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Gestão do Risco de Barragens de Contenção de Rejeitos através da aplicação de Análises de Riscos Terezinha Espósito Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil E-mail: esposito@etg.ufmg.br Luiz Rafael Palmier Palmier, L. R., PhD, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil E-mail: palmier@ehr.ufmg.br Victor de Pinho Martins Coelho Coelho, V. P. M., Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil E-mail: victorpmcoelho10@hotmail.com Bernardo Braz de Matos Matos, B. B., Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil bebrazdematos@gmail.com RESUMO: Nesse artigo é apresentada a aplicação, em duas barragens de contenção de rejeitos brasileiras, dois métodos de Análises de Riscos, a saber, Análise por Diagramas de Localização, Causa e Indicadores de Falhas – Location, Cause and Indicator (LCI) e Análises dos Modos de Ruptura e seus Efeitos - Failure Modes and Effects Analysis (FMEA), ambos indutivos e qualitativos. Os resultados obtidos permitiram concluir que com a aplicação desses dois métodos foi possível obter uma melhor compreensão do comportamento dessas barragens. Comprovou-se, também, a eficiência da utilização desses métodos, confirmando serem essas análises importantes ferramentas no processo de tomada de decisão dentro do contexto da Gestão do Risco de Barragens de Contençao de Rejeitos. Outro aspecto a ser salientado é a recomendação da aplicação desses dois métodos de Análises de Riscos para uma única ou para um portfólio de barragens de rejeitos. No primeiro caso, fica evidenciada a possibilidade de listar as intervenções relativas à segurança da barragem de forma hierarquizada. Já em um portfólio podem ser definidas as barragens que devem ser priorizadas para uma manutenção e reparos imediatos. Palavras-chave: Barragens de Rejeitos, Gestão de Risco, Análises de Riscos, LCI, FMEA. 1 INTRODUÇÃO Segundo ICOLD (1998) o Risco é uma medida da probabilidade e da severidade de um efeito adverso para a vida, para a saúde, para os bens materiais ou para o ambiente. Segundo Caldeira (2005) no caso de Gestão do Risco para obras complexas, como as barragens, por exemplo, devem ser considerados os acontecimentos iniciadores, as respostas do sistema, os resultados, os fatores de exposição e as consequências. Dessa forma, a Gestão do Risco de obras geotécnicas, como as barragens, deve passar pela Análise de Riscos, que consiste em verificar como diferentes fatores podem interagir, possíveis cenários que podem ocorrer e quais os prejuízos que esses cenários podem provocar. Entende-se, portanto, que embora o Risco seja inerente às obras geotécnicas, este poderá ser gerido de modo eficiente se forem introduzidos princípios básicos de Análises de Riscos. Inserido neste contexto, esse artigo que, inicialmente, contextualiza a Análise de Riscos no âmbito da Gestão do Risco, apresenta resultados da aplicação de duas metodologias de Análises de Riscos, que possuem na sua concepção raciocínios lógicos indutivos, a saber, Análise por Diagramas de Localização, Causa e Indicadores de Falhas – Location, Cause and Indicator (LCI) e Análises dos Modos de Ruptura e seus Efeitos - Failure Modes And Effects Analysis (FMEA). Ressalta-se que o LCI é um método de Análises de Risco especificamente com aplicação em barragens. Foi desenvolvido no Reino Unido onde é denominado “Risk Mangement for UK Reservoirs” (Hughes et al., 2000). O método FMEA é indicado para definir, identificar e analisar potenciais falhas, a partir de um determinado modo de falha, as respectivas causas e consequências de efeitos, assim como os meios de detecção e prevenção dos modos de falha e de mitigação dos seus efeitos. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Gestão do Risco Segundo Caldeira et al. (2005) os procedimentos a serem adotados numa Gestão do Risco passam, necessariamente, pela Análise de Riscos que constitui, juntamente com a Apreciação do Risco, etapa da Avaliação do Risco. A Avaliação do Risco e a Tomada de Decisões juntamente com o Controle do Risco, formam o Sistema de Gestão do Risco. A figura 1 apresenta uma síntese das atividades relativas à Gestão do Risco. A Análise de Riscos é uma etapa muito importante a ser destacada na Gestão do Risco. Entretanto, após a realização de uma Análise de Riscos, há que proceder também à Apreciação do Risco, que consiste no processo de ponderação e de julgamento do significado do risco obtido na Análise de Riscos. A Análise e a Apreciação do Risco constituem a etapa da Avaliação do Risco. A Avaliação do Risco, qualitativa ou quantitativa, em conjunto com os procedimentos de Tomada de Decisão e Controle do Risco, visam assegurar a verificação de todos os critérios de aceitação do risco relacionados com a segurança da obra (figura 1). Essas decisões podem resultar na adoção de medidas de redução ou de controle do risco. Nesse sentido, numa Gestão do Risco é muito importante a análise do custo-benefício nas medidas de redução do risco. Essas medidas tendem a reduzir o risco a limites aceitáveis. Análise de riscos Avaliação do risco Apreciação do risco Tomada de decisão Controle dos riscos Descrição do âmbito Descrição do âmbito Identificação do perigo Identificação das consequências Admissibilidade do risco Admissibilidade do risco Estimativa da probabilidade das consequências Estimativa da grandeza das consequências Estimativa do risco Estimativa do risco Tomada de decisão Tomada de decisão Controle do risco Controle do risco Observação do risco Observação do risco Percepção do risco Figura 1. Atividades relativas à gestão do risco (Fonte: Caldeira, 2005) 2.2 Análise de Riscos A Análise de Riscos é parte integrante da Gestão de Riscos e consiste em verificar como diferentes fatores podem interagir, os possíveis cenários e quais os prejuízos que esses cenários podem provocar. Segundo Caldeira (2005) a Análise de Riscos compreende o conjunto de procedimentos que visam a identificação de acontecimentos indesejáveis, que conduzem à materialização dos riscos, assim como a análise dos mecanismos que desencadeiam esses acontecimentos e a determinação das respostas das estruturas e das respectivas consequências. As Análises de Riscos apresentam vantagens e limitações. Como limitações essas análises podem, em alguns casos, tornarem-se tarefas complexas e potencialmente caras. Já como vantagens podem ser citadas (Caldeira, 2005): Identificação sistemática dos modos de ruptura potenciais; Melhoramento do entendimento do desempenho das estruturas; Integração das várias áreas disciplinares; Gestão do risco Hierarquização da importância relativa dos modos de ruptura; Identificação dos cenários mais graves; Estabelecimento de bases para identificação de medidas de redução do risco; Comparação de diferentes obras; Definição de áreas com insuficiência de dados ou de informações; Estabelecimento de prioridades relativamente às medidas de redução do risco. Segundo Caldeira (2005) numa Análise de Riscos podem ser destacadas as seguintes etapas: Definição dos objetivos e do âmbito de atuação. Identificação do perigo Identificaçãodas consequências Estimativa da grandeza das consequências Estimativa da probabilidade das consequências Estimativa do risco. 2.3 Análise de Riscos e Barragens de Contenção de Rejeitos Os rejeitos têm sido alvos de grande interesse por parte das empresas do setor de mineração, que vêm procurando alternativas de disposição desses materiais, de forma econômica e segura. Dentre os diversos métodos de deposição tem- se verificado uma preferência das mineradoras brasileiras pela deposição dos rejeitos em superfície, com utilização de barragens de contenção de rejeitos. Essas barragens podem ser construídas em etapas, com alteamentos sucessivos e ao longo do tempo, sendo que em muitos casos o próprio rejeito pode se constituir no material de construção (Espósito, 2000). Deve ser ressaltada que apesar da moderna tecnologia disponível para o projeto, a construção e a operação de barragens, rupturas de barragens de contenção de rejeitos continuam a ocorrer. As consequências destas rupturas têm sido perdas econômicas e degradação ambiental, e, em muitos casos, perda de vidas humanas. As principais causas destas rupturas podem incluir, em alguns casos, características geotécnicas complexas que demandam cuidados. Entretanto, as causas incluem, muitas vezes, situações possíveis de serem resolvidas com a utilização de tecnologias já disponíveis, o que leva a concluir que talvez o conhecimento não esteja sendo aplicado de forma sistemática. Ao se analisar casos de rupturas de barragens de contenção de rejeitos brasileiras e do mundo é possível identificar características e parâmetros que poderiam indicar a possibilidade de ocorrência desses eventos. De posse desses dados poder-se- ia utilizar metodologias que sob o ponto de vista técnico, científico e acadêmico, contemplassem conhecimentos necessários para se avaliar a Segurança das Barragens de Contenção de Rejeitos. Nesse sentido, a “Engenharia de Barragens de Contenção de Rejeitos” deve atuar no projeto, na construção, na operação e na desativação dessas barragens, tendo em vista o bom funcionamento dessas estruturas dentro do contexto da segurança. O planejamento e a execução de atividades de projeto, de construção, de operação, de monitoramento e de manutenção das barragens, assim como de ações necessárias em situações de emergência e na desativação poderão ser realizadas com muito melhor desempenho à luz de uma Gestão de Segurança eficiente. Entende-se que os procedimentos a serem adotados num Sistema de Gestão de Segurança de Barragens de Contenção de Rejeitos devem atender à Gestão do Risco, passando, necessariamente, pelas Análises de Riscos. 2.4 Principios do Metodo LCI Hughes et al. (2000) produziram uma série de diagramas de Localização, Causa e Indicador (LCI) com base em modos de falhas conhecidas de diferentes tipos de barragens e em dados históricos e julgamento de engenharia de barragens. Cada diagrama LCI foi realizado em função das características das barragens, tais como: tipo (concreto ou aterro), altura (menos de 15 m, de 15-30 m, maior do que 30 m) e a idade (antes 1840, entre 1840 e 1960 e após 1960). A aplicação dos diagramas LCI é implementada em duas etapas, sendo a primeira condicionante para a realização da segunda. A Etapa 1 procede à avaliação das consequências e a apreciação dos resultados. Nessa etapa toda informação relativa ao vale à jusante é compilada, em princípio numa abrangência de 30 km, sendo indicada uma visita de inspeção no vale próximo, ou seja, nos primeiros 5 km. Em seguida estima-se a vazão de pico na seção da barragem, o tempo de ruptura e o nível de cheia atingido em seções do vale representativas do trecho do rio em estudo. Após a estimativa dos níveis de água atingidos pela cheia ao longo do vale é realizada a avaliação do Índice Global de Impacto (IGI), determinado pela combinação ponderada das perdas de vidas humanas e de bens econômicos. Após o cálculo do IGI é feita a classificação dos impactos e definidos os estudos seguintes, ou seja, se IGI < 175 a aplicação do método é interropinda, caso contrário procede-se à etapa seguinte. Para o cálculo do IGI pressupõe-se a análise separada das perdas de vidas humanas (PPV) e das perdas econômicas (PE), que são avaliadas para o vale a jusante próximo (<5km) e para o vale afastado (5 a 30 km). Para o cálculo do índice relativo à perda potencial de vidas humanas (PPV) é estimado o número de pessoas em perigo (PAR) para cada um dos tipos de ocupação considerados, ou seja, zonas residenciais, zonas construídas não residenciais, vias de comunicação e áreas recreativas. Calcula-se, a seguir, o PPV (equações 1 e 2): PPV = 0,5 PAR (vale próximo) (1) PPV = PAR 0,6 (vale afastado) (2) O IGI é determinado pela equação 3: IGI = 100 PE <5km+PPV <5km+30PE 5-30km+PPV 5-30km (3) Em que PE Perdas econômicas PPV perda potencial de vidas humanas Hughes et al. (2000) relataram que na Etapa 2 as causas e os indicadores das falhas são classificados (com escalas de 1 a 5) por meio de três atributos: 1. Efeitos ou consequências no sistema (Ef.): relaciona o indicador induzido pela causa em análise num determinado subsistema (localização) com a ruptura total (ou parcial) da barragem (1 para baixo, 5 para elevado); 2. Probabilidade (Prob.): correspondente à probabilidade da ruptura do subsistema no caso da causa em análise e indicador em estudo (1 para baixa, 5 para elevada); 3. Grau de confiança (Conf.): confiança das estimativas do efeito e da probabilidade, tendo em vista as incertezas do conhecimento dos subsistemas em análise (5 para baixo ou duvidoso, 1 para elevado ou detalhado). Após a classificação dos atributos são calculados quatro índices para cada conjunto Localizador/Causa/Indicador; ou seja: 1. Índice de Ordenação, IndOrd, determinado pelo produto das classificações do atributo Efeito pelo da Probabilidade de ruptura. 2. Índice de Confiança, IndConf, igual ao Grau de Confiança. 3. Índice de Criticalidade, IndCrit, definido como o produto das classificações atribuídas ao Efeito, à Probabilidade e ao Grau de Confiança. 4. Índice de Risco, IndRisco, determinado pelo produto do Índice de Criticalidade pelo Índice Global de Impacto, IGI (relativo às consequências). Para o caso específico de aplicação em barragens de contenção de rejeitos, independente do valor encontrado para IGI, sempre se recomenda a realização da Etapa 2. Outro aspecto é que para essas estruturas os diagramas devem considerar o item "Localização", com suas subdivisões "Corpo da Barragem, Fundações e Ombreiras" e "Vertedouro e seus Componentes", como o método LCI original, devendo ser adicionado uma subdivisão que contemple ser a barragem em estudo de contenção de rejeitos (Espósito & Palmier, 2013). Dessa forma, no caso desse artigo foi inserido o item "Reservatório de acumulação de rejeitos”. 2.5 Principios do Metodo FMEA O método é uma técnica indicada para definir, identificar e analisar potenciais falhas, a partir de um determinado modo de falha, as respectivas causas e consequências de efeitos, assim como os meios de detecção e prevenção dos modos de falha e de mitigação dos seus efeitos. Segundo Caldeira (2005) a análise dos modos de ruptura e seus efeitos (FMEA) é uma técnica que considera os diversos modos de rupturade um dado elemento e determina os seus efeitos noutras componentes e no sistema global. Esse método procura determinar os modos de rupturas dos componentes mais simples, as suas causas e de que maneira eles afetam os níveis superiores do sistema. Durante o desenvolvimento do FMEA algumas perguntas básicas devem ser respondidas (Caldeira, 2005): Quais os itens que fazem compõem o sistema? Como cada parte do poderia falhar? Quais mecanismos poderiam produzir estes modos de falha? Quais seriam os efeitos se essas falhas ocorressem? Essas falhas poderiam acarretar em algum perigo? Como essa falha poderia ser detectada? O que poderia ser planejado para evitar/compensar/minimizar a falha? Alguns conceitos e definições utilizados na análise FMEA são citados por Caldeira (2005): Ruptura (ou falha) é a cessação da aptidão de um elemento ou do sistema para cumprir uma das funções para a qual foi projetado. Modo de ruptura é a forma como a ruptura é observada num elemento do sistema. Causa (s) da ruptura é (são) o (s) acontecimento (s) que conduz (em) aos modos de ruptura. Efeito de um modo de ruptura é o conjunto de consequências associadas à perda de aptidão de um elemento para cumprir a função requerida. Para a realização da análise FMEA é importante a formação de um grupo de pessoas que identifiquem o produto/processo em questão, suas funções, os tipos de falhas que podem ocorrer, os efeitos e as possíveis causas desta falha. Em seguida devem ser avaliados os riscos de cada causa de falha por meio de índices e, com base nesta avaliação, tomadas as ações necessárias para diminuir estes riscos, aumentando a confiabilidade do produto/processo. Tendo em vista a aplicação da FMEA ressalta-se que o método pode ser conduzido, basicamente, em seis etapas (Caldeira, 2005): 1. Estruturação do sistema; 2. Definição das funções/ requisitos de cada componente do sistema; 3. Identificação dos modos potenciais de ruptura associados a cada função de cada componente; 4. Identificação das causas potenciais; 5. Descrição dos efeitos diretos, nas demais componentes e no sistema; 6. Identificação das medidas disponíveis para detecção das causas ou dos modos de ruptura e para o controle ou a mitigação dos seus efeitos. O objetivo final de uma FMEA é identificar todos os modos de ruptura de um sistema, ou seja, todas as possibilidades de ruptura catastróficas e críticas para o seu funcionamento, de modo a eliminá-las (prevenir a ocorrência) ou controlá-las (limitar os seus efeitos), o mais cedo possível, através de ações corretivas. 3 RESULTADOS RELATIVOS À APLICAÇÃO DO MÉTODO LCI NAS BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS A E B O método LCI foi aplicado em duas barragens de contenção de rejeitos, denominadas A e B, ambas formadas por maciços de terra, com seções homgeneas. A barragem A com reservatório destinado a conter rejeito de minério de ferro, possuia altura final 53 m, e a B, cuja finalidade do reservatório é conter rejeito de bauxita, aprestnava altura final 64 m. Foi calculado o IGI, conforme equações 1, 2 e 3 (cálculos detalhados em Espósito & Palmier, 2013), resultando nos valores 1554 e 4358, para as barragens A e B, respectivamente. A tabela 1 apresenta as pontuações dadas aos atributos Ef., Prob. e Conf., relativas às barragens A e B. Tabela 1. Pontuações dos atributos Ef., Prob. e Conf Localização Causa Indicador Ef. Prob. Conf. A B A B A B Corpo da barragem, fundações e ombreiras Recal que Fendas no coroamento ou nos taludes 1 1 2 1 2 2 Zonas úmidas, surgências 2 2 2 1 3 2 Erosão Interna 4 4 1 1 2 2 Redução da borda livre 3 3 2 1 3 2 Galgamento 5 5 2 1 3 2 Instabi lidade dos taludes Fendas, deformação, movi mentos Zonas úmdas, surgências 3 3 2 2 1 1 1 1 2 3 3 2 Redução da borda livre 3 3 2 1 3 2 Galgamento 5 5 2 1 3 2 Erosão Inter na Sumidouros vegetação excessiva 3 3 1 1 2 2 Piping 5 5 1 1 2 2 Instabili dade dos taludes 4 4 1 1 2 2 Ero são Exter na Deterioriza ção do pé do talude de jusante 2 2 4 1 2 1 Deterioriza ção da face do talude de jusante 1 1 2 1 2 2 Deterioriza ção da face do talude de montante 1 1 2 3 3 3 Galgamento 5 5 2 1 3 1 Vertedouro e seus componentes Deterio razação das estrutu ras Erosao, fendas 1 1 2 2 2 2 Deformações 2 2 1 1 2 2 Obstru ção do fluxo Redução da capacidade de vazão galgamento Redução da capacidade de vazão 5 5 4 4 1 1 1 1 2 2 1 1 Tabela 1. Pontuações dos atributos Ef., Prob. e Conf Continuação Localização Causa Indicador Ef. Prob. Conf. A B A B A B Reservatório de acumulação de rejeitos Deterioriza ção estrutural dos materiais 3 3 1 1 1 2 Danos nas estruturas 2 2 1 1 1 2 Capaci dade de vazão inade quada Instabi lidade e capa cidade inade quada de fluxo Danos localizados Galgamento Capacidade de decantação dos rejeitos e clarificação da água decrescidas Subida de água a montante e galgamento 2 2 5 5 2 2 5 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 2 1 3 1 Foram calculados os índices IndOrd, IndConf, IndCrit e IndRisco, conforme: IndOrd = Ef x Prob IndConf = Conf IndCrit = Ef x Prob x Conf IndRisco = Ind Crit x IGI A determinação de um valor limite para o Índice de Risco (IndRisco) pode permitir uma visão global sobre o estado de alerta. Considerando os resultados obtidos para as barragens A e B, valores maiores do que 40.000 (estimativa preliminar) foram considerados situações de alerta (tabela 2). Tabela 2. LCI associado com o IndRisco > 40.000 Localização Causa Indicador Corpo da barragem, fundações e ombreiras Recalque Instabilidade dos taludes Erosão Interna Erosão Externa Galgamento (A e B) Galgamento (A e B) Piping (A) Galgamento (A) Vertedouro e seus componentes Capacidade de vazão inade quada Galgamento (B) Recomenda-se a aplicação desse método para um grande número de barragens de rejeitos para que seja possível estabelecer um número de referência com mais confiabilidade para este índice. 4 RESULTADOS RELATIVOS À APLICAÇÃO DO MÉTODO FMEA NAS BARRAGENS DE CONTENÇÃO DE REJEITOS A E B O método FMEA foi aplicado nas duas barragens de contenção de rejeitos, A e B, sendo inicialmente estabelecidos os sistemas para essas barragens (figura 2). As barragenssão semelhantes, por isso, o mesmo sistema foi utilizado para ambas, sendo somente o item "1.1.6.4 Drenos nas ombreiras” incorporados na barragem de contenção de rejeitos B. Para cada elemento do sistema foi incorporada a sua Função, Falha, Efeito Final, Índice de Severidade (Si), Causa, Índice de Ocorrência (Oi), Tipo de Controle, Índice de Detecção (Di) e RPNi (Risk Priority Number - Número Potencial de Risco). Ressalta-se que o Índice de Severidade (Si) representa quão grave são as conseqüências (efeitos) de cada modo de falha, o Índice de Ocorrência (Oi) mostra como ocorre a probablidade de ocorrência da causa da falha e, por fim, o Índice de detecção (Di) significa qual é a chance de ser detectada a causa da falha (tabela 3). RPNi é igual ao produto do Si , Oi e Di de cada modo de falha. Sistema das barragens de rejeitos A e B 1.1 Corpo da barragem 1.1.1 Crista 1.1.2 Núcleo 1.1.3 Talude de montante 1.1.3.1 Borda livre 1.1.4 Talude de jusante 1.1.5 Sistema de drenagem superficial 1.1.5.1 Canaletas de concreto 1.16 Sistema de drenagem interna 1.1.6.1 Tapete drenante 1.1.6.2 Filtro vertical 1.1.6.3 Dreno de pé 1.1.6.4 Dreno nas ombreiras (apenas na barragem B) 1.2 Sistema Vertedouro 1.3 Ombreiras 1.3.1 Ombreira direita 1.3.2 Ombreira esquerda 1.4 Fundação 1.5 Reservatório de acumulação de rejeitos Figura 2. Sistema de barragens de rejeitos A e B Tabela 3. Índices de Severidade Si, Ocorrência Oi e Detecção Di Si Oi Di Si Efeito Oi Prob. Di Prob. 1 Muito baixo 1 Improvável (0,1 %) 1 Quase Certa 2, 3 Baixo 2, 3 Remoto (0,1 to 1 %) 2 Muito Alta 4, 5 Medio 4, 5, 6 Ocasional (1 to 10 %) 3 Alta 6, 7, 8 Severo 7, 8, 9 Provável (10 to 20 %) 4 Modera damente Alta 9 Muito severo 10 Frequente (> 20 %) 5 Moderada 10 Catastrófi co 6 Baixa 7 Muito Baixa 8 Remota 9 Muita Remota 10 Quase Impossível Como a tabela para a especificação de cada elemento do sistema é muito extensa, nesse artigo optou-se por apresentar apenas dois elementos a título de exemplo (tabela 4). Informações completas se encontram em Espósito & Palmier (2013). Tabela 4. Exemplo da aplicação do FMEA A faixa de variação para os números RPNi encontrada foi 4 a 225. Foi proposto um critério com base nos valores RPNi, ou seja, 1. < RPNi < 50 Risco Aceitável ; 50 < RPNi <120 Risco tolerável ; e RPNi > 120 Risco Intolerável. A tabela 5 mostra os locais onde os valores de RPNi foram maiores do que 120 (Risco Intolerável ), para ambas as barragens . Ao final foi plotada a Matriz de Risco considerando Si e Oi, conforme figura 3. As posições mais à esquerda e mais elevadas, podem ser interpretadas como uma situação de alerta. Os itens críticos foram " 1.1.3.1” (Borda livre – Bar. A) e "1.1.6.3” (Dreno de pé – Bar. B). Os resultados completos dessas análises se encontram em Espósito & Palmier (2013). Tabela 5. Risco Intolerável - RPNi > 120 Figura 3. Matriz de risco 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Métodos de Análise de Riscos estão sendo recentemente aplicados a barragens de contenção de rejeitos. No entanto, há ainda uma falta de valores-limite de risco para subsidiar a análise geral. Nesse sentido, tendo em vista ser uma contribuição nesse tema, foram aplicados os métodos LCI e FMEA em duas barragens de contenção de rejeitos, sendo adotados como valores-limites para a análise LCI IndRisco igual a 40.000 e para a análise FMEA RPNi igual a 120. Entende-se que a partir destes valores os elementos analisados se encontrariam sob um estado de alerta. Tendo em vista a análise da eficácia de cada método empregado pode-se afirmar que o LCI é um método mais geral, que se baseia num estudo aprofundado dos impactos no vale a jusante. Já o FMEA é um método mais detalhado, sendo cada elemento do sistema considerado na análise. Deve ser salientado que ambos os métodos podem ser aplicados em uma única ou em um portfólio de barragens. Por fim, pode-se concluir que os dois métodos aqui aplicados permitiram uma melhor compreensão do comportamento das barragens analisadas, confirmando que métodos de Análises de Riscos são ferramentas muito importantes no processo de tomada de decisão da Gestão do Risco. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPEMIG (Fundação Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo apoio para a realização desta pesquisa e à FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente) pelo apoio logístico. REFERÊNCIAS Caldeira, L. (2005). Análise de Risco em Geotecnia. Aplicação a Barragens de Aterro. Programa de Investigação para obtenção de Habilitação para funções de Coordenação Científica. LNEC, Lisboa, 238 p. Caldeira, L., Pimenta, L.; Silva Gomes, A. (2005). Enquadramento das análises de riscos e sua aplicação a barragens de aterro. Seminário de Barragens Tecnologia, Segurança e Interação com a Sociedade, LNEC, Lisboa, Vol.T4.C4, pp. 569-685. Espósito, T.J. (2000), “Metodologia Probabilística e Observacional Aplicada a Barragens de Rejeito Construídas por Aterro Hidráulico”. Tese de Doutorado, Publicação G.TD-004A/00, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 359 p. Espósito, T. J., Palmier, L. R. (2013). Application of Risk Analysis Methods on Tailings Dams. Soils & Rocks. , v.36, p.97 - 117, 2013 Hughes, A., Hewlett, H., Samuels, P., Morris, M., Sayers, P., Moffat, I., Harding, A. and Tedd, P. (2000). Risk Management for UK Reservoirs, Construction Industry Research and Information Association (CIRIA) C542, London, UK, p. 213. ICOLD (1998). ICOLD Guidelines on Risk Assessment for Dams, Attachment by: A. Williams. Progress Report for New Delhi Meeting, International Committee on Dam Safety, International Commission on Large Dams (ICOLD), Paris, pp. 1-28. Localização/ Baragem Função Falha Efeito Causa 1.1.2 Nucleo Barragens A e B Redução da condutivi da de hidráulica Excesso de percola ção Piping .Dissolução dos materiais 1.1.6 Sistema de Drenagem Interna Barragem B Coletar a drenagem Funciona mento inadequa do da drenagem interna Piping .Inadequa ção do Projeto ou da Construção 1.1.6.3 Dreno de pé Barragem B Coletar a drenagem a partir da barragem Capacida de de drenagem insuficien te Piping .Inadequado tamanho de partículas .Inadequada espessura Coleta da drenagem a partir da massa natural de solo Capacida de de drenagem insuficien te Piping .Inadequado tamanho de partículas .Inadequada espessura 1.1.3.1 Borda livre 1.1.6.3 Dreno de pé
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