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Leucodistrofias Leticia nano – Medicina Unimes As leucodistrofias são doenças progressivas, geneticamente determinadas, que afetam o sistema nervoso em decorrência de alterações na bainha de mielina (estrutura que reveste as células nervosas). Muitos são os genes que atuam nos diferentes passos do processo de mielinização dos neurônios. Em virtude da heterogeneidade genética, o grupo das leucodistrofias comporta vários padrões de herança, como a herança autossômica recessiva e dominante, além da herança ligada ao cromossomo X. Na maior parte essas mutações são herdadas, as outras são mutações de-novo. Adrenoleucodistrofia (ALD) Adrenoleucodistrofia é uma doença neurodegenerativa hereditária , ligada ao cromossomo X , caracterizada pelo dano ao Sistema Nervoso Central( SNC ) e a dismielinização da substância branca do cérebro. A função cerebral diminui à medida que a bainha de mielina protetora é gradualmente removida das células nervosas do cérebro. Epidemiologia : ALD é o erro congênito mais comum do metabolismo, com uma incidência estimada entre 1: 18,000 e 1: 50,000 . É uma doença ligada ao cromossomo X, sendo uma herança ligada ao sexo de caráter recessivo, transmitido somente por mães portadores do gene, e afeta predominantemente os homens. A forma mais grave da doença aparece na infância entre os 4 e 10 anos de idade. Sinais e sintomas: A doença pode ter diversas formas de expressão, sendo encontrados 7 diferentes fenótipos da doença em pacientes do sexo masculino e 5 fenótipos do sexo feminino ( mais raro). As alterações percebidas nas diversas formas são: primeiramente comportamentais e insuficiência adrenal depois evoluindo com demência progressiva, cegueira e surdez, convulsões, perda de controle muscular , estado vegetativo , e por fim morte. Formas mais comuns: INFLAMAÇÃO CEREBRAL DESMIELINIZANTE ALD ( infantil ): ocorre em até metade dos casos de ALD. É caracterizada por processo inflamatório que destrói a mielina, causando deterioração progressiva implacável para um estado vegetativo ou morte, geralmente dentro de cinco anos. ADRENOMIELONEUROPATIA (AMN) ( adulta ): a outra metade dos casos de ALD ocorre em adultos, com o aparecimento dos primeiros sintomas aos 20/ 30 anos de vida. As manifestações mais comuns são disfunções motoras em extremidades, de origem neurológica . 1/3 é relacionado a dano também ao SNC. DOENÇA DE ADDISON (HIPOADRENOCORTICISMO): a maioria dos pacientes do sexo masculino apresentam Doença de Adisson, uma doença caracterizada pela diminuição da atividade da glândula adrenal . Em 10 % dos casos, este é o único sinal da ALD. Nessa doença, a diminuição dos hormônios produzidos pela adrenal podem ser fatais, no entanto é fácil de ser tratado, apenas com infusão de corticoides. FEMININO ALD Embora as mulheres que carregam a mutação do gene ALD geralmente não desenvolvem a própria doença cerebral, alguns apresentam sintomas leves do transtorno. Estes sintomas geralmente se desenvolvem após os 35 anos, e incluem principalmente rigidez, fraqueza ou paralisia progressiva dos membros inferiores, dormência, dor nas articulações e problemas urinários. Fisiopatologia: A adrenoleucodistrofia é causada por uma mutação no gene ABCD1, localizado no cromossomo X, e que codifica uma enzima chamada ligase acil coa gordurosa, encontrada na membrana dos peroxissomos, e tem função relacionada ao transporte de ácidos graxos para o interior das células. A disfunção dessa enzima ocasiona um depósito de ácidos graxos de cadeia longa no sangue e nos tecidos do sistema nervoso central, nas glândulas adrenais e nos testículos mais especificamente nas células de Leydig, não permitindo o bom funcionamento desses órgãos. No SNC desencadeia uma resposta imune anormal que leva à desmielinização. O mecanismo exato ainda não está elucidado. Diagnóstico : A apresentação clinica do ALD pode variar muito, dificultando o diagnóstico. Perante as manifestações é analisado a quantidade de ácidos graxos de cadeia longa no plasma pela cromatografia gasosa-espectrometria de massa. Especificamente a partir de 26 cadeias de carbono, já é solicitado exame genético que comprove a mutação no gene ABCD1. Em casos de ALD feminino, a análise de ácidos graxos de cadeia longa é inconclusiva, pois em maioria tem seu valor normal sérico. É preferível uma análise molecular. Tratamento: As opções de tratamento se limitam a dietética, transplante e terapia gênica. O tratamento dietético se baseia na não ingestão de alimentos com ácidos graxos. No entanto, há produção endógena de ácidos graxos, que foram combatidos com o Óleo de Lorenzo, óleo fabricado por pais de uma criança que possuía ALS. A história ficou famosa e até virou filme. O então óleo de lorenzo possui ácidos graxos não saturados que inibe alongamento de ácidos gordurosos saturados no organismo. A eficácia no comprometimento cerebral ainda não foi verificada. Os transplantes de células-tronco hematopoiéticas alogênicas são o único tratamento que pode parar a desmielinização, no ALS infantil, no entanto precisa ser feita em um momento exato da evolução da doença. Para pacientes em que não há possibilidade de transplante, a terapia gênica pode ser utilizada para alterar o gene ABCD1. Foi testada somente em um pequeno número de pessoas na França.
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