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Apostila DIREITO TRABALHISTA E TRIBUTÁRIO unidade 3 FMU

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Prévia do material em texto

Guilherme Aparecido da Rocha
Direito Trabalhista e 
Tributário
030303
Sumário
CAPÍTULO 3 – Noções Gerais de Direito Tributário ............................................................05
Princípios tributários .......................................................................................................08
Espécies de tributos e competência tributária .....................................................................12
Legislação tributária .......................................................................................................18
5353
Capítulo 3 
Introdução 
O Direito Tributário é o ramo do Direito que regula as relações de tributação, ou seja, a forma 
como os cidadãos transferirão parte de suas riquezas para o Estado. A tributação é uma atividade 
essencial, porque viabiliza a vida em sociedade e constitui, além de um dever, um direito.
Nesse contexto, apresentaremos a necessidade de tributar do Estado. Aliás, você já parou para 
pensar sobre a razão da tributação? Por que exatamente entregar parte das nossas riquezas ao 
Estado é um direito e um dever? Você analisará essas questões e, na sequência, reconhecerá as 
funções dos tributos. Será que o tributo serve apenas para abastecer os cofres do Estado, ou tem 
outras finalidades? 
Também abordaremos os princípios que regem a tributação, ou seja, a legalidade, a irretro-
atividade, a anterioridade, a noventena, a capacidade contributiva, a vedação ao confisco, a 
liberdade de tráfego e a uniformidade territorial. Você sabe dizer se o poder de tributar do Estado 
tem limites, ou é ilimitado?
Veremos também a distinção entre imposto e tributo, bem como taxas, contribuições de melho-
ria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais. Além disso, estudaremos as competências 
tributárias, a fim de identificar quais tributos podem ser instituídos pelos entes federativos. 
Por fim, estudaremos as peculiaridades da legislação tributária, compreendendo a abrangência 
da expressão, bem como reconhecendo exceções aos princípios da legalidade, da anterioridade 
e da noventena.
3.1 A necessidade de tributar do Estado
Nesta seção, estudaremos a necessidade de tributar do Estado, buscando desmistificar suas 
razões e entender como essa atividade funciona no Brasil, país com elevada carga tributária. 
Posteriormente, veremos as funções dos tributos, oportunidade em que reconheceremos que eles 
não se prestam apenas à arrecadação de dinheiro para os cofres públicos.
Entenda, desde já, que o Direito Tributário é um ramo autônomo do Direito cuja importância tem 
a mesma razão da relevância da tributação para o Estado. 
3.1.1 As razões da tributação
A tributação é uma necessidade do Estado. Trata-se, na verdade, da principal fonte de receita do 
poder público, que a utiliza para manter sua estrutura administrativa e para prestar os serviços 
públicos à sociedade. Utilizamos a palavra “principal”, certo? Bem, se trata da principal porque 
os tributos não são a única fonte de receita do Estado. Existem outras, como a exploração da 
atividade econômica, que é feita de maneira excepcional.
Noções Gerais de 
Direito Tributário
54 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
Considere o seguinte: a estrutura da administração pública, mantida por meio das receitas 
tributárias, vai desde a eventual locação de prédios, até a aquisição de materiais e o pagamento 
de pessoal. Todos os servidores públicos recebem seus rendimentos a partir dos valores pagos 
pela sociedade como tributos. 
Segundo Regina Helena Costa (2015), “na contemporânea concepção de Estado, a tributação 
constitui autêntico poder-dever, cujo exercício traduz-se no emprego de instrumentos que lhe pos-
sibilitem a obtenção dos recursos necessários ao desempenho de suas atividades”. A tributação, 
no entanto, não é uma atividade restrita à idade contemporânea. Ela é feita há milênios. A Bíblia, 
por exemplo, relata a tributação como uma atividade comum à época. 
Hugo de Brito Machado é um dos principais tributaristas do Brasil. É professor de Direi-
to Tributário da Universidade Federal do Ceará, doutor em Direito Tributário e advoga-
do. Foi juiz federal durante 23 anos.
VOCÊ O CONHECE?
Vemos diariamente que, sempre que o tema é posto em pauta, o cidadão brasileiro costuma 
ter muitas reclamações a apresentar. Parte delas decorre da alta carga de tributos impostos à 
sociedade de modo geral e do baixo retorno que os cidadãos recebem, isto é, falta investimento 
em infraestrutura, em educação e saúde públicas etc. Nesse contexto, precisamos ressaltar que 
o Brasil é, de fato, um país com elevada carga tributária.
Figura 1 – O Brasil é um país com elevada carga tributária.
Fonte: Shutterstock, 2015
A insatisfação popular, porém, não decorre precisamente da quantidade de tributos pagos, mas 
da falta de devolução dos valores pagos em serviços públicos efetivos e em uma administração 
eficaz. Muitos tributos são vinculados a serviços públicos, isso é verdade, enquanto outros não o 
são, conforme estudaremos mais adiante.
55
3.1.2 As funções dos tributos
Os tributos são utilizados para abastecer os cofres públicos e, como você viu, constituem a princi-
pal fonte de receita do Estado. Durante a atividade de arrecadação, no entanto, a administração 
pública utiliza os tributos com diferentes finalidades. Basicamente, eles podem ser classificados, 
quanto à função que apresentam, em:
a) fiscais;
b) extrafiscais;
c) parafiscais.
Saiba que tributos com efeitos fiscais são aqueles cujo principal objetivo é a obtenção de 
receitas para a manutenção do Estado ou a prestação dos serviços públicos. O imposto sobre 
a renda, por exemplo, é um tributo com efeito fiscal, pois seu principal objetivo é obter receitas 
para o Estado. Na verdade, o imposto sobre a renda é a maior fonte de receitas tributárias do 
Brasil.
Tributos com efeitos extrafiscais são aqueles cujo principal objetivo é a intervenção no domínio 
econômico. Isso não significa que o Estado não queira ou não precise arrecadar receitas com a 
cobrança desses tributos; significa apenas que esse não é seu objetivo principal. Os impostos de 
importação e de exportação são exemplos de tributos com finalidade precipuamente extrafiscal. 
A modificação das alíquotas desses tributos pode facilitar ou dificultar importações e exporta-
ções, o que é feito em função das necessidades do cenário econômico.
Tributos parafiscais, por sua vez, são aqueles que têm por finalidade principal a arrecadação de 
receitas para entidades específicas. Nesse caso, o dinheiro arrecadado não vai para os cofres do 
Estado, nem interfere na ordem econômica; é destinado a entidades que exercem atividades que 
não são próprias do Estado. Por exemplo: as contribuições pagas para entidades de classe são 
tributos parafiscais, pois as receitas arrecadadas servem à sua manutenção.
3.1.3 O Direito Tributário
Diante da relevância da tributação para o Estado, é natural que exista um ramo do Direito cujo 
foco seja, exatamente, o estudo de todas as relações jurídicas estabelecidas entre a administra-
ção pública e os contribuintes. Temos, dessa forma, o Direito Tributário como um ramo do Direito 
Público, cujo foco recai sobre os direitos e deveres dos contribuintes, sobre as espécies tributá-
rias, os limites das competências, as formas de constituição dos créditos tributários, os benefícios 
fiscais, os métodos de cobrança, entre outros.
Por ser um ramo autônomo, ele tem princípios próprios, que lhe fundamentam a existência e que 
amparam a construção e a interpretação das normas tributárias brasileiras. Esse é o tema do 
próximo capítulo.
NÃO DEIXE DE VER...
O filme “A Firma” (com Tom Cruise) retrata a história de um jovem advogado, com 
carreira em ascensão, quando descobre uma séria de irregularidades na empresa em 
que trabalha.O filme aborda vários aspectos que podem ser bem aproveitados, como 
questões éticas e de clima organizacional. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=fIqIWvOTiuA>.
56 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
3.2 Princípios tributários
Nesta seção, você estudará os princípios tributários: da legalidade, da irretroatividade, da an-
terioridade, da noventena, da capacidade contributiva, da vedação ao confisco, da liberdade 
de tráfego e da uniformidade territorial. Fique atento, pois você estudará isoladamente cada um 
deles, reconhecendo importantes limitações do poder de tributar do Estado e, consequentemente, 
aspectos de proteção aos contribuintes.
3.2.1 Estrutura principiológica brasileira 
Os princípios são as bases do sistema jurídico, ou seja, todas as leis são construídas e devem 
ser interpretadas com base neles. Pondere desta forma: os princípios são como os alicerces de 
uma construção, que lhe dão sustentáculo para suportar as tribulações. Basicamente, podemos 
resumir os princípios do Direito Tributário conforme a ilustra a Figura 2.
Princípios do Direito Tributário
Legalidade
Irretroatividade
Anterioridade
Noventena
Capacidade Contributiva
Vedação ao con�sco
Liverdade de Tráfego
Uniformidade Territorial
Figura 2 – São os princípios do Direito Tributário.
Fonte: elaborado pelo autor.
Na sequência, você estudará individualmente cada um deles. 
57
3.2.2 Princípio da legalidade
O primeiro princípio do Direito Tributário, previsto no artigo 150, inciso I da Constituição Fede-
ral de 1988 (CF/88) é o da legalidade. A razão é evidente: diante do impacto que os tributos 
exercem sobre a sociedade, não podem ser alterados ao livre arbítrio do poder público. Não é 
possível admitir a criação ou a majoração de um tributo do “dia para a noite”, por meio de atos 
normativos que só dependam da assinatura de um prefeito ou de um secretário, por exemplo; 
se assim o fosse, o país não teria segurança jurídica. Veja a previsão constitucional do princípio 
da legalidade:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça (BRASIL, 1988).
Para que um tributo possa ser exigido ou majorado pelo poder público, portanto, deve existir, 
previamente, uma lei que autorize a cobrança. Sem ela, grave bem: qualquer cobrança será 
nula. Essa regra, contudo, não é absoluta, e existem exceções, que você conhecerá durante o 
estudo do item 3.5.1.
3.2.3 Princípio da irretroatividade
O princípio da irretroatividade complementa a proteção aos contribuintes conferida pelo princí-
pio da legalidade. Além de ter que ser previsto em lei, não se admite que a lei tenha efeitos re-
troativos, ou seja, que permita a cobrança por fato gerador praticado antes do início da vigência 
que institua ou aumente o tributo.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado (BRASIL, 1988).
O que é fato gerador? É o fato praticado pelo contribuinte, que lhe gera o dever de 
pagar o tributo. Obter renda, por exemplo, é o fato gerador do imposto sobre a renda. 
Ser proprietário de um imóvel na cidade, por outro lado, é o fato gerador do Imposto 
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). A lei descreve uma situação, 
que, se for praticada pelo contribuinte, o tornará devedor tributário; essa situação pra-
ticada pelo contribuinte é o fato gerador.
NÓS QUEREMOS SABER!
Dessa forma, entenda que, se uma lei criar um tributo hoje, não pode ensejar nenhum dever tri-
butário por fatos geradores praticados ontem. Esse é o princípio da irretroatividade, que protege 
o contribuinte da voracidade fiscal do Estado.
58 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
3.2.4 Princípio da anterioridade
O princípio da anterioridade agrega proteção ao contribuinte, somando-se aos dois princípios 
anteriores. Isso porque, embora os dois últimos sejam importantes, não bastam à segurança jurí-
dica. Por exemplo: se for publicada uma lei hoje, instituindo um tributo para ser cobrado a partir 
de amanhã, ela seria perfeitamente válida se só houvesse a proteção dos princípios da legalida-
de e da irretroatividade. Mas isso não basta, pois um tributo instituído ou aumentado hoje não 
pode ser imediatamente cobrado: deve haver um prazo de adaptação. A previsão constitucional 
do princípio da anterioridade está abaixo disposta.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - cobrar tributos:
[...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou
(BRASIL, 1988).
Então, se for publicada uma lei instituindo ou aumentando um tributo em 2015, ele somente po-
derá ser cobrado em 2016. Contudo, aqui também existem exceções, as quais você conhecerá 
durante o estudo do item 3.5.2.
O que é exercício financeiro? Exercício financeiro compreende o período de 1º de janei-
ro a 31 de dezembro. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, o que 
facilita a compreensão, por parte da sociedade em geral. Por exemplo: em 2016, você 
deve apresentar a declaração de imposto sobre a renda relativa ao exercício financeiro 
de 2015, ou seja, relativa ao período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2015.
NÓS QUEREMOS SABER!
O princípio da anterioridade da lei tributária, além de constituir limitação ao poder 
impositivo do Estado, representa um dos direitos fundamentais mais importantes outor-
gados pela Carta da República ao universo dos contribuintes. [...] 
O respeito incondicional aos princípios constitucionais evidencia-se como dever in-
derrogável do poder público. A ofensa do Estado a esses valores, que desempenham, 
enquanto categorias fundamentais que são, um papel subordinante na própria configu-
ração dos direitos individuais ou coletivos, introduz um perigoso fator de desequilíbrio 
sistêmico e rompe, por completo, a harmonia que deve presidir as relações sempre tão 
estruturalmente desiguais entre as pessoas e o Poder. 
Não posso desconhecer [...] que os princípios constitucionais tributários, sobre repre-
sentarem importante conquista político-jurídica dos contribuintes, constituem expressão 
fundamental dos direitos outorgados, pelo ordenamento positivo, aos sujeitos passivos 
das obrigações fiscais. Desde que existem para impor limitações ao poder de tributar, 
esses postulados têm por destinatário exclusivo o poder estatal, que se submete, quais-
quer que sejam os contribuintes, à imperatividade de suas restrições. 
Trecho do voto do Ministro Celso de Mello na ADIN n. 939-7, rel. Min. Sydney 
Sanches, j. 15-12-1993, STF.
NÃO DEIXE DE LER...
59
3.2.5 Princípio da noventena
Embora todos os princípios estudados revelem uma inegável proteção do constituinte em relação 
aos contribuintes, a experiência mostrou que eles ainda são insuficientes à segurança jurídica. 
Imagine uma lei que instituísse ou aumentasse um tributo em 31 de dezembro, ela teoricamente 
poderia obedecer aos princípios da legalidade, da irretroatividade e da anterioridade e, ainda 
assim, ferir a segurança jurídica, certo? Veja: o tributo viria por meio de lei, se referiria apenas 
a fatos geradores futuros, e seria cobrado apenas no ano seguinte. Ocorre que o ano seguinte 
coincidiria com o dia seguinte. O constituinte impediu tal cenário quando alterou a Constituição 
(por meio da Emenda Constitucional n.º 42/2003) para inserir um novo princípio tributário: a 
noventena.Confira:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - cobrar tributos:
[...]
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b (BRASIL, 1988).
Além de somente poder cobrar o tributo no ano posterior ao da publicação da lei que o insti-
tuiu ou aumentou, o poder público tem, portanto, que observar um intervalo de 90 dias entre 
a publicação (da lei) e a efetiva cobrança. Esse princípio impede a publicação da lei em 31 de 
dezembro e a cobrança imediata, no dia seguinte. Caso uma lei seja publicada em 31 dezembro, 
o tributo somente poderá ser cobrado no início de abril do ano seguinte.
Tanto o princípio da noventena como o da anterioridade são considerados direitos fundamentais 
da pessoa humana, o que impede que sejam suprimidos da Constituição Federal. Contudo, aqui 
também existem exceções, as quais você conhecerá durante o estudo do item 3.5.2.
3.2.6 Princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade contributiva está diretamente relacionado à questão de justiça fiscal. 
Antes de aprofundar a questão, vejamos a previsão constitucional:
Art. 145. [...]
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte (BRASIL,
1988).
A distribuição da renda ocorre, entre outras formas, a partir da aplicação de cargas tributárias 
diferentes: maiores para quem tem condições econômicas mais elevadas; e menores para quem 
não apresenta boas condições econômicas.
3.2.7 Princípio da vedação ao confisco
Os tributos são indispensáveis à manutenção do Estado e constituem um dever inerente à vida em 
sociedade. No entanto, lembre-se de que eles não podem ser tão elevados ao ponto de gerarem 
o confisco dos bens ou das rendas dos contribuintes. Veja o dispositivo constitucional que prevê
o princípio da proibição do confisco.
60 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
IV - utilizar tributo com efeito de confisco (BRASIL, 1988).
O IPTU fixado a uma alíquota de 20% sobre o valor do imóvel, por exemplo, é confiscatório, 
porque resultará na perda da propriedade em um curto período de tempo.
3.2.8 Princípio da liberdade de tráfego
O direito à liberdade de ir e vir está no rol de direitos fundamentais da pessoa humana. Para 
assegurar que ele não sofreria restrições em função da tributação, o constituinte previu o seguinte 
princípio:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais 
ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo 
Poder Público (BRASIL, 1988).
O pedágio, como você já deve ter percebido, consta como expressa ressalva ao princípio da 
liberdade de tráfego.
3.2.9 Princípio da uniformidade territorial
O princípio da uniformidade territorial é voltado exclusivamente à União, ou seja, ao Governo 
Federal. 
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção 
ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de 
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do 
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País (BRASIL, 1988).
A tributação tem que ser igual para os contribuintes, independente da localização. Essa regra, 
no entanto, admite exceção quando tiver por objetivo promover o equilíbrio no desenvolvimento 
das diferentes regiões do país, como o que verificamos na Zona Franca de Manaus, por exemplo.
3.3 Espécies de tributos e competência tributária
Nas próximas páginas, você estudará as espécies de tributos e a competência tributária, a partir 
da identificação do conceito de tributo e da abrangência da expressão. Investigaremos também 
o conceito das demais espécies tributárias: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria,
os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais.
Outro ponto abordado será a competência tributária. Identificaremos quais tributos cada ente 
federativo pode instituir, com ênfase para a competência em matéria de impostos, além dos prin-
cipais aspectos da imunidade tributária.
61
3.3.1 Conceito e espécies de tributos
Ao falar em tributo, é fundamental que você possa distingui-lo de imposto. Popularmente, toda 
cobrança feita pelo Estado aos contribuintes acaba sendo chamada de “imposto”, nomenclatura 
que está incorreta. Saiba que imposto é apenas uma das espécies tributárias, ao lado da qual 
temos outras quatro, cada uma com características próprias, que discutiremos a seguir.
Antes, porém, é preciso indagar: você sabe o que é tributo? Seu conceito está previsto no Código 
Tributário Nacional:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa 
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada (BRASIL, 1966).
Em outras palavras, tributo é a prestação obrigatória, em dinheiro, criada por lei e cobrada pela 
administração pública. Não o confunda com multa, pois tributo não é sanção, não é penalidade. 
Trata-se um dever inerente à vida em sociedade. É também um direito que permite a participação 
de todos na manutenção do Estado e na prestação dos serviços públicos.
Tributo é uma expressão genérica que compreende cinco espécies, conforme ilustra a Figura 3:
Espécies de Tributos
Impostos
Taxas
Contribuições de melhoria
Empréstimos compulsórios
Contribuições sociais
Figura 3 - São cinco as espécies tributárias.
Fonte: elaborado pelo autor.
Os impostos são apenas uma, entre as cinco espécies de tributos. Assim como o conceito de 
tributo, o de imposto também está previsto no Código Tributário Nacional:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de 
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (BRASIL, 1966).
Conforme a previsão legal, perceba que o imposto é um tributo cuja receita não está vinculada 
a nenhuma atividade do Estado diretamente relacionada ao contribuinte. O imposto, portanto, 
não enseja o direito do contribuinte a este ou àquele serviço público. 
62 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
Os impostos são previstos pela Constituição Federal, que outorgou competências a cada um dos 
entes federativos brasileiros (União, estados, Distrito Federal e municípios). Está na Constituição, 
por exemplo, a autorização para que a União cobre o imposto sobre a renda e para que o Estado 
possa cobrar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Essa determinação 
de competência não pode ser violada, ou seja, o Estado não pode tributar a renda das pessoas, 
porque não foi autorizado a isso. Esse é um assunto que discutiremos no item 3.4.2.
Taxas, ao contrário, são tributos vinculados, ou seja, a receita recebida pelo Estado está “amar-
rada” com a atividade que motivou a sua cobrança. O dinheiro que o poder público arrecada 
com a taxa de coleta de lixo, por exemplo, somente pode ser utilizado para o custeio dessaativi-
dade. As taxas podem ser cobradas nos termos do artigo 145, inciso II, da Constituição Federal. 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes 
tributos:
[...]
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de 
serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição 
(BRASIL, 1988).
Duas são as situações que autorizam a cobrança das taxas: o exercício do poder de polícia e os 
serviços públicos. O conceito de poder de polícia está previsto no artigo 77 do Código Tributário 
Nacional:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, 
no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do 
poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, 
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição (BRASIL, 1966).
Quando um fiscal de posturas do município atua fiscalizando estabelecimentos comerciais, lem-
bre-se de que ele está exercendo o poder de polícia. Em decorrência disso, o município pode 
cobrar uma taxa dos estabelecimentos fiscalizados. Esse tributo, portanto, não se confunde com 
os impostos. 
Por outro lado, as contribuições de melhoria também são tributos vinculados. Nesse caso, não 
vinculados a um serviço público, nem ao exercício do poder de polícia (como as taxas), mas à 
realização de uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária para o contribuinte. 
Imagine a seguinte situação: se a prefeitura de determinado município realizar a construção de 
um parque, e dessa obra decorrer valorização imobiliária para os imóveis da região, ela poderá 
instituir a contribuição de melhoria, dividindo o custo da obra entre os munícipes beneficiados 
pela valorização dos respectivos imóveis. Nesse caso, a cobrança pela contribuição de melhoria 
nunca pode ser superior ao valor da valorização imobiliária. O montante arrecadado também 
não pode superar o custo total da obra, pois, como mencionado, a contribuição de melhoria é 
um tributo vinculado.
A dissertação de mestrado de Luiz Fernando Rodriguez Júnior, intitulada “Contribuição 
de Melhoria: dos antecedentes históricos ao modelo de aplicação prática”. O autor faz 
uma abordagem completa e aprofundada sobre esse importante tributo brasileiro. Dispo-
nível em: <http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/2345/1/000385314-
-Texto%2BParcial-0.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
63
Empréstimos compulsórios, por sua vez, são tributos com uma característica diferente. Você 
sabe que o valor que paga a título de impostos, taxas ou contribuições de melhoria não são 
devolvidos, ao menos não em espécie. Nos empréstimos compulsórios, ocorre essa devolução 
em espécie: por isso o nome de “empréstimo”. Não se trata de um empréstimo voluntário, que 
você tem a opção de conceder ou não, mas obrigatório, ou seja, “compulsório”. Os emprésti-
mos compulsórios somente podem ser instituídos em duas situações, previstas no artigo 148 da 
Constituição Federal. Confira quais são elas:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra 
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, 
observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será 
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição (BRASIL, 1988).
Contribuição social é uma espécie tributária da qual derivam três subespécies:
a) contribuições sociais propriamente ditas;
b) contribuições de intervenção no domínio econômico;
c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas.
As contribuições sociais propriamente ditas são aquelas cuja receita é vinculada à seguridade 
social. O valor que você tem descontado mensalmente no seu holerite, destinado ao Instituto 
Nacional do Seguro Social (INSS), é uma contribuição social, que serve ao custeio dos serviços 
prestados por meio do sistema brasileiro de seguridade social, como aposentadorias, pensões etc.
As Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) são tributos com função extra-
fiscal, que visam a interferir na ordem econômica, estimulando determinados setores. Uma das 
contribuições mais conhecidas desta categoria é a CIDE-Combustíveis, que você paga todas as 
vezes que abastece seu veículo.
As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas são aquelas cobradas 
por categorias específicas, que servem à manutenção das suas atividades, como o valor pago a 
título de anuidade para órgão de classe, por exemplo.
No contexto das contribuições, faz-se importante ressaltar que, recentemente (em 2002, mais 
especificamente), a Constituição Federal foi alterada para inclusão de uma nova contribuição: a 
Contribuição de Iluminação Pública (CIP). Trata-se da contribuição para o custeio da iluminação 
pública, de competência dos municípios e do Distrito Federal. O valor arrecadado é vinculado aos 
serviços de manutenção da iluminação pública e não pode ser utilizado para outras atividades.
3.3.2 Competência tributária
A competência tributária é a outorga de autorização, pela Constituição, aos entes federativos, 
para que instituam determinados tributos. Só se admite a cobrança deste ou daquele tributo se 
houver prévia autorização constitucional para isso. 
No que tange às taxas e às contribuições de melhoria, a Constituição permitiu que todos os entes 
federativos as instituam, de acordo com suas respectivas áreas de atuação. Por exemplo: o muni-
cípio pode cobrar taxas por serviços que presta em âmbito local, enquanto a União pode cobrar 
taxas por serviços que sejam prestados por ela, em âmbito nacional.
64 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
Nesse contexto, saiba que os empréstimos compulsórios somente podem ser instituídos pela 
União, ou seja, nenhum outro ente federativo tem competência para fazê-lo. As contribuições 
sociais, como regra, também só podem ser instituídas pela União. Mas existem duas exceções:
a) as contribuições previdenciárias, que podem ser instituídas pelos estados ou pelos
municípios, quando contarem com regime próprio de previdência;
b) a contribuição para o custeio da iluminação pública, que é de competência dos municípios
e do Distrito Federal.
Quanto aos impostos, a Constituição foi taxativa: indicou quais são e quem tem competência 
sobre cada um deles. Os municípios têm competência para instituir e cobrar impostos sobre:
a) propriedade predial e territorial urbana (IPTU);
b) transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
cessão de direitos à sua aquisição – (ITBI);
c) serviços de qualquer natureza (ISS).
Os estados têm competência para instituir e cobrar impostos sobre:
a) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD);
b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior (ICMS);
c) propriedade de veículos automotores (IPVA).
O Distrito Federal pode instituir e cobrar seis impostos: os três de competência municipal e os três 
de competência estadual (IPTU, ITBI, ISS, IPVA, ICMS e ITCMD). Já a União é o ente federativo 
com maior competência tributária sobre impostos. Ela pode instituir e cobrar impostos sobre:
a) importação de produtos estrangeiros (II);
b) exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);c) renda e proventos de qualquer natureza (IR);
d) produtos industrializados (IPI);
e) operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF);
f) propriedade territorial rural (ITR);
g) grandes fortunas (IGF);
h) impostos extraordinários, na iminência ou no caso de guerra externa;
i) impostos residuais, ou seja, novos impostos.
Observe que a União, portanto, além dos impostos já previstos pela Constituição Federal, pode 
criar novos impostos. 
65
3.3.3 Imunidade tributária
Saiba que existem alguns casos em que os entes federativos (União, estados, Distrito Federal e 
municípios) não podem exercer a competência tributária que lhes fora outorgada pela Constitui-
ção Federal. Trata-se, aqui, das hipóteses de imunidade. 
A imunidade tributária é a vedação constitucional da tributação. Nesses casos, não se admite 
instituir determinado tributo, por força de expressa previsão da Constituição. Não há hipótese 
de imunidade que não esteja prevista na Constituição. Os casos são taxativos, e as principais 
hipóteses estão previstas no artigo 150, inciso VI:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades 
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins 
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou 
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros 
bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de 
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser (BRASIL, 1988).
Nessas situações, portanto, não são devidos os impostos. Veja, porém, que está prevista a imu-
nidade para os impostos, não para os demais tributos.
CASO
A igreja “X”, do município de Tributalândia, tem dois imóveis. Um deles é utilizado para a reali-
zação das cerimônias religiosas. O outro é um estacionamento particular, que atende clientes em 
geral, cujos recursos financeiros são revertidos em benefício da igreja. Nesse caso, o município 
pode cobrar o IPTU do imóvel onde a igreja realiza suas cerimônias? A resposta é negativa. 
Nesse caso, há uma imunidade tributária, o que impede a tributação. O constituinte protegeu a 
liberdade religiosa, facilitando seu desfrute. E no caso do outro imóvel (o estacionamento que 
a igreja utiliza para obter renda e custear suas finalidades)? A solução é a mesma, ou seja, há 
imunidade tributária. Isso porque a renda obtida com o estacionamento é utilizada nas finalida-
des da igreja. Se não fosse, poderia haver a tributação pelo IPTU. Nesse caso, a justificativa é a 
mesma, ou seja, proteger a liberdade religiosa.
O artigo “Imunidade sobre os templos de qualquer culto: alcance e finalidade” for-
nece um importante complemento de estudo. É de autoria de Juliene Falcão Peixoto. 
Disponível em: <http://www.cpgls.ucg.br/7mostra/Artigos/SOCIAIS%20APLICADAS/
IMUNIDADE%20SOBRE%20OS%20TEMPLOS%20DE%20QUALQUER%20CULTO%20
ALCANCE%20E%20FINALIDADE.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
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Direito Trabalhista e Tributário
3.4 Legislação tributária
A partir de agora, você estudará as regras sobre a legislação tributária, nos termos do Código 
Tributário Nacional. Iniciaremos identificando a generalidade da expressão “legislação”, cada 
uma das espécies que a integram, e as exceções ao princípio da legalidade, cuja existência men-
cionamos anteriormente.
Você conhecerá também as regras sobre a vigência e a aplicação da legislação tributária, opor-
tunidade em que conhecerá as exceções aos princípios da anterioridade e da noventena. Por 
fim, examinaremos as características especiais da interpretação e da integração da legislação 
tributária.
3.4.1 A legislação tributária
Você já ouviu falar da diferença entre lei e legislação? Saiba que a primeira é apenas uma es-
pécie integrante da última. Legislação, portanto, é um gênero que compreende várias espécies, 
entre as quais estão:
a) as leis;
b) os tratados e convenções internacionais;
c) os decretos;
d) as normas complementares.
Figura 4 – O conhecimento sobre a legislação tributária é fundamental para que possamos compreender a sua 
organização.
Fonte: Shutterstock, 2015.
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Você já aprendeu que os tributos só podem ser criados ou aumentados por meio de lei, certo? 
Mas lembre-se de que existem exceções, e agora é o momento de conhecê-las. Por previsão 
expressa da Constituição Federal, os seguintes tributos podem ter suas alíquotas alteradas por 
Decreto do Presidente da República:
a) o Imposto de Importação (II);
b) o Imposto de Exportação (IE);
c) o Imposto sobre Produtos ndustrializados (IPI);
d) o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF), ou relativo a títulos ou 
valores mobiliários.
Todos esses impostos são extrafiscais, ou seja, têm como principal finalidade a intervenção no 
domínio econômico e não a arrecadação fiscal propriamente dita. Para que possam ser utiliza-
dos para essa finalidade, porém, precisam de mecanismos que viabilizem alterações rápidas. Por 
exemplo: se a China começa a enviar uma quantidade muito grande de calçados para o Brasil, 
com preços muito baixos, o governo precisa elevar rapidamente a alíquota do Imposto de Im-
portação dos calçados, pois, com isso, elevará o preço do produto chinês, o que permitirá que o 
equivalente da indústria nacional tenha condições de competição no mercado. Para isso, porém, 
a modificação da alíquota tem que ser rápida, não podendo estar sujeita ao processo legislativo, 
que é naturalmente demorado.
Enquanto a lei é utilizada para a instituição e a majoração dos tributos, os demais atos normati-
vos (que você conheceu acima) são utilizados para questões secundárias da arrecadação tributá-
ria, como a fixação de prazos, de condições e de requisitos das declarações etc.
3.4.2 A vigência e a aplicação da legislação tributária
Lembre-se sempre de que a vigência da legislação tributária é restrita ao limite territorial da en-
tidade federativa competente para o respectivo tributo. No caso de tributos federais, a lei que os 
instituir ou aumentar valerá para todo o país, já no caso de tributos estaduais ou municipais, a 
vigência das respectivas leis alcançará somente o território dos próprios estados ou municípios.
Quanto ao início da vigência, é importante ressaltar que, como regra, toda lei que institua ou 
aumente um tributo só poderá ser aplicada:
a) no exercício financeiro (ou seja, no ano) seguinte ao da sua publicação;
b) após o decurso de 90 dias da sua publicação.
Mas fique atento, pois aqui também existem exceções. Segundo a Constituição Federal, não se 
sujeitam ao princípio da anterioridade: 
a) os empréstimos compulsórios;
b) o II;
c) o IE;
d) o IPI;
e) o IOF;
68 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
f) os impostos extraordinários;
g) as contribuições para a seguridade sociais;
h) a majoração das alíquotas do ICMS, em alguns casos;
i) a majoração das alíquotas do CIDE, em alguns casos.
Por sua vez, não se sujeitam ao princípio da noventena:
a) os empréstimos compulsórios;
b) o II;
c) o IE;
d) o IR;
e) o IOF;
f) os impostos extraordinários;
g) a fixação da base de cálculo do IPVA;
h) a fixação da base de cálculo do IPTU.
O que é base de cálculo? É a razão econômica sobre a qual se aplica a alíquota, para 
fins de obtenção doquatum a pagar do tributo. E o que é alíquota? É o percentual que 
incide sobre a base de cálculo, par fins de obtenção do valor devido. A base de cálculo 
do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel (SABBAG, 2010, p. 964). Para calcular 
o montante devido a título deste tributo, basta aplicar a alíquota (1%, por exemplo), 
sobre a base de cálculo.
NÓS QUEREMOS SABER!
Portanto, são exceções simultâneas aos princípios da anterioridade e ao da noventena:
a) os empréstimos compulsórios;
b) o II;
c) o IE;
d) o IOF;
e) os impostos extraordinários;
No caso do II, do IE e do IOF, como você já deve ter percebido, são impostos estratégicos e com 
função extrafiscal. Precisam de mecanismos que viabilizem uma modificação rápida das suas 
regras, para que o governo possa proteger a economia brasileira de modificações decorrentes 
do mercado externo, ou, ainda, de problemas internos.
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Já em relação aos empréstimos compulsórios e aos impostos extraordinários, a justificativa de-
corre da situação de emergência. No caso de uma guerra, por exemplo, o governo precisará de 
recursos imediatamente, não podendo se sujeitar a um lento processo legislativo.
3.4.3 A interpretação e a integração da legislação tributária
O processo de interpretação e integração da legislação tributária brasileira demanda atenção 
especial, porque tem regras específicas, que diferem das regras gerais. Por exemplo: no caso de 
lacuna da legislação tributária, como deve ser feita a integração da legislação? O artigo 108 do 
Código Tributário Nacional fornece a resposta, indicando a ordem de utilização dos mecanismos 
de integração:
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a 
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a equidade (BRASIL, 1966).
A analogia é o emprego de uma norma passível de utilização para solução de um conflito se-
melhante, mas não idêntico. Por exemplo: quando uma declaração não é exigida de quem não 
seja pessoa jurídica, os órgãos (que são entes sem personalidade jurídica) não estão obrigados a 
fornecê-las. Para que sejam obrigados, deve existir expressa previsão legal. Um exemplo de mais 
fácil visualização: os dependentes para fins previdenciários, perante o INSS, eram apenas os 
cônjuges, mas por analogia o Poder Judiciário reconheceu que os conviventes, ou seja, aqueles 
que vivem em união estável, também poderiam ser assim considerados.
Os princípios gerais de direito tributário são as bases que orientam a construção e a aplicação 
das normas de Direito Tributário, como os princípios da legalidade, da anterioridade etc.
Os princípios gerais de direito público são os que orientam a administração pública, como o 
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, que permite que interesses mera-
mente privados sejam colocados em segundo plano, face ao interesse da coletividade. Ao exercer 
a tributação, na verdade, o Estado age em nome desse princípio.
A equidade é um mecanismo de integração legislativa que permite a solução de um problema 
ou de um conflito a partir da utilização de ideais de justiça, que, entre outros objetivos, visa a 
reduzir as desigualdades sociais.
É importante ressaltar, contudo, que o uso da analogia no Direito Tributário não pode resultar na 
exigência de tributo não previsto em lei, em razão do princípio da legalidade. Por outro lado, o 
emprego da equidade não pode resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Especifi-
camente no que se refere à interpretação da legislação tributária, veja o artigo 111 do Código 
Tributário Nacional:
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias (BRASIL, 1966).
Portanto, as hipóteses não comportam interpretação extensiva, nem restritiva. Em resumo, com-
preenda da seguinte forma: se a situação que você busca está literalmente descrita na legislação, 
você está enquadrado naquela situação (de obtenção de uma isenção, por exemplo). Do contrá-
rio, não busque por hipóteses “semelhantes”, pois você não obterá sucesso perante a autoridade 
tributária.
70 Laureate- International Universities
Direito Trabalhista e Tributário
Mas não é toda a legislação tributária que deve ser interpretada literalmente. Nesse sentido, 
temos o artigo 112 do Código Tributário Nacional:
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da 
maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação (BRASIL, 1966).
Nesses casos, portanto, a interpretação é feita da maneira mais favorável ao acusado, especial-
mente se houver dúvida sobre algum dos elementos indicados pelos incisos do artigo 112. Aqui, 
utilizou-se a mesma regra aplicada ao direito penal, a qual viabiliza a interpretação mais favorável 
ao réu. O motivo é que, em ambos os casos, a pessoa está diante da aplicação de penalidades.
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Síntese
• Neste capítulo, você pôde reconhecer as razões que levam o Estado a tributar: a 
manutenção das suas atividades administrativas e a prestação dos serviços públicos;
• Conheceu as funções dos tributos: fiscal, extrafiscal ou parafiscal;
• Identificou o Direito Tributário como um ramo do Direito Público;
• Estudou os princípios do Direito Tributário: da legalidade, da irretroatividade, da 
anterioridade, da noventena, da capacidade contributiva, da vedação ao confisco, da 
liberdade de tráfego e da uniformidade territorial;
• Aprendeu o conceito e a abrangência da expressão tributo, e estudou cada uma das suas 
espécies;
• Estudou as competências tributárias, identificando quais tributos podem ser instituídos 
pelos entes federativos;
• Conheceu as principais características das imunidades tributárias;
• Estudou a legislação tributária, que abrange as leis, os tratados e as convenções 
internacionais, os decretos e as normas complementares;
• Compreendeu as regras sobre a vigência e a aplicação da legislação tributária, 
oportunidade em que identificou exceções aos princípios da anterioridade e da noventena;
• Conheceu as peculiaridades da interpretação e da aplicação da legislação tributária.
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Referências
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompila-
do.htm>. Acesso em: 28 mar. 2015.
BRASIL. Presidência da República. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre 
o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, 
Estados e Municípios. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. 
Acesso em: 28 mar. 2015.
COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacio-
nal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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