rápida, inespecífica e aguda. 
Apesar de ser inespecífica e rápida (respostas agudas), a resposta imune inata ativa a imunidade adaptativa. 
Podemos indentificar, portanto, algumas diferenças entre esses dois tipos de resposta imune: 
 
 
 Especificidade: Os micro-organismos apresentam estruturas comuns entre eles denominadas de padrões 
moleculares associados a patógenos (PAMPs), de modo que é por meio desses padrões que as células da 
resposta imune inata os reconhece. É por isso que não há diferença de especificidade pelo sistema imune inato, 
uma vez que os PAMPs são estruturas em comum a todos os micro-organismos. Diferentemente da imunidade 
adaptativa, que reconhece peptídios específicos dos micro-organismos, que serão degradados e apresentados, 
para serem reconhecidos especificamente por receptores dos linfócitos (TCR e BCR). 
 Receptores: os receptores das células dos dois tipos de respostas são codificados de maneira diferente. Os 
receptores da imunidade inata são representados por receptores da linhagem germinativa (lipopolissacarídeos, 
resíduos de N-formil metionina, receptores de manose e de scavenger), com uma diversidade limitada. Já a 
produção dos receptores da resposta imune adaptativa acontece por recombinação somática de genes para que 
haja uma alta especificidade de receptores. 
 Distribuição dos receptores: células do sistema imune inato apresentam receptores não-clonais (receptores 
idênticos em todas as células de uma mesma linhagem). Já as células do sistema imune adaptativo são da série 
clonal (clones de linfócitos com especificidades distintas expressam receptores diferentes). 
 Discriminação entre peptídeos próprios e não-próprios: a imunidade inata é capaz de diferenciar as células 
do hospedeiro das do agente invasor, de modo que as células do primeiro não são reconhecidas. Bem como 
ocorre no sistema imune adaptativo, sendo que nesta, a diferenciação é baseada na seleção contra-linfócitos 
auto-reativos (que quando falha, dá origem a autoimunidade). 
 
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COMPONENTES DA IMUNIDADE INATA 
 
BARREIRAS 
 Camadas epiteliais: impedem a entrada de microrganismos, atuando como barreira para entrada de 
componentes estranhos para o organismo. 
 Defensinas: enzimas com função microbicida (morte microbiana). 
 Linfócitos intra-epiteliais: linfócitos presentes no epitélio (que não têm características de resposta adquirida) 
que causam a morte microbiana. 
 
CÉLULAS EFETORAS CIRCULANTES 
 Neutrófilos: fagocitose inicial e morte de microrganismos. 
 Macrófagos: fagocitose eficiente de microrganismos, secreção de citocinas que estimulam a inflamação. Caso 
seja necessário, ele serve como um apresentador de antígeno, solicitando um outro tipo de resposta imune. 
 Células NK: responsável pela lise de células infectadas e ativação de macrófagos. É um tipo de linfócito que, 
como exceção, não participa da reposta imune adquirida por não possuir TCR ou BCR (receptores de alta 
especificidade). 
 
PROTEÍNAS EFETORAS CIRCULANTES 
 Complemento: causam a morte de microrganismos, opsonização (facilitação da fagocitose) e ativação de 
leucócitos. Quando as células do complemento são ativadas, geram uma cascata de ativações que terminam na 
formação de um complexo de ataque à membrana, que se liga ao microrganismo, na tentativa de causar lise no 
mesmo. 
 Lectina de ligação à manose (colectina): opsonização de microrganismos, ativação do complemento (via da 
lectina). 
 Proteína C-reativa (pentraxina): 
opsonização de microrganismos e 
ativação do complemento. A 
presença da bactéria ativa a PCR, 
servindo como um fator facilitador 
da fagocitose, se ligando a bactéria 
e eliminando cargas que repelem a 
bactéria e o macrófago. A PCR é 
mensurada em processos de 
inflamação aguda. 
 Fatores da coagulação: bloqueio dos tecidos infectados. 
 
CITOCINAS 
 TNF, IL-1, quimiocinas: inflamação; 
 IFN-α, IFN-β: resistência à infecção viral; 
 IFN-γ: ativação de macrófagos; 
 IL-12: produção de IFN-γ pelas células NK e pelas células T; 
 IL-15: proliferação de células NK; 
 IL-10, TGF-β: controle da inflamação. 
 
 
RESISTÊNCIA NATURAL EXTERNA 
 
PELE 
A pele é a principal barreira externa do sistema imune inato. A sua superfície lipofílica é constituída de células 
mortas ricas em queratina, uma proteína fibrilar, que impede a entrada de micro-organismos. As secreções ligeiramente 
ácidas e lípidicas das glândulas sebácea e sudorípara criam um microambiente cutâneo hostil ao crescimento excessivo 
de bactérias. Podemos destacar alguns componentes da mesma, como: 
 Queratinócitos: células que formam uma placa protetora impedindo a entrada de agentes estranhos no 
organismo por meio da pele. 
 Pelo: função de controlar e limitar a entrada e contato de microrganismos com a superfície epitelial. 
 Glandulas sebácias e sebo 
 Enzimas como defensinas, catalecidinas e lisosimas. 
 Microbiota da pele 
 
 
 
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EPITÉLIO RESPIRATÓRIO 
 Está em contato com o meio externo por meio da boca e nariz. Tem como mecanismos de resistencias naurais: 
 Microbiota 
 Cílios 
 Muco 
 Enzimas (amilase, lisozima) 
 
EPITÉLIO GASTRO-INTESTINAL 
 Microbiota 
 Peristaltismo 
 Ác. Clorídrico 
 Saliva/ Enzimas (amilase, lisozima) 
 
SISTEMA UROGENITAL 
 Microbiota 
 Urina (pH e fluidez) 
 Muco (canal endocervical) 
 Enzimas (esperminas e espermidinas) 
 
 
RESISTÊNCIA NATURAL INTERNA – CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE INATO 
 A resistência natural interna do sistema imune inato reúne aquelas células que, sem uma avidez específica por 
antígenos, têm capacidade de fagocitá-los, produzir citocinas (e outros mediadores), além de apresentar esses 
antígenos, ativando o sistema imune adaptativo. 
 
MACRÓFAGOS (MØ) 
São células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em lisossomos, que 
fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam dos monócitos do sangue 
(que se direcionam aos tecidos e se denominam como macrófagos) e de células conjuntivas 
ou endoteliais. Intervêm na defesa do organismo contra infecções. Possuem duas grandes 
funções na resposta imunitária: fagocitose e destruição do microrganismo; e apresentação 
de antigénios a linfócitos T. Suas funções mais relevantes são: 
 Fagocitose 
 APC (apresentação de antígenos para os linfócitos) 
 Secreção de citocinas e mediadores 
 
NEUTRÓFILOS 
Os neutrófilos são uma classe de células sanguíneas leucocitárias, que fazem parte do 
sistema imunitário do corpo humano. São leucócitos polimorfonucleados, têm um tempo de vida 
médio de 6h no sangue e 1-2 dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, 
tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e 
fungos. Os neutrófilos possuem receptores na sua superfície como os receptores de proteínas do 
complemento, receptores do fragmento Fc das imunoglobulinas e moléculas de adesão. Tem 
como funções: 
 Fagocitose: Ao fagocitar forma-se o fagossomo onde os microrganismos serão mortos pela liberação de enzimas 
hidrolíticas e de espécie reativa de oxigénio. O consumo de oxigênio durante a reação de espécies de oxigênio é 
chamado de queima respiratória que nada tem a ver com respiração celular ou produção de energia; 
 Secreção de Citocinas e Mediadores; 
 Degranulação:liberam grânulos específicos ou "secundários" (Lactoferrina e Catelicidina); Grânulos azurófilos 
ou "primários" (Mieloperoxidase, Proteína de aumento da permeabilidade /bactericida (BPI), Defensina e Serino 
protease neutrófilo elastase e Catepsina G); Grânulos terciários (Catepsina, Gelatinase). 
 
CÉLULAS NK 
As células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um tipo de linfócito 
(glóbulos brancos do sangue) e naturais do sistema imunológico de defesa. Elas são activadas em resposta a vários 
diferentes estímulos, nomeadamente por citocina produzidos por outros elementos do sistema imunitário, por 
estimulação dos receptores FcR, presentes na sua membrana celular, que reconhecem a porção Fc das imunoglobulinas 
e pelos receptores de ativação ou inibição, específicos das células NK. 
As células NK são citotóxicas (tóxicas para a célula) e identificam as células que estão com vírus 
(consequentemente comprometidas) e as destroem. 
As células NK são componentes importantes na defesa imunitária não especifica. Partilham um progenitor 
comum com os linfócitos T. São originárias da medula óssea e são descritos como grandes e granulares. Estas células 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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não destroem os micro-organismos patogênicos diretamente, tendo uma função mais relacionada com a destruição de 
células infectadas ou que possam ser cancerígenas. Não são células fagocíticas. Destroem as outras células através do 
enfraquecimento da membrana plasmática, causando difusão de água e íons para o interior da célula e aumentando o 
seu volume interno até um ponto de ruptura no qual ocorre a lise. São quimicamente caracterizadas pela presença de 
CD56 e ausência de CD3. 
Podemos destacar as seguintes funções: 
 Vigilância 
 Apoptose 
 
OBS
1
: PAMPs e PRRs. Os patógenos 
possuem moléculas altamente conservadas 
presentes em suas células. Essas moléculas 
são chamadas de PAMPs (padrões 
moleculares associados aos patógenos). O 
S.I. Inato reconhece esses PAMPs por meio 
dos PRRs (receptores de reconhecimento de 
padrões; Ex: receptores Toll-like ou TLRs). 
 Receptor Toll-like  LPS, RAS, 
bactérias GRAM negativas; 
 Receptor Manose  manose 
presente nos microrganismos. 
 Receptor Transmembrana 7 α-hélice 
 peptídeos N-formil metionil. 
 
 
 
 
 
OBS²: Função microbicida dos fagócitos - Fagocitose 
1. Reconhecimento: reconhecimento dos padrões (PAMPs) 
pelos PRRs. 
2. Emissão dos pseudópodes para que ocorra o 
envolvimento dos microrganismos 
3. Formação da vesícula endocítica (fagossoma) ou 
engolfamento. 
4. Fusão do lisossomo com o fagossoma, formando o 
fagolisossomo, no qual ocorre a liberação de enzimas 
lisossômicas. 
5. Morte dos micro-organismos: os mecanismos de morte 
interacelular, induzidos nos neutrofilos e nos macrófagos, 
podem ser de dois tipos: 
 Mecanismo de morte intracelular independente de oxigênio: o microrganismo morre devido ao acúmulo 
de ácido láctico produzido pela própria célula hospedeira, proveniente do metabolismo anaeróbio da 
glicose. O acumulo desse acido causa diminuição do pH intracelular, criando um abiente bactericida ou 
bacteriostático, dependendo da bactéria em questão. 
 Mecanismos de morte intracelular dependente de oxigênio: a endocitose de microrganismos aumenta o 
consumo de oxigenio nas células fagocíticas, o que desencadeia o chamado desvio da hexose 
monofosfato (“explosão respiratória”) e a formação de intermediários reativos de oxigênio (ROI, reactive 
oxygen intermediates). A ativação desses mecanismos envolve a participação de duas enzimas 
principais: 
o A NADPH oxidase (fagócito oxidase), que remove um hidrogenio do NADPH para formar 
NADP+, convertendo simultaneamente o O2 e, radical superóxido. O radical superóxido, pela 
presença de um elétron não partilhado, torna-se extremamente reativo e é toxico para várias 
espécies bacterianas. 
o A superóxido dismutase (SOD), que catalisa a reação na qual radicais de superóxidos são 
convertidos em peróxido de hidrogênio (H2O2) e O2. O H2O2, produzido pela ação superóxido 
dismutase, é degradado pela mieloperoxidase, na presença de íons cloro e iodo para produzir 
hipoclorito ou hipoiodeto, também tóxicos para espécies bacterianas. Esses produtos gerados 
pela ação da mieloperoxidase são tóxicos para uma série de microrganismos incluindo 
bactérias, vírus, fungos, Mycoplasma, Chlamydia, Leishmania donovani e Schistossoma 
mansoni. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MAD II 
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 Mecanismo de morte intracelular dependente de nitrogênio (RNI): uma via de morte intracelular 
dependente de oxigenio leva a produção de intermediários reativos de nitrogênio. A principal molécula 
produzida por esta via é o oxido nítrico (NO), uma molécula diatomica sintetizada e a partir do 
aminoácido L- arginina, tóxica para bactérias, protozoários e células tumorais. A produção de NO por 
macrófagos depende da expressão da enzima iNOS (sintase induzida de óxido nítrico), cuja a produção 
é estimulada por moléculas como o LPS (em bactérias gram-negativas). O iNOS catalisa a reação que 
remove de forma oxidativa o átomo de nitrogenio guanidino terminal da L-arginina para formar o NO e L-
citrulina. O NO, em meio líquido, é altamente reativo e instável. Essa alta instabilidade faz essas 
moléculas reagirem entre si, com água e oxigenio, gerando outro radial, o dióxido de nitrogenio (NO2), 
nitrito e nitrato. 
 
OBS³: Função das células NK. As NK cells são responsáveis por eliminar células infectadas com vírus e células 
tumorais. O macrófago infectado produz citocinas (como a IL-12) que servem como mediadores para as células NK (que 
possuem receptores para a IL-12), que, quando estimuladas por esta interleucina, passam a produzir o IFN-γ, que tem a 
função de estimular a lise do macrófago. De forma mais detalhada, há duas formas de as células NK reconhecerem 
macrófagos infectados e macrófagos normais: 
 Os macrófagos normais expressam um MHC 
de receptor de células próprias. A célula NK 
apresenta dois receptores: um receptor que 
ativa e outro que inativa a sua ação. Quando 
ocorre a ligação NK-macrófago, o receptor 
ativante se liga com o MHC específico do 
macrófago e o receptor inativante se liga com 
o MHC da classe I próprio (presente em 
organelas próprias do organismo). Agindo 
simultaneamente, o receptor inibitório 
predomina, realizando a remoção de fosfatos 
da NK, induzindo a sua inibição. 
 Macrófagos infectados apresentam o seu 
MHC da classe I inativado, o que impede o 
reconhecimento inibitório pela NK, ativando a 
ação citotóxica da NK. 
 
 
PROTEÍNAS 
 
PROTEÍNAS DO SISTEMA COMPLEMENTO 
 São proteases que se tornam ativas na presença 
do micro-organismo, e passam a atuar em cascata e 
culminam com a lise do mesmo, formando uma estrutura 
proteica chamada de MAC (complexo de ataque á 
membrana). Em síntese, o sistema complemento é 
formado por um conjunto de proteínas ativadas em 
cascata, sendo suas funções: lise celular, a opsonização, o 
desenvolvimento do processo inflamatório e a retirada de 
complexos imunes (complexos antígeno-anticorpo) da 
circulação. As moléculas desse sistema, produzidas na sua 
grande maioria no fígado, estão presentes no plasma 
sanguíneo na forma ativa ou em baixo nível de ativação 
espontânea. 
 A ativação das moléculas do sistema complemento 
pode ocorrer pela via clássica (ativada pela associação de 
antígenos a molécula de IgG ou IgM), via alternativa 
(ativada diretamente por alguns tipos de antígenos sem a 
participação de moléculas de imunoglobulinas) e via da 
lectina. 
 Com a presença do anticorpo, a via clássica, de 
maneira específica, é ativada (portanto, faz parte do 
sistema imune adaptativo). Já a via alternativa se inicia 
sem ser necessária a presença do anticorpo (inespecífica). 
O modo de como se inicia a ativação de cada via é a única 
diferença entre elas. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016● MAD II 
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 Cabe a nós iniciarmos a cascata de ativações do sistema complemento a partir da via alternativa, que está 
enquadrada no sistema imune inato, que é mais antiga, em termos evolucionários, que a via clássica. Na ativação do 
complemento pela via alternativa, há algumas moléculas comuns à via clássica, como C3, C4, C5, C6, C7, C8 e C9. 
 A ativação da via alternativa ocorre porque, no sangue, há sempre uma concentração de C3, protease que na 
forma íntegra, fica inativa, sendo classificada como uma pró-enzima. Ao dar-se início na via alternativa, ocorre hidrólise 
da C3, quebrando-a em duas proteases: C3b e C3a. A primeira é responsável por se depositar na membrana da 
bactéria, com função de opsonização e fagocitose. A segunda está envolvida no processo de inflamação. Quando a C3b 
se dissocia da membrana do micro-organismo, esta se liga e ativa a enzima C5 convertase, que cliva outra protease C5 
em C5a (também relacionada com o processo inflamatório) e C5b (associa-se às moléculas C6, C7, C8 e C9, formando 
um poro na membrana celular chamado de MAC, levando-a à lise, de forma similar ao que ocorre na ativação pela via 
clássica). 
 
 
PROTEÍNAS DE FASE AGUDA 
 São proteínas que se ativam na presença de 
microrganismo (principalmente de bactérias, que 
possuem em sua parede estruturas que ativam as 
mesmas), aumentando a sua concentração na corrente 
sanguínea. São sintetizadas normalmente pelo fígado, 
determinando uma concentração basal no sangue. Mas 
na presença do microrganismo, o fígado intensifica a 
produção das mesmas. 
 Todas elas servem como opsoninas que facilitam 
a fagocitose. 
 Proteína C Reativa: se liga, principalmente, à 
fosforilcolina presente na membrana das 
bactérias, facilitando a fagocitose das mesmas. 
 Lectina (proteínas que se ligam a manose): 
realizam a mesma função da PCR, mas se ligam 
a manose da membrana bacteriana. 
 Fibrinogênio 
 Proteína amiloide do soro 
 
OBS
4
: As estruturas com as quais as proteínas de fase aguda se ligam são classificadas como PAMPs, uma vez que 
são estruturas comuns nas bactérias patogênicas. 
 
 
CITOCINAS 
 IFN- α: infecção viral. 
 IFN- β: infecção viral. 
 TNF- α: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre. 
 IL-1: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre. 
 IL-6: estimula o fígado a produzir mais citocinas. 
 IL-12: + NK. 
 IFN- γ: + macrófagos; estimula o fígado a produzir mais citocinas; 
induz o macrófago à lise; estimula a medula óssea para produzir mais 
células. 
 IL-6: + Proteínas C Reativa, PMN. 
 IL-10: controle. 
 
OBS
5
: Corticoides inibem a secreção de algumas citocinas, 
diminuindo a sintomatologia do processo inflamatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INFLAMAÇÃO 
 É um mecanismo de defesa da imunidade inata, em que há o recrutamento de células e síntese de mediadores 
sempre no intuito de proteger o organismo contra a invasão. 
 Frente a uma agressão ao organismo, esta pode ser do tipo infecciosa (causada por elementos biológicos) e 
não-infecciosa, que danificam o tecido íntegro. É esse dano que desencadeia um processo inflamatório como resposta 
de defesa do organismo, em que as células do sistema imune participam ativamente para reparar o tecido danificado 
(cicatrização). 
A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos 
vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão 
celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias 
produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades 
da lesão. 
Como sabemos, a inflamação pode também ser considerada como parte do sistema imunitário, o chamado 
sistema imune inato, assim denominado por sua capacidade para deflagar uma resposta inespecífica contra padrões de 
agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido. Esta definição se contrapõe à da imunidade 
adquirida, ou aquela onde o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo seu potencial antigênico. 
Neste último caso o organismo precisa entrar em contato com o agressor, identificá-lo como estranho e potencialmente 
nocivo e só então produzir uma resposta. 
 
FISIOPATOLOGIA (MECANISMO DE INSTALAÇÃO) 
À agressão tecidual se seguem imediatamente fenômenos vasculares 
mediados principalmente pela histamina. O resultado é um aumento localizado e 
imediato da irrigação sanguínea, que se traduz em um halo avermelhado em torno da 
lesão (hiperemia ou rubor). Em seguida tem início a produção local de mediadores 
inflamatórios que promovem um aumento da permeabilidade capilar e também 
quimiotaxia, processo químico pelo qual células polimorfonucleares, neutrófilos e 
macrófagos são atraídos para o foco da lesão. Estas células, por sua vez, realizam a 
fagocitose dos elementos que estão na origem da inflamação e produzem mais 
mediadores químicos, dentre os quais estão as citocinas (como, por exemplo, o fator 
de necrose tumoral e as interleucinas), quimiocinas, bradicinina, prostaglandinas e 
leucotrienos. Também as plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são 
ativados visando conter possíveis sangramentos. Fatores de adesão são expressos 
na superfície das células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos 
internamente. Estes fatores irão mediar a adesão e a diapedese de monócitos 
circulantes e outras células inflamatórias para o local da lesão. 
Em resumo, todos estes fatores atuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da inflamação. 
Resulta em um aumento do calibre de capilares responsáveis pela irrigação sanguínea local, produzindo mais hiperemia 
e aumento da temperatura local (calor). O edema ou inchaço ocorre a partir do aumento da permeabilidade vascular aos 
componentes do sangue, o que leva ao extravassamento do líquido intravascular para o espaço intersticial extra-celular. 
A dor, outro sintoma característico da inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas 
por algumas destas substâncias liberadas durante o processo inflamatório, por hiperalgesia (aumento da sensibilidade 
dolorosa) promovida pelas prostaglandinas, mas também em parte por compressão relacionada ao edema. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 Classicamente, a inflamação é constituída pelos 
seguintes sinais e sintomas: 
1. Calor: aumento da temperatura no local devido a 
atuação de citocinas no hipotálamo 
2. Rubor (hiperemia): causado por uma alteração 
vascular local, aumentando o fluxo sanguíneo na 
região para atender a demanda de células. 
3. Edema (inchaço): desencadeado pelo aumento do 
espaçamento entre as células endoteliais dos vasos, 
causando o extravasamento de células e líquido para 
o espaço intesticial, aumentando o volume 
extracelular no local. 
4. Dor: compressão de nervos pelo edema e pela 
liberação de alguns mediadores responsáveis pela 
sensação de dor (como a bradicinina) 
5. Perda da função 
 
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OBS
6
: No processo inflamatório, é secretado o Fator XII 
(de Hangeman), que estimula vários sistemas e 
cascatas relacionados com o processo inflamatório: 
cascata da coagulação, sistema fibrinolítico e 
sistema das cininas. 
 Cascata da coagulação: é ativado no intuito de 
formar um coágulo no objetivo de estancar o sangue 
e evitar uma consequente perda de sangue no local. 
Há também a liberação de mediadores como 
peptídeios quimiotáticos, que atraem, quimicamente, 
polimorfonucleares. 
 Sistema fibrinolítico: degrada o coágulo para que o 
sangue flua normalmente e para que haja reparo 
tecidual, ativando, simultaneamente, o sistema 
complemento. 
 Sistema das

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