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Relação de Trabalho e Relação de Emprego

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RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO
Profa. Josemara Ponte
Email:josemara_saraiva@yahoo.com.br 
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 		Segundo Mauricio Godinho Delgado, relação de trabalho é “toda relação jurídica caracterizada por ter sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano”.
 
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 			Assim, a relação de trabalho corresponde a toda e qualquer forma de contratação da energia de trabalho humano que seja admissível frente ao sistema jurídico vigente. É importante ressaltar que forma de contratação admissível, entre os particulares, é tanto a expressamente prevista quanto aquela não vedada em lei.
		
DISTINÇÃO ENTRE RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO
 		Diz-se comumente que a relação de trabalho é gênero (alcançando toda modalidade de trabalho humano), ao passo que a relação de emprego (relação de trabalho subordinado) é espécie. 
 		Por esse motivo, é verdadeira a assertiva segundo a qual toda relação de emprego é relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é relação de emprego.
		
		
 			Neste sentido, a relação de emprego é apenas uma das modalidades da relação de trabalho, e ocorrerá sempre que preenchidos os requisitos legais específicos, que, no caso, estão previstos nos arts. 2º e 3º da CLT, conforme será estudado adiante.
REQUISITOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO
			
 			 Trabalho prestado por pessoa física é o primeiro requisito para caracterização da relação de emprego é que exista exploração de energia do trabalho humano.
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 		Posteriormente a relação de emprego é marcada pela natureza intuitu personae do empregado em relação ao empregador. Isso quer dizer que o empregador contrata o empregado para que lhe preste serviços pessoalmente,sendo vedado ao empregado se fazer substituir por outro, exceto em caráter esporádico,e ainda assim com consentimento do empregador.
 
 		Outro requisito é não eventualidade, ou seja, o trabalhador não eventual é aquele que trabalha de forma repetida, nas atividades permanentes do tomador, e a este fixado juridicamente.
	
 			 Ademais, a onerosidade, dentre as características do contrato de trabalho estão o caráter bilateral, e oneroso. Em resumo, isso quer dizer que, se de um lado a obrigação principal do empregado é fornecer sua força de trabalho, do outro a obrigação principal do empregador é remunerar o empregado pelos serviços prestados.
 
 			A subordinação é o requisito mais importante para a caracterização da relação de emprego. Constitui o grande elemento diferenciador entre a relação de emprego e as demais relação de trabalho, apresentando inquestionável importância na fixação do vinculo jurídico empregatício. E por fim o requisito da alteridade, ou seja, significa que o empregado trabalha por conta alheia, o que implica que ele não corre o risco do negócio.
 
 
		
 
 
MODALIDADES DE RELAÇÃO DE TRABALHO
 			Dentre as relações de trabalho, podemos destacar as seguintes modalidades: 
1) Relação de trabalho autônomo; 
2) Relação de trabalho eventual; 
3) Relação de trabalho avulso; 
4) Relação de trabalho voluntário; 
5) Relação de trabalho institucional; 
6) Relação de trabalho de estágio; 
7) Relação de trabalho temporário.
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 			Trabalho autônomo: é modalidade de relação de trabalho em que não há subordinação jurídica entre o trabalhador e o tomador de seus serviços.
 
 			Em geral, o trabalhador autônomo presta serviços com profissionalismo e habitualidade, porém se ativa por conta própria, assumindo o risco da atividade desenvolvida. 
 			
 
 			O autônomo é definido pela Lei 8.212/91 como a “pessoa física que exerce por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não”. Exemplos: marceneiro,representante comercial, profissionais liberais,etc. 
 			Trabalho eventual: por exclusão, eventual é aquele trabalho que não se enquadra no conceito de trabalhão não eventual. 
 			Trabalhador eventual é a pessoa física a que presta serviços esporádicos a uma ou mais de uma pessoa. 
			É o trabalhador contratado para trabalhar em certo evento ou obra. Ex.: eletricista,etc.A lei 8212/91,art.12,inciso V, alínea g, indica o que vem a ser o trabalhador eventual: “aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego”. 
 			Trabalho Avulso: Avulso é aquele trabalhador eventual que oferece sua energia de trabalho,por curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se fixar especificamente a nenhum deles. 
 			O avulso é uma espécie de trabalhador eventual, pois presta serviços esporádicos ao mesmo tomador de serviços
 			O avulso não presta serviço com pessoalidade,pois o trabalhador pode ser substituído por outra pessoa.
 			Distingue-se, porém, o avulso do trabalhador eventual, pois o primeiro tem todos os direitos previstos na legislação trabalhista, enquanto o eventual só tem direito ao preço avençado no contrato.
 			
			Exemplos: estivador , o conferente de carga e descarga, o amarrador da embarcação, etc.
 			Trabalho voluntário: é nos termos do art. 1º da Lei 9608/98, “... a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistencial social, inclusive mutualidade”. 
 
 		A grande distinção entre a relação de trabalho voluntário e a relação de emprego é a ausência da intenção onerosa na primeira, isto é, a prestação de serviço com a intenção graciosa ou benevolente ao passo que na relação de emprego há sempre intenção onerosa.
 			Trabalho institucional: É a relação de trabalho de natureza estatutária mantida com administração pública. Nesta relação jurídica não se forma vínculo de emprego, e sim vínculo estatutário, o qual é regido pelo Direito Administrativo.
 
 			Não se aplicam aos servidores públicos estatutários as normas de proteção ao empregado, e sim as normas próprias previstas nos estatutos, os quais impõem aos servidores públicos regimes jurídicos diferenciados.
 		Estágio: é modalidade de relação de trabalho regulada pela Lei 11788/2008, a qual revogou expressamente a Lei 6494/77, que até então regulava o estágio de estudantes.
 
 		A Lei 11788/2008 conceitua o estágio nos seguintes termos: Art.1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado,desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
 		O estágio pode ser ou não obrigatório, conforme disposto nas diretrizes curriculares do respectivo Curso.
 
 		O estágio não criará vínculo de emprego com o tomador de serviços,desde que observados os requisitos da Lei 11788/2008,dentre os quais se destacam os seguintes: 
- Matrícula e frequência regular do trabalhador no respectivo curso;
- Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino;
- Compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso;
- Acompanhamento efetivo pelo professor orientador na instituição de ensino e por supervisor da parte concedente.
 Podem admitir estagiários:
 
Pessoas jurídicas de direito privado;
Órgãos da Administração Pública direta e indireta;
Profissionais liberais de nível superior, desde que inscritos no órgão de classe
 Direitos do estagiário: 
Seguro contra acidentes pessoais, que deve ser compatível com os valores de mercado;
 Limitação de jornada, que deve ser compatível com atividades escolares, e limitada: 
a) quatro horas diárias e vinte horas semanais,no caso
de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,na modalidade profissional de educação de jovens e adultos;
b)seis horas diárias e trinta horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular;etc.
Duração do estágio não superior a dois anos
É obrigatória a concessão de bolsa e auxilio-transporte (e não vale transporte) no caso de realização de estágio não obrigatório;
A concessão de outros benefícios,tais como transporte, alimentação e saúde,não configura vínculo empregatício,desde que observados os demais requisitos legais para configuração do estágio lícito;
Recesso( e não férias) de 30 dias para os estágios iguais ou superiores a um ano;
Implementação da legislação relacionada à segurança e à saúde do trabalhador.
 			Trabalho Cooperativado: a idéia do cooperativismo surgiu do pressuposto de que a união de trabalhadores potencializa o resultado de sua energia de trabalho, permitindo que estes trabalhadores possam desempenhar suas atividades com maiores ganhos, e além disso, sem se subordinar a ninguém.
 			O cooperativado (lícito, frise-se) é um trabalhador autônomo, pois presta serviços por conta própria e assume os riscos da atividade econômica.De uma forma geral,exige-se que a cooperativa atenda a dois princípios básicos:
a) Princípios da dupla qualidade, segundo o qual o cooperado presta serviços à cooperativa, que, por sua vez, também oferece serviços aos seus associados (Ex.: Cooperativa de táxis, que oferece aos associados combustível a preços subsidiários, serviço de rádio- táxi, serviço de rastreamento via satélite, etc.).
b) Princípio da retribuição pessoal diferenciada, no sentido de que só se justifica a reunião em cooperativa se for para melhorar a condição econômica dos associados. Assim, a remuneração deve ser diferenciada, até mesmo como forma de compensar a exclusão da proteção trabalhista (décimo terceiro, férias e demais parcelas asseguradas ao empregado).
 			Observe-se que o parágrafo único do art.442 da CLT alcança apenas as hipóteses em que a cooperativa é lícita. Caso o instituto da cooperativa tenha sido usada para desvirtuar autêntica relação de emprego, há que se reconhecer a existência desta (art.9º da CLT). No mesmo sentido, é importante ressaltar que o art. 5º da LEI 12690/12 estabelece que “ a cooperativa de trabalho não pode ser utilizada para intermediação de mão de obra subordinada”.
 			É importante ressaltar que esta matéria é recorrente em provas de concursos públicos, especialmente naquelas elaboradas pelo Cespe.
 			Com efeito, o Cespe (Analista – TRT da 9º Região-2007) considerou correta a seguinte assertiva : “ a CLT autoriza a formação de cooperativas destinadas a prestação de serviços. 		
			Não há vínculo de emprego, entre elas e seus associados ou entre estes e os tomadores da mão de obra, exceto quando a associação for mera simulação ou resultar em fraude aos direitos trabalhistas”.
 
 Trabalhador temporário: A definição do trabalho temporário e da empresa de trabalho temporário é dada pelos arts. 2º e 4º da Lei 6019/74, in verbis: 
 Art.2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. 
(...)
 Art.4º Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remuneradas e assistidos.
 			 Extrai-se do dispositivo acima que não é possível a contratação de trabalho temporário no meio rural.
 			 Difere o contrato de trabalho temporário do contrato de experiência. No primeiro, o trabalhador temporário é empregado da empresa de trabalho temporário, embora preste serviços no estabelecimento do tomador de serviços ou cliente. No contrato de experiência, o obreiro presta serviços nas próprias dependências do empregador. Enquanto o trabalho temporário é previsto em lei especial ( lei 6019/74), o contrato de experiência é previsto na CLT.
 
 			O art.10 da Lei 6019/74 mostra indiretamente que o trabalhador temporário é empregado, ao mencionar que a contratação com relação a um mesmo empregado não pode ser superior a três meses. É um empregado urbano.
 
 			O trabalho temporário é a única hipótese legal de intermediação de mão de obra, assim considerado o fornecimento de trabalhadores por empresa interposta(empresa de trabalho temporário). 
 			Quanto a forma, o trabalho temporário exige contrato escrito tanto entre a empresa tomadora e a empresa de trabalho temporário.
 			No trabalho temporário o empregado fica diretamente subordinado ao tomador dos serviços,pelo que o poder diretivo é compartilhado. 
 			 O prazo máximo do contrato de trabalho temporário é de três meses,renovável por igual período,apenas uma vez, mediante autorização do MTE.
 
Direitos assegurados ao trabalhador temporário:
- Remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente, calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo;
- Jornada de trabalho normal estabelecida pela CF/88 (8H diárias e 44 semanais) e horas extras (min.50%);
- Férias proporcionais;
- Descanso semanal remunerado;
- Adicional noturno;
- Seguro contra acidente do trabalho;
- Proteção previdenciária;
- 13º salário;
- Vale- transporte;
- FGTS;
- PIS.
 		
 		Aplicam-se ao trabalhador temporário as hipóteses de justa causa (art.482 da CLT) e de despedida indireta(art. 483 da CLT),bem como a indenização do art.479 da CLT.
 			
			No caso de falência da empresa de trabalho temporário, o tomador de serviços é solidariamente responsável pelos créditos trabalhistas.
 			 
			É vedada a cobrança de quaisquer taxas do trabalho temporário. 
RESUMO
 		
			Relação de emprego: é a relação de trabalho subordinado, qualificada pela prestação pessoal de serviços, pela onerosidade e pele não eventualidade.
 
 São, portanto, requisitos caracterizadores da relação de emprego, exigidos cumulativamente:
- Trabalho prestado por pessoa física;
- Pessoalidade;
- Não eventualidade;
- Onerosidade;
- Subordinação;
- Alteridade (apenas para alguns autores e algumas bancas examinadoras).
 
NATUREZA JURÍDICA DA RELAÇÃO DE EMPREGO
 Teorias contratualistas tradicionais: a relação de emprego não teria natureza contratual,porém se enquadraria em uma das figuras contratuais civilista clássicas, se desdobrando em outras teorias, como a teoria do arrendamento ou locação, teoria de compra e venda, teoria do mandato e teoria da sociedade.
 Teoria acontratualista: a relação de emprego não teria natureza contratual, visto que ausentes a liberdade e a vontade de contratar. A natureza especial atribuída à relação de emprego foi explicada pela teoria da relação de trabalho (a simples prestação de serviço-fato objetivo- geraria a relação de trabalho) e pela teoria institucionalista (a empresa é tida como instituição de ordem pública, que atua em colaboração com Estado e, portanto, acima dos interesse do empregador e do empregado).
 
 
 
Teoria contratualista moderna: reconhece a natureza contratual de relação de emprego, porém a distingue das figuras clássicas civilista. Trata-se de relação contratual peculiar.
 
 Trabalho autônomo: é modalidade de relação de trabalho em que não há relação de subordinação entre trabalhador e tomador de serviços. Há, ao contrário autonomia. O autônomo trabalha por conta própria, assumindo o risco de sua atividade, ao contrário do empregado.
  Trabalho eventual: é modalidade de relação de trabalho em que não estão presentes os requisitos para configuração da não eventualidade(trabalho repetido, em atividade permanente na empresa, com fixação jurídica ao tomador
dos serviços).
 
 Trabalho avulso: é modalidade de relação de trabalho em que um trabalhador eventual oferece sua energia de trabalho, através de intermediário, por curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se fixar especificamente a nenhum deles. 
- 	A distinção do trabalho avulso para o eventual é que naquele há necessária intermediação, seja pelo Órgão Gestor de Mão de Obra-OGMO, seja pelo sindicato.
- Avulso não é empregado, embora a CF/88 lhe assegure os direitos trabalhistas.
 Trabalho Voluntário: é a modalidade de relação de trabalho em que não está presente o requisito da onerosidade. O trabalho é prestado de forma graciosa, sem intenção onerosa.
 Trabalho Institucional: é a modalidade de relação de trabalho mantida com a Administração Pública e regida por estatuto, e não pela legislação trabalhista.
 
 
 
 Trabalho Cooperativado: è a relação de trabalho pela qual um trabalhador autônomo se associa a outros trabalhadores cujos interesses são convergentes, a fim de potencializarem os resultados de sua energia de trabalho.
 			O cooperativismo real (leia-se : lícito) pressupões a observância dos seguintes princípios:
 Princípio da dupla qualidade: os cooperados prestam serviços a terceiros e a cooperativa presta serviços ao cooperado;
 Princípio da retribuição pessoal diferenciada: somente se justifica a associação em cooperativa se os ganhos dos trabalhadores, nesta condição, forem sensivelmente superiores aos que alcançariam sozinhos, como empregados. 
 
 
Contatos
Josemara_saraiva@yahoo.com.br
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91159219
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