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DIREITO PENAL II - Resumo Daniela Portugal

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DIREITO PENAL II – AULAS
CRIME
	Fato típico
	Ilicitude/Antijuridicidade
	Culpabilidade
	
	Não estar em:
	
	Conduta
	Estado de necessidade
	1. Imputabilidade
	Resultado
	Legítima Defesa
	2. Potencial consciência da ilicitude
	Nexo de Causalidade
	Estrito cumprimento de um dever legal
	3. Exigibilidade de conduta diversa
	Tipicidade
	Exercício Regular de um direito 
	
	
	5*. Consentimento do ofendido
	
CONCEITO DE CRIME
1. LEI
Crime é a infração penal, punida por pena de reclusão ou detenção (LICP).
LICP: Infração Penal (Gênero) Conceito bipartido de infração penal:
CRIMES = DELITOS Pena => Reclusão (Regime fechado, semi-aberto e aberto) e Detenção (Regime Semi-aberto e aberto)
CONTRAVENÇÕES Pena => Prisão Simples (Regime semi-aberto e aberto)
A lei não diferencia na essência CRIMES de CONTRAVENÇÕES.
2. MATÉRIAL
Crime é a ofensa ao bem jurídico.
3. ANÁLITICO
Para o conceito analítico, o conceito é dividido. Para a Teoria Bipartida, crime é o FATO TÍPICO + ILICITUDE. Para a Teoria Tripartida, crime é FATO TÍPICO+ILICITUDE+CULPABILIDADE.
OBS: Crime deve atender a todos os elementos, se não, não é crime.
FATO TÍPICO
CONDUTA
Conceito
Seguindo a Teoria Finalista de Hans Welzel, conduta é um comportamento humano comissivo ou omissivo, livre e consciente, direcionado a um determinado fim. 
Responsabilidade Penal da pessoa jurídica
A lei 9.695/86 (Lei dos Crimes Ambientais), ela inovou e trouxe, no seu Art. 3º, a responsabilidade penal da pessoa jurídica para crimes ambientais. Mas questiona-se: essa lei é constitucional? E para responder essa pergunta, utilizou-se os Art. 225 e o 173, §5º da Constituição Federal de 88.
Quanto ao Art. 225, temos duas correntes: 
1) A Constituição consagra a responsabilidade penal da pessoa jurídica
2) A disposição das palavras do texto possuem um sentido de ser, condutas das pessoas físicas no âmbito penal, e as atividades das pessoas jurídicas no âmbito administrativo.
Já no Art. 173, §5º, essa disputa é acirrada mais ainda:
1) Sanção Penal compatível à pessoa jurídica
2) Sanção Penal incompatível com pessoa jurídica
No entanto, o art. 225 fala de meio ambiente, já o art.173 fala sobre ordem econômica, ordem financeira e economia popular. Para o STF, tal lei é constitucional. E qual seria o âmbito de incidência da responsabilidade penal da pessoa jurídica?
Mais uma vez, a doutrina se divide:
a) Ela vale para qualquer crime;
b) Somente para crimes ambientais;
c) Vincula a um grupo de crimes, aqueles referidos na constituição (Meio ambiente, ordem econômica, ordem financeira e economia popular). 
No entanto, os 3 últimos crimes se constituiriam normas de eficácia limitada, havendo apenas lei infraconstitucional para o crime ambiental (Lei 9.695/86, Lei dos Crimes Ambientais). Portanto, hoje existe apenas, no Brasil, a Responsabilidade de Pessoa Jurídica para casos de crimes ambientais.
Quais seriam então os argumentos pró e contra à responsabilidade da pessoa jurídica:
Favorável:
- Nova realidade;
- Teoria da Realidade: A Pessoa Jurídica é uma realidade (se contrapõe à ficção jurídica);
- Se a pessoa jurídica tem autonomia para celebrar contratos, ela terá também a responsabilidade;
- Dificuldade da percepção da pessoa física;
- Tendência mundial, que começa com países de Common Law, e mais modernamente, os países de tradição romano-germânica estão passando a admitir essa responsabilização.
Contrários
- Incompatibilidade desse sistema com o sistema jurídico penal;
- Violação ao princípio da Responsabilidade Pessoal e da Intranscendência das Penas;
- Direito Penal meramente simbólico, um Direito Penal de fachada. Estaremos punindo menos, já que pessoa jurídica não pode ser presa, então haverá uma punição menor, já que o direito penal não é necessário para punir, seja por multa, encerramento de atividades etc. Pode ser feito por áreas como o Direito Administrativo, por exemplo.
- Direito Penal na contramão.
Voltamos então ao Art. 3º da Lei dos Crimes Ambientais: 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
A infração deve ser cometida pelo Representante Legal ou do Orgão Colegiado, e...
Ser cometido no proveito/ interesse da pessoa jurídica.
Obs: Se só interessou à pessoa física, apenas ela responderá.
Duplo Concurso (= Concurso Necessário = Imputação simultânea = dupla imputação)
MP pode denunciar: 
-só Pessoa Jurídica
-Só Pessoa Física 
- PJ + PF
STJ podia denunciar:
- Só Pessoa Física
- PJ + PF (Concurso Necessário)
No entanto, recentemente, o STF estabeleceu:
-Só Pessoa Física 
- Só Pessoa Jurídica
- PJ + PF
Ou seja, extinguindo o Duplo Concurso (Concurso Necessário). Então, no ano passado, em 2016, o STJ então, adotou essa posição do STF.
OBS¹: (...)
OBS²: Quando não existia a responsabilidade penal da pessoa jurídica, o STJ pegava o quadro societário e denunciava a todos. 
3. Causas de exclusão da conduta
A conduta será um comportamento humano voluntário, direcionado para um determinado fim (conceito tradicional). Nós temos alguns comportamentos que são passíveis de exclusão da conduta:
a) Força Física Irresistível: uma conduta humana que esta esvaziando outra conduta, totalmente, de sua voluntariedade. 
Obs.: Não confundir força física irresistível com Coação Moral Irresistível, que é uma coação de ordem psicológica. A coação física exclui conduta, já a coação moral, de ordem psicológica, é a exclusão da culpabilidade. Não exclui conduta em nenhum caso, mas o que muda é o motivo.
a.2) Força Física da Natureza: Não há conduta voluntária, mas algo que ocorre por fatores da natureza.
b) Ato de Inconsciência: é um ato produto exclusivo do inconsciente humano, por isso não se caracteriza conduta. Ex.: Hipnose 
c) Ato Reflexo: é um impulso orgânico, não temos nenhum tipo de domínio sobre ele. Ex.: Alguém está tendo ataque de epilepsia e acaba mordendo e arrancando o dedo de alguém.
RESULTADO 
1. CONCEITO
O resultado produzido pelo crime será jurídico e/ou naturalístico. Todo o crime que se consuma produz, pelo menos, resultado jurídico.
Resultado Naturalístico: é um resultado que altera a natureza das coisas, é um estado material (que pode ser visto). 
Obs.: Todo crime que se consuma produz resultado jurídico, mas nem todo crime que se consuma possui resultado naturalístico.
2. CRIMES FORMAIS X MATERIAIS X MERA CONDUTA
MATERIAIS: são crimes que dependem do resultado naturalístico, ele é imprescindível. Não haverá consumação do crime, sem que o resultado naturalístico tenha sido produzido.
FORMAIS: são crimes que se consumam com a produção do resultado jurídico. 
Obs.: Esses crimes nem sempre produzem resultado naturalístico e, se produzem, será mero exaurimento.
Ex.: Extorsão (a consumação da extorsão independe da vantagem econômica). Mas então, como se consumaria a extorsão? A jurisprudência e a doutrina então, dividiram as fases da extorsão: 1) Exigência; 2) Constrangimento da vítima; 3) Obtenção da vantagem.
A consumação e o resultado jurídico está em (2). Já o resultado naturalístico (dispensável, exaurimento) está em (3). 
Por este motivo, os crimes formais são chamados também, de crimes formais de consumação antecipada. Além disso, crimes formais admitem tentativa, e ela se estende de (1) até imediatamente antes de (2).
Maria recebe ligação em que, um rapaz afirma que matará a sua filha, caso não lhe transfira 20 mil reais. Maria imediatamente vai à uma delegacia de polícia, informa o caso e, sobre orientação da autoridade policial, armando uma emboscada para o agente, que é preso no encontro em que Maria lhe entregaria o dinheiro. Isso é extorsão tentada, extorsão consumada ou crime impossível pelo flagrante preparado?
MERA CONDUTA: os crimes de mera conduta são crimes nos quais o tipo penal não descreveum resultado, mas sim um verbo, que em si representa a consumação do crime.
Ex.: Violação de Domicílio
3. ITER CRIMINIS
É o itinerário do crime.
Alguns pressupostos:
1) Esse itinerário só se aplica para crimes dolosos;
2) Nem todos os crimes dolosos possuem todas essas fases.
FASES:
1ª) COGITAÇÃO
Fase estritamente mental; momento que o sujeito pensou o crime. A cogitação NUNCA será punível.
2ª) ATOS PREPARATÓRIOS
Fase em que o sujeito se cerca de todos os cuidados para viabilizar a prática futura do crime. Em regra, não são puníveis, mas comporta exceções.
3ª) ATO EXECUTÓRIO
Há uma dúvida muito grande para o momento que começa a execução do crime:
Teoria Objetivo-Formal: Para essa teoria, a execução começa quando o agente começa a praticar o verbo nuclear do tipo penal.
Teoria Material: O perigo concreto de lesão marca o início da execução.
Obs.: Da Execução até o momento que antecede imediatamente a Consumação, chamamos de tentativa.
5ª) EXAURIMENTO
É tudo aquilo que se causa/provoca pós-consumação. Via de regra, o exaurimento é um post factum impunível.
4. CONSUMAÇÃO X TENTATIVA 
Está no Art. 14 do C.P.
4.1) CONCEITO
Crime Consumado (Art.14, I): 
Quando reúne todos os elementos de sua definição legal. Quando se analisa TIPO INCRIMINADOR, é importante saber que se divide em:
TIPO OBJETIVO, sendo este:
Descritivo ou Normativo (envolve alto grau de valoração), análise do que está descrito na norma;
e TIPO SUBETIVO (tipos dolosos, culposos, preterdolosos), análise da intenção do agente.
Crime Tentado (Art. 14, II): 
Verifica-se quando, iniciado a execução, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não podemos chamar de tentativa um ato meramente preparatório. Só podemos falar em tentativa quando o crime não se consumou, não podemos dizer que um crime é tentado cujo resultado já tenha sido antecipado (crimes formais de consumação antecipada).
 Existem casos na qual o indivíduo acaba mudando de ideia por circunstâncias alheias após iniciar o ato executório (só vale para crimes dolosos). A tentativa tem natureza jurídica na causa de diminuição de pena e de norma de extensão da tipicidade, de acordo com o Parágrafo Único do Artigo 14 (Exemplo: Artigo 121 c/c 14, II, Parágrafo Único, CP). É capaz de o próprio legislador tipificar a tentativa, não precisando usar a norma de extensão e a consequente diminuição de pena (Artigo 352, CP/40).
OBS.: A Lei de Contravenção Penal, de maneira expressa, descreve que não é punível a tentativa de contravenção.
Alguns tipos de tentativa:
-Tentativa Vermelha/Cruenta x Tentativa Branca/Incruenta: na tentativa vermelha, existe uma lesão parcial ao bem jurídico (tentativa de matar o indivíduo, porém, apenas causa uma lesão na perna, por exemplo) , enquanto uma tentativa branca é quando o indivíduo consegue causar um perigo concreto de lesão ao bem jurídico, mas não consegue lesionar parcialmente o bem jurídico (quando há a tentativa de homicídio, em que os tiros acabam atingindo a parede).
-Tentativa Perfeita x Tentativa Imperfeita: Na tentativa perfeita, também chamada de crime falho, o autor executa tudo aquilo que planejou mas, ainda assim, o crime não se consuma (quando uma execução é encomendada, todas etapas são concluídas, porém o homicídio não se concretiza, o indivíduo sobrevive). Já na tentativa imperfeita, o agente não consegue executar todo seu plano de autoria, não conseguindo executar tudo que foi planejado, pois o mesmo será impedido por algo ou por alguém (um alarme da casa toca, e o indivíduo, com medo de ser preso em flagrante, desiste de cometer o crime).
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
DESISTENCIA VOLUNTÁRIA
Desistência Voluntária verifica-se quando iniciada a execução, porém, antes da consumação, o agente desiste voluntariamente de prosseguir e abandona a execução. Como consequência, não será punido por tentativa, mas apenas pelos atos até então praticados. Para que possamos falar de desistência voluntária, não houve a consumação e é indispensável a voluntariedade. É feita durante a execução do crime e modifica a tipicidade, pois o indivíduo responde apenas pelos atos praticados até o momento da desistência. A desistência voluntária se dá através de uma “omissão”, deixar de continuar a execução.
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Já o arrependimento eficaz, também previsto no Art. 15, verifica-se quando após a execução do plano do autor, todavia, antes da consumação, o sujeito ativo se arrepende e adota postura ativa direcionada a “reverter” a situação, impedindo a consumação. Se ele consegue impedir, fala-se em arrependimento eficaz. Como consequência, o agente responde somente pelos atos até então praticados. O arrependimento eficaz se dá através de uma ação (levar o indivíduo ao hospital após atirar nele).
Obs.: Arrependimento Posterior 
Previsto no Art. 16, verifica-se quando após a consumação, o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa antes do recebimento da denúncia. Só se aplica para crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. Produzirá como consequência a diminuição de pena (de 1/3 a 2/3).
O furto de um carro de R$40.000,00 por exemplo, passa por um inquérito policial, em que o delegado manda o resultado da investigação para o promotor/MP (oferecimento de denúncia) e, por fim, o juiz vai receber ou rejeitar a denúncia. O arrependimento posterior se dá em qualquer momento antes do recebimento da denúncia.
NEXO DE CAUSALIDADE
Conceito
É o vínculo que conecta a conduta ao resultado, demonstrando que este efetivamente derivou daquele comportamento que se quer punir. 
Teorias 
Vão tentar explicar o que é que é “causa” em D.P.
2.1. Teoria da Causalidade Adequada
Só é causa o evento suficientemente idôneo (= adequado/determinante) à produção do resultado. Ou seja, escolhe um único evento para ser a causa. Essa teoria, portanto, não é adotada.
2.2. Teoria da Representação
Para esta teoria, funcionarão como causa, os eventos fáticos relevantes para o resultado, entendendo-se como tais, aqueles em face dos quais se manifesta previsível a ocorrência do resultado. Essa teoria também comporta falhas.
2.3. Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais
É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro. É também chamada de Teoria da Conditio Sine Qua Non. 
Causa é a condição sem a qual, não teria ocorrido o resultado tal qual ocorreu. Essa teoria não quer saber se essa causa é mais ou menos relevante, ela vai dizer que tudo aquilo que está atrás do resultado, ligando-se a ele pelo mínimo que seja, tudo isso é causa.
Obs.: A Teoria da Equivalência dos Antecedentes Casuais identifica o que é e o que não é causa a partir de um Juízo Hipotético de Eliminação. O problema, é que esse Juízo Hipotético terá como grande crítica, é que a aplicação desse raciocínio tende ao infinito; tudo vai ser causa. Esse problema hoje é solucionado com o exame do dolo e culpa.
O C.P. é muito criticado por ter adotado esse teoria.
Mais modernamente, existe uma teoria que não está no código, mas que vem sendo associando à teoria da equivalência, que é a chamada Teoria da Imputação Objetiva.
Concausas
São mais de um evento causal relacionado a um mesmo resultado. Dividem-se em duas grandes espécies:
A) CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
São aquelas que não guardam entre si, nenhum vínculo. São analisadas de maneira autônoma. Nestes casos, identificaremos aquela à qual se atribui a consumação e para todas as demais, somente será possível imputar tentativa.
Ex¹ Preexistente:
Um sujeito A atira em B com intensão de matar, só que minutos antes, B havia tomado um veneno. B morre, mas a perícia constata morte por envenenamento. A responde então, a tentativa de homicídio.
Ex² Concomitante:
A e B, coincidentemente, querem matar C, mas nenhum sabe do plano do outro, e ambos atiram exatamente na mesma hora contra C. O tiro de A pegou na cabeça, o tiro de B pegou na perna. A perícia constata que o tiro fatal foi o tiro de A. B responde, portanto, por tentativa de homicídio,porque existe um concausa, independente e concomitante.
Ex³ Superveniente:
A quer matar B, e coloca veneno na comida de B. Antes do veneno fazer efeito, e sem que B soubesse que estava envenenado, B resolve se suicidar. A responde, portanto, por tentativa de homicídio.
B) CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
Assim chamadas, porque entre elas existe um vínculo que nos permite dizer, que o resultado derivou, não de uma ou outra isoladamente, mas sim do somatório de ambas. Como consequência, os eventos causais são somados, atribuindo-se a ambos a consumação.
Ex¹ Preexistentes:
A sabe que B é hemofílico (impede a coagulação do sangue), e ele atira na perna de B com a intensão de matar. B morre. A responde por homicídio doloso consumado.
Ex² Concomitante:
A e B querem matar C, e combinam entre si para fazer isso. Ambos atiram contra C. C morre em decorrência da hemorragia. A e B respondem por homicídio doloso consumado.
Ex³ Superveniente (está no CP no Art. 13, §3º):
Situação 1: A atira em B com intensão de matar. B é levado ao hospital com vida, em estado grave, lá contrai infecção hospitalar e morre.
Situação 2: A atira em B com intensão de matar. B sobrevive e é levado em ambulância, mas a caminho do hospital, a ambulância cai do viaduto e todos que estavam dentro morrem. 
O CP impõe aqui um critério de solução: “nas concausas relativamente independentes supervenientes, observaremos a natureza do evento superveniente. Se ele está dentro de uma margem probabilística razoável, estará mantido o nexo, imputando-se a consumação. De outro lado, se o evento exorbita (=transborda) completamente essa margem razoável, probabilística, significa que o evento superveniente rompeu o nexo, e o agente responderá por tentativa”. 
Situação 1: O agente responde por homicídio doloso consumado. Para a jurisprudência, pequenos erros médicos estão dentro do desdobramento comum.
Situação 2: O agente responde por tentativa de homicídio.
Questões para pensar:
1) A e B, coincidentemente, querem matar C. Cada um colocou 2 gotas de veneno na xícara de C, sem saber um da conduta do outro. C morre. A perícia constata que, para ser letal, a dose mínima deveria ser de 3 gotas.
Garantidor
Para entendermos melhor os garantidores, antes vamos entender a “Omissão”:
A omissão se divide em:
- Omissão Própria (Pura)
Aqui eu tenho um tipo penal omissivo, e uma conduta que é igualmente omissiva. Portanto, o encaixe é perfeito; tem-se uma tipicidade perfeita. 
Ex.: Crime de Omissão de Socorro (Art. 135 – “deixar de”, “não pedir”)
- Omissão Imprópria (Comissivos por Omissão)
Aqui a situação é diferente. Eu tenho um tipo penal comissivo (que descreve um fazer, uma ação), e uma conduta omissiva. É uma ação atípica, mas o legislador estabelece que essa ação será típica, desde que estejamos diante de um sujeito ativo garantidor. A omissão do garantidor é mais grave, é a chamada Omissão Penalmente Relevante (Art. 13, §2º).
A Omissão do garantidor é mais grave, sendo denominada Omissão Penalmente Relevante. Desta maneira, se o garantidor podia tentar impedir o resultado (ainda que correndo risco pessoal), mas nada faz, responderá como se ele próprio tivesse ativamente causado o resultado que ele não impediu.
Quem são então, esses garantidores?
O conceito de garantidor cumula dois elementos:
1) PODER AGIR (ainda que com risco pessoal) *Razoabilidade
2) DEVER DE AGIR
Quem tem esse dever de agir? (Art. 13, §2º)
a) Quem tem por Lei, obrigação de cuidado, proteção e vigilância;
b) Quem assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (Ex.: Segurança particular, babá, professor de crianças pequenas, etc.);
c) Quem, com seu comportamento anterior, criou risco de ocorrência do resultado (Ex.: Pintor que tirou as redes de proteção para poder pintar a parede).
Exemplos:
Obs: A Salva vidas em serviço
 B Banhista se afogando
 C Banhista na areia 
1º. A está vendo B se afogando e não faz nada A responde por homicídio doloso omissivo impróprio;
2º. A esta distraído no celular, B está se afogando, A não vê e B morre A responde por homicídio culposo 
3º. A está conversando com C, e ambos percebem B se afogando, e ambos não fazem nada. B morre. A responde por homicídio doloso omissivo impróprio e C responde por omissão de socorro.
4º. A e C estão conversando, e B está se afogando, A e C estão distraídos na conversa e não reparam que B está afogando, e este morre. A responde por homicídio culposo omissivo impróprio, e C não responde por nada (omissão de socorro é crime doloso).
5º. A e C estão conversando e B esta se afogando. No momento que B esta se afogando, A não percebeu, mas C percebeu, e não falou nada pra A. C é inimigo de B, e por isso não falou nada. A responde por homicídio culposo omissivo impróprio, e C responde por omissão de socorro.
Teoria da Imputação Objetiva
Tem sido ultimamente utilizada, visando conter esse regresso ao infinito da Teoria da Equivalência, criando filtros de imputação.
É criada por Klaus Roxin, que sistematizou esses filtros, já tratados na doutrina, e criou alguns novos. A base de raciocínio dessa teoria é o risco; o que Roxin analisa é que toda sociedade complexa convive com o risco, e esses riscos podem produzir lesões, sabendo diferenciar o risco permitido do risco proibido. O grande desafio do ordenamento jurídico é saber dosar esse risco, precisando o estado admitir quais riscos ele tolera, e qual ele não tolera. O risco proibido irá gerar uma imputação por parte do estado. 
Filtros de Imputação
1. Diminuição do Risco
Não se pune a conduta que, muito embora lesiva, visava a diminuir um risco maior.
Ex.: Amputar perna de pessoa, mesmo contra a vontade, para salvar vida, isso não é crime.
2. Risco Juridicamente Irrelevante
Não se pune o risco juridicamente irrelevante, isto é, aquele que não seja capaz, efetivamente, de interferir no resultado.
Ex.: O marido quer que a esposa morra, e compra sempre passagem de avião, torcendo sempre pro avião cair. Rezar para uma pessoa morrer não é conduta imputável.
3. Inexistência de Aumento do Risco
Não se pune uma conduta quando se comprovar que o resultado final era inevitável.
Ex.: Um caso verdadeiro que aconteceu na Alemanha, em uma fábrica de pincéis. Essa fabrica fazia os pinceis com pelos de animais, e pelas normas da vigilância, os pelos dos pinceis deviam ser esterilizados de maneira X. Em um dado momento, o dono da empresa não fez a esterilização adequada, mantendo uma bactéria no pelo, o que provocou a morte de muitos funcionários. No entanto, quando submetida à esterilização recomendada pela vigilância, essa bactéria também não morria. Dessa forma, os funcionários acabariam morrendo do mesmo jeito, já que a bactéria se mantinha viva de qualquer jeito.
4. Esfera de Proteção da Norma
Não se pune a conduta que se situe fora da esfera de proteção da norma jurídica.
Ex.: Um policial avisa a uma mãe que o filho havia morrido em uma troca de tiros com a polícia. Com a notícia, a mãe enfarta e morre. A morte da mãe é considerada algo natural, não se situando na esfera de proteção da norma jurídica. 
CRIME IMPOSSÍVEL
1. CONCEITO
Previsto no Art. 17, verifica-se quando a conduta do agente jamais seria capaz, ainda que exaurida, de levar à consumação do delito, seja pela absoluta ineficácia do meio, seja pela absoluta impropriedade do objeto.
Absoluta ineficácia do meio: É um meio que independente da quantidade, independente da intensidade, jamais levará ao resultado desejado.
Ex.: Quando A quer matar B por envenenamento e A acaba pegando um frasco com água, achando que é veneno e despejando no copo de B, ou seja, a água é um meio completamente inofensivo para esse fim. 
 Obs.: A eficácia ou ineficácia do meio depende do crime que será cometido, ou seja, uma arma de brinquedo é um meio eficaz para um assalto, mas é um crime impossível para homicídio, pois a execução, ainda que exaurida, jamais levaria ao resultado desejado (morte). 
Absoluta impropriedade do objeto: Objeto impróprio é aqueleque não se perfaz no tipo/ não se encaixa no tipo.
Ex.: Vontade de matar e atirar em pessoa que já morreu. Não tem como matar alguém ou ferir quem já morreu, pois só se pode matar ou tentar matar uma pessoa viva, dessa forma, não se configura crime, por não se perfazer no crime de homicídio. 
2. INEFICÁCIA/IMPROPRIEDADE RELATIVAS
Entretanto, se a ineficácia ou a impropriedade forem relativas, a conduta sempre será punível.
Ex.: Estou verdadeiramente grávida e quero abortar. Compro remédio abortivo, mas que estava passado da validade; tomei, e nada aconteceu. Mesmo assim, será tipificado crime de tentativa de aborto.
Ex².: Atirar em alguém com arma quebrada, na qual o tiro teria atingido o teto. Mesmo que a arma não tenha chegado a disparar, a pericia constatando que a arma estava quebrada, podendo ou não disparar, seria crime de tentativa de homicídio. No entanto, se a arma estivesse quebrada, e a perícia constatasse que ela JAMAIS atiraria, seria uma ineficácia/impropriedade absoluta. 
3. QUESTÕES ESPECIAIS
a) Delito Putativo (Sinônimo de imaginário): O sujeito acha que está praticando um crime, mas na verdade a conduta dele é plenamente lícita.
b) Furto em supermercado com sistema de vigilância com câmera: Há um mercado grande, com sistema de câmeras, e a equipe do supermercado já sabe quem é o cara que furta. Espera ele furtar, e assim que ele sai, prende o individuo.
A tese que prevalece é a tese do MP, de que isso é uma tentativa de furto. 
PESQUISAR EM CASA (PODE CAIR NA PROVA): EM QUE CONSISTE O FLAGRANTE PREPARADO? TRATA-SE DE CRIME IMPOSSÍVEL? COMO OS TRIBUNAIS TRABALHAM A MATÉRIA NO TRÁFICO DE INTORPECENTES? (SÚMULA 145 do STF)
TIPICIDADE (Parte I)
1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO
CAUSALISMO: Explica o crime a partir de uma relação causal (causa e efeito). Dolo e culpa são elementos subjetivos da culpabilidade. Tipicidade é entendida de maneira estritamente formal e objetiva. Não explicam a figura da tentativa. Franz Von Liszt como representante dessa corrente.
NEOKANTISTAS: Introduzem novo elemento na culpabilidade, elemento este normativo (valorativo), passam a trabalhar a análise da potencial consciência da ilicitude, todavia, não rompem com a estrutura analítica estabelecida pelos causalistas. Frank, Mayer e Mezger são seus principais expoentes.
FINALISMO (Hans Welzel): Welzel rompe completamente com o paradigma anterior, trazendo dolo e culpa para dentro da tipicidade, que ainda é examinada sob um olhar formal, porem, passa a exigir a reunião, não só de elementos objetivos (tipicidade objetiva – análise da conduta e dos elementos descritivos do tipo), como também de elementos subjetivos (tipos dolosos e culposos – análise do dolo/culpa do agente). O dolo, com o que Welzel trabalha, é o natural, passando a potencial consciência da ilicitude a figurar elemento normativo autônomo da culpabilidade.
FUNCIONALISMOS: Correntes que se preocupam em discutir o D.P. a partir de sua função.
Funcionalismo Teleológico: Para Klaus Roxin, a intervenção penal somente se legitima quando o Direito Penal cumpre a função de exclusiva proteção de bens jurídicos. Introduz com isso a noção de Tipicidade Material, passando a fundamentar a não intervenção nos crimes de bagatela. 
Funcionalismo Sistêmico (ou Normativista): Para Günther Jakobs, a função do Direito Penal é proteger suas normas jurídicas, garantindo a estabilidade das expectativas sociais. Portanto, a tipicidade seria examinada de maneira exclusivamente formal.
Funcionalismo Reducionista: Para Zaffaroni, a função do Direito Penal é reduzir o seu próprio âmbito de incidência, restringindo o seu conteúdo e sua intervenção. O juízo de tipicidade passa a examinar as normas do ordenamento jurídico como um todo, não apenas do Direito Penal.
Para Zaffaroni: TIPICIDADE = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE CONGLOBANTE 
TIPICIDADE CONGLOBANTE = TIPICIDADE MATERIAL + ANTINORMATIVIDADE
2. TIPICIDADE FORMAL X MATERIAL
Tipicidade Formal: é a subsunção da conduta ao quanto descrito pelo tipo incriminador, sem que se examine a magnitude da lesão. Ex.: Subtrair um pão, formalmente, esta praticando o crime de furto.
Tipicidade Material: trata-se da conduta formalmente típica, que efetivamente lesiona o bem jurídico resguardado pelo tipo incriminador. Ex.: Aplicação do Princípio de Insignificância para o furto do pão.
3. TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO
Esta teoria promove uma fusão nos conteúdos da tipicidade e da ilicitude, ampliando a noção de conduta típica. Tipicidade passa então, a conter um polo positivo e um polo negativo. Ex.: Matar alguém é conduta típica, desde que o agente não esteja em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de um direito e exercício regular de um dever legal.
4. TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE (Zaffaroni)
Para Zaffaroni, o ordenamento jurídico não pode abrigar mandamentos contraditórios, de maneira que uma conduta estimulada pelo ordenamento jurídico, não poderá, simultaneamente, ser considerada típica. Portanto, tipicidade passa a impor também, uma análise mais ampla (congoblante), que verifique a antinormatividade da conduta, ou seja, que examine a (in)existência de estímulos do Ordenamento Jurídico.
Ex.: Caso APN 683 do STJ
EN
QUALQUER OUTRO ESTIMULO
ER
EC
OBS: Teoria Da Tipicidade Conglobante x Teoria Dos Elementos Negativos Do Tipo. Zona de interseção (o que o ordenamento estimula) = Exercício regular do direito, estrito cumprimento do dever legal. O ordenamento não estimula o estado de necessidade nem a legítima defesa, apenas tolera, entrando na área dos elementos negativos do tipo. Qualquer outro estímulo entra na área da tipicidade conglobante. 
TIPICIDADE (Parte II)
1. TIPOS DOLOSOS 
Os Tipos Dolosos correspondem à regra geral em matéria penal. Em regra, só se pune a conduta dolosa, a menos que o legislador tipifique expressamente a forma culposa.
2. ELEMENTOS DO DOLO
Trabalhamos hoje com o dolo natural, composto por vontade de produzir o resultado, e consciência do fato que se está praticando.
3. TEORIAS
Conforme Art. 18, I, pratica crime doloso, aquele que quis o resultado (Teoria da Vontade) ou que assumiu o risco de produzi-lo (Teoria do Assentimento/Consentimento). 
4. ESPÉCIES DE DOLO
4.1. DOLO GENÉRICO X ESPECÍFICO
Analisando os tipos penais dolosos, e a forma como são descritos, é que diferenciamos os tipos de Dolo Genérico e os tipos de Dolo Específico. Nos primeiros, para que a conduta seja considerada típica, basta que exista, a titulo de tipicidade subjetiva, a vontade de produzir o resultado descrito na norma.
Já nos casos de Dolo Específico, o legislador, ao descrever a conduta criminosa, faz menção expressa a um especial fim de agir, o qual será imprescindível para que incida o respectivo tipo.
4.2. DOLO GERAL
Ex.: Considere que um sujeito A atira em B com intensão de matar. Após o fato, supondo B estar morto, enterre-o. E a perícia constate morte por asfixia. Neste caso, ainda assim, A pratica homicídio doloso consumado, pois havia um dolo geral de matar, ainda que não por asfixia. É o chamado “Aberratio Causae”.
CASOS PRA REFLETIR
Situação 01: Gabriel Marques bebe uma garrafa de vodka sozinho, recusar pegar um über, dirige em alta velocidade, e mata Mauricio Requião acidentalmente.
Situação 02: Mauricio Requião bebe um único gole de cerveja Schin, e ao dirigir, atropela e mata Gabriel Marques.
Analisar a figura do Dolo Eventual
4.3. DOLO DIRETO
Possui como elemento o “querer”. Divide-se em:
1º Grau: O agente direciona sua vontade contra vítima, a fim de produzir resultado específico.
Ex.: Quero matar A e mato A.
2º Grau (ou Dolo Necessário): O agente deseja produzir determinado resultado, em virtude de este ser meio necessário para que ele alcance um outro fim.
Ex.: Quero Matar A mas preciso, para tanto, matar antes B.
4.4. DOLO INDIRETO
No Dolo Indireto, este “querer” não existe, ou ele existe, mas não está bem formado. Divide-se em:
Dolo Eventual: Atua com Dolo Eventual, o a gente que assume o risco de produzir o resultado.No plano subjetivo, esta assunção de risco será explicada da seguinte forma: O agente prevê o resultado e antecipadamente aceita a possibilidade de sua ocorrência.
Obs.: Não confundir o Dolo Eventual, com a chamada Culpa Consciente. É uma hipótese na qual o agente não assume o risco de produzir o resultado, pois, diferentemente do dolo eventual, ele prevê o resultado e o afasta, isto é, acredita, sincera e fundamentadamente, que o resultado não irá acontecer. Quem age com dolo eventual age imbuído com um sentimento de indiferença, e quem age com culpa consciente age imbuído com um sentimento de superconfiança
Dolo Alternativo: Divide-se em:
Objetivo: Neste caso, o agente aceita produzir um resultado ou outro, tanto faz.
Ex.: Quero matar ou lesionar A.
Subjetivo: O agente pretende direcionar sua conduta contra um sujeito ou outro, tanto faz.
Ex.: Quero matar A ou B.
TIPICIDADE (Parte III)
TIPO CULPOSO
1. CONCEITO
Está no: Art.18 do CP	
Atua culposamente o agente que não desejou o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, causando-o em virtude de descuido (imprudência, negligência ou imperícia). Destaque-se que o tipo culposo é uma exceção legal.
2. ELEMENTOS
TIPO CULPOSO: deve existir o tipo culposo, previsto em lei.
NEXO DE CAUSALIDADE: (...)
RESULTADO: O resultado no crime culposo, ele muda a nossa forma de raciocínio. Ele vai ser dado, portanto, pelo resultado causado.
- PREVISIBILIDADE: Significa dizer que, no crime culposo, o agente não previu um resultado previsível. No entanto, se o resultado era completamente imprevisível, afasta-se o tipo culposo.
- INOBSERVANCIA DE UM DEVER DE CUIDADO, que se observa de 3 formas:
Imprudência: O agente faz algo que não poderia fazer, agindo, com isso, sem o cuidado devido.
Negligência: Deixar de fazer algo que se espera de uma conduta cuidadosa.
Imperícia: Só se fala em imperícia, para quem é perito. Na imperícia, o agente ou não domina perfeitamente a técnica que desempenha ou, se domina, vivencia situação que o torna temporariamente inapto ao exercício da técnica. 
3. ESPÉCIES
CULPA INCONSCIENTE X CULPA CONSCIENTE (Previsibilidade)
Inconsciente: é a culpa por excelência, na qual o agente não previu o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.
Consciente: é a culpa com previsão (o agente prevê o resultado, mas o afasta).
CULPA PRÓPRIA X CULPA IMPRÓPRIA (Vontade)
Própria: Significa que o agente não quis o resultado e nem assumiu o risco de produzi-lo.
Imprópria: É a culpa com intenção. O agente deseja o resultado, todavia, este desejo deriva de um erro, erro este, que decorre de um descuido/desatenção (descriminantes putativas por erro de tipo vencível).
CULPA TEMERÁRIA
Trata-se da culpa gravíssima, marcada por um excesso de descuido/desatenção. Espécie muito próxima do Dolo Eventual que, todavia, não é tratada no CP, muito embora seja mencionada no Projeto de Reforma do CP. 
4. QUESTÕES PRA DEBATE/PESQUISA
1ª: Existe coautoria culposa?
2ª: É possível participação culposa em crime doloso?
3º: É possível participação dolosa em crime culposo?
4. PESQUISA
O Art.121 do CP cuida do tipo penal de Homicídio, mais especificamente o homicídio culposo, nós temos um aumento de pena para o homicídio culposo com inobservância de regra técnica. (Art. 121, §3º e §4º). O problema é: Quando irei aplicar esse aumento de pena?
Ex.: Médico com sono perfura olho de paciente e este morre.
Porque razão eu posso trabalhar esse exemplo como crime culposo? – A inobservância de um cuidado
E por que irá acontecer um aumento de pena? – Sono
No entanto, isso ofende o princípio do Ne Bis In Idem (Não posso duplamente punir uma mesma circunstancia fática).
Para quem sustenta a inexistência de ofensa ao Ne Bis In Idem com o argumento de diversidade de circunstancias fáticas, qual a diferença?
- Para os doutrinadores que dizem que não existe os Ne Bis In Idem, eles vão dizer que a ausência de pena só se justificaria se a inobservância da regra técnica foi deliberada.
- E isso não é dolo eventual?
TIPICIDADE (Parte IV)
TIPOS PRETERDOLOSOS
1. CONCEITO
Ao lado dos tipos dolosos e culposos, o legislador também previu os tipos preterdolosos. Neles, a descrição da conduta criminosa já prevê um desdobramento que envolve dolo, na conduta antecedente, e culpa no resultado consequente. Tratam-se de tipos penais incongruentes, pois neles se causa mais do que se quis causar.
Ex.: Art.129, §3º - O crime de lesão seguido de morte (Existe dolo na lesão e culpa na morte).
Ex.²: Art.129, §1º, II - Lesão corporal seguida de perigo de vida.
Ex.³: Art.129, §2º, V – Lesão corporal seguida de aborto.
CASOS PRÁTICOS
1. Dolo eventual X Culpa consciente 
2. Art.129, §2º, V
3. Art.129 + 125
4. Art.125 + 127 
2. CARACTERÍSTICAS
Os crimes preterdolosos não admitem tentativa.
3. TIPOS PRETERDOLOSOS X QUALIFICADOS PELO RESULTADO
Quando falamos de qualificados, estamos nos referindo as qualificadoras (elevação de um patamar cominado).
Os crimes preterdolosos são espécie do gênero “crimes qualificados pelo resultado”.
CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO: 
	CONDUTA ANTECEDENTE
	RESULTADO CONSEQUENTE
	DOLO
	DOLO
	DOLO
	CULPA
	CULPA
	CULPA
CRIMES PRETERDOLOSOS: Somente admitem a fórmula DOLO + CULPA
Obs.: Roubo Qualificado pelo Resultado Morte (Latrocínio):
ROUBO + MORTE = Dolo + Dolo ou Dolo + Culpa
Mesmo em casos como o Latrocínio, a fórmula Dolo + Culpa, cuja morte tenha sido culposa, não se pode dizer que se trata de um crime preterdoloso, pois poderia ter apresentado Dolo.
TIPICIDADE (Parte V)
ERRO DE TIPO
1. CONCEITO
É sempre um erro de fato, diferente do erro de proibição, que é um erro de interpretação jurídica (este último exclui culpabilidade e será tratado mais adiante). 
2. ERRO DE TIPO ESSENCIAL
Neste caso, há uma má interpretação da realidade, o erro relaciona-se a uma elementar do tipo, isto é, a uma circunstancia fática que integra a redação do tipo incriminador. Um exemplo de erro de tipo essencial é o caso Brandon Lee e também quando um caçador mata uma pessoa achando que era uma raposa, pois o sujeito não sabia que estava matando alguém. Transar com uma menina menor de 14 anos sem saber de sua idade é um dos exemplos de erro de tipo essencial. 
Consequência Jurídica: As consequências dependeram da vencibilidade do erro (erro de tipo essencial):
- Invencível/Justificável/Escusável: Exclui dolo e culpa; o a gente não responde por crime nenhum.
- Vencível/Injustificável/Inescusável: Deriva da inobservância de um dever de cuidado; portanto, exclui dolo, mas se pune por culpa, se tipo culposo houver.
Obs.: Erro Determinado por Terceiro: Na modalidade em que terceiro determina erro de outrem, será ele o responsável pelo resultado causado. Ex.: Médico, com intenção de matar paciente, engana a equipe, dizendo que o paciente estava morto, ordenando a autopsia (Esta observação que se aplica dentro do erro de tipo essencial e as descriminantes putativas).
3. ERRO DE TIPO ACIDENTAL
O erro de fato aqui se relaciona com elementos acidentais, acessórios, secundários. Portanto, como regra, não afastará a punição do agente.
Ex.: Matar alguém (querer matar Fredie, mas acabar matando Paulo)
3.1. ABERRATIO PERSONAE
Está no Art. 20, §3º do C.P.
Trata-se do erro sobre a pessoa. O agente atinge pessoa diversa da pretendida, porque confundiu as vítimas. O agente é punido, como se tivesse atingido a vítima pretendida.
3.2. ABERRATIO ICTUS 
Está no Art.73 do C.P.
Trata-se do erro na execução. Em virtude de um acidente ou erro na execução de um delito, o agente atinge pessoa adversa da pretendida. Será punido, como se tivesse acertado a vítima pretendida.
Obs.: ABERRATIO PERSONAE X ICTUS: Em ambos os casos, atinge-se a pessoa adversa da pretendida, e sou punido exatamente como se tivesse atingido a pessoa pretendida. No entanto, na Aberratio Personae, isso deriva de uma confusão, enquanto na Aberratio Ictus, deriva de um acidente, ou de uma erro na execução.
3.3.ABERRATIO CRIMINIS/DELICTI
Trata-se do resultado adverso do pretendido, em que o agente quer atingir coisa, mas atinge pessoa ou, quer atingir pessoa, mas atinge coisa.
Está no Art. 74 do CP
O problema é que, quando o Art. 74 trata da matéria, ele trata apenas parte dela, que é quando quero atingir coisa, mas atinjo pessoa. No entanto, quando falo em resultado adverso do pretendido, também aceitaria o inverso (quando quero atingir pessoa e atinjo coisa). Não existe Art. para isso, então é resolvido pela lógica. 
Ex. Jogo uma pedra pra quebrar uma janela, mas essa pedra acaba atingindo alguém.
Aqui, o agente responde pela forma culposa do resultado causado, isso se tipo culposo houver. 
No caso de “Querer atingir pessoa, mas atinjo coisa”, ele responderá pela forma tentada do crime contra a pessoa.
Obs.: ABERRATIO CRIMINIS X ABERRATIO ICTUS: Em ambos os casos, o erro deriva de acidente no curso da execução do delito (Arts. 73 e 74). Entretanto, na Aberratio Ictus, o erro faz ser atingida pessoa diversa da pretendida, enquanto na Aberratio Criminis, o erro faz ser produzido crime diverso do pretendido (bem jurídico distinto).
Obs².: CRIME ABERRANTE X CONCURSO DE CRIMES: Nas hipóteses referidas nos Arts. 73 e 74 (Aberratio Ictus e Aberratio Criminis na qual se quer atingir coisa), caso o agente produza tanto a lesão desejada quanto a lesão não desejada, responderá por ambas, tratando-se de concurso formal de infrações, conforme Art. 70 do CP.
Concurso formal
        Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
3.4. ABERRATIO CAUSAE
Nesta hipótese, o agente quer produzir um resultado por um meio x, mas, em virtude de acidente ou erro na execução, produz este mesmo resultado por um meio y. Responde normalmente pelo resultado causado, pois havia dolo geral de produzi-lo. 
4. DESCRIMINANTES PUTATIVAS POR ERRO DE TIPO
 O agente supõe estar vivenciando situação de fato que, se realmente existisse, tornaria a sua ação legítima.
Obs.: Putativo significa imaginário. Há aqui, uma má interpretação da realidade.
Se o erro for invencível...: Exclui dolo e culpa;
Se o erro for vencível*...: Exclui dolo, mas pune a culpa. 
Ex.: Legitima Defesa Putativa: Eu imagino equivocadamente que estou prestes a ser agredido, e por isso reajo. 
(...)
Obs.: *É aqui que se admite, excepcionalmente, a tentativa de crime culposo (culpa imprópria).
ILICITUDE
É sinônimo de Antijuridicidade
1. CONCEITO
O conceito de Ilicitude no Código Penal é dado por exclusão, isto é, refere-se não quando o comportamento é ilícito, mas sim, quando o comportamento será considerado lícito. 
Isso significa dizer que, uma conduta típica, em princípio, é ilícita também, a menos que estejamos diante de um excludente de ilicitude. Por isso que tipicidade é elemento indiciário da ilicitude.
Dizer isso é o mesmo que tratar da Teoria da Ratio Cognoscendi, ou seja, a tipicidade é o meio pelo qual eu conheço a ilicitude. Essa teoria se contrapõe a Teoria da Ratio Essendi, em que tipicidade e ilicitude estão na mesma essência.
Justificante: Equivalente a “excludente de ilicitude”
Exculpante: Equivalente a “excludente da culpabilidade”
2. EXCESSO
Nos termos do Art.23, Parágrafo Único, o Excesso, seja ele doloso ou culposo, sempre será punível.
Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
3. ELEMENTOS OBJETIVOS X SUBJETIVOS
Além dos Elementos objetivos que a lei define, a doutrina estabelece os Elementos Subjetivos.
Elementos Subjetivos: Analisando o elemento subjetivo nas excludentes de ilicitude, significa dizer que a justificante só será aplicada caso o agente, no momento de sua conduta, tenha de fato o conhecimento e a intencionalidade de agir conforme as referidas excludentes.
Ex.: Se minha casa ta pegando fogo, um vizinho meu tem direito de entrar em minha casa, arrombar a minha porta e desligar o fogo (esqueci a penela no fogo). E se esse vizinho entra em minha casa, por que sabia que estava viajando, entra nela no intuito de roubar minhas joias, mas se depara com uma panela no fogo. Decide apaga-la e afirmar que arrombou o lar por Estado de Necessidade. Nesse caso, ele responde pelos atos tentados, já que não se configura Estado de Necessidade, por não haver esse pensamento no individuo.
4. EXCLUDENTES DE ILICITUDE (HIPÓTESES LEGAIS)
Seriam os Elementos Objetivos (Art.23 do C.P.)
4.1. ESTADO DE NECESSIDADE
Atua em Estado de Necessidade aquele que pratica conduta para salvar, a si ou a outrem, de um perigo atual que não provocou por sua vontade, e não podia de outro modo evitar. 
-Ou seja, a lei afirma que existe tanto EN próprio ou EN de terceiro.
- O perigo é um risco grave ao bem jurídico, risco esse, que pode ser oriundo de pessoa, animal ou coisa. (Floresta que está pegando fogo, e você precisa invadir um fazenda para se proteger – COISA/ Animal foge de um Zoológico, provocando uma situação de perigo – ANIMAL). Esse risco não pode ser uma agressão direcionada a alguém.
- Não basta também ser apenas um perigo, mas sim, um perigo atual, que está acontecendo. Portanto, não vou poder alegar EN para um perigo iminente, um perigo que ainda está por vir.
- Que não provocou por vontade; quem provocou por culpa pode alegar EN.
- “Não podia evitar” é o mais polemico de todos. A fuga se for possível, ela é obrigatória (no campo da análise da ilicitude).
Existem duas teorias que trabalham o estado de necessidade (vão analisar a natureza jurídica do EN):
Teoria Unitária: É a teoria adotada pelo Código Penal de 1940. Significa dizer que o estado de necessidade possui apenas uma natureza jurídica, ou seja, o estado de necessidade, para essa teoria, só funciona e é concebido como excludente de ilicitude (Estado de Necessidade Justificante). Para os defensores dessa teoria, a justificação ocorrerá, para os tribunais brasileiros, sempre que o bem jurídico protegido valha mais ou o mesmo do que o bem jurídico sacrificado (quando arrombo uma farmácia para poder usar uma bombinha de asma para salvar minha vida).
Teoria Diferenciadora: Diferencia duas naturezas jurídicas para o estado de necessidade, funcionando como excludente da ilicitude e como excludente da culpabilidade. É adotado pelo Código Penal Militar.
O Brasil adota, no Código Penal, a Teoria Unitária. Significa dizer que somente concebe o Estado de Necessidade como excludente da ilicitude (“Estado de Necessidade justificante”). A justificação ocorrerá, para os tribunais brasileiros, sempre que o bem jurídico protegido possuir valor superior ou igual ao do bem jurídico sacrificado. De outro lado, tem-se admitido o Estado de Necessidade Exculpante como causa supralegal de exclusão da culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa).
4.2. LEGÍTIMA DEFESA
Atua em Legítima Defesa, quem pratica conduta para repelir uma injusta agressão, atual ou iminente, a direitopróprio ou de terceiro.
- “Repelir”: A palavra “repelir” traz em si, a ideia de proporcionalidade. É fazer parar a agressão injusta que o sujeito está sofrendo.
- “Injusta agressão”: Ela só pode partir de uma pessoa.
- “Agressão atual ou iminente”: Ela está acontecendo, ou está prestes a acontecer. Isso significa dizer que eu não vou esperar sofrer o primeiro golpe, para que somente então eu reaja.
- “Direito”: (...)
- “Próprio/de terceiro”: Da mesma forma que no Estado de Necessidade, podemos falar de Legitima Defesa pessoal e LD de terceiro.
É possível falar em Legitimas Defesas Simultâneas? R.: Em 99,9% dos casos, não, pois alguém deve começar (sempre teremos uma agressão que é justa e uma injusta). No entanto, temos como exceção quando, pelo menos uma dela age de maneira putativa.
É possível falar em Legitimas Defesas Sucessivas? R.: Sim, nos casos de excesso. Pois no excesso, há uma inversão de polos: quem era inicialmente agressor se torna vítima, e quem era vítima se torna agressor.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO E ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO? COMO DIFERENCIA-LOS DA LEGÍTIMA DEFESA? EXISTE LEGÍTIMA DEFESA DE PATRIMÔNIO?
-Estado de Necessidade Agressivo x Defensivo: Ocorre (i) estado de necessidade agressivo quando o agente visando a salvar-se ou a terceiro, atinge um bem jurídico de pessoa que perigo nenhum provocou, ou, que nada teve a ver com a situação de perigo causada (pai, para levar filho ao hospital, rouba carro do vizinho). O ato para afastar o perigo é dirigido para outra coisa ou pessoa, alheia à origem do perigo emanado. Situação diversa ocorre no (ii)estado de necessidade defensivo. Aqui o agente atinge o bem ou interesses de quem efetivamente causou ou concorreu para a ocorrência da circunstância de perigo.
4.3. EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO
Direito é uma faculdade jurídica, ficando afastada a antijuridicidade, se o seu exercício é regular. 
Aqui no exercício regular do direito é também, a questão dos pais que batem, e a questão das ofendículas, ou ofensáculas.
Ofendículas: São mecanismos pré-dispostos de defesa. Ex.: Cerca elétrica, arame farpado, cão de guarda, caco de vidro. Qual seria a sua natureza jurídica? Para um posicionamento, elas seriam Legítima Defesa; para outros, ela seria um exercício regular de um direito, e para outro, ela é hibrida (quando instaladas, ela seria um ERD, e em ação efetiva, ela seria um mecanismo de Legítima Defesa). 
4.4. ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL
Conceito elaborado pela doutrina (legislador apenas cita, mas não conceitua): Dever legal é a obrigação imposta por lei. Entende-se “lei” em sentido amplo, abarcando, portanto, portarias, regulamentos e outras leis em sentido material, desde que amparadas em lei formal. 
Para que se afaste a ilicitude, o comprimento deverá ser estrito, isto é, sem fugir dos limites do comando legal.
Ex.: Ação de Policiais, Bombeiros, Agente Públicos, Oficiais de Justiça, etc
Situações Polêmicas:
1) O Policial que mata.
- Doutrinariamente, entende-se que ele age com Legítima Defesa, ainda que fosse a de terceiro, pois não há o dever de matar.
2) Os pais que batem.
- O C.C. disciplina o dever de Educação. É uma questão até então, ainda ambígua.
5. CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (CAUSA SUPRALEGAL)
Dentro de Consentimento, vamos falaz basicamente de duas teorias:
Teoria Dualista: O consentimento tem a possibilidade de duas naturezas:
1) O consentimento poderá funcionar como causa da exclusão da tipicidade (“Acordo”).
- Para os dualistas, se o dissenso integra o tipo penal, o consenso exclui o próprio tipo. 
2) Poderá funcionar como causa da exclusão da ilicitude (“Consentimento”).
- Aqui, o tipo penal não faz referencia ao dissenso da vítima, logo o consenso válido exclui ilicitude.
(...)
Obs.: O pensamento dualista é majoritário. É defendido por Manoel da Costa Andrade, e Günther Jakobs.
Teoria Monista: É uma linha minoritária, defendia por Klaus Roxin. 
Para ele, só podemos falar de consentimento como causa de exclusão da tipicidade, sendo irrelevante diferenciar “acordo” de “consentimento”.
Para Roxin, o consentimento válido sempre afasta tipicidade material, porque não haverá lesão ao bem jurídico, mas tão somente, ao objeto material da conduta. O objeto jurídico, portanto, seria incrementado/satisfeito, conforme a autonomia do seu titular. 
Obs.: 
Objeto Jurídico = Bem Jurídico.
Objeto Material: Pessoa/Coisa a qual recai a conduta.
CONSENTIMENTO VÁLIDO: Critérios de validade para consentir (Cabe para ambas as teorias)
- Bem Jurídico Disponível
.
- Capacidade para consentir 
O DP nunca trabalhou com capacidade, o DP trabalha com imputabilidade. Então quem é capaz para o Direito Civil, pode ser inimputável para o DP. Então sempre foi um conceito separado no Direito Penal. Só que quando trabalhamos consentimento, surge essa duvida, na capacidade para consentir, qual capacidade será utilizada, então temos aqui diversas situações que estão sendo discutidas.
Ex.: Consentimento para a prática sexual, apenas a partir de 14 anos 
Obs.: Consentimento Presumido: Modelos de Decisão Substituta:
- Modelo de autonomia pura: O individuo já diz em que termos, em que sua vontade será realizada.
- Modelo do Julgamento Substituto: Tenta-se buscar o que o titular do Direito escolheria, caso estivesse em condição de escolher. O CP português consagra esse critério.
- Modelo do Melhor Interesse: é um modelo que permite que aja contra a vontade, mas no interesse de protege-lo, no seu melhor interesse. (Ex.: Internação Compulsória).
- Consentimento sem vícios 
(...) Erro, Dolo e Coação
- Consentimento Anterior/ Concomitante à lesão
Isso também não é pacifico, porque existe a possibilidade em tese, de o consentimento da lesão não ser pacífico, e depois a pessoa aceitar/consentir. 
- Consentimento que não contraria Moral e Bons Costumes
Outro ponto bem complexo. O CP Português a Alemão trazem expressamente essa moral e bons costumes, por se entender que é algo extremamente relevante, para o consentimento ser autorizado.

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