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Influência da Anisotropia Sobre a Condutividade Hidráulica de Solo Arenoso Laterítico do Litoral Sul do Rio Grande do Sul Misturado à Bentonita Sódica Christopher Fonseca da Silva Escola de Engenharia de São Carlos - USP, São Carlos, Brasil, christopherfonseca@sc.usp.br Edmundo Rogério Esquivel Escola de Engenharia de São Carlos - USP, São Carlos, Brasil, esquivel@sc.usp.br RESUMO: Solos caracterizados como anisotrópicos podem agregar fatores de risco em obras de proteção ambiental. A desatenção de certos aspectos vinculados ao comportamento dos materiais empregados como proteção pode comprometer uma das principais atribuições dada às barreiras minerais de aterros sanitários, trazendo riscos à integridade da obra e, consequentemente, à população e ao meio ambiente. O trabalho propõe avaliar a influência da adição de bentonita sódica e da anisotropia induzida no comportamento hidráulico de um solo arenoso de comportamento laterítico da região costeira sul do estado do Rio Grande do Sul, denominado ARMAR, buscando verificar a eficácia do aditivo frente a diferentes modalidades de compactação. Para isso, amostras moldadas em orientações defasadas 90º em relação à vertical foram submetidas a ensaios de determinação da condutividade hidráulica, em permeâmetro de parede flexível à carga constante. A técnica permitiu analisar o comportamento hidráulico dos espécimes na condição de fluxo normal e paralelo à orientação preferencial dos planos de compactação. Os resultados indicam que a adição de bentonita no teor de 4% confere diminuição da condutividade hidráulica do solo pesquisado em ambas as modalidades de compactação, habilitando seu emprego em revestimentos minerais de aterros sanitários. Constata-se, também, que a compactação atribui comportamento anisotrópico ao solo arenoso estudado, visto significativa redução de sua condutividade hidráulica. PALAVRAS-CHAVE: Solo-Bentonita, Condutividade Hidráulica, Anisotropia. 1 INTRODUÇÃO Materiais que apresentam variabilidade em suas propriedades em diferentes direções são reconhecidos como anisotrópicos. A anisotropia nas propriedades dos solos, de modo geral, pode ser atribuída à variabilidade espacial da configuração do arranjo entre partículas e dos vazios intersticiais. Vários são os agentes que deflagram comportamento anisotrópico ao solo, dentre os quais se destacam: consolidação anisotrópica, tensões de cisalhamento, direção de transporte de partículas, métodos de compactação e compactação em camadas (Mitchell e Soga, 2005). Quando compactados dinamicamente, os solos experimentam um rearranjo estrutural por meio da reordenação de suas partículas e poros intersticiais. Suas propriedades mecânicas e hidráulicas são fortemente afetadas frente à condição de anisotropia induzida. Quanto à condutividade hidráulica, esta tende a aumentar no sentido paralelo aos planos preferenciais de compactação, cuja orientação das partículas e vazios intersticiais favorece o fluxo através do solo. A presença de solos sujeitos a alterações comportamentais em direções distintas pode desencadear uma série de efeitos adversos em obras de proteção ambiental, como é o caso das barreiras minerais impermeáveis, as quais constituem elementos projetados para reduzir o transporte de poluentes produzidos pela biodegradação e lixiviação dos resíduos aterrados até o subsolo e aquíferos subjacentes. Geralmente são compostas por camadas de solo compactado com condutividade hidráulica inferior a 10 -9 m/s (Mitchell et al., 1965; Lambe, 1958). Camadas de solo compactado estão sujeitas a desenvolverem fluxo acentuado segundo uma direção de orientação preferencial de partículas e poros. Este fluxo geralmente ocorre na direção horizontal, onde prevalecem descontinuidades nas interfaces entre camadas compactadas e alinhamentos das partículas e poros perpendicularmente à direção dos esforços de compactação, que são verticais. O fluxo horizontal somado à heterogeneidade vertical e espacial das camadas de solo compactado, em razão da presença de imperfeições (fissuras e juntas) e de materiais (pedregulhos, raízes, conchas, etc.), condiciona uma drenagem mais rápida que eleva a condutividade hidráulica média e reduz uma das principais atribuições dada às barreiras impermeáveis. Materiais alternativos hábeis à construção de sistemas de impermeabilização em estruturas de contenção de resíduos têm sido amplamente investigados em suas propriedades hidráulicas. Misturas de solo com bentonita sódica retratam este cenário. Esta técnica pode ser aplicada em locais de implantação de aterros sanitários deficientes em solos com baixa condutividade hidráulica. Estudos dirigidos à análise do comportamento anisotrópico destes materiais ainda têm sido pouco explorados. Por esta razão, o presente trabalho busca contribuir para o avanço no conhecimento dos efeitos da anisotropia sobre as propriedades hidráulicas de amostras compactadas de solo-bentonita, de forma a fomentar soluções ambientalmente adequadas em projetos de barreiras minerais em áreas de disposição de resíduos. Dentro desse contexto, o objetivo principal deste trabalho é investigar o efeito da adição de bentonita sódica e da anisotropia induzida sobre o comportamento hidráulico de um solo arenoso laterítico da região costeira sul do estado do Rio Grande do Sul. Para isso, é determinada a condutividade hidráulica, em permeâmetro de parede flexível à carga constante, alternando-se a orientação dos planos de compactação segundo as direções normal e paralela ao eixo longitudinal do corpo de prova. 2 CENÁRIO DE ESTUDO O estudo de caso foi realizado no município do Rio Grande (RS) onde, desde 2009, temas relacionados a aterros sanitários têm ganhado importância, dada à elaboração de um projeto para construção de um aterro, em sistema de consórcio, firmado entre prefeitura e empresa privada. Rio Grande, município onde se situa a jazida do solo investigado, está localizado junto à planície costeira sul do Rio Grande do Sul (Fig. 1), sobre uma faixa de terras baixas, arenosas e de relevo suave ondulado a plano, chamada de cordões litorâneos. A referida jazida está situada às margens da BR-392, no trecho Pelotas-Rio Grande, na localidade de Domingos Petrolini (Fig. 2). Figura 1. Localização do município do Rio Grande (RS). Figura 2. Localização da jazida investigada. 3 MATERIAIS INVESTIGADOS Para a realização da pesquisa, foi utilizado um solo arenoso de comportamento laterítico, também conhecido como ARMAR, denominação dada pelo grupo de pesquisa Geotecnia – FURG numa contração do nome comercial da empresa mineradora que explora e comercializa este material para a indústria de fertilizantes do município do Rio Grande. Seu uso tem sido estendido a obras de aterro e rodoviárias. O solo é classificado como areno-argiloso, encontrado no horizonte B do perfil de Argissolo Vermelho-Amarelo e originário da pedogênese atuante sobre os depósitos eólicos de uma das barreiras litorâneas da planície costeira sul do Rio Grande do Sul (Bastos et al., 2008; Brasil, 1973) (Fig. 3). Seu comportamento laterítico é confirmado pela metodologia MCT, cuja classificação resulta em LA’ (solo arenoso de comportamento laterítico) (Silva et al., 2012). Figura 3. Perfil típico de Argissolo Vermelho-Amarelo presente na jazida estudada – solo ARMAR. A bentonita utilizada na pesquisa foi abentonita sódica, cuja principal característica é baseada em sua capacidade de expansão quando hidratada. Em suma, este fenômeno resulta da absorção de vários estratos monomoleculares de água, promovida pela presença de cátions trocáveis Na + entre as camadas do argilomineral. Esta hidratação intracristalina diminui a força atrativa entre as camadas estruturais de argila, causando sua expansão. O aditivo estudado atende comercialmente pelo nome Brasgel ® , o qual é produzido e fornecido pela empresa Bentonit União Nordeste Ltda. 4 MÉTODOS DE PESQUISA Para o desenvolvimento da pesquisa, foram avaliados os parâmetros de compactação para o solo ARMAR, no estado puro e misturado a 4% de bentonita sódica, a partir de curvas de compactação obtidas segundo a energia do Proctor normal. Os ensaios de determinação da condutividade hidráulica foram conduzidos incorporando aspectos vinculados à anisotropia. Para isso, se utilizaram corpos de prova (CPs) moldados em cilindro miniatura e extraídos a partir de amostras compactadas em cilindro Proctor, em uma direção defasada 90º em relação ao eixo longitudinal do CP matriz. A técnica permitiu analisar o comportamento hidráulico dos espécimes na condição de fluxo normal e paralelo à orientação dos planos de compactação. As propriedades índice dos materiais também foram analisadas. 4.1 Caracterização Geotécnica Para a caracterização geotécnica dos materiais, foram realizados ensaios de determinação da massa específica dos sólidos (NBR 6508/84), de análise granulométrica (NBR 7181/84), de determinação dos limites de consistência (NBR 6459/84 e NBR 7180/84) e de determinação dos parâmetros de compactação para a energia do Proctor normal (NBR 7182/86). 4.2 Condutividade Hidráulica A condutividade hidráulica dos materiais pesquisados foi obtida em permeâmetro de parede flexível (Fig. 4), equipamento este que permite determinar adequadamente a condutividade hidráulica de materiais com coeficiente inferior a 10 -6 m/s, pois inibe a ocorrência de fluxo preferencial nas paredes do permeâmetro, assim como reduz o tempo de saturação da amostra, dada a possibilidade do emprego de contrapressão no CP. Esta pressão de água interna é responsável por dissolver as bolhas de ar presentes nos interstícios do solo do CP, conduzindo à saturação do mesmo. A saturação é verificada por meio do parâmetro B de Skempton, cujo valor mínimo deve alcançar 0,95 (ASTM D5084, 2010; Head, 1998). O permeâmetro é composto por uma câmara triaxial, onde é posicionado o CP entre duas pedras porosas, envolto por uma membrana flexível. Após a montagem, faz-se o enchimento da câmara com água e aplica-se pressão confinante em seu interior. Ao mesmo tempo em que se aumenta a pressão na câmara em estágios, aplica-se uma pressão de água interna no CP, denominada contrapressão. A diferença entre a pressão externa e interna de água sobre o CP constitui a tensão efetiva durante o ensaio. 1. Pistão 8. Pedra porosa 2. Válvula para saída de ar 9. Membrana flexível 3. Câmara triaxial 10. Entrada para pressão confinante 4. Pedestal da câmara 11. Entrada para pressão de base 5. Linha de drenagem 12. Entrada para pressão de topo 6. Água 13. Entrada para medida da pressão neutra 7. O’ring 14. Transdutor de pressão Figura 4. Representação esquemática do permeâmetro de parede flexível (adaptado de Head, 1998). 4.2.1 Preparação dos Corpos de Prova Os CPs, utilizados nos ensaios de determinação da condutividade hidráulica, foram compactados dinamicamente na energia do Proctor normal. Suas dimensões eram de aproximadamente 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura, atendendo a relação altura-diâmetro de 2,0 a 2,5 estabelecida pela norma ASTM D4767-11. A umidade, a massa e as dimensões dos espécimes ensaiados foram controladas, de forma a atingir um grau de compactação superior a 95%. Para obter plena homogeneização da umidade, as amostras preparadas para a moldagem dos CPs eram mantidas em repouso, em câmara úmida, por um período mínimo de 7 dias. Na sequência, eram submetidas à compactação. Os CPs empregados nos ensaios de determinação da condutividade hidráulica foram moldados em orientações distintas, defasadas 90º em relação à vertical (Fig. 5). Este método permitiu analisar o comportamento hidráulico dos espécimes na condição de fluxo normal e paralelo à orientação preferencial dos planos de compactação (Fig. 6). A moldagem dos CPs analisados na condição de fluxo normal à orientação dos planos de compactação foi realizada em cilindro miniatura (Mini-Proctor). Os CPs sujeitos ao fluxo paralelo aos planos de compactação foram extraídos a partir de amostras compactados em cilindro Proctor, numa orientação defasada 90º em relação à vertical (Fig. 5). Após a retirada, estes CPs foram talhados segundo as dimensões supracitadas. Figura 5. Moldagem dos CPs segundo orientações 0º e 90º. Figura 6. Esquema indicando a direção do fluxo em relação à orientação dos planos de compactação. 4.2.2 Ensaio de Determinação do Coeficiente de Condutividade Hidráulica Após a moldagem dos CPs, foi então estabelecida a fase de saturação, a qual consiste na aplicação de estágios de iguais incrementos de 50 kPa de tensão confinante e contrapressão na base do CP, mantendo a tensão efetiva constante, dada uma diferença maior para a tensão externa de 10 kPa. Ao final de cada estágio, com duração de 12 horas, era verificado o parâmetro B de Skempton. Considerava-se o CP na condição saturada quando atingido um valor do parâmetro B maior ou igual a 0,95. Confirmada a saturação do CP, era iniciada a etapa de determinação da condutividade hidráulica, cujas pressões de base e de topo eram ajustadas de acordo com a pressão confinante empregada ao final do estágio de saturação. O gradiente hidráulico utilizado nesta pesquisa foi de aproximadamente 20 (ASTM D5084, 2010), promovido pela diferença de 20 kPa nas pressões entre base e topo ao longo dos aproximados 10 cm de altura do CP. O volume de água percolado era medido via transdutor de deslocamento acoplado a um variador de volume. As informações eram transferidas, processadas e registradas automaticamente em intervalos pré-programados a partir de um sistema de aquisição de dados gerenciado por software de interface. Dessa maneira, era possível determinar a vazão percolada e, através da aplicação da Lei de Darcy (Eq. 1), o coeficiente de condutividade hidráulica. i.A Q k = (1) Na equação acima, k é o coeficiente de condutividade hidráulica, Q é a vazão percolada, i é o gradiente hidráulico e A é a área da seção transversal do CP. 5 RESULTADOS 5.1 Parâmetros de Compactação A Tab. 1 e a Fig. 7 apresentam, respectivamente, os parâmetros e as curvas de compactação do solo ARMAR e da mistura deste com 4% de bentonita sódica. Tabela 1. Parâmetros de compactação do solo e da mistura. ARMAR Mistura Teor de umidade ótima (%) 12,5 14,0 Massa específica seca máxima (g/cm3) 1,850 1,805 Figura 7. Curvas de compactação dos materiais referentes à energia do Proctor normal. A partir dos resultados expressos, percebe-se que a adição de 4% de bentonita sódica promove um aumento no teor de umidade ótima do solo ARMAR. Consequência disso deriva-se à forte presença de cátions trocáveis Na +disponíveis no argilomineral utilizado na pesquisa (bentonita), os quais estimulam a entrada de moléculas de água entre as camadas de argila durante a fase de homogeneização da umidade da mistura. Constata-se, também, uma tendência de redução da massa específica seca máxima conforme aumento no teor de aditivo, devido não só à elevação da umidade ótima, mas também à textura do solo estudado vir se tornando gradualmente mais fina. 5.2 Condutividade Hidráulica dos Materiais Para o solo ARMAR na condição natural e misturado a 4% de aditivo, foram realizados três ensaios de determinação da condutividade hidráulica, considerando o fluxo nas direções normal e paralela à orientação dos planos preferenciais de compactação. Os valores médios, referidos à água na temperatura de 20°C (k20), são apresentados na Tab. 2. Tabela 2. Condutividade hidráulica média dos CPs em função da orientação de seus planos de compactação. Fluxo normal à orientação dos planos Fluxo paralelo à orientação dos planos ARMAR Mistura ARMAR Mistura k20 (m/s) 4,3.10 -9 2,2.10 -10 3,1.10 -7 2,7.10 -10 Com base nestes resultados, verifica-se uma diminuição da condutividade hidráulica do solo quando acrescidos 4% de bentonita sódica. Este comportamento era esperado, visto a influência do caráter expansivo do aditivo sobre o 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 6 8 10 12 14 16 18 20 M as sa e sp ec íf ic a se ca ( g /c m ³) Teor de umidade (%) ARMAR Mistura preenchimento dos vazios do solo quando submetido à hidratação. Os resultados revelam, também, que incorporando um teor mínimo de 4% de bentonita sódica no solo ARMAR, é possível alcançar a condutividade hidráulica máxima exigida em projetos de barreiras minerais voltados a obras de contenção de resíduos, os quais prevêm estanqueidade do sistema quando empregados materiais com coeficientes inferiores a 10 -9 m/s. Quanto ao comportamento anisotrópico, observa-se suscetibilidade do solo ARMAR frente à modalidade de compactação, respaldando num aumento de sua condutividade hidráulica em quase duas ordens de grandeza, passando de 4,3.10 -9 m/s para 3,1.10 -7 m/s. Vincula-se este comportamento ao rearranjo estrutural do solo frente esforços dinâmicos promovidos pela compactação. Estas cargas levam o solo a experimentar uma orientação preferencial de suas partículas e poros intersticiais, numa direção perpendicular aos esforços de compactação. Como consequência, ocorre maior flexibilidade quanto à passagem de fluxo de água através do CP, influenciando diretamente a condutividade hidráulica do mesmo. Para a mistura de solo com 4% de bentonita sódica, sujeita ao fluxo paralelo aos planos de compactação, os resultados fogem a esta tendência, mostrando não só a influência do caráter expansivo do aditivo em ambas as direções de fluxo, mas também sua eficácia quanto ao atributo de impermeabilização. 5.3 Caracterização Geotécnica A Fig. 8 e a Tab. 3 exibem, respectivamente, as curvas granulométricas e a caracterização geotécnica do solo ARMAR e da mistura com 4% de aditivo. Figura 8. Curvas granulométricas do solo e da mistura. Tabela 3. Caracterização geotécnica dos solos estudados. Propriedades índice ARMAR Mistura assa específica dos sólidos (g/cm3) 2,634 2,659 Areia grossa (%) 10 8 Areia média (%) 55 54 Areia fina (%) 7 8 Silte (%) 5 6 Argila (%) 23 24 Limite de liquidez (%) 28 33 Limite de plasticidade (%) 14 16 Índice de plasticidade (%) 14 17 Índice de atividade de Skempton 0,61 0,71 Classificação Unificada (SUCS) SC SC Analisando os resultados de caracterização geotécnica apresentados, percebe-se que o acréscimo de 4% de bentonita não proporciona mudança significativa na distribuição granulométrica do solo ARMAR. Destaca-se a forte presença da fração argila junto ao solo arenoso, correspondendo a 23%. Isto explica, em parte, a baixa condutividade hidráulica apresentada pelo solo na condição natural. De acordo com a classificação atual da ABNT, tanto o solo quanto a mistura se enquadram como areia argilosa. Além disso, com a adição de 4% de aditivo, verifica-se um aumento tímido da plasticidade encontrada para o solo na condição natural, cujo índice aumenta de 14% para 17%, lhe conferindo alta plasticidade. Constata-se, também, que o acréscimo de aditivo promove um aumento da massa específica dos sólidos do solo, passando de 2,634 para 2,659 g/cm³. Atribui-se este comportamento ao fato de a densidade das partículas sólidas da bentonita ser maior que a do solo natural. Segundo classificação pelo Sistema Unificado, ambos os materiais classificam-se como SC (areia argilosa). Os argilominerais presentes, segundo o índice de atividade de Skempton, manifestam-se inativos, mesmo após o acréscimo de 4% de aditivo, passando de 0,61 para 0,71 e indicando o predomínio de caulinita na composição mineral do solo. 6 CONCLUSÕES Este trabalho propôs avaliar a influência da adição de 4% de bentonita sódica e da 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,001 0,01 0,1 1 10 P o rc en ta g em q u e p as sa ( % ) Diâmetro dos grãos (mm) ARMAR Mistura anisotropia induzida sobre o comportamento hidráulico de um solo arenoso de comportamento laterítico do litoral sul do Rio Grande do Sul, buscando não só habilitá-lo para emprego em obras de proteção ambiental, mas também verificar sua eficácia quando misturado ao aditivo, frente à solicitação hidráulica em planos de compactação distintos. Com o escopo de atingir tais objetivos, foram realizados ensaios de compactação, empregando-se a energia do Proctor normal, e de determinação da condutividade hidráulica do solo e da mistura, utilizando amostras moldadas em orientações defasadas 90º em relação à vertical. Constatou-se que o acréscimo de 4% de aditivo provoca não só um aumento no teor de umidade ótima e correspondente redução da massa específica seca máxima, mas também uma diminuição da condutividade hidráulica do solo em ambas as modalidades de compactação, possibilitando o seu emprego para aplicação prevista. Além disso, verificou-se que a compactação confere comportamento anisotrópico ao solo ARMAR, visto significativa redução de sua condutividade hidráulica quando submetido ao fluxo paralelo ao plano preferencial de compactação. Por fim, a partir da caracterização geotécnica, foi possível concluir que o acréscimo de 4% de aditivo não proporciona mudanças significativas nas propriedades índice convencionais do solo arenoso estudado. AGRADECIMENTOS Os autores da pesquisa agradecem ao Departamento de Geotecnia da EESC-USP pela infraestrutura proporcionada, às empresas Areia do Mar Comércio de Aterros Ltda. e Bentonit União Nordeste Ltda. pelo solo e aditivo fornecidos e a CAPES pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS American Society for Testing and Materials - ASTM. D4767: Standard test method for consolidated undrained triaxial compression test for cohesive soils. West Conshohocken, 2011. DOI: 10.1520/D4767-11. ______. D5084: Standard test methods for measurement of hydraulic conductivity of saturated porous materials using a flexible wall permeameter. West Conshohocken, 2010. 24 p. Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR 6459: Solo – Determinaçãodo limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984. 6 p. ______. NBR 6508: Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm – Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1984. 8 p. ______. NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984. 3 p. ______. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. 13 p. ______. NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986. 10 p. Bastos, C.A.B.; Schmitt, L.A.; Vasconcellos, S.M.; Rabassa, C.M.; Pinto, P.B. Estudo das propriedades geotécnicas de um solo arenoso fino laterítico encontrado em barreira litorânea no sul do Rio Grande do Sul. In: Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental, 12., 2008, Porto de Galinhas/PE. Anais... Rio de Janeiro: ABGE, 2008. In CD-ROM. Brasil. Ministério da Agricultura. DPE. Levantamento de reconhecimento dos solos do estado do Rio Grande do Sul. Recife, 1973. 416 p. Boletim técnico, n. 30. Head, K. H. Manual of soil laboratory testing: effective stress tests, v. 3. 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