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Exame de Ordem 
Direito Empresarial 
Prof. Guilherme Martins 
 
 
 
 
redejuris.com 
 
1 
 
 
Exame de Ordem 
Direito Empresarial 
Prof. Guilherme Martins 
 
 
 
 
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2 
 
ÍNDICE 
 
 
 
Unidade I 4 
Unidade II 13 
Unidade III 35 
Unidade IV 44 
Unidade V 72 
Unidade VI 92 
Unidade VII 117 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exame de Ordem 
Direito Empresarial 
Prof. Guilherme Martins 
 
 
 
 
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3 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Você, candidato ao XXII EXAME DE ORDEM DA OAB, deve ter se perguntado por algumas vezes o 
porquê de estudar DIREITO EMPRESARIAL para sua preparação de prova. Ora, a resposta imediata – e até 
mesmo a mais óbvia – é o fato de que o conteúdo desta disciplina é exigido pelo Exame e também 
corresponde uma parcela considerável de questões, integrando, como regra, cerca de 05 (cinc) questões 
da prova. 
Entretanto colega, você futuro profissional da advocacia, também deve ter em mente o objetivo 
mediato do estudo do Direito Empresarial, que constitui uma das áreas de grande ascensão no mercado 
profissional! 
Então meu amigo e minha amiga, coloque isso em sua cabeça desde já, pois esse pensamento, 
além de lhe conferir uma completa formação profissional, também o auxiliará na hora da prova! 
Sem mais delongas, vamos aos estudos!!! 
 
MAS...POR ONDE COMEÇAR? 
 
Pessoal, a melhor maneira de iniciarmos nossa preparação é conhecer a organização didática da 
disciplina para ter seu diagnóstico. 
O Direito Empresarial, em homenagem ao seu princípio da fragmentariedade, é composto pelos 
seguintes sub-ramos: 
 
 TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL (TEORIA GERAL DA EMPRESA) 
 DIREITO SOCIETÁRIO 
 DIREITO CAMBIÁRIO (TÍTULOS DE CRÉDITO) 
 RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL 
 CONTRATOS MERCANTIS 
 PROPRIEDADE INDUSTRIAL 
 
Eu sei, pode ser que tenha um bom tempo que estudou essas matérias, ou mesmo porque está 
muito sem tempo. Bom, nesse caso o melhor caminho para você que tem dificuldade em Direito 
Empresarial é focar na LEGISLAÇÃO SECA, em especial as disposições previstas no Código Civil. 
Fazendo um levantamento das últimas provas, podemos elencar os temas que mais caíram da 
seguinte forma: 
 
CONTEÚDOS QUE MAIS APARECEM 
 
1º DIREITO SOCIETÁRIO (02) 
2º RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (02 A 01) 
4º TEORIA GERAL DA EMPRESA (01) 
5º TÍTULOS DE CRÉDITO (01) 
6º PROPRIEDADE INDUSTRIAL (01) 
 
Exame de Ordem 
Direito Empresarial 
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4 
 
7º CONTRATOS MERCANTIS (01) 
 
Tendo em vista esses dados, podemos aferir que os artigos mais importantes1 tem sido estes para 
sua prova: 
 
• Empresário individual 
Artigo 1150 do CC, artigo 44 do CC, artigo 18A da Lei Complementar 123/2006, artigo 968 do CC. 
 
• Registro 
Artigo 1166 do CC, artigo 32 da Lei 8934/94, artigos 1190 e 1191 do CC. 
 
• Estabelecimento 
Artigos 1142/1148 do CC. 
 
• EIRELI Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
Artigo 980A do CC e artigo 50 do CC. 
 
• Propriedade Industrial 
Artigos 8/18 da Lei 9.279/96, artigo 68/71 da Lei 9.279/96, artigos 122/126 da Lei 9.279/96. 
 
• Sociedades 
Artigo 982 parágrafo único do CC, artigo 1150 e 998 do CC, artigos 986/990 do CC, artigos 991/996 
do CC, artigo 1031 do CC, artigos 1052/1087 do CC, artigo 1055 §1º do CC, artigo 1055 §1º do CC, artigo 
1052 do CC, artigo 50 do CC, artigo 1058 e artigo 1004 do CC, 1060/seguintes do CC e 1010/1018 do CC. 
 
• Títulos de crédito 
Artigo 17 do Decreto 57.663/66, artigos 11 a 20 do Decreto 57.663/66, artigo 294 e 296 do CC 
artigos 30 a 32 do Decreto 57.663/66, artigo 202 inciso III do CC, artigos 75 e 76 do Decreto 57.663/66, 
artigo 32 da Lei 7.357/85, artigo 59 da Lei 7.357/85. 
 
• Falência 
Artigo 1º da Lei 11.101/05, artigo 2º da Lei 11.101/05, artigo 94 incisos I, II e III da Lei 11.101/05, 
artigo 97 da Lei 11.101/05, artigo 99 da Lei 11.101/05, artigo 105 da Lei 11.101/05, artigo 986 do CC, 
artigo 3º da Lei 11.101/05, artigo 21 da Lei 11.101/05, artigo 26 da Lei 11.101/05, artigo 35 da Lei 
11.101/05, artigo 82 da Lei 11.101/05, artigo 76 da Lei 11.101/05, artigo 84 inciso I da Lei 11.101/05. 
 
Então, pegue a legislação, uma caneta e seu caderno e VAMOS LÁ! 
 
 
1 FONTE: Principais Artigos exigidos na 1ª Fase da OAB. Disponível em 
http://www.provadaordem.com.br/blog/post/141-principais-artigos-exigidos-na-1-fase-do-exame-de-
ordem/. Acessado em 10/01/2017 
UNIDADE I – TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL 
 
Exame de Ordem 
Direito Empresarial 
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1.1 Origem e Evolução histórica 
O surgimento do direito comercial relaciona-se à ascensão da classe burguesa, originando-se da necessidade 
dos comerciantes da Idade Média possuírem um conjunto de normas para disciplinar a atividade 
profissional por eles desenvolvida. Reunidos em corporações de ofício, os comerciantes criaram o direito 
comercial com base nos usos e costumes comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram à atividade 
comercial, dentre os quais destacam-se os gregos e os fenícios. 
O direito comercial aparece na Idade Média com um caráter eminentemente subjetivista, já que destinado a 
disciplinar as atividades profissionais dos comerciantes, caracterizando-se, no início, como um direito 
corporativista e fechado, restrito àqueles matriculados nas corporações de mercadores. 
O direito comercial nasce, assim, como um direito especial, autônomo em relação ao direito civil, o que 
lhe permitiu alcançar autonomia jurídica, possuindo uma extensão própria, além de princípios e métodos 
característicos. 
O prestígio e a importância das corporações começaram a enfraquecer com o mercantilismo, que fortaleceu 
o Estado e afastou das corporações de mercadores a elaboração das normas comerciais e sua respectiva 
aplicação pelos cônsules, que eram os juízes eleitos pelos comerciantes nas corporações para decidir os 
conflitos de natureza comercial. 
Com o Código Comercial francês de 1807 o direito comercial passou a ser baseado na prática de atos de 
comércio enumerados na lei segundo critérios históricos, deixando de ser aplicado somente aos 
comerciantes matriculados nas corporações. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se ao 
direito comercial, bastaria a prática habitual de atos de comércio. Essa objetivação do direito comercial 
atendia aos princípios difundidos pela Revolução Francesa em 1789. 
Em consonância com o desenvolvimento das atividades econômicas e de acordo com a tendência de 
crescimento do direito comercial, surgiu na Itália uma teoria que substituiu a teoria francesa, superou os 
seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do direito comercial, alcançando atividades econômicas 
até então consideradas civis em razão do seu gênero. Essa teoria, denominada de teoria jurídica da 
empresa, foi inserida no Código Civil italiano de 1942, que ficou conhecido por ter realizado a unificação 
legislativa do direito privado na Itália. 
A teoria da empresa afasta o direito comercial da prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a 
empresa, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. 
Com a teoria da empresa, não importa o gênero da atividade econômica desenvolvida, desde que seja 
desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúna capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia 
para a produção e circulação de riquezas. (teoria subjetiva moderna) 
 1ª FASE: O primeiro período, do Séc. XII ao Séc. XVIII, denominado de período subjetivo 
corporativistaou período subjetivo do comerciante, tem como núcleo do direito comercial a figura 
do COMERCIANTE MATRICULADO NA CORPORAÇÃO. 
 2ª FASE: O segundo período, compreendido entre o Séc. XVIII e o Séc. XX, inicia-se com o Código 
de Comércio Napoleônico de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio. 
 3ª FASE: O terceiro e atual período de evolução histórica do direito comercial inicia-se com o 
Código Civil italiano de 1942 e tem como núcleo a empresa, compreendendo o Séc. XX até nossos 
dias. 
 
 
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1.2 Autonomia 
 
Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o desaparecimento da 
autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito privado possui institutos, 
regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como um ramo do direito privado 
destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias. 
Além disso, não se pode confundir autonomia formal com autonomia cientifica. Autonomia formal decorre 
da existência de um corpo legislativo diferenciado, já a autonomia cientifica de um ramo do direito decorre 
de vários outros aspectos: existência de um objeto único ou de objetos relacionados de regulação, existência 
de princípios e institutos próprios, método interpretativo diferenciado. 
Cientificamente, apenas há alteração na parte geral do direito comercial, que passa a ser direito empresarial, 
mantendo-se suas divisões internas inalteradas. Portanto, não se pode dizer que o direito comercial perdeu 
sua autonomia jurídica por causa do novo Código Civil pelo simples fato de ter havido alterações legislativas 
de tópicos específicos regulados, sendo que a maior parte do seu objeto de regulação (falência e concordata, 
títulos de créditos, marcas e patentes, direito societário, registro de empresas etc.), continua vivo e sem 
alteração sob o prisma científico. 
Ademais, existem ainda atividades econômicas de caráter civil às quais se aplicam as regras civis comuns, e 
não as disposições próprias dos empresários. Isso dependerá da forma como atividade será prestada, 
excluindo-se determinadas atividades por força de lei [cooperativa, sociedade de advogados, profissional 
liberal, atividade agrícola]. 
 
1.3 Fontes e objeto do direito empresarial 
Para Rubens Requião, fontes do direito comercial são o modo pelo qual surgem as normas jurídicas de 
natureza comercial, constituindo um direito especial. 
 
As FONTES PRIMÁRIAS do direito empresarial são: 
- A Constituição Federal 
- O Código Civil: que trata das sociedades simples, ltda. etc. 
- O Código Comercial: segunda parte, que trata do direito marítimo 
- Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades anônimas (lei nº 6.404/76 e 
alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 5.474/68); lei da propriedade industrial (lei nº 9.279 /96) 
etc. 
- Decreto nº 2044/1908 – letra de cambio e NP; 
- Os tratados internacionais (Decretos 57.595/1966 – Lei Uniforme em matéria de cheques; 57.663/1966 – 
lei uniforme em matéria de LC e NP) IMPORTANTE: Os decretos trazem as leis uniformes em seus ANEXOS. 
 
As FONTES SECUNDÁRIAS do direito empresarial são: 
 
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- os usos e costumes: a lei não distingue o uso do costume, mas boa parte da doutrina entende que o uso é 
estabelecido por convenção das partes (prática uniforme, constante e por certo tempo e exercido de boa-
fé), enquanto o costume é mais imperativo (regra subsidiária às normas). 
Pode ser dividido em usos comerciais propriamente ditos (é generalizado, equivale à lei e obriga as partes) e 
o uso convencional (interpretativo ou de fato / advém da vontade das partes, ainda que tacitamente e 
demanda prova). 
- A doutrina, a jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito, a lei civil (excetuada a hipótese acima), 
tratados e convenções internacionais (parâmetro). 
 
1.4 Características 
 
A) SIMPLICIDADE OU INFORMALIDADE: O Direito Comercial é menos formalista que o Direito Civil, até 
mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações comerciais. Ex.: fiança e o aval. 
B) COSMOPOLITISMO: Consiste em um ramo do Direito Privado de envergadura internacional; característica 
que somente agora outros ramos do direito começam a adquirir em face da globalização dos mercados e 
unificação legislativa dos países de blocos econômicos. 
C) ONEROSIDADE: Em regra, todo ato mercantil é oneroso. A onerosidade é regra e deve ser presumida; no 
direito civil, a gratuidade é constante (ex.: o mandato). 
D) INDIVIDUALISMO: As regras do Direito Comercial inspiram-se em acentuado individualismo, porque o 
lucro está diretamente vinculado ao interesse individual, contudo sofrem intervenção do Estado. 
E) ELASTICIDADE: O direito comercial é muito mais renovador e dinâmico que os demais ramos do direito, 
tendo forte influência dos usos e costumes comerciais. 
F) FRAGMENTARIEDADE: para ROCCO é um sistema completo, mas formado por diversas normas esparsas 
que deixam muitas lacunas. 
 
1.5 Objeto do direito empresarial 
O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da atividade empresarial. 
Comerciantes e empresários são considerados agentes econômicos fundamentais, pois geram empregos, 
tributos, além da produção e circulação de certos bens essenciais à sociedade. Portanto, gozam de alguns 
privilégios, exemplo: produção de provas em seu favor por meio de livros comerciais regularmente 
escriturados, falência (menos gravosa que a insolvência civil) etc. 
 
1.6 Direito empresarial no Brasil 
 
1.6.1 Empresa 
 
 
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Direito Empresarial 
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Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica organizada, para a produção ou 
circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente pelo empresário, por meio de um 
estabelecimento empresarial. São características dessa atividade: 
a) econômica: finalidade lucrativa 
b) organizada: organização dos fatores de produção (capital + força de trabalho + matéria-prima + tecnologia). 
Haverá organização empresarial quando a atividade-fim for exercida com a colaboração de terceiros. 
c) profissionalidade ou habitualidade: reiteração da atividade, não se caracterizando quando esta for exercida 
em caráter eventual. 
 
Enunciado 28 da I Jornada de Direito Comercial – Em razão do profissionalismo com que os empresários 
devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada 
na experiência. 
 
d) produção ou circulação de bens ou serviços – Exemplos: 
✓ Produção de bens – fábrica de bens 
✓ Produção de serviços – Prestador de serviços: banco; 
✓ Circulação de bens – loja de roupa; 
✓ Circulação de serviços: agência de turismo exerce circulação de serviços de transporte aéreo e hospedagem. 
Enunciado 54 do CJF – Art. 966: é caracterizador do elemento empresa a declaração da atividade-fim, assim 
como a prática de atos empresariais. 
A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas. Se quem exerce a atividade 
empresarial é pessoa física ou natural, será considerado empresário individual. Se quem o faz é pessoa 
jurídica, será uma sociedade empresária e não empresarial (correspondente a sociedade de empresários). O 
adjetivo empresário conota ser a própria sociedade (e não seus sócios) a titular da atividade econômica. 
Enunciado 53 do CJF – Art. 966: deve-se levar em consideração o princípio da função social na interpretação 
das normas relativas à empresa,a despeito da falta de referência expressa. 
 
1.6.1.1 Teoria da empresa e seus perfis 
 
Segundo o autor italiano Alberto Asquini, a empresa é um fenômeno poliédrico, ou seja, com diversas 
facetas, podendo ser visualizadas sob diversos perfis: 
a) Perfil objetivo:empresa é um estabelecimento ou patrimônio aziendal, um conjunto de bens corpóreos e 
incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica. 
b) Perfil subjetivo: empresa é o empresário, sujeito que organiza e desenvolve atividade econômica. 
c) Perfil Corporativo: é considerada uma instituição, na medida em que reúne pessoas – empresários e seus 
empregados – com propósitos comuns. Segundo Fábio Ulhôa, este perfil constitui uma ficção, “pois a ideia 
de identidade de propósitos a reunir na empresa proletários e capitalista apenas existe em ideologias 
populistas de direita, ou totalitárias (como a fascista, que dominava a Itália na época)”. 
d) Perfil funcional:uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação de bens ou serviços, 
que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do empresário. 
 
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Pelo CC 2002, a empresa é conceituada segundo o perfil funcional, ou seja, como atividade desenvolvida 
pelo empresário através da exploração do seu estabelecimento com o auxílio ou não de prepostos. 
Enquadraria-se, portanto, na categoria do fato jurídico. 
 
ATENÇÃO!! 
Existe uma outra teoria que tenta explicar a natureza jurídica da empresa. A teoria da firma (de Ronald 
Coase), também chamada de FEIXE DE CONTRATOS diverge da visão institucional de empresa posta por 
Asquini, já que aquele vê as entidades como conjunto de contratos, que visam a reduzir os custos da 
produção e organizá-los, tão somente. 
 
1.7 Conceito de empresário 
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. (art. 966 do Novo Código Civil) 
Estão excluídos o profissional liberal, o artista e outros que exerçam atividade predominantemente 
intelectual, do conceito de empresário, ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo 
se adotarem estrutura empresarial (i.e., a força de trabalho intelectual seja elemento da empresa). 
OBS1.: Consultório Médico – FÁBIO ULHÔA entende que dependerá da forma de organização, podendo ser 
caracterizado como sociedade empresária; VINÍCIUS GONTIJO tem opinião diversa, entendendo que 
sociedade médica em nenhuma hipótese poderá ser enquadrada como empresária por não se compatibilizar 
com a ética comercial. 
OBS2: O STJ adotou a teoria de FABIO ULHÔA em julgado de 2011 (ADRESP 200702610344/julho de 2010), 
de relatoria do Ministro Luiz Fux. 
A questão possui relevância no tocante à definição do sujeito passivo da incidência do ISS, tendo o STJ se 
posicionado no sentido da configuração de atividade empresarial aquela desenvolvida por profissionais 
liberais por meio de complexa organização estrutural. 
OBS.: Caso a atividade intelectual seja apenas a atividade-meio da sociedade, esta poderá ser enquadrada 
como empresária (Ex.: médico pesquisador na UFMG – atividade intelectual - área-fim; médico pesquisador 
na BAYER – atividade intelectual - área meio, a sociedade é empresária – Enunciados 194 e 195 do CJF) 
Antes de iniciar sua atividade, o empresário individual e a sociedade empresária devem, obrigatoriamente, 
registrar-se no órgão competente, que é a Junta Comercial da respectiva sede da empresa, obtendo o 
Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE). Contudo, a sua inscrição no Registro de 
Empresas não é requisito para a caracterização de comerciante e sim da sua regularidade. O registro possui 
um caráter declaratório. A sua ausência não pode servir de escudo para se furtar aos deveres decorrentes 
do exercício da atividade empresarial Neste sentido, pode se aplicar, analogicamente, a previsão contida no 
art. 973 do CC/02: 
CC/02, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, 
responderá pelas obrigações contraídas. 
Enunciado 199 do CJF – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador 
de sua regularidade, e não da sua caracterização. 
 
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O empresário rural e o pequeno empresário sujeitam-se a regime registral próprio e simplificado, (art. 970), 
sendo que, no caso de empresário rural, o seu registro é facultativo. Estão dispensados também da 
obrigação geral dos empresários de escrituração dos livros comerciais (Art. 1179 do CC/02) 
CC/02, Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as 
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao 
empresário sujeito a registro. 
CC/02, Art. 1179 (omissis), § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se 
refere o art. 970. [Vide Enunciado n.º 235 do CJF] 
Enunciado 200 do CJF – Art. 970: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular, solicitar 
seu enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as exigências e 
restrições legais. 
Enunciado 201 do CJF – Arts. 971 e 984:O empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no 
registro público de empresas mercantis, estão sujeitos à falência. 
Enunciado 202 da III Jornada de Direito Civil - O registro do empresário ou sociedade rural na Junta 
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável 
esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção. 
 
1.8 Junta comercial – registro 
 
O Serviço do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins é exercido em todo o território 
nacional, de maneira uniforme, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem). A 
disciplina dos órgãos que o compõem, bem como o do sistema registral, está disciplinada na Lei n.º 
8.934/94, que é a Lei do Registro de Empresas. 
Merece destaque o fato de que com a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa pela Lei n. 
12.792/2013, de 28/03/2013, foi editado o Decreto n. 8.001/2013 extinguindo o Departamento Nacional de 
Registro do Comércio (DNRC), ligado ao Ministério da Indústria e Comércio, e criando o Departamento de 
Registro Empresarial e Integração (DREI), subordinando-o à nova Secretaria. 
O Sinrem é integrado pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI – Antigo DNRC), 
vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, e pelas Juntas 
Comerciais, órgãos locais responsáveis pelo registro de Empresários individuais, sociedades empresárias e 
cooperativas. (LRE, art. 3º). As funções do DREI estão previstas no art. 4º da LRE, podendo assim serem 
sintetizadas: 
a) supervisão e coordenação, no plano técnico, dos órgãos de registro. Funciona também como segunda 
instância administrativa; 
b) expedição de normas e diretrizes gerais relativas ao registro; 
c) solução de dúvidas e controvérsias oriundas do registro 
Embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e supervisor do registro 
de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas Juntas comerciais, caso não adotem 
suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de correção. A lei estabelece, apenas, que o DREI pode 
representar às autoridades competentes (o Governador do Estado, O Ministério Público Estaduale outros). 
 
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As Juntas Comerciais são órgãos estaduais submetidos, no âmbito técnico, ao DREI, e no âmbito 
administrativo e financeiro, ao Governo Estadual (exceção a situada no Distrito Federal, pois se submete 
técnica e administrativamente ao DREI). Há uma Junta Comercial em cada Estado do País, com sede na 
capital e jurisdição na área de circunscrição territorial respectiva. São responsáveis pelo registro das 
empresas. 
Quanto à competência para apreciar as questões que envolvem as juntas comerciais, o STJ tem decidido 
(STJ, REsp 678.405/RJ; CC90338/RO; CC 31.357/MG; CC 37.386/PR): 
a) Competência da Justiça Federal: somente nos casos em que: i) se discute a regularidade dos atos e 
registros praticados pela Junta Comercial; e ii) nos mandados de segurança impetrados contra seu 
presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada (as 
juntas efetuam o registro do comércio por delegação federal). 
b) Competência da Justiça Estadual: i) quando particulares litigam acerca de registros de alterações 
societárias perante a Junta Comercial, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros 
societários pode produzir apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente 
não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da 
Administração; ii) causas em que se discute anulação de registros por fraude; iii) abstenção de uso de nome 
comercial; iv) se apenas por via reflexa será atingido o registro da Junta Comercial, não há interesse da 
União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo, discussão sobre nome comercial, 
sobre idoneidade de documentos usados em alteração contratual, sobre o direito de preferência de sócio. 
Atenção: Conforme o STJ, em matéria criminal, no que tange aos delitos de falsidade ideológica que afetem 
exclusivamente a junta comercial, sem lesão direta a bens, interesses ou serviços da União, a competência é 
da justiça estadual. (STJ, CC 130.516/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado 
em 26/02/2014, DJe 05/03/2014). 
 
1.8.1 Atos de registro 
 
O ordenamento dos atos do registro de empresa, previsto nas disposições da Lei n. 8.934/94 é muito simples 
e compreende três atos [art. 32 da LRE]: 
I. Matrícula: a matrícula se refere aos agentes auxiliares do comércio. Assim, são matriculados nas Juntas 
Comerciais, sob a supervisão e segundo as normas do Departamento Nacional do Registro do Comércio os 
leiloeiros, tradutores públicos, administradores de armazéns-gerais, trapicheiros (responsáveis por armazéns 
gerais de menor porte destinados à importação e exportação), entre outros. A matrícula é uma condição 
para que eles possam exercer tais atividades paracomerciais. 
II. Arquivamento: correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades 
empresárias e cooperativas. Enquanto não registrados seus atos constitutivos, as sociedades empresárias 
não adquirem personalidade jurídica. Os atos de arquivamento abrangem contratos ou estatutos sociais das 
sociedades empresárias, atos constitutivos da empresa dos empresários individuais, bem como futuras 
alterações contratuais, dissoluções ou extinção da atividade empresarial. Essas mudanças e demais 
observações relativas às empresas serão averbadas à margem do registro. A averbação é uma espécie de 
arquivamento e corresponde à anotação de nova situação contratual feita à margem do registro originário. 
Em relação à cooperativa, a previsão no art. 32. II, a da Lei 8.934/94 não restou derrogada pela atribuição da 
natureza de sociedade simples por força de disposição legal (CC/02, art. 982, PU: Independentemente de seu 
objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa). 
 
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Enunciado 69 do CJF – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas 
juntas comerciais. 
CC/02, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas 
Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples, ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o 
qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de 
sociedade empresária. 
III. Autenticação: refere-se aos instrumentos de escrituração, ou seja, aos livros comerciais. A autenticação é 
condição de regularidade dos referidos documentos. Assim, um livro comercial, deve ser levado à Junta 
Comercial para autenticação, e neste ato terá todos os requisitos que devem ser observados na escrituração, 
fiscalizados. 
No momento da apresentação dos documentos necessários para o registro da empresa, a Junta Comercial 
deverá ater-se apenas aos aspectos formais exigidos por lei para o respectivo registro [legalidade 
extrínseca do ato]. Não serão registradas empresas cujos documentos não obedecerem às prescrições 
legais, ou que contenham matéria contrária aos bons costumes, à ordem pública, bem como os que colidam 
com o respectivo estatuto ou contrato social originário não modificado anteriormente. Assim, se a maioria 
dos sócios de uma sociedade limitada resolver expulsar um minoritário que está concorrendo com a própria 
sociedade, não caberá à Junta verificar se é verdadeiro ou não o fato ensejador da expulsão. 
É considerada inativa a firma individual ou a sociedade empresária que, durante dez anos consecutivos, não 
arquivar nenhuma alteração contratual ou não comunicar à Junta Comercial que se encontra em 
atividade. Como efeito, tem-se que, se for considerada inativa pela Junta Comercial, terá seu registro 
cancelado (artigo 60 da LRE). 
As Juntas Comerciais adotam dois regimes decisórios distintos: colegiado ou singular. Nos atos de 
arquivamento relativos às sociedades anônimas e consórcios de empresas, e, ainda, de transformações, 
fusões, cisões e incorporações sociais, a Junta segue o regime de decisão colegiada. Em se tratando de 
matrículas, autenticações ou atos de arquivamento de outros tipos societários, as Juntas adotam o regime 
de decisão singular, feito pelo Presidente da Junta ou por um vogal por ele designado. 
 
1.9 Capacidade 
 
Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem 
legalmente impedidos. (art. 972). 
É importante diferenciar a capacidade para ser empresário da capacidade para ser sócio de sociedade 
empresária. 
Se uma pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário vier a exercê-la, responderá 
pelas obrigações contraídas. (art. 973) 
O relativamente incapaz que vier a estabelecer economia própria se torna capaz, seja desenvolvendo uma 
atividade civil ou comercial, pela existência de uma relação de emprego. Nunca é demais lembrar que esta 
hipótese de aquisição de capacidade independe de provimento judicial – o estabelecimento comercial com 
economia própria suplanta a incapacidade (presume-se que, neste caso, o menor já tenha se ambientado 
com a ética comercial, estando apto a realizar todos os atos da vida civil) - (art. 5º, PU, III do CC/02) 
 
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Excetuada a hipótese anterior, ao incapaz somente é permitida a continuação de um negócio empresarial 
já existente. É necessária prévia autorização judicial a ser obtido através de procedimento de jurisdição 
voluntária (arts. 1103 a 1112 do CPC) ouvido o Ministério Público (Arts. 82 e 1105 do CPC), sendo nomeado 
gerente, se o representante ou assistente não puderexercer a atividade de empresário. Ao contrário das 
demais empresas ou firmas individuais, há uma limitação da responsabilidade quanto ao patrimônio do 
menor, ficando limitado os resultados da empresa aos bens afetados na sua exploração (art. 974, § 2º do 
CC/02) . 
Em determinadas hipóteses o direito obstaculiza o acesso ao exercício da empresa a determinadas pessoas 
que, a princípio, eram capazes para tal. Os proibidos de comerciar são plenamente capazes para a prática de 
atos empresariais, mas a lei entendeu por bem impedi-los de exercê-los. Trata-se de hipótese de ausência de 
legitimação ou legitimação sob o enfoque negativo.2 
Estão impedidos de exercer a atividade empresária: 
- Deputados e Senadores (CF/88, Art. 54, II, a) – é absoluta 
- Magistrados (LC 35/79, art. 36, I) e Membros do Ministério Público (CF/88, Art. 128, II, c) 
- Servidores públicos civil (Lei 8.112/90, Art. 117, X) e militar na ativa (Lei 6.880/80, art. 29) 
Em relação aos servidores públicos, a proibição não é absoluta, podendo participar de sociedade, como 
sócio cotista, acionista ou comanditário, desde que não ocupe cargo de administração, de controle, e 
desde que não seja majoritário. A eventual participação na sociedade empresária gera o impedimento do 
Juiz e membro do Ministério Público de atuar em processos em que a sociedade seja parte (Arts. 134, VI e 
138 do CPC; Art. 254, VI e Art. 258 do CPP – aqui tratada como hipótese de suspeição). 
Se os cônjuges forem casados sob o regime da comunhão universal de bens ou separação obrigatória 
(legal) de bens, não poderão constituir sociedade entre si. Nada impede que cada um seja titular de 
empresa individual ou sócio de uma sociedade empresária. O legislador criou uma presunção absoluta de 
fraude, principalmente no caso de separação obrigatória de bens para que não houvesse confusão 
patrimonial. CONTRA: 
Enunciado 204 do CJF – Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o regime da 
comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades constituídas após a vigência do 
Código Civil de 2002. [Aplicação do ato jurídico perfeito] 
- Falido não reabilitado – diversamente das outras hipóteses, a proibição ao falido não diz respeito à ética 
comercial. 
- Pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil; (Lei 
8.934/94, Art. 35, II). Afora a condenação por crime falimentar (Lei 11.105/05, Art. 181), não há previsão 
específica, podendo ser aplicado o Art. 1011, § 1º do CC/02 (referente ao impedimento do administrador). 
 
 
2 Age de modo negativo quando a lei por disposição cogente declara a inabilitação de certas pessoas para a 
prática de certos atos devido a alguma situação irremovível em que elas se acham, ou quando mantém o 
impedimento durante a persistência de determinadas situações especiais, caracterizando-se, na primeira 
hipótese, de ilegitimação absoluta ou inalterável pela vontade dos agentes e, na segunda hipótese, a da 
ilegitimidade relativa. 
 
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1.10 EIRELI 
 
Trata-se da figura da “empresa individual de responsabilidade limitada”, por meio da Lei 12.441/2011. 
Como nova espécie de pessoa jurídica incluída no rol do art. 44 do CC, a EIRELI tem personalidade distinta da 
pessoa que concentra a totalidade de seu capital. Personalidade essa que faz plenamente compreensível a 
opção do legislador em limitar a responsabilidade pelo pagamento de dívidas contraídas em nome dessa 
empresa ao capital integralizado, cujo valor mínimo foi fixado em 100 (cem) salários mínimos. 
Por fim, eis uma polêmica suscitada tão logo veio a lume a lei instituidora da “EIRELI”: prestigiosa corrente 
doutrinária, retratada no Enunciado n. 468 da V Jornada de Direito Civil, e que conta atualmente com o 
apoio do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), preconiza somente poder figurar, como 
titular da totalidade do capital de uma “EIRELI”, pessoa natural. 
 
Enunciado 62 (aprovado em 27/02/2015, na II Jornada de Direito Comercial - CJF): “O produtor rural, nas 
condições mencionadas do art. 971 do CCB, pode constituir EIRELI.” 
 
 UNIDADE II – DIREITO CAMBIÁRIO 
 
2.1 Títulos de crédito 
Título de crédito é um documento abstrato e cartular que representa o crédito, permitindo maior circulação 
deste. Estão tratados junto com o Direito das Obrigações no artigo 887 e seguintes do NCC. Representam 
obrigações de natureza pecuniária. Não se confundem com a própria obrigação. As obrigações 
representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, como é o caso das originadas de 
contratos, ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista. 
Documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele contido ou mencionado (Vivante). 
CC/02, art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. 
Fases do Direito Cambiário: (quatro) 
Período Italiano – até 1650: mercadores das cidades italianas / necessidade de operar com moedas 
diferentes em praças diversas (letras de câmbio); 
Período francês: (1650 até 1848): surge o endosso / a letra de câmbio deixou de ser instrumento de 
pagamento para instrumento de crédito. 
Período Germânico: (1848=1930): codificadas as normas disciplinadoras da cambial, separando-as das 
normas de direito comum / proteção especial ao terceiro adquirente de boa-fé, como forma de garantir a 
circulação do título. 
Período Uniforme: aprovação, em 1930, das leis uniformes genebrinas sobre letras de câmbio e notas 
promissórias, e, em 1931, sobre cheques. 
 
 
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2.1.1.1 Normatização 
 
O CC/02 não está valendo para:letra de câmbio,nota promissória, cheque e duplicata, porque o artigo 903 
dispõe que estão ressalvadas as leis especiais. Ou seja, o Código Civil não revogou as legislações anteriores, 
sendo que cada título específico permanece com seu regulamento especial. As regras do CC/02 são 
supletivas às leis especiais. 
Em resumo, pode-se dizer que as normas relativas aos títulos de crédito trazidas no CC/02 só serão utilizadas 
há hipótese em que não venham a contrariar a lei especial, e em particular os tratados internacionais que 
disciplinam a matéria (Marcelo Bertoldi), especialmente a lei uniforme de Genebra, traduzida no Decreto 
57.663/66. 
2.1.1.2 Princípios do direito cambiário 
 
A. CARTULARIDADE (ou documentalidade ou da incorporação) (cártula = documento = título) 
De acordo com o Princípio da Cartularidade, a obrigação deve estar representada por um documento 
cartular, ou seja, um papel que especifica a obrigação. O exercício dos direitos representados por um título 
de crédito pressupõe sua posse. Quem não se encontra com o título em sua posse, não se presume credor. 
O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do crédito é mesmo o seu 
titular (É uma garantia de que o credor não negociou o seu crédito.). Cópias autênticas não conferem a 
mesma garantia. 
Implicações: a) a posse do título pelo devedor presume o pagamento; b) só é possível o protesto mediante 
apresentação do título; c) só é possível a execução mediante apresentação do título. 
OBS.: mais recentemente, algumas exceções ao princípio da cartularidade: Art. 889, §3º - O título poderá ser 
emitido a partir dos caracteres criados em computadoroumeio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
 
B. LITERALIDADEToda e qualquer obrigação só é válida se estiver escrita na cártula. Somente produzem efeitos jurídico-
cambiais os atos lançados no próprio título de crédito. A quitação deve estar representada por título. Atos 
documentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos diretamente 
envolvidos (ex. aval concedido fora do título poderá ser tido como fiança), não produzirão efeitos perante o 
portador do título, mas vigoram entre os signatários originais como qualquer obrigação civil. 
OBS.: a quitação da duplicata pode ser dada em documento em separado. 
 
C. AUTONOMIA 
De acordo com o Princípio da Autonomia das relações cambiárias, cada relação jurídica existente no título 
é autônoma em relação a outra. Por consequência, quando um único título representa mais de uma 
obrigação (do emitente, do avalista, do endossante e outros) a eventual invalidade de qualquer delas não 
prejudica as demais. 
O princípio da autonomia desdobra-se em dois sub-princípios: 
 
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i) Abstração – O título de crédito se desvincula da relação causal-base que lhe deu origem quando posto 
em circulação. Se houve algum vício na causa que originou o título (ex: contrato de compra e venda 
declarado nulo), não haverá prejuízo às obrigações nele constantes. A abstração somente se verifica 
quando o título circula para um terceiro de boa-fé, que não tem ciência do defeito existente no negócio 
que originou o título. 
OBS1.: As relações causal e cartular não se confundem, embora coexistam harmonicamente porque a 
criação do título de crédito não implica novação no que se refere à relação causal, vez que esta não se 
extingue. A relação causal enseja uma ação extracambiária, ao passo que a relação cartular enseja uma ação 
cambiária. 
OBS2.: todos os títulos são autônomos. Mas alguns títulos não são classificados como abstratos: 
determinados títulos de crédito podem resultar de qualquer causa, mas dela se libertam após a sua criação, 
o que não ocorre com os títulos causais (duplicata), que, embora circulem, mantêm vínculo com a causa 
que os gerou. 
ii) Inoponibilidade de Exceções a Terceiros de Boa-fé (art. 17 da Lei Uniforme e art. 916 do CC) 
O executado em virtude de um título de crédito não pode alegar matéria de defesa estranha à sua relação 
direta com o exequente, salvo, provando a má-fé dele. Ou seja, não pode lhe opor exceções pessoais (que 
tinha contra o antigo credor), salvo se o terceiro for adquirente de má-fé. Se o título não circular, ele está 
preso à relação causal. Mas pode ser oposto o vício formal. Possui natureza processual. 
 
2.1.1.3 Classificação dos títulos de crédito 
 
a) Quanto ao Modelo: 
- Livres: cujo formato não segue um rigor absoluto. Ex.: nota promissória no caderno. 
- Vinculados: além dos requisitos, existe padronização (padrão normativamente estabelecido). Ex.: cheque, 
duplicata. 
b) Quanto à Estrutura: 
- Ordem de Pagamento: ordem dada por uma pessoa (sacador) para que outro (sacado) pague ao 
beneficiário (tomador). Ex.: letra de câmbio. 
- Promessa de Pagamento: relação direta entre o emitente e o beneficiário. Ex.: nota promissória. 
c) Quanto à hipótese de emissão: 
Todo título advirá sempre de um negócio jurídico, contudo haverá títulos em que esse negócio precisa ser 
comprovado para que o título tenha existência válida. E é partir dessa ideia que surgem os títulos causais e 
não causais: 
- Causal: somente pode ser emitido para documentar determinadas operações. Ex: duplicata (prestação de 
serviço e compra e venda). 
- Não-Causal (ou abstratos): pode ser emitido por qualquer causa, em qualquer tipo de negócio. Ex.: cheque, 
nota promissória. 
d) Quanto à Circulação: 
Todo título é feito para circular, mas a forma de circulação varia de título para título: 
 
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- Ao Portador: são os títulos nos quais não consta o nome do beneficiário do direito nele incorporado. É 
transmitido por mera tradição. Quem estiver portando a cártula e a apresentar ao devedor será o legítimo 
credor. 
- Nominal: consta o nome do beneficiário. Pode apresentar-se sob a modalidade à ordem (passíveis de 
serem transferidos por endosso) ou não à ordem (transmitidos somente por cessão comum civil de crédito – 
nesse caso o cedente se obriga apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores do 
título). 
- Nominativo (art. 921, CC): “É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro 
do emitente”. 
 
2.2 Letra de câmbio 
 
É um título de crédito clássico e comporta todas as características dos títulos de crédito. É mais utilizada em 
negócios internacionais (comércio exterior) e no Brasil é substituída pela duplicata. Está prevista no Decreto 
57663/66 (Lei Uniforme de Genebra). O anexo I está em vigor, sendo que o anexo II estabelece as reservas 
do que não vige no Brasil, devendo ser aplicado o Decreto 2.044/1908. 
 
2.2.1.1 Legislação aplicável – Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra 
 
2.2.1.2 Conceito 
 
Ordem dada, por escrito, a uma pessoa, para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem deste, uma 
determinada importância em dinheiro. Ou seja, é um título de crédito por meio do qual uma pessoa 
(sacador) declara que certa pessoa (sacado) pagará a certa pessoa (tomador ou beneficiário) uma quantia 
certa, num determinado local ou data. 
 
2.2.1.3 Elementos pessoais 
 
a) SACADOR - eminente da letra de câmbio / quem dá a ordem de pagamento; 
b) SACADO - quem recebe a ordem de pagamento; 
c)TOMADOR - o beneficiário da ordem de pagamento. 
É possível que sacador e tomador sejam a mesma pessoa. 
É possível que sacador e sacado sejam a mesma pessoa (nesse caso, a letra de câmbio acaba tendo as 
mesmas funções de uma nota promissória, conforme art. 3º da Lei Uniforme). 
É possível até que sacador, sacado e tomador sejam a mesma pessoa (Marcelo Bertoldi). 
 
 
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2.2.1.4 Requisitos da letra de câmbio 
 
- Título de modelo livre. 
- Quanto ao aspecto material, a letra de câmbio deve ser feita em papel; a forma mais comum são 
formulários já prontos, em que basta preencher espaços vazios com as informações indicadas. 
- Requisitos extrínsecos: são aqueles relativos à formalidade do título em si. Eventuais falhas quanto a tais 
requisitos podem ser alegadas e opostas por qualquer devedor contra qualquer credor. Ex: falsidade da 
cártula; adulteração, etc. 
- Requisitos intrínsecos: são aqueles relativos à obrigação contida na letra de câmbio. São os exigidos pelo 
direito para a validade de qualquer negócio jurídico. Referem-se à capacidade das partes, ao consentimento, 
ao objeto e à causa da obrigação. 
- Requisito essenciais: o art. 1º do Anexo I do Decreto n. 57.663/66 traz os elementos que deve conter a 
letra de câmbio, sem os quais, o título não produzirá efeitos como tal. 
2.2.2 Saque 
 
É a criação da letra de câmbio. Vincula apenas o sacador (emitente). 
 
2.2.3 Aceite 
 
Na época do saque, o ato ainda não vincula o sacado, vincula somente o sacador. O aceite é o ato que 
vincula o sacado. É o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento 
da ordem que lhe é dada (art. 28). O aceite é formalizado com a assinatura do sacado no título (art.25). 
Quando o sacado aceita pagar, ele passa a ser o devedor principal, denominado de aceitante, de modo que 
o sacador continua sendo devedor, mas não o principal. 
O aceite na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável, sendo quea sua recusa gera o vencimento 
antecipado do título, podendo o tomador exigir do sacador o seu pronto pagamento. 
Pode ainda haver a recusa parcial, que ocorre quando o sacado aceita a letra parcialmente, podendo ser 
limitativo (do valor constante do título) ou modificativo (aceita pagar, mas modifica alguns requisitos). 
Nestes casos, o aceitante se vincula ao pagamento do título nos exatos termos de seu aceite, mas se opera 
o vencimento antecipado da letra de câmbio, que poderá, por isto, ser cobrada de imediato do sacador. A 
única diferença entre a recusa total e a recusa parcial, pois, relaciona-se à posição assumida pelo sacado, eis 
que no primeiro caso, ele não assume obrigação cambial nenhuma. 
A recusa do aceite deve ser comprovada pelo protesto do título (art.14). À vista do protesto por falta de 
aceite, vencendo-se antecipadamente a letra, caberá ao portador o direito de ação executiva contra o 
emitente da letra e os demais obrigados (endossantes e avalistas). 
Entretanto, pode o sacador se prevenir quanto ao vencimento antecipado da letra: colocando no título a 
cláusula não aceitável (cláusula non acceptable: art. 22 da Lei Uniforme), que impõe ao tomador a obrigação 
de só procurar o sacado para o aceite na data do vencimento. Existe ainda uma pequena variante da cláusula 
não aceitável, por meio da qual a letra pode ser apresentada para aceite antes do seu vencimento, mas 
somente após uma certa data fixada pelo sacador. 
 
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O ato de submeter a letra ao reconhecimento do sacado chama-se apresentação. Se o sacado reconhecê-
la, assinando a letra, torna-se aceitante, obrigado principal pelo pagamento. 
A Lei Uniforme admite o cancelamento do aceite, antes da restituição da letra, o que é considerado, então, 
aceite recusado. 
É inconstitucional a prisão prevista no artigo 885 do Código de Processo Civil, onde se determina a citada 
medida para os casos de recusa na entrega da letra. 
Prorrogação do prazo de apresentação para aceite – a decadência ou perda de certos direitos cambiários 
decorrem da não apresentação ou da tardia apresentação da letra. A Lei Uniforme admite, assim, que, 
havendo caso fortuito ou força maior, possa ser prorrogado o prazo de apresentação para aceite. Cessado o 
caso fortuito ou força maior, o portador deve apresentar sem demora a letra para aceite, ou para 
pagamento. 
2.2.4 Formas de vencimento da letra de câmbio (art. 33) 
 
a) à vista: vence na apresentação, que poderá ser feita dentro do prazo de um ano, contado da emissão do 
título. 
b) a dia certo: no dia que consta no título, que já está ali fixado. 
c) a tempo certo da data (DO SAQUE): a data do vencimento será contada a partir do saque (emissão) 
d) a tempo certo da vista (DO ACEITE): o vencimento ocorre em um prazo previamente indicado no título a 
contar do aceite. 
 
2.2.5 Endosso 
 
O endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com cláusula à ordem transmite o direito ao 
valor constante do título a outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula. 
“A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes” (Art. 893 CC). 
Endossante – aquele que transfere por endosso. 
Endossatário – aquele que recebe o título por endosso. 
Em regra, enquanto o endossatário se torna novo credor da letra de câmbio, o endossante passa a ser um de 
seus codevedores. Entretanto, se não for intuito do endossante assumir a responsabilidade pelo pagamento 
do título, e com isso concordar o endossatário, operar-se-á a exoneração da responsabilidade pela 
CLÁUSULA “SEM GARANTIA” (que apenas o endosso admite). 
O art. 914 do CC traz redação que isenta (em regra) o endossante de garantir o pagamento do título. Vale 
repisar que esse dispositivo só é aplicável aos títulos de crédito não regulados e, portanto, não é aplicável à 
letra de câmbio. 
 
2.2.5.1.1 Formalidade e Efeitos do Endosso 
 
 
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O endosso deve sempre constar do título (cartularidade - art. 13, Lei Uniforme). Pode ser feito no verso ou 
no anverso no título. No verso, basta a simples assinatura do endossante. No anverso, ele será completo 
quando contiver a assinatura do endossante e uma declaração de que se trata de um endosso. Não é 
possível lavrar o endosso em documento à parte ou concedê-lo por meio de instrumento público. 
O endosso deve ser puro e simples. Considera-se como não escrita no endosso qualquer condição a que se 
subordine o endossante (art. 12 da LU). 
É vedado o endosso parcial ou limitado, ou seja, aquele que diga respeito apenas a parte do valor constante 
do título (art. 8º, § 3º, do Decreto n. 2.044/1908). 
O endosso pode ser em preto (indicando a pessoa a quem é transferido o título) ou em branco (não 
indicando a pessoa a quem é transferido o título). Com o endosso em branco, o título passa a ser ao 
portador, circulando pela simples tradição. 
Endosso próprio – transfere a titularidade do crédito e o exercício de seus direitos, bem como obriga o 
endossante na qualidade de coobrigado. 
Súmula 475 do STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por 
endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu 
direito de regresso contra os endossantes e avalistas. 
Endosso impróprio – não transfere a titularidade do crédito, mas apenas possibilita ao detentor o exercício 
de seus direitos. O endossatário, no endosso impróprio, pode exercer todos os direitos emergentes da letra 
de câmbio, exceto o de transferir a titularidade do crédito, que remanesce nas mãos do endossante-
mandante ou caucionário. 
São espécies de endosso impróprio: 
a) Endosso-caução (endosso-penhor, ou endosso-pignoratício) – títulos de crédito dados em garantia a 
outro negócio. Não há a transferência do crédito. Trata-se de garantia. “Pague-se em garantia”. Este 
somente é utilizado nos títulos a prazo (excluindo, portanto, o cheque, que consiste em ordem de 
pagamento à vista). 
b) Endosso-mandato (endosso por procuração) – quando o credor transfere para outra pessoa só o poder 
de receber em seu nome: “Pague-se por procuração”; o mandatário somente vai receber o valor e passar 
para o credor. 
Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos 
decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. 
Responsabilidade do endossante – na letra de câmbio, o endossante é responsável pelo aceite e 
pagamento do título, salvo se registrar que endosso é sem garantia – art. 15, da Lei Uniforme. O endosso 
vincula o endossante ao pagamento do título de crédito; existe uma solidariedade cambial, que consiste no 
fato de quem paga poder cobrar tudo do devedor principal. 
O protesto é ato necessário para garantir o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas. 
Endosso X Cessão de Crédito. Ambos se caracterizam como atos transmissores da titularidade de crédito, 
havendo, entretanto inúmeras diferenças: 
 
ENDOSSO CESSÃO DE CRÉDITO 
 
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Instituto de direito cambiário Instituto de direito civil 
É ato unilateral É negócio jurídico, portanto, bilateral (formada pelo 
acordo de vontades das partes). 
Só é admitido mediante assinatura e declaração apostas 
no título 
Pode ser feita da mesma forma que qualquer outro 
contrato 
Confere direitos autônomos ao seu beneficiário 
(direitos novos em relação aos anteriores) 
Confere direitos derivados (os mesmos direitos de 
quem cedeu) 
Em regra,o endossante responde pela exigência do 
crédito e pelo pagamento do título 
Em regra, o cedente responderá apenas pela 
existência do crédito 
Vigora o princípio da inoponibilidade das exceções Admite que o devedor oponha contra o cessionário 
exceções que tinha contra o cedente (CC, art. 294) 
Não pode ser parcial Pode ser parcial 
 
Cláusula “não à ordem”: A letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é 
transmissível por via de endosso. Isso significa que a letra de câmbio tem implícita a cláusula “à ordem”. 
Para que o título não circule sob as regras do direito cambiário, é necessária a inclusão expressa da cláusula 
“não à ordem”, que proíbe o endosso, mas não impede a transmissão do direito contido no título por meio 
de cessão civil de crédito. Havendo a transferência da letra, estarão ausentes os efeitos cambiais naturais do 
endosso em relação àquele que inseriu a cláusula “não à ordem”. Podem inserir a cláusula não à ordem: o 
sacador ou o endossante. 
Endosso tardio ou póstumo: É o endosso dado após o vencimento do título. Em regra, o endosso tardio tem 
os mesmos efeitos do endosso comum (dado antes do vencimento do título). Todavia, produzirá os efeitos 
de uma cessão ordinária de crédito quando for posterior ao protesto por falta de pagamento; ou quando 
dado depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. 
O endosso que não contém data – presume-se dado antes do protesto do título. Mas, essa presunção é 
relativa, admitindo prova em contrário. 
 
2.2.6 Aval 
Aval é a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade, pela qual uma 
pessoa, natural ou jurídica (avalista), assume obrigação cambiária autônoma e incondicional de garantir, 
total ou parcialmente, no vencimento, o pagamento do título nas condições nele estabelecidas. 
Características: 
a) Equivalência – o avalista é obrigado nos mesmos termos que o avalizado (exceto se o aval for parcial). 
Não há benefício de ordem e pode ser acionado isoladamente. 
b)Autonomia – a obrigação do avalista independe da obrigação do avalizado. Mesmo que a relação do 
avalizado seja nula, a do avalista permanece. 
 
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Aval total x Aval parcial 
Aval pode ser total ou parcial (art. 30 da Lei Uniforme). O art. 897 do CC, parágrafo único, veda o aval 
parcial para os títulos de crédito sem legislação específica. 
Aval em branco x Aval em preto 
Aval em preto: identifica o avalizado. 
Aval em branco: quando não identificado o avalizado do título. Neste caso, o avalista está garantindo 
aquele que criou o título de crédito (o sacador). O aval em branco é presumidamente realizado em favor do 
sacador. 
Aval antecipado x aval posterior 
Aval antecipado: o aval pode anteceder o aceite ou o endosso, ainda não lançados no título. A respeito do 
aval aposto antes do aceite, cumpre salientar que a recusa total ou parcial do aceite nenhuma influência 
exercerá sobre a responsabilidade do avalista, que assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título. 
Já no caso do aval antes do endosso: se este não se realizar, nenhuma obrigação se originará para o avalista 
do endossante. 
Aval posterior: Discute-se a possibilidade de o aval ser ou não válido quando lançado após o vencimento. 
Para alguns seria inválido por não haver expressa previsão legal admitindo-o, como ocorre com o endosso 
(art. 20 da Lei Uniforme). Para outros seria válido exatamente por aplicação analógica ao dispositivo 
mencionado que admite o endosso após o vencimento. O tema atualmente encontra-se pacificado em 
decorrência da regra contida no art. 900 do Código Civil, que expressamente declara: “o aval posterior ao 
vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado”.Esse dispositivo tem plena aplicação na 
medida em que não há regra expressa em sentido contrário em lei especial, na hipótese, a Lei Uniforme. 
Não gera, porém, efeito o aval dado após o protesto ou após o decurso do prazo para fazê-lo. Com efeito, o 
Código Civil só concedeu eficácia ao aval após o vencimento. 
 
Aval SUCESSIVO x Aval SIMULTÂNEO: 
Aval Simultâneo: é aquele dado em conjunto, por duas ou mais pessoas, em relação a uma mesma 
obrigação. Se um dos avalistas simultâneos pagar o título, este poderá exigir do avalizado, o montante 
integral da obrigação, ou, dos demais avalistas simultâneos, a proporção de seus avais. 
Aval Sucessivo: ocorre quando a obrigação de um avalista é garantida também por aval. Quer dizer: 
alguém avaliza um avalista. Nesse caso tem estar expresso que o aval é a favor de outro avalista, senão o 
aval será simultâneo. 
Existe subsidiariedade nas obrigações – Primeiro executa-se o patrimônio do 1o avalista (que recebeu aval 
em sucessão de outro). Somente depois, executa-se o patrimônio do seu avalista sucessivo. 
Súmula do STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. 
AVAL X FIANÇA 
 
AVAL FIANÇA 
 
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Só pode ser dado em título de crédito 
O avalista só fica responsável por aquilo que está 
previsto expressamente no título de crédito, e não no 
eventual contrato de mútuo. 
OBS: se o aval é feito, eventualmente, num instrumento 
separado do título, não será válido como aval, porque 
não respeita o princípio da literalidade. Poderá ter 
valor, no máximo como uma fiança. (SANTA CRUZ) 
Só pode ser dada em contrato. 
Assim como não há aval em contrato, não há fiança 
em título de crédito. 
O aval é autônomo 
A obrigação do avalista persiste mesmo com a nulidade 
da obrigação do avalizado. 
Em caso de morte, incapacidade ou falência do 
avalizado, o avalista continua responsável. 
A fiança é acessória. 
A nulidade da obrigação do afiançado abrange a 
obrigação do fiador. 
O aval não possui benefício de ordem A fiança tem benefício de ordem 
Não era necessária autorização do cônjuge. 
Com o novo CC/2002, exige essa autorização, exceto se 
houver regime de separação absoluta de bens (art. 
1647, III, CC) 
Era exigida autorização do cônjuge. 
No CC/ 2002, essa autorização é exigida, exceto se 
houver regime de separação absoluta de bens. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Súmula 26 do STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas 
obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. 
 
2.2.7 Pagamento 
 
A letra de câmbio é uma obrigação querable por natureza, pois o devedor, no dia do vencimento, não sabe 
nas mãos de quem e onde se encontra o título. O portador do título (credor) deve ir ao devedor apresentar 
o título para pagamento. 
A Lei Uniforme dispõe que a letra deve ser apresentada para pagamento no dia do vencimento ou em um 
dos dois dias subsequentes. O Brasil, todavia, usou da reserva, razão pela qual, em relação às letras pagáveis 
em seu território, deverá o portador fazer a apresentação no próprio dia do vencimento. 
Efeitos da não-apresentação – O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja qual for a 
modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde, em consequência, o direito de regresso 
contra o sacador, endossadores e respectivos avalistas. Expirado o prazo de apresentação para pagamento, 
o portador somente terá direito de ação contra o aceitante (e respectivo avalista). 
O portador não pode recusar o pagamento que se lhe queira efetuar, seja total ou parcial, se for oferecido 
no dia do vencimento (no direito civil, o credor pode recusar o pagamento parcial). Art. 902, § 1°, CC: no 
 
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vencimento,não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. O pagamento antecipado, seja total 
ou parcial, pode ser recusado. 
Art. 902 CC: não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o 
paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento. Assim é porque pode ocorrer que 
o título tenha sido extraviado, e se encontre na posse ilegítima do portador. 
O credor pode fazer uma oposição ao pagamento, nos casos em que o título estiver na posse ilegítima de 
outra pessoa. Esta oposição deve ser dirigida ao devedor por carta registrada. 
Verificação dos endossos – Aquele que paga a letra é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos 
endossos, mas não a assinatura dos endossantes. A cadeia de endossos em preto deve estar perfeita, com 
as assinaturas dos endossantes se encadeando, um a um. 
Lugar do pagamento – Na falta de menção no título, prevalece o lugar que constar ao lado do nome do 
sacado. 
 
2.2.8 Protesto cambial 
 
2.2.8.1.1 Modalidades de protesto: 
 
- Protesto Judicial – é modalidade especial de protesto tratada no CPC. 
- Protesto Extrajudicial ou Cambial – é tratado no direito cambiário. 
 
2.2.8.1.2 Definição 
 
Assim, o protesto cambial é ato público, formal e solene, realizado por tabelião, destinado a servir de prova 
de que o credor se desonerou da obrigação de apresentar o título ao devedor para aceite ou para 
pagamento e de que o mesmo se encontra inadimplente. 
O protesto cambial não cria direitos, sendo simples meio de prova para o exercício do direito cambiário, 
como acentua Pontes de Miranda e uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua obrigação sem 
que seja necessária ação judicial. 
Súmula 153 do STF: “simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. Sem eficácia, pois, o art. 
202, III, do CC, que determina que o protesto cambiário interrompe a prescrição. 
Juros (artigo 48 da Lei Uniforme) – contam-se desde a data do vencimento, à taxa de 6%. Há quem defenda, 
porém, que eles se contam apenas a partir do protesto, sob o argumento de que o devedor não sabe quem é 
o portador do título. 
Já em relação aos prazos para protesto, a disciplina é diferente para cada um dos tipos: 
a) protesto por falta de pagamento – como o Brasil se valeu do seu direito de reserva, não adotou a regra 
da Lei Uniforme. Assim, o dia da apresentação do título é o do vencimento. Se houver recusa, a letra deve 
ser entregue ao oficial de protesto no primeiro dia útil seguinte; 
 
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b) protesto por falta de aceite – não houve reserva. Assim, se o devedor pede que a letra lhe seja 
apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação, tendo esta sido feita no último 
dia do prazo, pode fazer-se o protesto ainda no dia seguinte. 
 
2.2.11.4.1 Procedimento do protesto 
 
1) o credor (ou outra pessoa que esteja portando o documento) leva o título até o tabelionato de protesto e 
faz a apresentação, pedindo que haja o protesto e informando que os dados e endereço do devedor; 
2) o tabelião de protesto examina os caracteres formais do título; 
3) se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto devedor no endereço 
apresentado pelo credor (art. 14 da lei de Protesto); 
4) a intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou providencie a sustação 
do protesto antes de ele ser lavrado; 
5) após a intimação, poderão ocorrer quatro situações: (i) o devedor paga (art. 19); (ii) o apresentante 
desiste do protesto e retira o título (art. 16); (iii) o protesto é sustado judicialmente (art. 17); (iv) o devedor 
fica inerte ou não consegue sustar o protesto. 
6) Se ocorrer as situações (i), (ii) ou (iii), o título não será protestado; 
7) Se ocorrer a situação (iv), o título será protestado (será lavrado e registrado o protesto). 
 
Responsabilidade pela baixa após o pagamento: depois do título ter sido protestado, caso o devedor efetue 
a quitação da dívida, a responsabilidade por promover o cancelamento do protesto não é do credor, mas sim 
do devedor ou de qualquer outro interessado. 
Cancelamento de protesto: STJ 2015 (Info 562): A prescrição da pretensão executória de título cambial não 
enseja o cancelamento automático de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. Note-se que, de 
acordo com o art. 1º da Lei 9.492/1997, o “Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a 
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”. 
Portanto, o protesto não se prende imediatamente à exequibilidade do título ou de outro documento de 
dívida, mas sim à inadimplência e ao descumprimento da obrigação representada nestes papéis. Ora, a 
inadimplência e o descumprimento não desaparecem com a mera prescrição do título executivo não 
quitado. Ao contrário, permanecem, em princípio. Então, não pode ser o protesto cancelado simplesmente 
em função da inaptidão do título prescrito para ser objeto de ação de execução. 
Sustação do protesto – Cuida-se de construção jurisprudencial, tendo sido positivada com a Lei 9.492/97, 
para evitar o abuso do direito de certos credores, que usam o protesto para oprimir e coagir o devedor a 
pagar a dívida. 
Protesto extrajudicial de certidão de dívida ativa (CDA) – STJ 
O art. 1º da Lei n. 9.497 permite que seja realizado protesto não apenas sobre títulos como também com 
relação a outros documentos de dívida (documento de dívida é todo e qualquer meio de prova escrita que 
comprove a existência de uma obrigação líquida, certa e exigível). Passou-se a discutir a possibilidade de 
protestar certidão de dívida ativa da Fazenda Pública.De início, o STJ afirmou que não haveria interesse 
jurídico em realizar o protesto da CDA considerando que, por ser título executivo, é possível o ajuizamento, 
 
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desde logo, da execução fiscal (STJ, AgRg no Ag 1316190/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 1ª Turma, DJe 
25.05.2011). Com a superveniência da Lei n. 12.767/2012, incluindo parágrafo único ao art. 1º da Lei n. 
9.492/97, com o seguinte teor “Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas”, 
passou a existir expressa previsão legal do protesto de CDA. No final de 2013, o STJ, alterando sua antiga 
posição, passou a entender que é possível o protesto da certidão de dívida ativa (CDA). 
 
2.2.12 Ação cambial 
 
É, no direito brasileiro, uma ação executiva típica. 
O portador pode acionar qualquer obrigado, sem estar adstrito à ordem, ou pode mover a ação contra 
todos, citando-os solidariamente. Porém, para que possa exigir o pagamento dos demais obrigados pelo 
título (endossantes e avalistas), deverá comprovar o inadimplemento do devedor principal, o que se faz pelo 
protesto. 
O prazo para o protesto é decadencial; o da ação, prescricional. 
Prescrição da ação cambial (Letra de Câmbio): 
a) contra o aceitante – prescreve em 3 anos a contar do vencimento; 
b) do portador contra os endossantes e contra o sacador – prescreve em 1 ano, a contar do protesto feito 
em tempo útil, ou da data do vencimento, se fora aposta a cláusula “sem protesto”; 
c) dos endossantes contra os outros e contra o sacador – prescreve em 6 meses, a contar do dia em que o 
endossante pagou a letra ou, se for o caso, do dia em que ele foi acionado. Nesse caso, trata-se do exercício 
do direito de regresso. 
O art. 71 da LU esclarece que a interrupção da prescrição somente se opera em relação à pessoa para quem 
a interrupçãofoi feita. Logo, se interrompida contra um dos coobrigados, não se estende aos demais. 
Ação de enriquecimento ilícito (ação de in rem verso) – o próprio artigo 15 do Anexo II da Convenção de 
Genebra facultou aos países signatários a previsão da citada ação. Baseia-se na equidade, e não no direito 
creditório, que já está prescrito. A sua causa de pedir não é a existência do crédito (que já prescreveu), mas 
o locupletamento ilícito. Segundo o § 3° do art. 206 do CC, o prazo é de 3 anos. 
 
2.2.13 Ressaque 
 
Ressacar é sacar outra vez. Possui idêntica natureza do saque primitivo, com os mesmos requisitos essenciais 
(tanto que dispensa até novo aceite do sacado, sendo suficiente o do título original). Na verdade, é novo 
saque que substitui ação regressiva. 
Previsto no art. 37 do Decreto nº 2.044/08, permitindo ao portador de uma letra que a tenha pago, 
devidamente protestada, e não prescrita, proceder à emissão de um novo título, com a finalidade de 
substituir a ação regressiva contra os demais co-responsáveis. 
Se algum obrigado indireto pagar a letra, poderá demandar os demais de dois modos: 
a) via ação regressiva; 
 
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b) emitindo uma nova letra, que será a cópia fiel da primitiva, junto da qual deve seguir. 
 
2.3 Nota promissória 
2.3.11 Legislação aplicável – Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra 
 
2.3.12 Conceito 
A nota promissória é um título de crédito emitido pelo devedor, sob a forma de PROMESSA direta e 
unilateral de pagamento (e não uma ordem de pagamento), a determinada pessoa, de quantia 
determinada, à vista ou a prazo, nas condições dela constantes, efetuada, em caráter solene, pelo 
promitente-­­devedor ao promissário-­­credor. 
Como se trata de promessa de pagamento, e não de ordem de pagamento, o devedor já está se obrigando 
diretamente ao pagamento. NÃO HÁ SACADO E NÃO HÁ ACEITE. 
Já decidiu o STJ que não são absolutos os princípios da abstração e da autonomia quando a cambial é 
emitida em garantia de negócio subjacente. Por óbvio, essa situação não altera a natureza de título 
executivo da nota (nem de cambial). A situação se agrava quando a nota está vinculada a contrato de 
abertura de crédito, caso em que o título se torna ilíquido. 
Súmula 258 do STJ: A nota promissória vincula a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em 
razão da iliquidez do título que a originou. 
Isso significa que, se o credor primitivo (que é o banco) transferir essa nota promissória para terceiro, aquilo 
que poderia ser alegado para o credor primitivo também pode ser alegado contra o terceiro, em sede de 
embargos (ex: valor dos juros, saldo devedor, comissão de permanência, etc). Afasta-se a não-oponibilidade, 
subprincípio da autonomia. 
Na nota promissória, diferentemente do que ocorre com a letra de câmbio, não há que se falar em saque, 
mas em emissão do título. 
 
2.3.13 Elementos pessoais 
 
EMITENTE ou SUBSCRITOR – aquele que faz a promessa de pagamento; 
BENEFICIÁRIO – o favorecido na promessa de pagamento. 
 
2.3.14 Requisitos 
 
Para ser considerada válida, a NP deve conter requisitos essenciais (art. 75 da LU): 
- denominação “nota promissória”; 
- promessa solene e direta de pagar certa quantia; 
- nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
- indicação da data de emissão da nota promissória; 
 
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- assinatura do emitente. 
A LU considera requisitos não essenciais (art. 76): 
- data de vencimento do título (na sua ausência o título é pagável à vista); 
- lugar de pagamento da nota promissória (quando o título não especificar o lugar de seu pagamento, deve 
ser considerado como tal o lugar de sua emissão); 
- lugar de emissão; 
 
2.3.15 Aplicação das regras da letra de câmbio 
 
Endosso: Somente o titular do crédito pode endossar, ou seja, o credor ou beneficiário. Quem endossa é o 
endossante, quem recebe é endossatário. O novo credor pode cobrar de todos os anteriores, até do 
endossante, que não é o devedor principal, mas também é devedor. 
Aval: quem presta o aval é o avalista, quem é garantido é o avalizado. Os dois são equiparados, pois, 
respondem da mesma forma, não há benefício de ordem; ou seja, tanto um, quanto outro pode ser cobrado 
indistintamente. Somente o devedor pode ser avalizado, na NP são devedores: o emitente e os endossantes. 
As duas obrigações são distintas, mesmo que haja nulidade na relação jurídica do avalizado em relação ao 
credor, não implicará na nulidade da obrigação do avalista; são obrigações autônomas. As exceções pessoais 
do avalizado, também não alcançam o avalista. 
O aval pode ser total ou parcial. 
2.3.16 Vencimento e pagamento 
 
Há entendimento doutrinário no sentido de que a nota promissória não poderia ser dada a certo termo da 
vista (já que não há aceite). 
Na falta de pagamento da nota promissória, o credor poderá promover o protesto do título. Observe que, na 
nota promissória, não há protesto por falta de aceite, somente por falta de pagamento. 
Prazos prescricionais da nota promissória são os mesmos da letra de câmbio, com a única diferença a de 
que no lugar do aceitante entra o eminente e é retirada a figura do sacado. 
a) 03 anos contra o devedor principal, o emitente e seu avalista, a partir do vencimento da promissória. 
b) 01 ano contra endossantes e seus avalistas, contado do protesto. 
c) 06 meses para regresso entre endossante, contados de quando foi efetuado o pagamento. 
Súmula 504 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória 
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. 
 
2.3.17 NP Pro Soluto x NP Pro Solvendo 
 
NP Pro Soluto é a nota em pagamento. Quando você faz a tradição (entrega), a tradição faz a novação. 
Quando entrego a NP estou provocando a quitação da obrigação que a originou. Ex.: compra e venda de 
 
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imóvel. Se não pago a NP, a construtora vai poder fazer a rescisão do contrato. Quando entrego a NP, quitei 
a compra e venda, não é possível rescindir. A construtora só terá à disposição a execução. 
NP Pro Solvendo é a nota para pagamento. A entrega do título não provoca a quitação da obrigação, que 
somente se opera com o pagamento do título. Se eu não pagar a NP no vencimento, a construtora pode 
ajuizar ação de execução, mas também pode optar pela rescisão do contrato, porque o contrato não está 
quitado. 
 
2.4 Duplicata 
A doutrina aponta que a duplicata é título de crédito concebido pelo direito brasileiro, que nasceu como 
instrumento de política fiscal e se consolidou em razão do pouquíssimo uso da letra de câmbio na praxe 
comercial nacional. 
A duplicata é um título de crédito causal e à ordem, extraído pelo vendedor ou prestador de serviços, que 
visa documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de 
serviços, que tem como pressuposto a extração de uma fatura. 
Ela é uma ordem de pagamento sempre vinculada ao contrato de compra e venda mercantil ou de 
prestação de serviços. 
Segundo disposição legal, toda vez que há uma compra e venda mercantil ou uma prestação de serviços, é 
obrigatória a emissão de fatura. Do crédito representado na fatura, poderá ser extraída uma duplicada. A 
emissão da duplicada não é obrigatória (podem ser emitidos outros títulos de crédito). 
Além disso, conforme previsão legal, uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura (artigo 2°, § 
2°, da Lei). É possível haver várias

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