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Retrospecto Histórico da Relação Homem com o Trabalho

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE PSICOLOGIA
LILYANE PIRES DE MORAIS
GOIÂNIA/GO
2016
Disciplina: Comportamento Humano nas Organizações
Professora: Patrícia Philadelpho
Resenha
– Retrospecto Histórico da Relação Homem com o Trabalho
	Desde os tempos primórdios, o relacionamento do homem com o trabalho sofreu diversas transformações, a sociedade e o trabalho possuíam uma diferente estruturação em relação à atualidade. Uma sociedade bem menos flexível configurava um determinado padrão de vida que se estendia durante gerações. Durante os tempos da economia medieval, o ponto de partida de mudanças foram dos comerciantes ao lado dos artesãos e profissionais, cada um protegendo seus interesses a fim de não ficar mais a mercê de uma só força.
	Com a chegada da Revolução Industrial consideráveis mudanças foram tomando lugar, trazendo inúmeras vantagens, dentre elas, o capitalismo. Avanço tecnológico e científico e suprimento das necessidades básicas de toda a população eram pela primeira vez na história humana possíveis de serem colocados em prática. A liberdade individual também era algo inédito até então, tanto na esfera social, como na cultural, era possível descer ou ascender na escala social independente de condições de nascimento ou herança. E paralelamente ocorria um individualismo também na empresa privada e econômica, livrando os homens da necessidade de colaborar uns com os outros como no sistema feudal da idade média, onde a subsistência de um, era a de todos.
	Durante os primeiros anos da Revolução Industrial, as máquinas eram mais bem cuidadas que os trabalhadores, visto que elas eram mais difíceis de serem repostas. O sistema fabril da época obteve grande êxito, levando-o a se desenvolver e crescer rapidamente. Com este novo cenário, os proprietários individuais de grandes indústrias começaram a dar lugar a uma nova classe de administradores e como consequência natural, os trabalhadores começaram a unir-se em sindicatos a fim de pressionar e conquistar melhores condições de trabalho. A competição e a luta constante eram agora aceitas como leis fundamentais da vida e desta forma, a livre competição e concorrência resultariam no máximo de benefício para a sociedade até então.
	O período de desenvolvimento do capital industrial se caracterizou pelo grande crescimento da produção e pela enorme concentração de novas populações urbanas, algumas particularidades marcaram este momento: carga horária excessiva de trabalho pré-definida, uso de crianças na produção industrial, salários baixos, esgotamento físico, acidentes de trabalho para citar alguns. Lentamente foram instituídas diversas mudanças nas legislação, que reconhecia direitos sobre horas de trabalho, idade mínima para empregar-se, melhores condições e proteção dos desafortunados.
	Se examinarmos todas as mudanças pelas quais as organizações passaram na Revolução Industrial, descobrimos uma crescente tendência no sentido da burocratização e rotinização da vida em geral. O uso das máquinas nas indústrias favoreceu a adaptação das organizações às novas exigências da era mecanicista.
	Duas grandes transformações foram marcantes para a era Industrial no início do século XX, a primeira foi a técnica de produção em massa utilizada por Henri Ford na produção do seu modelo T, em uma fabrica em Detroit. O pensamento mecanicista relacionado ao empregado implicava duas questões, a primeira é que ninguém na organização da produção em massa possui uma habilidade essencial, e a segunda é que o trabalhador estava completamente divorciado do produto em si e dos meios de produção. E a segunda grande transformação era o estrondoso crescimento da empresa industrial.
	O sociólogo alemão, Max Weber, fez a mais importante contribuição à abordagem mecanicista, pois observou os paralelos entre a mecanização da indústria e a proliferação de formas burocráticas de organização. Concluiu que as formas burocráticas rotinizam os processos de administração exatamente como a máquina rotiniza a produção. Descobriu em seu trabalho que a primeira definição compreensiva de burocracia se caracterizava como uma forma de organização que enfatiza a precisão, a rapidez, clareza, regularidade, confiabilidade e eficiência, atingida através da criação de uma divisão de tarefas fixas, supervisão hierárquica, regras detalhadas e regulamentos.
	Grande parte das mudanças na realização do trabalho foi analisada por Frederick Winslow Taylor, que fez diversos estudos sobre eficiência industrial, contribuindo de forma eficaz para o desenvolvimento industrial do século XX. Aplicou um método científico aos processos de produção que consistiam em um modo de padronizar as atividades de trabalho, desde a execução até o planejamento. Taylor percebia o trabalhador como um ser econômico, pois via o desempenho do operário limitado pela fadiga e aumentada por incentivos econômicos.
	O enfoque mecanicista da organização tende a limitar ao invés de ativar o desenvolvimento das capacidades humanas, pois modela os indivíduos para servirem aos próprios requisitos da organização, em lugar de construir a organização em torno dos seus pontos fortes e potenciais.
	Com a consolidação do capitalismo, o avanço do Taylorismo e o aparecimento do Fordismo, houve a necessidade de analisar e estruturar melhor os cargos e tarefas, bem como preparar melhor os indivíduos para exercer determinada função e reforçar a especialização da mão-de-obra. Na prática percebemos que as relações de trabalho foram se tornando cada vez mais impessoais, exigindo do trabalhador o seu aperfeiçoamento para aumentar a produção e evitar problemas, como uma máquina. Desde melhorar seu desempenho na produção até instruções de interação com os clientes, como sorrisos, cumprimentos e comentários, tudo passa a ser minuciosamente pré-definido, controlado e monitorado.
	A humanidade se encontra em um período de grande e evidente transição, criando e alterando diversas tradições em função da globalização. Os aspectos sociais e os significados coletivos estão completamente integrados com a era tecnológica e com isso, uma nova realidade humana está sendo construída. O acesso instantâneo à informação intensifica a cada dia os laços entre diferentes culturas causando um efeito global. Os valores e suas dimensões estão ligados ao consumo, somos consumidores vorazes em muitos aspectos onde se quer temos consciência de tal fato. Os eventos são econômicos e não mais sociais, com evidente intuito de troca, mesmo as relações sociais tem maior caráter de troca econômica do que anteriormente afetiva e incondicional.
	Em decorrência de tamanha globalização aspectos negativos permeiam a realidade da atuação do trabalhador, como a perda do espaço físico referencial, minimização da comunicação horizontal e vertical, perda do contato físico causando ausência de relações informais interpessoais, eliminação dos grupos de referência, dificuldade de socialização organizacional, severa disciplina provocada pela vigilância eletrônica do trabalho, sentimentos de solidão, isolamento e esquecimento. Percebe-se que apesar da quantidade de aspectos otimizados com treinamento e tecnologia perde-se algo precioso e primordial para a qualidade de vida dos trabalhadores com o afastamento nas relações humanas, em tempos em que um sorriso no momento correto é estritamente calculado, surge um grande vazio existencial no indivíduo que trabalha e age como uma máquina.

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