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CURSO DE DIREITO
WALTERBERG SANTOS DA COSTA – Matrícula: 2141100717
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
CONTESTAÇÃO A RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
	
ITABAIANA – SE
MARÇO/2018
Excelentíssimo Juízo Da __Vara Do Trabalho Da Comarca De Itabaiana/SE
Processo nº 0000001-77.2018.5.20.0013
Madeireira Filó LTDA, já qualificada nos autos do processo sob o número em epigrafe, por sua procuradora que junta neste ato instrumento de procuração, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência para apresentar defesa na forma de Contestação À Reclamatória Trabalhista que lhe move Marco Bandeira também já qualificado nos autos pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a expor:
I. Preliminarmente
A) Da Impugnação ao Pedido de Assistência Judiciária Gratuita
Excelência, tendo em vista as novas disposições do NCPC, não mais se faz necessário interpôr peça apartada quando da impugnação ao pedido de AJG do Reclamante, conforme Art. 337, XIII, da Lei 13.105/2015, vejamos:
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
[...] XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. [...]
No âmbito do Processo do Trabalho, este benefício somente pode ser concedido quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo artigo 14da Lei n. 5.584/70, motivo pelo qual, não estando presentes esses requisitos, deve ser indeferida a concessão deste benefício à reclamante. Salienta-se ainda que o artigo 133 da CF de 1988 não revogou a referida Lei, tampouco, o “jus postulandi”, próprio do processo do trabalho, assegurado pelo artigo 791da Consolidação das Leis do Trabalho.
Com efeito, o reclamante percebe, mensalmente, uma quantia muito superior ao mínimo previsto em lei, para que faça jus ao referido benefício e não possui quaisquer encargos que possam obstar sua contribuição processual.
Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade judiciária, visto que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento próprio e de sua família, não sendo este o caso da demandante.
Atualmente, a simples afirmação de miserabilidade jurídica não basta para o deferimento da assistência judiciária gratuita. Revogada foi a presunção de pobreza anteriormente estabelecida em lei ordinária. A Nova Constituição Federal, mais precisamente em seu artigo V, inciso LXXIV, determina: "O Estado prestará assistência judiciária e integral gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos". 
A simples declaração de pobreza não tem, no Processo do Trabalho, a mesma força que possui na Justiça Comum. Isto é, não basta a simples declaração para a requerente ser considerada impossibilitada de sustento próprio, deve haver comprovação, mediante atestado da autoridade local do Ministério do Trabalho (art. 14, § 2º, da Lei nº 5.584/70) da situação econômica peculiar.
Na espécie, o reclamante, contrariando dispositivo constitucional, não comprovou a condição alegada.
Assim, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de AJG.
II. Dos Fatos E Dos Direitos
1) Das Horas Extras E Intervalos Intrajornadas
O reclamante prestou serviços para a reclamada no período de 01/02/2018 à 01/03/2018.
A Reclamante alega que trabalhava 02 horas a mais que a jornada contratada, que é das 07:00 às 16:00 h, requerendo indenização de horas extras trabalhadas.
Para o período relatado pelo Reclamante, não há nos autos qualquer adminículo de prova pré-constituída que favoreça o Reclamante em suas pretensões referentes à jornada de trabalho. 
Tampouco há indicação de diferenças de horas extras e intervalo intrajornada a partir dos horários consignados nos controles de jornada, deste modo, nenhum valor é devido de horas extras, pois não há nenhum resquício de prova que constitua algum direito para o requerente.
Além disto o demandante, por escolha do empregador, entrou na comissão de conciliação prévia como titular, tendo o mandato começado em 01.02.18, porém desobedeceu ordem direta de seu empregador ao não ajudar na conciliação com um outro empregado acerca de verbas trabalhistas.
2) Da reintegração as Atividades Laborais
O artigo 625-B, 1º da CLT preconiza o que segue:
"Art. 625-B [...]
[...] 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros de Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até (um) ano após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave, nos termos da lei.
No caso em tela o requerente cometeu falta grave, pois desobedeceu à ordem direta de seu empregador, sendo motivo para dispensa com justa causa, conforme disposto em dispositivo da CLT: 
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
3) Das verbas resilitórias
Tendo em vista que se trata de dispensa por justa causa motivada por insubordinação, o empregado tem direito apenas a:
 
 - Saldo de salários;
 - Férias vencidas, com acréscimo de 1/3 constitucional;
 - Salário-família (quando for o caso); e
 - Depósito do FGTS do mês da rescisão. 
Portanto, é incabível as pretensões requeridas pelo autor em relação a 13º salário proporcional, férias proporcionais, aviso prévio indenizado e liberação do FGTS acrescidos da multa de 40%.
Por se tratar de dispensa com justa causa, terá direito apenas ao depósito de FGTS do mês da rescisão, sem o acréscimo da multa. Não é cabível saldo de salário, visto que o mesmo já fora pago, não há férias vencidas.
4) Honorários Advocatícios
Tratando-se de litígio decorrente da relação de emprego, nos termos da Instrução Normativa n.º 27/2005 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorários advocatícios são disciplinados na Lei n.ª 5.584/70.
Não preenchidos os requisitos do art. 14 da referida lei, uma vez que não consta dos autos credencial sindical, não faz jus o Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios. Aplicação ao caso do entendimento consubstanciado nas Súmulas n.º 219 e 329 do TST.
Assim, requer seja indeferida a condenação de honorários advocatícios.
5) Da ausência de procuração na petição inicial
Segundo diversas correntes doutrinárias a ausência de procuração poderá trazer consequências dispendiosas para o autor.
Uma primeira corrente sustenta que a ausência de procuração torna a petição inicial inexistente, baseando-se no artigo 37 do Código de Processo Civil. Este dispositivo legal determina que somente é possível que o advogado procure, em juízo, em nome da parte, sem instrumento de mandato, em casos urgentes ou para evitar decadência ou prescrição. A procuração deverá, então, ser juntada no prazo máximo de 15 dias da propositura da ação e os atos não ratificados devem ser considerados inexistentes.
Uma segunda corrente baseia-se no artigo 13 do Código de Processo Civil para afirmar que a ausência de procuração não constitui falta de pressuposto de existência, mas, sim, falta de pressuposto de validade. Assim, verificada a incapacidade processual ou irregularidade de representação das partes, o magistrado, suspendendo o processo, deve fixar prazo para que o defeito seja sanado
Por fim, para uma terceira corrente, são inaplicáveis, a casos de ausência de procuração, tanto o artigo 37 quanto o artigo 13 do Código de Processo Civil. Isto porque o Código Civil de 2002 passou a dispor sobre o assunto, abrangendo, inclusive, a hipótese que, anteriormente, poderia configurar lacuna normativa, ou seja, a ausência de procuração. Além disso, previu consequências jurídicas diversas das estabelecidas outrora. Os atos praticados por advogado, sem instrumento de mandato, passaram a ser considerados ineficazes.
Independente de qual corrente seja reconhecida, o fato é que a exordial elaborada pelo requerente não possui seus efeitos plenos no processo, devendo este ser extinto sem resolução de mérito.
Além disto, a peça supracitada não foi juntada aos autos até o momento, tornando-a sem efeitos.
II- Da Impugnação Dos Pedidos
Impugna-se TODOS os pedidos da Reclamante eis que manifestamente
improcedentes não merecendo guarida, bem como por terem sido devidamente pagos.
III – Dos Requerimentos
a) isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente Contestação, bem como sua apreciação para acolher a preliminar e indeferir a AJG ao Reclamante, bem como julgar improcedente a presente demanda, com extinção do feito com ou sem resolução de mérito, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais;
b) protesta por todos os meios de prova em direito admitido, em especial depoimento pessoal do Reclamante e testemunhal;
c) impugna-se o pedido de Assistência Judiciária, eis que o Reclamante não cumpre com os requisitos legais para tal concessão;
d) no que tange aos honorários assistenciais, nota-se que o procurador do Reclamante não cumpre os requisitos legais para tal recebimento restando que diante do jus postulandi inexiste a figura dos honorários de sucumbência;
e) Postula-se seja aplicado, ao pedido de assistência e honorários assistenciais, o quanto determinado nos artigos 14 e seguintes, da Lei 5584/70, bem como sumulas 219 e 329 do E. TST;
f) alternativamente, caso seja deferido algum dos pedidos do Reclamante, postula seja deferida a compensação dos valores pagos.
Nestes termos, pede deferimento.
Itabaiana/SE, 14 de Março de 2018
Walterberg Santos da Costa
OAB/SE XXXX

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