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Prévia do material em texto

Fundamentos 
Filosóficos para o 
Serviço Social
Sônia Maria de Almeida Figueira
Adaptada/Revisada por Sônia Maria de A. Figueira
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Fundamentos Filosófi-
cos para o Serviço Social, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendiza-
do dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar 
aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 O NEOTOMISMO .................................................................................................................................... 7
1.1 O que é o Neotomismo .................................................................................................................................................8
1.2 O que é o Tomismo .........................................................................................................................................................8
1.3 A Retomada das Ideias de Tomás de Aquino .....................................................................................................10
1.4 O Neotomismo e o Serviço Social ..........................................................................................................................13
1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................14
1.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14
2 O POSITIVISMO ..................................................................................................................................... 15
2.1 O que é o Positivismo..................................................................................................................................................15
2.2 Principais Características do Positivismo .............................................................................................................16
2.3 O Positivismo no Brasil ...............................................................................................................................................18
2.4 O Positivismo e o Serviço Social ............................................................................................................................19
2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................20
2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................20
3 O MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO ........................................................................ 21
3.1 O que é o Materialismo Histórico Dialético ........................................................................................................22
3.2 O Desenvolvimento do Pensamento Marxista..................................................................................................27
3.3 As Leis Básicas da Dialética .......................................................................................................................................28
3.4 O Materialismo Histórico Dialético e o Serviço Social ....................................................................................29
3.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30
3.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30
4 A FENOMENOLOGIA ......................................................................................................................... 31
4.1 O que é a Fenomenologia .........................................................................................................................................31
4.2 Principais Ideias da Fenomenologia ......................................................................................................................33
4.3 A Fenomenologia e o Serviço Social .....................................................................................................................35
4.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................36
4.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 37
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 39
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 41
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Esta disciplina visa ao estudo das correntes filosóficas que fundamentam as bases históricas e teó-
ricas da profissão em seu processo de desenvolvimento no Brasil, buscando apreender o Serviço Social 
enquanto processo histórico, resultado das determinações criadas pelas relações sociais e pelos projetos 
de sociedade.
Tem como objetivo, ainda:
ƒƒ possibilitar o conhecimento dos valores expressos na profissão, na sua emergência e trajetória 
histórica;
ƒƒ contribuir para que se identifique e utilize os pressupostos filosóficos que fundamentam a aná-
lise das teorias sociais;
ƒƒ apresentar as principais correntes filosóficas e suas influências no Serviço Social.
Não podemos afirmar que existe uma filosofia do Serviço Social, porém esta profissão foi fortemen-
te influenciada por algumas correntes filosóficas que embasaram e embasam sua teoria e sua prática nos 
diferentes momentos históricos. 
Neste texto, vamos falar de algumas dessas correntes: o neotomismo, o positivismo, a fenomeno-
logia e o materialismo histórico dialético, que estão presentes nos diferentes momentos da história do 
Serviço Social e suas influências na formação e na prática dos Assistentes Sociais.
O positivismo, a fenomenologia e o marxismo são as principais correntes teóricas do pensamento 
contemporâneo, que, juntamente ao neotomismo, servem como nosso guia, pois nos baseamos nos 
conceitos das mesmas em nossas intervenções e em nossas pesquisas. 
Pretendemos apresentar os conceitos fundamentais destas correntes do pensamento, analisando 
primeiramente o neotomismo,sua origem nas ideias de Santo Tomás de Aquino e de que modo marcou 
o Serviço Social. Em seguida, apresentaremos o positivismo, sua concepção e a influência que exerceu 
no pensamento do Serviço Social, bem como as marcas que ainda hoje persistem da linha positivista em 
nossa profissão. 
O marxismo é mais uma corrente a ser analisada, quando pretendemos destacar suas principais ca-
racterísticas e como esta linha de pensamento marxista acompanha o Serviço Social, desde o Movimento 
de Reconceituação até os dias atuais. A teoria marxista está comprometida com um projeto de transfor-
mação da realidade social muito próximo do que propõe o projeto ético político dos assistentes sociais. 
Abordaremos, ainda, a fenomenologia, procurando destacar seus aspectos importantes, contex-
tualizando seu surgimento e influências que teve e ainda tem, até a atualidade, na prática dos assistentes 
sociais.
Este texto tem, portanto, a intenção de demonstrar como essas correntes se constituem, desta-
cando os traços fundamentais que as distinguem e como influenciam o Serviço Social ao longo de sua 
história.
Sônia Maria de Almeida Figueira
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
7
O NEOTOMISMO1
A presença do neotomismo no Serviço So-
cial marca profundamente a profissão desde a 
fundação da primeira escola de Serviço Social no 
Brasil. O Serviço Social, ao surgir atrelado ao pro-
jeto da reforma social da Igreja, a serviço de sua 
ideologia, carrega, além de sua prática, o seu pon-
to de vista teórico. Toda a visão de homem e de 
sociedade adotada na profissão se dará a partir 
da visão católica, tendo como sustentação filosó-
fica o neotomismo.
A formação cristã do profissional em Serviço 
Social foi objeto de estudo de alguns encontros 
de Assistentes Sociais. Segundo Aguiar (1982), até 
1967, quando é realizado o Seminário de Araxá, 
houve 14 convenções da Associação Brasileira de 
Ensino de Serviço Social (ABESS), atual Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social 
(ABEPSS)1, onde o pano de fundo era a doutrina 
católica. Os encontros da ABESS comumente ini-
ciavam-se com a celebração de uma missa e, por 
vezes, eram precedidos de um dia de recolhimen-
to, aos moldes dos retiros espirituais promovidos 
pela Igreja a seus fiéis, tal era estreita a relação da 
profissão com a prática cristã católica.
Na IV Convenção da ABESS, que ocorreu em 
São Paulo em 1954, o tema foi “A formação cristã 
para o Serviço Social e a Metodologia de Ensino 
de Serviço Social de Grupo e Organização de Co-
munidade”. Em 1959, em convenção realizada em 
Porto Alegre para discussão do currículo dos cur-
sos de Serviço Social, foram reafirmadas como im-
portantes para a formação integral do Assistente 
Social as disciplinas de Religião e Doutrina Social 
da Igreja. No discurso de encerramento deste 
evento foi salientada a missão dos Assistentes 
Sociais do seguinte modo: “o cristianismo huma-
nizante para a conquista da paz. E a exemplo de 
Maria, os assistentes sociais têm a tarefa de Anun-
ciar a Redenção.” (AGUIAR, 1982, p. 38). Em 1960, 
um novo encontro realizado em Fortaleza teve 
como tema “Formação da Personalidade do Assis-
tente Social em todos os Aspectos” e os aspectos 
analisados foram: a formação psicológica, moral e 
AtençãoAtenção
Toda a visão de homem e de sociedade adotada 
na profissão se dará a partir da visão católica, ten-
do como sustentação filosófica o neotomismo.
1 A ABEPSS foi fundada em 10 de outubro de 1946, sob a denominação Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social. Em 
dezembro de 1998, o estatuto sofreu reformulações, passando a designar-se ABEPSS. É uma entidade civil de natureza científica, 
de âmbito nacional, sem fins lucrativos, constituída pelas Unidades de Ensino de Serviço Social, por sócios institucionais, 
colaboradores e por sócios individuais.
Saiba maisSaiba mais
O Seminário de Araxá ocorreu em 1967 em Araxá (MG). 
Foi o primeiro Seminário de Teorização do Serviço So-
cial e se constituiu em evento histórico no processo 
de “teorização” e “reconceituação” do Serviço Social 
brasileiro, propondo ações profissionais mais vincula-
das à realidade social e política do país. Foi organizado 
pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio 
de Serviços Sociais e reuniu 38 assistentes sociais de 
vários estados brasileiros, produzindo o “Documento 
de Araxá”.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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8
espiritual. No que se refere ao aspecto espiritual, 
enfatizou-se que o Assistente Social deve buscar 
a perfeição e que esta busca da perfeição seja ilu-
minada pelo espírito comunitário e pela doutrina 
do Corpo Místico de Cristo.
Fica evidente, portanto, a importância dos 
ideais cristãos na formação dos primeiros Assis-
tentes Sociais e a forte presença da postura hu-
manista com base na doutrina social da Igreja e 
no neotomismo. Os princípios de dignidade da 
pessoa humana, do bem comum, explicitados 
por Santo Tomás de Aquino, predominaram no 
Serviço Social brasileiro até a década de 1960, e 
podemos afirmar que ela continua presente ain-
da hoje, através da ação de vários profissionais.
AtençãoAtenção
Os princípios de dignidade da pessoa humana, 
do bem comum, explicitados por Santo Tomás 
de Aquino predominaram no Serviço Social bra-
sileiro até a década de 1960.
O neotomismo é uma corrente filosófica 
surgida no século XIX com o objetivo de reviver 
a filosofia de Santo Tomás de Aquino, do século 
XIII, o tomismo, a fim de atender aos problemas 
contemporâneos. 
A condição de exploração e miséria em que 
vivem os operários na Europa do final do século 
1.1 O que é o Neotomismo
XIX, decorrentes da industrialização e do desen-
volvimento do capitalismo, leva a Igreja a se po-
sicionar, pois este momento era visto por esta 
como de crise e decadência da moral e dos costu-
mes cristãos. A Igreja vê, então, no ressurgimento 
das ideias de Tomás de Aquino o caminho para o 
enfrentamento desta realidade.
Se o neotomismo, que é a corrente que in-
fluencia o Serviço Social, é uma retomada do to-
mismo, então é preciso entender o que é o tomis-
mo.
O Tomismo é a doutrina filosófica cristã 
elaborada pelo domini-
cano Tomás de Aquino, 
estudioso do filósofo gre-
go Aristóteles. Tomás de 
Aquino dedicou-se ao es-
clarecimento das relações 
entre a verdade revelada 
e a filosofia, isto é, entre a 
fé e a razão. Segundo sua interpretação, tais con-
ceitos não se chocam nem se confundem, mas 
são distintos e harmônicos. 
Segundo Aguiar (1982), Santo Tomás parte 
da reflexão feita por Aristóteles e a reinterpreta à 
1.2 O que é o Tomismo
luz do cenário filosófico de sua época, marcado 
por questões como: as relações entre Deus e o 
mundo, fé e ciência, teologia e filosofia, conheci-
mento e realidade.
Para Santo Tomás, a primeira realidade a ser 
explicada deve ser Deus, 
que é a fonte de todos os 
seres. Após analisar a exis-
tência de Deus, analisa 
o homem, a pessoa hu-
mana, entendendo que 
a pessoa humana é com-
posta de duas substâncias 
incompletas: alma e corpo. É da transformação 
destas duas substâncias em uma substância úni-
ca que resulta o ser humano, distinto de qualquer 
outro ser. Este ser dotado de razão é capaz de es-
colha, de saber, de vontade. Por ser inteligente, 
AtençãoAtenção
Tomás de Aquino dedicou-se ao esclarecimento 
das relações entre a verdade revelada e a filosofia, 
isto é, entre a fé e a razão.
Fundamentos Filosóficos para o Serviço Social
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
9
afirma Santo Tomás, “a pessoa significa o que há 
de mais perfeito em todo o universo.” (AGUIAR, 
1982, p. 42).
Esta perfeição se apresenta no aspecto físi-
co e espiritual. Para Santo Tomás, o corpo huma-
no é o mais perfeito, o mais funcional e o mais 
complexo e a pessoahumana tem também uma 
perfeição espiritual que se manifesta através da 
racionalidade. Esta racionalidade produz o prin-
cípio da consciência em si e da liberdade, que o 
distingue dos outros seres. Portanto, a liberdade 
e a capacidade de escolha é também manifesta-
ção da inteligência do homem. Mas o homem é 
também dotado de vontade, o que lhe permite 
a escolha dos caminhos a percorrer na busca da 
virtude, do bem e no alcance do fim último, que 
é Deus.
O homem é, também, um ser social em 
decorrência da própria natureza humana. Como 
Aristóteles, Santo Tomás afirma que “o homem é 
naturalmente um animal social” e para desenvol-
ver-se necessita viver em sociedade. Para Santo 
Tomás a sociedade é “a união dos homens com o 
propósito de efetuar algo comum” (COOK apud 
AGUIAR, 1982, p. 43).
Por ser um ser social, o homem é também 
um “animal político”. Sendo o homem um animal 
social, a sociabilidade natural já existia no Paraí-
so, antes da queda e da expulsão dos seres hu-
manos. Após o pecado original, os seres humanos 
não perderam sua natureza sociável e, por isso, 
naturalmente organizaram-se em comunidades, 
deram-se leis e instituíram as relações de man-
do e obediência, criando o poder político. Para 
que haja o bem comum, é necessário o Estado e 
este supõe autoridade. Segundo Sciacca (apud 
AGUIAR 1982, p. 43), “toda forma de autoridade 
deriva de Deus, respeitá-la é respeitar a Deus; 
toda forma de governo, desde que garanta os di-
reitos da pessoa e o bem-estar da comunidade é 
boa” e o Estado deve respeitar a Igreja, assim não 
existe conflito entre fé e razão.
Esta visão com relação à autoridade e ao 
Estado, reafirmada posteriormente no neotomis-
mo, explica a posição inicial do Serviço Social bra-
sileiro de não questionamento da ordem vigente, 
buscando sempre reformar a sociedade. 
 
Quem foi Tomás de Aquino
Figura 1 – São Tomás de Aquino.
AtençãoAtenção
Santo Tomás, assim como Aristóteles já o fizera, 
afirma que “o homem é naturalmente um animal 
social” e para desenvolver-se necessita viver em 
sociedade.
AtençãoAtenção
“Toda forma de autoridade deriva de Deus, 
respeitá-la é respeitar a Deus.” (SCIACCA apud 
AGUIAR, 1982, p. 43).
Sônia Maria de Almeida Figueira
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10
Nasceu em 1225, no castelo de Roccasec-
ca, na Campânia, da família feudal dos condes de 
Aquino. Era unido pelos laços de sangue à família 
imperial e às famílias reais da França, da Sicília e 
de Aragão. Recebeu a primeira educação no gran-
de mosteiro de Montecassino, passando a moci-
dade em Nápoles. Depois de ter estudado artes 
liberais, entrou na ordem dominicana, renuncian-
do a tudo, menos à ciência. 
Dedicou-se ao estudo da teologia, tendo 
como mestre Alberto Magno, primeiro na univer-
sidade de Paris (1245-1248) e depois em Colônia. 
Em 1252, voltou à Universidade de Paris, onde en-
sinou até 1269. Em 1272, voltou a Nápoles, onde 
lecionou teologia. Dois anos depois, em 1274, 
viajando para tomar parte no Concílio de Lião2, 
por ordem de Gregório X, faleceu no mosteiro de 
Fossanova, entre Nápoles e Roma, com apenas 49 
anos de idade.
Saiba maisSaiba mais
Tomás de Aquino viveu de 1225 a 1274 e teve uma 
vida dedicada aos estudos, inicialmente sob a orien-
tação de monges beneditinos e, posteriormente, em 
Paris sob a orientação de Alberto Magno.
Era um estudioso metódico, que se empenhou em or-
denar o saber teológico e moral acumulado na Idade 
Média, produzindo uma extensa obra com mais de 
sessenta títulos.
Saiba maisSaiba mais
Santo Alberto Magno, frade dominicano, foi bispo de 
Regensburg, na Alemanha e tornou-se famoso por 
seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexis-
tência pacífica da ciência e da religião. É considerado o 
maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média e foi 
o primeiro intelectual medieval a aplicar a filosofia de 
Aristóteles no pensamento cristão.
2 O segundo Concílio de Lião, décimo-quarto concílio ecumênico do cristianismo, ocorreu na cidade francesa de Lyon em 1274. 
A filosofia tomista marca a história da filoso-
fia e do homem até o século XVIII e começa a ser 
retomada no final do século XIX e início do século 
XX. 
Através da encíclica Aeterni Patris, o papa 
Leão XIII propõe a restauração da filosofia tomista 
1.3 A Retomada das Ideias de Tomás de Aquino
com a clara intenção de “unir os pensadores cató-
licos para a conquista do pensamento moderno 
tal é, ao que parece, o propósito da Igreja ressus-
citando o tomismo.” (THONNARD apud AGUIAR, 
1982, p. 40).
Aeterni Patris é uma Encíclica do Papa Leão 
XIII, de 1879, que se tornou um dos prin-
cipais responsáveis pelo renascimento da 
filosofia de Tomás de Aquino. A Epístola 
leonina teve por objetivo reagir ao espírito 
laico provindo, sobretudo, do racionalismo 
iluminista e do materialismo positivista. 
Tais sistemas pareciam adentrar nas ca-
madas católicas. Esta Encíclica gerou uma 
nova geração de pensadores católicos e 
conseguiu, uma vez mais, levar a filosofia 
escolástica para as cátedras universitárias.
CuriosidadeCuriosidade
Fundamentos Filosóficos para o Serviço Social
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
11
Para o neotomismo, toda a filosofia moder-
na a partir de Descartes se constituiria em erros 
e equívocos, responsáveis pela crise do mundo 
moderno. Entendida como um desvio metafísi-
co e espiritual, essa crise só poderia ser superada 
com um retorno ao tomismo.
Segundo Aguiar (1982), o retorno desta fi-
losofia não servirá apenas para a formação dos 
padres, mas se estenderá também aos leigos, for-
mando também magistrados, homens políticos, 
diretores de obras sociais etc. 
No campo social, a presença da filosofia de 
Santo Tomás de Aquino se fará fortemente pre-
sente e marcará profundamente o Serviço Social.
O site do Conselho Regional de Serviço So-
cial de São Paulo (CRESS-SP) por ocasião da co-
memoração do dia do Assistente Social, em 2009, 
publica: “O mês de maio traz data muito especial 
para os Assistentes Sociais: o dia 15, quando se 
comemora o seu dia e marca a profissão desde o 
seu nascimento.” 
Saiba maisSaiba mais
O filósofo francês René Descartes foi um dos funda-
dores do movimento racionalista, que introduziu a 
dúvida como elemento primordial para a investigação 
filosófica e científica. A partir dele as ciências físicas 
e naturais liberaram-se da escolástica e da religião. É 
considerado o pai da filosofia moderna.
Saiba maisSaiba mais
A própria data definida para comemorar o dia dos As-
sistentes Sociais é a data de aniversário da publicação 
de uma importante encíclica papal, a Rerum Novarum.
Saiba maisSaiba mais
Em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII 
publicava a Encíclica Rerum Novarum (Das 
coisas novas), apresentando ao mundo 
católico os fundamentos e as diretrizes 
da Doutrina Social da Igreja. Era a primei-
ra Encíclica Social já escrita por um papa 
e marcava o posicionamento da Igreja 
frente aos graves problemas sociais que 
dominavam as sociedades europeias. Para 
os assistentes sociais europeus, a Encíclica 
publicada naquele dia 15 de maio trazia 
um conteúdo muito especial.
Atônitos frente à complexidade dos proble-
mas existentes e teoricamente fragilizados em 
consequência de sua formação ainda bastante 
precária, aqueles profissionais assumiam o do-
cumento e os ensinamentos ali contidos como 
base fundamental de seu trabalho. Desse modo 
se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica 
europeia que, por sua vez, assumia progressiva-
mente a sua liderança sobre o enfoque das práti-
cas sociais daqueles profissionais.
No Brasil, o Serviço Social foi criado em 
1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes 
da Igreja Católica no país, inspirados na Doutrina 
Social da Igreja, então enriquecida por uma nova 
Encíclica Social:a Quadragésimo Anno.
Sônia Maria de Almeida Figueira
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
12
Desse modo – gestada no seio da prática 
da “Ação Social Católica”, ou simplesmente “Ação 
Católica” –, no Brasil a profissão cresceu sob a lide-
rança da Igreja e, até o início dos anos 1960, rece-
beu a influência direta e decisiva da sua “Doutrina 
Social”.
Seguidores das ideias de Santo Tomás de Aqui-
no
Alguns representantes do pensamento to-
mista influenciaram, especialmente, a formação 
dos Assistentes Sociais brasileiros, dentre eles 
destacamos os nomes a seguir.
Leonardo Van Acker
Discípulo de Santo Tomás de Aquino, nas-
cido na Bélgica em 1896, doutor em Filosofia e 
Letras pela Universidade de Lovaine. Veio para o 
Brasil em 1921 e foi lecionar na Faculdade de Fi-
losofia de São Bento. Segundo Aguiar (1982), esta 
faculdade é um foco de irradiação do tomismo 
em São Paulo e no Brasil, formando grandes no-
mes da filosofia e da cultura brasileira, inclusive 
alguns assistentes sociais que fizeram filosofia 
antes do curso de Serviço Social, como é o caso 
de Helena Junqueira. Van Acker foi também pro-
fessor de Princípios da Doutrina Social na Escola 
de Serviço Social de São Paulo, evidenciando sua 
forte influência no Serviço Social brasileiro.
Pe. Roberto Sabóia de Medeiros
Pe. Sabóia, jesuíta, era conhecido como o 
apóstolo da Ação Social, desenvolveu um traba-
lho intenso junto aos patrões e aos operários em 
meados do século XX. Desenvolveu estudos na 
área social, sempre seguindo a doutrina social da 
Igreja, buscando a harmonia entre as classes so-
ciais.
O Serviço Social recebeu também o impul-
so de Pe. Sabóia através da Ação Social e do As-
sistente Social, como um elemento importante, 
como pode ser observado em um relato que faz a 
seu provincial, em 1941, apresentado por Aguiar 
(1982, p. 48): 
[...] ocupa-se no momento com uma 
intensa campanha entre os industriais 
paulistas para que cada um tome para as 
fábricas um assistente social. A medida é 
de alcance, porque os conflitos de traba-
lho que se amiúdam e que às vezes são 
propositadamente provocados, subindo 
às Juntas de Conciliação e Julgamento, 
têm recebido, na maior parte das vezes, 
soluções indesejáveis. O suborno vai de 
mãos dadas com a petulância. Aceitan-
do tiradas ocas sobre a miséria de clas-
ses proletárias, vai-se espalhando entre 
os operários e a persuasão de que sem-
pre tem direito contra os patrões, e se 
vai solapando o princípio da autoridade. 
Quando não, o dinheiro do patrão há de 
intervir para ter ganho de causa [...] Se há 
remédio parece este consistir em que o 
assistente social, penetrando na fábrica, 
eduque o operário, apazigúe os ânimos, 
seja intermediário dos conflitos, e os en-
caminhe a um Círculo Operário, onde ele 
possa achar o equilíbrio entre as suas exi-
gências e as possibilidades sociais.
Saiba maisSaiba mais
A Quadragésimo 
Anno foi redigi-
da pelo Papa Pio 
XI, publicada no 
dia 15 de maio 
de 1931, em co-
memoração aos 
quarenta anos da 
Rerum Novarum.
Fundamentos Filosóficos para o Serviço Social
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
13
Jacques Maritain 
Figura 2 – Jacques Maritain.
Jacques Maritain foi um grande filósofo cris-
tão que retomou, com muita propriedade, no sé-
culo XX, as ideias de Santo Tomás de Aquino. Um 
dos grandes discípulos deste filósofo no Brasil foi 
Alceu de Amoroso Lima, que afirmou, em artigo 
publicado em 1972, que os escritos de Maritain 
possibilitaram um reencontro entre a intelectua-
lidade e a Igreja, visto que no final do século pas-
sado havia uma separação entre intelectuais e a 
religião.
No Brasil, as posições de Maritain influencia-
ram diretamente no movimento por uma legisla-
ção social, que emerge em toda a América Latina; 
na Constituição Federal promulgada em 1934; 
e fundamentalmente nos partidos democrata-
-cristãos que surgem neste período. Também foi 
fortemente influenciada pelas ideias de Jacques 
Maritain a Juventude Universitária Católica (JUC) 
e suas ideias chegarão ao Serviço Social através 
da Ação Católica.
Sobre Santo Tomás de Aquino, Jacques Ma-
ritain (apud AGUIAR, 1989, p. 51) afirma:
[...] não só transportou para o domínio do 
pensamento cristão a filosofia de Aristó-
teles na sua integridade, para fazer dela 
o instrumento de uma síntese teológica 
admirável, como também e ao mesmo 
tempo superelevou e, por assim dizer, 
transfigurou essa filosofia. Purificou-a de 
todo vestígio de erro [...] sistematizou-a 
poderosa e harmoniosamente, aprofun-
dando-lhe os princípios, destacando as 
conclusões, alargando os horizontes, e se 
nada cortou, muito acrescentou, enrique-
cendo-a com o imenso tesouro da tradi-
ção latina e cristã. 
Como já dissemos, a repercussão do neoto-
mismo na teoria e na prática profissional dos As-
sistentes Sociais pode ser percebida até hoje.
A idealização de um projeto societário que 
contemple as duas dimensões do homem: o cor-
po e a alma, e a visão da sociedade como a ins-
tância na qual o homem pode completar-se e 
realizar-se como pessoa humana leva os Assisten-
tes Socais a recusa, como sugeria a Igreja Católica, 
do comunismo e do liberalismo. O comunismo é 
interpretado, pelos primeiros Assistentes Sociais 
como uma teoria social refutável porque postula 
um projeto societário erigido por uma compreen-
são materialista do homem e era tido como uma 
1.4 O Neotomismo e o Serviço Social
doutrina totalitária com princípios dissonantes 
com o conceito de pessoa humana. O liberalismo, 
por sua vez, também era incompatibilidade com 
a natureza humana, pois era tido como uma dou-
trina individualista. 
Nesse contexto, o trabalho dos primeiros as-
sistentes sociais dirigia-se, sobretudo, à classe tra-
balhadora, porém na perspectiva da conciliação 
das classes sociais. A visão de homem do Serviço 
Social era a pessoa humana, portadora de valor 
soberano, criado por Deus, único ser no universo 
capaz de se aproximar da perfeição. O objetivo do 
Serviço Social era moldar este homem, integrá-lo 
à sociedade, aos valores, a moral e aos costumes 
Sônia Maria de Almeida Figueira
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14
de uma sociedade cristã, a fim de que ele alcan-
çasse a perfectibilidade. 
Somente na década de 1960 estas ideias 
vêm a ser questionadas, porém ainda hoje pode 
ser observada a presença de princípios cristãos 
no discurso de profissionais e alunos de Serviço 
Social. Não é incomum o relato de alunos que 
buscaram o Curso de Serviço Social a partir de 
uma prática ligada à Igreja.
1.5 Resumo do Capítulo
Vimos neste capítulo uma importante influência teórica na formação histórica do Serviço Social. O 
neotomismo marca profundamente o início da profissão. É importante apreendermos que o pensamen-
to de São Tomás de Aquino influencia as bases teóricas do Serviço Social desde o seu início e, consequen-
temente, a Igreja Católica tem uma importante participação na constituição do pensamento e da prática 
dos Assistentes Sociais nesse processo. 
1. O que é o tomismo?
2. Como podemos refletir sobre a importância do neotomismo no Serviço Social?
1.6 Atividades Propostas
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15
A presença do Positivismo no Serviço Social 
pode ser percebida quando a profissão passa a 
dar ênfase à instrumentalização técnica, ou seja, 
quando se soma à preocupação do “o que” fazer a 
preocupação de “como” fazer, embora esta preo-
cupação tenha feito com que o Serviço Social 
caísse muitas vezes no metodismo.
O positivismo, no Serviço social, vem acom-
panhado do funcionalismo e adentra esta profis-
O POSITIVISMO2
são através da influência do Serviço Social norte-
-americano, trazida, na década de 1940, pelos 
assistentes sociais brasileiros que foram estudar 
nos EstadosUnidos. Esta influência vai marcar so-
bremaneira o Serviço Social brasileiro. Inicialmen-
te temos a importação das técnicas norte-ameri-
canas para aplicação na realidade brasileira. Não 
é preciso dizer que isto causou alguns problemas, 
pois, segundo Aguiar (1984), a fundamentação 
do método e das técnicas não era analisada e tra-
duzida para a nossa realidade, era tão somente 
transplantada.
Nesta fase, o Serviço Social brasileiro ainda 
estava marcado pelo neotomismo e pela doutri-
na social da Igreja, havendo, portanto, uma jun-
ção dos pressupostos neotomistas e das técnicas 
vindas do Serviço Social norte-americano.
AtençãoAtenção
A presença do Positivismo no Serviço Social pode 
ser percebida quando a profissão passa a dar ên-
fase à instrumentalização técnica.
 O positivismo é uma corrente filosófica 
surgida na primeira metade do século XIX. Foi 
fundado por Augusto Comte, em contraposição 
às ideias que nortearam a Revolução Francesa no 
século XVIII. A doutrina de Comte parte do pres-
suposto de que a sociedade humana é regulada 
por leis naturais invariáveis, que independem da 
vontade e da ação humana. Para ele, as leis que 
regulam o funcionamento da vida social, eco-
nômica e política são do mesmo tipo que as leis 
naturais, logo, o que predomina na sociedade é 
uma organização semelhante à da natureza.
Para o positivismo, a filosofia baseada nos 
dados da experiência é a única verdadeira. O co-
nhecimento se afirma numa verdade comprova-
da, portanto, considera o método experimental o 
2.1 O que é o Positivismo
caminho para o pensamento científico e a verda-
de comprovada jamais é questionada.
Quem foi Augusto Comte
Figura 3 – Augusto Comte
Sônia Maria de Almeida Figueira
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16
Aos 16 anos de idade, Comte ingressou na 
Escola Politécnica de Paris, fato que teve signifi-
cativa influência em seu pensamento, a ponto de 
ele vir a considerá-la a primeira comunidade ver-
dadeiramente científica que deveria servir como 
modelo de toda educação superior. Embora per-
manecesse por apenas dois anos nessa escola, ali 
Comte recebeu a influência do trabalho intelec-
tual de cientistas como o físico Sadi Carnot (1796-
1832), o matemático Lagrange (1736-1813) e o 
astrônomo Pierre Simon de Laplace (1749-1827).
Um ano depois de sair da Escola Politécnica, 
em 1817, Comte tornou-se secretário de Saint-
-Simon3 (1760-1825), do qual receberia profunda 
influência. Essa ligação intelectual foi extrema-
mente proveitosa para Comte, porém terminou 
de maneira tempestuosa quando Comte come-
çou a sentir-se independente do mestre, discor-
dando de suas ideias sobre as relações entre a 
ciência e a reorganização da sociedade. Comte 
não aceitava o fato de Saint-Simon, nesse perío-
do, deixar de lado seus planos de reforma teórica 
do conhecimento e dedicar-se às tarefas práticas. 
A separação entre os dois ocorreu em 1824. No 
Saiba maisSaiba mais
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu 
em Montpellier, no sul da França, em 19 de janeiro de 
1798 e morreu em 5 de setembro de 1857. 
Filho de um fiscal de impostos, teve sempre uma re-
lação bastante conturbada com a família. Frequente-
mente acusava os familiares de avareza, culpando-os 
por sua precária situação econômica.
Foi o fundador do Positivismo e da Sociologia.
mesmo ano, Comte casou-se com Caroline Mas-
sin e, não tendo mais os proventos de secretário 
de Saint-Simon, passou a ganhar a vida dando 
aulas particulares de matemática. Dois anos de-
pois, exatamente no dia 2 de abril de 1826, iniciou 
em sua própria casa um curso, do qual resultou 
uma de suas principais obras: o Curso de Filosofia 
Positiva, em seis volumes, publicados a partir de 
1830. Em 1842, separa-se da esposa e dois anos 
depois publica o Discurso sobre o Espírito Positi-
vo. No mesmo ano, edita o volume do Curso de 
Filosofia Positiva, onde ataca os especialistas em 
matemática e afirma ter chegado o tempo de os 
biólogos e sociólogos ocuparem o primeiro posto 
no mundo intelectual. 
Os últimos anos da vida de Comte transcor-
reram em grande solidão e desencanto, sobretu-
do por ter sido abandonado por Littré, seu mais 
famoso discípulo, que não concordava com a 
ideia de uma nova religião. 
3 Saint-Simon, teórico francês e um dos fundadores do chamado socialismo cristão.
Em 1844, Comte conheceu Clotilde de Vaux, a 
mulher que iria transformar sua vida e dar nova 
orientação ao seu pensamento. Comte apaixo-
nou-se perdidamente por Clotilde, que veio a 
falecer um ano depois. Comte transformou-a, 
então, no gênio inspirador de uma nova religião, 
cujas ideias se encontram numa extensa obra em 
quatro volumes, publicados entre 1851 e 1854: 
Política Positiva ou Tratado de Sociologia Instituindo 
a Religião da Humanidade.
CuriosidadeCuriosidade
2.2 Principais Características do Positivismo
O positivismo rejeita o conhecimento me-
tafísico e considera que devemos nos limitar ao 
conhecimento positivo, aos dados imediatos da 
experiência. Defende a ideia de que tanto os fe-
nômenos da natureza como os da sociedade são 
regidos por leis invariáveis. A filosofia positiva se 
coloca no extremo oposto da especulação pura, 
exaltando, sobretudo, os fatos.
Fundamentos Filosóficos para o Serviço Social
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17
Os princípios fundamentais do positivismo 
são: a busca da explicação dos fenômenos através 
das relações destes e a exaltação da observação 
dos fatos, porém, para ligar os fatos, existe a “ne-
cessidade de uma teoria”, sem a qual é impossí-
vel que os fatos sejam percebidos. “Desde Bacon 
se repete que são reais os conhecimentos que 
repousam sobre fatos observados, mas para en-
tregar-se à observação nosso espírito precisa de 
uma teoria.” (TRIVIÑOS, 1987, p. 34). 
O positivismo prega a submissão da imagi-
nação à observação, mas isto não deve transfor-
mar “a ciência real numa espécie de estéril acu-
mulação de fatos incoerentes, porque devemos 
entender que o espírito positivo não está menos 
afastado, no fundo, do empirismo do que do mis-
ticismo.” O positivismo proclama como função 
essencial da ciência sua capacidade de prever. “O 
verdadeiro espírito positivo consiste em ver para 
prever.” (TRIVIÑOS, 1987, p. 35).
Para o positivismo, não interessa as causas 
dos fenômenos, isso não é tarefa da ciência. Isso 
é metafísico, e um dos traços mais característicos 
do positivismo é sua rejeição ao conhecimento 
metafísico, à metafísica.
Há no positivismo uma recusa consciente a 
mergulhar naquilo que não tem existência empí-
rica. A razão só pode conhecer verdadeiramente 
aquilo que pode ser verificado empiricamente, 
seguindo o exemplo das ciências naturais. Quan-
do a razão procurar ir além da matéria empírica, 
ela se perde ou retorna para o terreno da metafí-
sica. Portanto, a essência não pode, e nem deve, 
AtençãoAtenção
O positivismo rejeita o conhecimento metafísico 
e considera que devemos nos limitar ao conhe-
cimento positivo, aos dados imediatos da expe-
riência.
ser conhecida, porque ela está além das possibi-
lidades de conhecimento do ser humano. Assim 
como com a essência, também acontece com os 
fins últimos da ação humana (os valores sociais), 
eles também não podem ser conhecidos racio-
nalmente. Esta cisão entre meios racionais e fins 
irracionais aparece, por exemplo, na análise das 
formas de ação social em Max Weber e tem gran-
de importância para o Serviço Social, como vere-
mos adiante. 
O único objeto da ciência, na visão positi-
vista, portanto, são os fatos que podem ser obser-
vados. A atitude positivista consiste em descobrir 
as relações entre as coisas. A busca científica não 
está a serviço das necessidades humanas para re-
solver problemas práticos. O investigador estuda 
os fatos, estabelece relações entreeles, pela pró-
pria ciência, pelos propósitos superiores da alma 
humana de saber, não está interessado em conhe-
cer as consequências de seus achados. “A ciência 
estuda os fatos para conhecê-los, e tão-somente 
para conhecê-los, de modo absolutamente desin-
teressado.” (TRIVIÑOS, 1987, p. 36-37). 
O papel do investigador é exprimir a reali-
dade, não julgá-la, considerando, portanto, o co-
nhecimento científico neutro, visão esta que foi 
combatida, principalmente, por parte dos cientis-
tas sociais que não podiam conceber que a ciên-
cia humana pudesse ficar à margem da influência 
do ser humano que investigava. 
Segundo Triviños (1987, p. 33), é possível 
distinguir três momentos na evolução do positi-
vismo: 
A primeira fase chamaremos de positivis-
mo clássico, na qual, além do fundador 
Comte, também se sobressaem os nomes 
de Littré, Spencer e Mill. Logo após o final 
do século XIX, o empiriocriticismo de 
Avenarius e Mach. A terceira etapa deno-
mina-se de neopositivismo e compreen-
de uma série de matizes, entre os quais 
se podem anotar o positivismo lógico, o 
empirismo lógico, vinculados ao Círculo 
de Viena (Carnap, Schlick, Frank, Neurath, 
etc.); o atomismo lógico (Russell, 1872-
1970, e Witgenstein, 1889-1951); a filoso-
fia analítica (Witgenstein e Ayer, n.1910) 
AtençãoAtenção
Para o positivismo, não interessa as causas dos 
fenômenos, isso não é tarefa da ciência e, sim, da 
metafísica.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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18
que acham que a filosofia deve ter por ta-
refa elucidar as formas da linguagem em 
busca da essência dos problemas; o be-
haviorismo (Watson, 1878-1958) e o neo-
behavorismo (Hull, 1884-1952, e Skinner, 
n. 1904).
O Neopositivismo, ou Empirismo Lógico ou 
Positivismo Lógico, foi fundado por um grupo de 
filósofos e cientistas, conhecidos como o “Círculo 
de Viena”, que, no decorrer da década de 1920, se 
reuniram em Viena, fundando uma das mais in-
fluentes correntes filosóficas e epistemológicas 
de nosso tempo. O Círculo de Viena foi ganhan-
do cada vez mais influência, sobretudo nos paí-
ses anglo-saxões, onde suas investigações não 
se limitaram ao campo da teoria da ciência, mas 
estenderam-se aos domínios da ética, da filosofia 
da linguagem e da filosofia da história (CARVA-
LHO, 1997).
Uma das principais aspirações dos positivis-
tas é alcançar resultados na pesquisa social que 
possam generalizar-se e, para tal, utilizam-se de 
técnicas de amostragem, tratamentos estatísticos 
e estudos experimentais severamente controla-
dos como instrumentos para concretizar estes 
propósitos. Mas, na visão de Triviños (1987, p. 38):
a flexibilidade da conduta humana, a va-
riedade dos valores culturais e das condi-
ções históricas, unidas ao fato de que na 
pesquisa social o investigador é um ator 
que contribui com suas peculiaridades 
(concepção do mundo, teorias, valores 
etc.), não permitirão elaborar um conjun-
to de conclusões frente à determinada 
realidade com o nível de objetividade 
que apresenta um estudo realizado no 
mundo natural.
No positivismo procura-se utilizar o “méto-
do científico” das ciências naturais para analisar 
também a sociedade. Esta é uma das principais 
características do positivismo. Para isto, é neces-
sário tratar a vida social da mesma forma que é 
tratada a natureza, ou seja, faz-se a naturalização, 
ou coisificação, da sociedade.
O positivismo, sem dúvida, representa, es-
pecialmente através de suas formas neopositivis-
tas, uma corrente do pensamento que alcançou, 
de maneira singular na lógica formal e na meto-
dologia da ciência, avanços muito meritórios para 
o desenvolvimento do conhecimento (TRIVIÑOS, 
1987).
2.3 O Positivismo no Brasil
O positivismo, que teve origem no sécu-
lo XIX, expandiu-se no Brasil durante o Império, 
contrapondo-se a este e defendendo a República. 
O Brasil foi o país onde o positivismo teve grande 
penetração, sendo que o Rio Grande do Sul, sob a 
influência de Júlio de Castilho, chegou a ter uma 
constituição inspirada no positivismo. 
O positivismo no Brasil não é uma mera 
reprodução da filosofia de Comte, como esta se 
desenvolveu no cenário francês de sua origem, 
e sim uma versão temperada pelo ecletismo que 
marcava os pensamentos dos intelectuais da se-
gunda metade do século XIX, formadores de opi-
nião dentro dos partidos políticos e das famílias 
de prestígios da época.
Segundo Vieira (1987), as ideias positivis-
tas eram debatidas e divulgadas através de seus 
adeptos, congregados na primeira associação po-
sitivista fundada no Rio de Janeiro, em 1876. Os 
membros mais atuantes eram Benjamim Cons-
tant, Teixeira Mendes, Miguel Lemos e Álvaro 
de Oliveira. Esta associação transformou-se, em 
1881, na Igreja Positivista do Brasil. 
Devido a esta posição religiosa do positi-
vismo, a Igreja Católica se coloca radicalmente 
contra as ideias positivistas, apesar dos pontos 
comuns entre o pensamento tradicional da Igreja 
e o positivismo, como o respeito à autoridade, à 
ideologia da ordem e à crença de que através das 
elites se educa o povo (RODRIGUES, 1981 apud 
VIEIRA, 1987).
Fundamentos Filosóficos para o Serviço Social
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19
Segundo Brandão (2006), a vertente reli-
giosa do positivismo foi a que mais progrediu no 
Brasil. O conservadorismo católico, que caracte-
rizou os anos iniciais do Serviço Social brasileiro, 
especialmente a partir dos anos 1940, começa a 
ser tecnificado ao entrar em contato com o Servi-
ço Social norte-americano. 
As propostas brasileiras de trabalho foram 
permeadas pelo caráter conservador da teoria 
social positivista. Esta reo-
rientação da profissão, 
que exige a qualificação 
e sistematização de seu 
espaço sócio-ocupacio-
nal, tem como objetivo 
atender às novas configu-
rações do desenvolvimento capitalista e, conse-
quentemente, às requisições de um Estado que 
começa a implementar políticas sociais.
Desse modo, a matriz positivista terá um 
importante papel na legitimação do profissional 
de Serviço Social brasileiro, na medida em que 
amplia os referenciais técnicos para a profissão. 
Iamamoto (1998) chama esse processo de “ar-
ranjo teórico-doutrinário”, que se caracteriza pela 
junção do discurso humanista-cristão, vindo do 
neotomismo com o suporte técnico científico na 
teoria social positivista. 
Segundo Tonet (1984), o positivismo não 
se interessa pelo o que é, julgando isto um pro-
blema irrelevante porque inatingível, mas apenas 
pelo modo como as coisas acontecem.
A realidade social torna-se, nessa perspecti-
va, um aglomerado de dados, elementos, fatores 
justapostos sem uma razão essencial que os es-
truture. Não há contradições, na realidade social, 
há apenas diferenças, disfunções, desvios, proble-
mas, sendo que a tendência normal da sociedade 
é a ordem harmônica. 
A história para o positivismo, enquanto in-
tervenção do sujeito humano, não existe, porque 
a evolução da sociedade é regida por leis idênti-
cas às leis naturais. 
O homem é o indivíduo, por sua vez, é o ele-
mento irredutível, o menor fragmento, justaposto 
a outros fragmentos que vão compor a estrutura 
social. Ou seja, o positivismo descreve o homem 
não como um resultado produzido pelo sistema 
capitalista, mas simplesmente como O HOMEM.
A partir desse fun-
damento, para o positi-
vismo, o conhecimento 
torna-se uma descrição 
do dado empírico, cole-
cionado e ordenado pelo 
sujeito, e esse sujeito é, 
ao mesmo tempo, quem 
elabora e quem conduz o conhecimento e, por se 
tratar de um ser limitado, não tem condições de 
apreender a integralidade, o objeto, mas apenas 
elementos superficiais deste.
A posição do estranhamento em que se en-
contram sujeito e objeto é o fundamento da neu-
tralidade social do conhecimento preconizadapelo positivismo. O sujeito só descreve, não toma 
partido. Quanto mais imparcial, mais objetivo e, 
quanto mais objetivo, mais científico, cabendo ao 
rigor metodológico garantir a obtenção da obje-
tividade. 
Nesse sentido, a matriz positivista oferece 
ao Serviço Social o primeiro suporte teórico-me-
todológico necessário à qualificação técnica de 
sua prática e à sua modernização através da apro-
priação de um instrumental de trabalho. Segun-
do Brandão (2006), esta teoria social assentada no 
positivismo aborda as relações sociais dos indiví-
duos no plano de suas vivências imediatas, como 
fatos que se apresentam em sua objetividade e 
imediaticidade. Tal perspectiva restringe a visão 
de teoria ao âmbito do verificável, da experimen-
tação e da fragmentação, tal qual propõe a leitura 
positivista da realidade. As mudanças apontam 
2.4 O Positivismo e o Serviço Social 
AtençãoAtenção
O conservadorismo católico que caracterizou os 
anos iniciais do Serviço Social brasileiro começa a 
ser tecnificado ao entrar em contato com o Servi-
ço Social norte-americano.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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20
para a conservação e preservação da ordem esta-
belecida, isto é, do ajuste. 
O Serviço Social absorveu esta orientação 
funcionalista e os assistentes sociais passaram a 
atuar com propostas de trabalho ajustadoras. Os 
profissionais dedicaram-se ao aperfeiçoamento 
dos instrumentos e técnicas de intervenção, bus-
cando padrões de eficiência, sofisticação de mo-
delos de análise, diagnóstico e planejamento. En-
fim, houve uma considerável tecnificação da ação 
profissional, que por sua vez vem acompanhada 
de uma crescente burocratização das atividades 
institucionais (YASBEK, 1999).
Uma visão mais crítica a respeito da questão 
social, neste período, fica impossibilitada princi-
palmente devido aos referenciais teóricos que 
o Serviço Social utilizava para explicar a realida-
de social, ou seja, os fundamentos filosóficos da 
Doutrina Social da Igreja, o Neotomismo – como 
já discutimos –, a predominância do pensamento 
conservador e a perspectiva analítica hegemôni-
ca nas Ciências Sociais, embasada no Positivismo. 
A profissão, neste período, não questionava e 
aceitava, de certo modo, passivamente o signifi-
cado de sua função social atribuído pelo Estado e 
pelo empresariado.
Segundo Brandão (2006), as concepções de 
homem e de sociedade, legitimadas pela tríade 
Neotomismo – Pensamento Conservador – Po-
sitivismo, eliminavam, no âmbito da formação e 
do exercício profissional, a compreensão sobre: a 
desigualdade imposta pela sociedade capitalista, 
associada às condições de exploração do homem 
pelo homem e às relações sociais que sustentam 
o trabalho alienado; o caráter contraditório da 
prática profissional e sua participação no pro-
cesso de reprodução social; e a dimensão ético-
-política da prática profissional, em nome de uma 
neutralidade que, de fato, é afinada com a neces-
sidade de legitimar a suposta face humanitária do 
Estado e do empresariado.
AtençãoAtenção
A profissão, neste período, não questionava e 
aceitava, de certo modo, passivamente o signifi-
cado de sua função social atribuído pelo Estado e 
pelo empresariado.
O Positivismo tem uma participação importante na história da formação da República brasileira; 
a sua influência no Serviço Social foi determinante no processo de teorização da profissão, bem como 
na busca de legitimidade. É com o positivismo que se introduz a sistematização técnica na prática do 
Serviço Social. Dessa forma, é importante entender o positivismo dentro do contexto histórico que de-
batemos anteriormente. 
2.5 Resumo do Capítulo
1. O que é Positivismo?
2. Como podemos refletir sobre a importância do Positivismo no Serviço Social brasileiro?
2.6 Atividades Propostas
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21
A partir da década de 1960, passamos a ter 
a forte influência de outra corrente de pensamen-
to filosófico no Serviço Social brasileiro, o Mate-
rialismo Histórico Dialético. Os assistentes sociais 
neste período passam a fazer uma análise crítica 
da sociedade, a partir das contradições identifica-
das e da percepção da necessidade de mudanças. 
Vale dizer que persiste neste período a postura 
tradicional do Serviço Social numa linha conser-
vadora, porém passam a surgir movimentos que 
defendem a intervenção do Serviço Social numa 
perspectiva crítica e que se somam a outros movi-
mentos, naquele momento, em busca de mudan-
ças estruturais na sociedade brasileira.
Estes profissionais começam a rever suas 
posições e vão rompendo gradativamente com 
a visão tradicional do Serviço Social. Isto leva os 
assistentes sociais a levantar questionamentos, 
tais como: há serviço de quem está sua prática 
profissional? Do poder instituído ou do povo? Es-
tes profissionais buscam firmar um vínculo com 
as classes trabalhadoras e se engajar na luta pela 
organização das mesmas, participando dos mo-
vimentos desencadeados na sociedade brasilei-
ra nesse período. A sociedade já não é mais vista 
como um todo harmônico, mas como uma reali-
dade que carrega contradições e antagonismos 
resultantes das relações de dominação.
O MATERIALISMO HISTÓRICO 
DIALÉTICO3
Esta postura ganha força no Serviço Social 
brasileiro a partir da década de 1970, principal-
mente em algumas escolas de Serviço Social. 
Obviamente, esta não é uma postura unitária na 
profissão e é marcada por vários enfoques a par-
tir de diferentes leituras marxistas. Os assistentes 
sociais entram em contato com teoria marxista, 
principalmente, a partir das leituras de Althusser, 
Gramsci e outros.
Passa a haver na profissão, também, um 
esforço para conhecer mais apropriadamente as 
ideias de Karl Marx. 
AtençãoAtenção
Os assistentes sociais, a partir de meados da dé-
cada de 1960, passam a fazer uma análise crítica 
da sociedade. Esta é a marca da influência do Ma-
terialismo Histórico Dialético no Serviço Social. 
Saiba maisSaiba mais
Louis Althusser (1918-1990) foi um filósofo francês, de 
origem Argelina, autor do livro Ideologias e Aparelhos 
Ideológicos do Estado, onde expõe sua teoria de que há 
uma ligação umbilical entre Estado e aparelhos ideo-
lógicos. Para ele, as instituições se comportam como 
aparelhos ideológicos do Estado, reproduzindo sua 
ideologia.
Saiba maisSaiba mais
Antonio Gramsci (1891-1937) foi um pensador italia-
no, uma das referências essenciais do pensamento de 
esquerda no século XX, cofundador do Partido Comu-
nista Italiano. Suas noções de pedagogia crítica e ins-
trução popular foram teorizadas e praticadas décadas 
mais tarde por Paulo Freire, no Brasil. Gramsci se dispôs 
a estabelecer uma unidade entre a teoria e a prática do 
marxismo, criticou o elitismo dos intelectuais e exer-
ceu profunda influência sobre o pensamento marxista.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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22
O materialismo Histórico Dialético, ou seja, 
a filosofia marxista, foi desenvolvido por Karl 
Marx e Frederich Engels. 
É importante frisar que antes de Marx e En-
gels a doutrina socialista já existia, porém o avan-
ço que estes autores apresentam consiste no fato 
de assegurar aos homens o conhecimento da 
ideia do desenvolvimento através da dialética e 
a interpretação materialista da natureza. Trata-se 
de um avanço com relação ao pensamento filosó-
fico alcançado pela filosofia alemã em fins do sé-
culo XVIII e início do século XIX, com o idealismo 
de Hegel e o materialismo de Ludwig Feuerbach.
A grande contribuição de Hegel foi os ensi-
namentos que deram origem ao desenvolvimen-
to da ideia e da consciência, interpretadas pela 
dialética. Por outro lado, a contribuição de Feuer-
bach consiste na interpretação materialista da na-
tureza em confrontocom o idealismo de Hegel e 
com a religião.
A dialética teve sua origem na Grécia, po-
rém por muito tempo ocupa uma posição secun-
dária e vem ressurgir com força no Renascimento. 
Significa a arte do diálogo, da controvérsia, a evo-
lução do pensamento a partir das contradições. 
Porém este termo não foi utilizado na história da 
filosofia com significado unívoco, recebeu signifi-
cados diferentes, com diversas inter-relações, não 
sendo redutível a um significado comum.
Para Platão, dialética é sinônimo de filoso-
fia, o método mais eficaz de aproximação entre as 
ideias particulares e as ideias universais ou puras. 
É a técnica de perguntar, responder e refutar, que 
ele teria aprendido com Sócrates. Platão conside-
3.1 O que é o Materialismo Histórico Dialético
ra que apenas através do diálogo o filósofo deve 
procurar atingir o verdadeiro conhecimento, par-
tindo do mundo sensível e chegando ao mundo 
das ideias, pois é pela decomposição e investiga-
ção racional de um conceito que se chega a uma 
síntese, que também deve ser examinada, num 
processo infinito de busca da verdade. 
Aristóteles define a dialética como a lógica 
do provável, do processo racional que não pode 
ser demonstrado.
Kant retoma a noção aristotélica quando 
define a dialética como a “lógica da aparência”. 
Para ele, a dialética é uma ilusão, pois se baseia 
em princípios que, na verdade, são subjetivos. 
Hegel apresenta a dialética como um movi-
mento racional que permite transpor uma contra-
dição. Uma tese inicial contradiz-se e é ultrapas-
sada por sua antítese. Essa antítese, que conserva 
elementos da tese, é superada pela síntese, que 
combina elementos das duas primeiras, num pro-
gressivo enriquecimento. A dialética hegeliana 
não é um método, mas um movimento conjunto 
do pensamento e da realidade. Segundo Hegel, 
a história da humanidade cumpre uma trajetória 
dialética marcada por três momentos: tese, antí-
tese e síntese.
Materialismo designa, em geral, toda dou-
trina que atribua causalidade apenas à matéria, 
vem a ser tudo que resulta da evolução da maté-
ria, tendo, portanto, como elemento fundamen-
tal a realidade primária. Este termo foi utilizado 
pela primeira vez por Robert Boyle, em sua obra 
de 1674, porém Feuerbach é considerado o ver-
dadeiro fundador do materialismo ao designar o 
homem como princípio real e fundamental dos 
seres e da teoria. Ele rompe com o idealismo de 
Hegel substituindo a ideia pela matéria, para ele 
a compreensão do pensamento parte do objeto e 
da interpretação da natureza.
AtençãoAtenção
Dialética significa a arte do diálogo, da controvér-
sia, a evolução do pensamento a partir das con-
tradições.
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Marx e Engels partem da dialética idealista 
de Hegel e avançam com relação às ideias mate-
rialistas de Feuerbach. Na verdade, eles colocam 
a dialética com os pés no real, no material. Os ma-
terialistas antes de Marx consideravam apenas a 
influência da natureza sobre o homem e não a 
influência do homem sobre a natureza. Marx in-
verte esta ordem. A filosofia marxista vai além da 
interpretação materialista da natureza e aplica o 
materialismo também à vida social, o que se de-
nomina materialismo histórico, ou seja, o método 
desenvolvido por Marx permite uma interpreta-
ção materialista da história através do método 
dialético. 
Marx e Engels, podemos dizer, reformam o 
conceito hegeliano de dialética, utilizam a mesma 
forma, mas introduzem um novo conteúdo e de-
nominam essa nova dialética de materialista, por-
que o movimento histórico, para eles, é derivado 
das condições materiais da vida. 
A dialética materialista analisa a história 
do ponto de vista dos processos econômicos e 
sociais e a divide em quatro momentos: Antigui-
dade, feudalismo, capitalismo e socialismo. Cada 
um dos três primeiros é superado por uma con-
tradição interna chamada “germe da destruição”. 
A contradição da Antiguidade é a escravidão; do 
feudalismo, os servos; e do capitalismo, o prole-
tariado. O socialismo seria a síntese final, em que 
a história cumpre seu desenvolvimento dialético. 
Para eles, o desaparecimento do capita-
lismo e sua substituição pelo socialismo seriam 
resultado da ação de determinadas “leis do de-
senvolvimento da história” e não da vontade de 
alguns reformadores. 
Analisando a realidade social em que vi-
viam, Marx e Engels perceberam que ela era di-
nâmica e contraditória. Enquanto o avanço técni-
co permitia o domínio crescente do ser humano 
sobre a natureza, gerando o progresso e o enri-
quecimento de alguns, a classe operária era cada 
vez mais explorada, empobrecida e afastada dos 
bens materiais de que necessitava para sua sobre-
vivência. Portanto, era fundamental estudar os fa-
tores materiais (econômicos e técnicos) e a forma 
pela qual os bens eram produzidos, para então 
compreender a sociedade e explicar seu desen-
volvimento.
Pelo trabalho o ser humano transforma a 
natureza, produzindo bens para atender às suas 
necessidades. Nesse processo de produção de 
bens, as pessoas estabelecem relações entre si. As 
relações criadas entre trabalhadores (detentores 
da força de trabalho) e proprietários dos meios de 
produção (terra, matéria-prima, fábricas, máqui-
nas e instrumentos de trabalho) são chamadas de 
relações sociais de produção.
Essas relações de produção correspondem, 
em cada etapa da história, a um determinado es-
tágio de desenvolvimento técnico e econômico, 
ou seja, a determinadas forças produtivas. O con-
junto das relações de produção e das forças pro-
dutivas constitui a base econômica da sociedade, 
ou a infraestrutura. Para Marx, a infraestrutura 
de uma sociedade determina sua superestrutu-
ra, que corresponde à organização do Estado, às 
normas do Direito e à ideologia dominante dessa 
mesma sociedade. 
Na análise marxista, os proprietários dos 
meios de produção, os donos do capital, explo-
ram a maioria operária que é obrigada a vender 
sua força de trabalho em troca de salários. Este 
salário, porém, não corresponde, sendo inferior, 
ao valor produzido pelo operário. Esta diferença, 
chamada mais-valia, é apropriada pelos donos do 
capital e constitui a base da acumulação capitalis-
AtençãoAtenção
Materialismo designa, em geral, toda doutrina 
que atribua causalidade apenas à matéria, vem 
a ser tudo que resulta da evolução da matéria, 
tendo, portanto, como elemento fundamental a 
realidade primária.
AtençãoAtenção
A filosofia marxista vai além da interpretação 
materialista da natureza e aplica o materialismo 
também à vida social.
O método desenvolvido por Marx permite uma 
interpretação materialista da história através do 
método dialético.
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ta. Estes interesses antagônicos de capitalistas e 
proletários geram continuamente a luta de clas-
ses.
Quem foi Marx
Figura 4 – Karl Marx.
Marx foi o terceiro de sete filhos de uma 
família judia, de classe média. Sua mãe era judia 
holandesa e seu pai, advogado e conselheiro de 
Justiça, era descendente de uma família de rabi-
nos que se converteu ao cristianismo luterano de-
vido às restrições impostas à presença de judeus 
no serviço público. 
Dentre suas diversas atividades, Marx sem-
pre demonstrou mais interesse pela história e 
pela filosofia. Quando tinha 24 anos, começou a 
trabalhar como jornalista em Colônia, na Alema-
nha, escrevendo artigos que provocavam grande 
irritação nas autoridades do país. Integrante de 
um grupo de jovens que tinham afinidade com a 
teoria pregada por Hegel, Marx, em sua atividade 
como jornalista, começou a ter mais familiaridade 
com os problemas econômicos.
Após seu casamento com uma amiga de in-
fância, Jenny von Westphalen,foi morar em Paris, 
onde conheceu Friedrich Engels, com o qual man-
teve amizade por toda a vida. Na capital francesa, 
a produção de Marx tomou um grande impulso 
e, nesta época, redigiu Contribuição à crítica da fi-
losofia do direito de Hegel. Depois, escreveu, com 
Engels, A Sagrada Família, Ideologia Alemã – que 
só foi publicado após a sua morte –, e muitas ou-
tras obras. Depois se mudou para Bruxelas, onde 
intensificou os contatos com operários e partici-
pou de organizações clandestinas. 
Em 1848, Marx e Engels publicam o “Mani-
festo do Partido Comunista”, o primeiro esboço 
da teoria revolucionária. Neste trabalho, Marx e 
Engels apresentam os fundamentos de um movi-
mento de luta contra o capitalismo e defendem a 
construção de uma sociedade sem classe e sem 
Estado. No mesmo ano, expulso da Bélgica, volta 
a morar em Colônia, onde lança a “Nova Gazeta 
Renana”, jornal onde escreveu muitos artigos fa-
voráveis aos operários. Expulso da Alemanha, foi 
morar refugiado em Londres, onde viveu na misé-
ria. Foi na capital inglesa que Karl Marx intensifi-
cou os seus estudos de economia e de história e 
passou a escrever artigos para jornais dos Estados 
Unidos sobre política exterior.
Em 1864, foi cofundador da Associação In-
ternacional dos Operários, que mais tarde recebe-
ria o nome de 1ª Internacional. Três anos mais tar-
de, publica o primeiro volume de sua obra-prima, 
O Capital. O segundo e o terceiro volumes do livro 
foram publicados por seu amigo Engels, em 1885 
e 1894.
Karl Marx morreu no dia 14 de março de 
1883, foi então que Engels reuniu toda a docu-
mentação deixada por ele para atualizar “O Capi-
tal”.
Sobre Marx, seu amigo Engels escreve:
Marx era, antes de tudo, um revolucioná-
rio. Sua verdadeira missão na vida era con-
tribuir, de um modo ou de outro, para a 
derrubada da sociedade capitalista e das 
Saiba maisSaiba mais
Karl Heinrich Marx, filósofo, economista, cientista so-
cial, jornalista, militante político, revolucionário socia-
lista, viveu em vários países da Europa no século XIX. 
Nasceu em 5 de maio de 1818, na Alemanha, cursou 
Filosofia, Direito e História nas Universidades de Bonn 
e Berlim.
Faleceu em Londres, Inglaterra, em 14 de março de 
1883.
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instituições estatais por esta suscitadas, 
contribuir para a libertação do proletaria-
do moderno, que ele foi o primeiro a tor-
nar consciente de sua posição e de suas 
necessidades, consciente das condições 
de sua emancipação. A luta era seu ele-
mento. E ele lutou com uma tenacidade e 
um sucesso com quem poucos puderam 
rivalizar. [...] Como conseqüência, Marx foi 
o homem mais odiado e mais caluniado 
de seu tempo. Governos, tanto absolutis-
tas como republicanos, deportaram-no 
de seus territórios. Burgueses, quer con-
servadores ou ultrademocráticos, porfia-
vam entre si ao lançar difamações contra 
ele. Tudo isso ele punha de lado, como 
se fossem teias de aranha, não tomando 
conhecimento, só respondendo quando 
necessidade extrema o compelia a tal. E 
morreu amado, reverenciado e prantea-
do por milhões de colegas trabalhadores 
revolucionários - das minas da Sibéria até 
a Califórnia, de todas as partes da Europa 
e da América - e atrevo-me a dizer que, 
embora, muito embora, possa ter tido 
muitos adversários, não teve nenhum ini-
migo pessoal.
Quem foi Engels
Figura 5 – Friedrich Engels.
Engels foi protetor e principal colaborador 
de Karl Marx, desempenhando papel de destaque 
na elaboração da doutrina comunista, escreveu li-
vros de profunda análise social e soube analisar a 
sociedade de forma muito eficiente. 
A atitude intelectual de Engels diferencia-se 
da de Marx, pois este tem sua análise centrada no 
caráter concreto dos fenômenos que estudava, 
enquanto Engels trabalha com um alto nível de 
abstração, característica esta que se mantém ao 
longo de toda a sua obra.
Engels era o mais velho de nove filhos de 
um rico industrial de Barmen, na Alemanha. Na 
juventude, fica impressionado com a miséria em 
que vivem os trabalhadores das fábricas de sua 
família e, quando estudante, adere a ideias de 
esquerda, o que o leva a aproximar-se de Marx. 
Assume por alguns anos a direção de uma das fá-
bricas do pai em Manchester e suas observações 
nesse período formam a base de uma de suas 
obras principais: A situação das classes trabalha-
doras na Inglaterra, publicada em 1845. 
Muitos de seus trabalhos posteriores são 
em colaboração com Marx, mas escreveu sozi-
nho algumas das obras mais importantes para o 
desenvolvimento do marxismo, dentre as quais 
podemos citar: Ludwig Feuerbach e o fim da filo-
sofia alemã, Do socialismo utópico ao científico e 
A origem da família, da propriedade privada e do 
Estado.
Quem foi Hegel
Figura 6 – Georg Hegel.
Saiba maisSaiba mais
Friedrich Engels, filósofo, considerado o mais notável 
sábio e mestre do proletariado contemporâneo em 
todo o mundo civilizado. Nasceu na Alemanha em 28 
de novembro de 1820 e morreu em Londres, na Ingla-
terra, em 5 de agosto de 1895. 
Foi coautor de diversas obras com Marx e também 
ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últi-
mos volumes de O Capital.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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Hegel é considerado por muitos como o 
principal representante do idealismo do século 
XIX, que teve forte influência no Materialismo His-
tórico Dialético.
 Hegel estudou no seminário de Tübingen, 
de 1788 a 1793, porém não se torna pastor e vai 
trabalhar como tutor particular em Berna por três 
anos, nesse período escreveu alguns trabalhos 
que só seriam publicados depois de sua morte. 
Nesta primeira época interessa-se pela teologia. 
Em 1796, escreve Crítica da Idéia da Religião Positi-
va. Em seguida passa a se interessar intensamente 
pela filosofia e pela política, recebendo influência 
das ideias políticas de Rousseau.
Leciona na Universidade de Jena, de 1801 
a 1806, onde entra em contato com Schelling e 
adota a sua filosofia da natureza. Abandona a Uni-
versidade após a vitória de Napoleão e torna-se 
reitor da escola de latim de Nuremberg. Em 1807, 
publica a Fenomenologia do Espírito e, em 1812, 
a Propedêutica Filosófica, que constituem uma 
introdução à sua doutrina. Em 1816, ocupa uma 
cátedra na Universidade de Heidelberg e publi-
ca, em 1817, um resumo dos seus ensinamentos, 
intitulado Enciclopédia das Ciências Filosóficas em 
Epítome. Em 1818, sucede Fichte como professor 
na Universidade de Berlim, onde permanece até 
sua morte, aos 61 anos de idade, de uma epide-
mia de cólera. 
As principais obras de Hegel são: A Feno-
menologia do Espírito, A Lógica, A Enciclopédia das 
Ciências Filosóficas e A Filosofia do Direito. Sua cul-
tura foi vastíssima, bem como sua capacidade sis-
temática, sendo considerado o Aristóteles e o To-
más de Aquino do pensamento contemporâneo.
Quem foi Feuerbach
Figura 7 – Ludwig Feuerbach.
Feuerbach inicialmente estudou teologia 
em Heidelberg, porém abandona os estudos de 
teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel 
durante dois anos, em Berlim. Tornou-se um fer-
voroso hegeliano, chegando a declarar em uma 
carta a seu pai: “Aprendi com Hegel em quatro 
semanas tudo o que antes não aprendi em dois 
anos”.
Em 1828, passa a estudar ciências naturais 
e, em 1830, quando já lecionava em Erlagen, pu-
blica anonimamente seu primeiro livro, “Pensa-
mentos sobre Morte e Imortalidade”. Nesse tra-
balho ataca a ideia da imortalidade, sustentando 
que, após a morte, as qualidades humanas são 
absorvidas pela natureza, explicitava nesta obra 
Saiba maisSaiba mais
Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo e teólogo ale-
mão, nasceu em Stutgart, em 27 de agosto de 1770 e 
faleceu em Berlim, em 14 de novembro de1831.
Era seguidor de Spinoza, Kant e Rosseau e fascinado 
pela Revolução Francesa.
Saiba maisSaiba mais
Ludwig Andreas Feuerbach, filósofo e moralista ale-
mão. Nasceu em 28 de julho de 1804, na cidade de 
Landshut, na Baviera (atual Alemanha) e faleceu em 
1872, em Nuremberg, na Alemanha.
É reconhecido pela teologia humanista e pela influên-
cia que seu pensamento exerce sobre Marx.
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a hostilidade às ideias religiosas. A polêmica que 
este trabalho gerou fez com que sua carreira aca-
dêmica fosse interrompida, levando-o a mudar-se 
para Burckberg. A partir daí, dedicou-se somente 
aos estudos, vivendo uma vida solitária.
Em 1841, publica o seu trabalho mais im-
portante, A Essência da Cristandade (Das Wesen 
des Christentums), de onde resulta a noção de que 
Deus é meramente uma aparência exterior da 
natureza íntima do homem. Refere, ainda nesta 
obra, que Deus tem uma existência independen-
te da existência humana, mas a crença no divino 
é orientada pela fé e revelada pelos sacramentos. 
Para Feuerbach, no entanto, estes são itens de um 
indesejável materialismo religioso.
Em 1848, retornou para lecionar um curso 
em Heidelberg, a convite de alguns alunos, oca-
sião esta em que produz a obra: Lições sobre a es-
sência da religião, publicada em 1851. Este foi um 
momento raro na vida de Feuerbach, que viveu 
sempre isolado dos demais e na miséria.
Para Feuerbach, o homem é quem cria Deus 
e não o contrário. Segundo o autor, a filosofia pre-
cisa dar conta deste homem como um todo e não 
somente da razão que o compõe. Deve abraçar 
a religião, enquanto fato humano, considerando 
este homem em comunhão com outros homens, 
caminho este através do qual ele pode sentir-se 
livre e infinito. Feuerbach acreditava que somente 
a religião dá conta do homem em sua totalidade 
e sugere que a religião desempenha um impor-
tante papel na vida do homem concreto. Para 
ele, a consciência que o homem tem de Deus é a 
consciência que o homem tem de si.
A postura teórica de Feuerbach diante do 
materialismo mecânico e do idealismo alemão 
apresenta-se de grande valor e influência direta-
mente para Marx, que a partir daí inicia toda uma 
reflexão em torno de seu materialismo. A riqueza 
do materialismo de Feuerbach pode ser apreen-
dida no fato de ser um pensamento que se situa 
no processo de decomposição do “espírito abso-
luto”. Em Feuerbach, o materialismo tem seu fun-
damento no homem, é um materialismo que gira 
em torno do humanismo.
O pensamento filosófico de Marx e Engels 
torna-se conhecido em meados do século XIX, em 
meio à efervescência dos movimentos operários 
pela libertação econômica e política, ou seja, sur-
ge sob a influência da luta dos proletários contra 
a exploração e a opressão. Desse modo, o Ma-
terialismo Histórico Dialético, de Marx e Engels, 
surge como uma nova interpretação do mundo, 
voltado para aos interesses de defesa da classe 
trabalhadora.
O materialismo dialético torna-se, então, 
um método de análise da realidade, de acordo 
com o qual tudo se desenvolve e se transforma. 
Os homens não se limitam a contemplar o mun-
do, mas exercem influência sobre o mesmo e o 
modificam. Procuram a ideia, a consciência na 
própria realidade; ao contrário do idealismo, onde 
a prioridade é a consciência em relação ao ser, ou 
a prioridade do pensamento em relação ao real. 
3.2 O Desenvolvimento do Pensamento Marxista
Também é uma concepção que diverge do pen-
samento filosófico que vê os fenômenos como se 
fossem imutáveis e fossilizados.
A dialética materialista compõe-se de leis 
básicas que conduzem o desenvolvimento do 
mundo objetivo e do pensamento do homem na 
realidade concreta em que vive.
AtençãoAtenção
O materialismo dialético torna-se, então, um mé-
todo de análise da realidade, de acordo com o 
qual tudo se desenvolve e se transforma.
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As três leis básicas da dialética são: a lei da 
unidade e dos contrários, a lei da transição das 
mudanças quantitativas em qualitativas e a lei da 
negação da negação. 
A Lei da Unidade e Luta dos Contrários
O princípio básico desta lei é que os con-
trários estão inseparavelmente ligados e consti-
tuem um único processo contraditório, são inter-
dependentes, isto é, um só existe porque o outro 
existe. O fato, portanto, de estarem ao mesmo 
tempo ligados entre si formando uma unidade e 
repelindo-se mutuamente resulta na luta desses 
contrários. Nesse sentido, o papel principal é de-
sempenhado não pela unidade, mas pela luta dos 
contrários, assim a unidade é relativa, temporária 
e transitória; enquanto a luta é absoluta, como é 
o movimento.
A Lei da Transição das Mudanças 
Quantitativas em Qualitativas
O princípio básico desta lei é que as mudan-
ças quantitativas que podem parecer pequenas e 
imperceptíveis, inicialmente, vão se acumulando 
e atingem uma fase em que se tornam mudanças 
qualitativas. A antiga qualidade dá lugar a uma 
nova qualidade, que na sequência também se 
transforma pelo mesmo movimento e leva a no-
vas mudanças. A mudança quantitativa pode ser 
lenta, mas quando dá o salto para uma nova qua-
3.3 As Leis Básicas da Dialética
lidade é brusca e transformadora, revolucionária. 
Esta transformação não é possível sem o acúmulo 
de pequenas e sucessivas mudanças quantitati-
vas. 
A Lei da Negação da Negação
O princípio básico desta lei é que cada fase 
superior nega ou até mesmo elimina a fase ante-
rior. Implica a passagem de um fenômeno para 
uma nova fase, num processo contínuo de supe-
ração a partir da negação. 
O materialismo dialético, então, apresenta-
-se como um método científico e ao mesmo tem-
po um método de intervenção na realidade social 
com vistas à transformação e, para tal, é regido 
por estas leis. A realidade, portanto, é concebida 
como uma totalidade onde tudo se relaciona e 
tudo se transforma.
AtençãoAtenção
Para a Lei da Unidade e Luta dos Contrários, os 
contrários estão ao mesmo tempo ligados entre 
si formando uma unidade e repelindo-se mutua-
mente.
AtençãoAtenção
Para a Lei da Transição das Mudanças Quantita-
tivas em Qualitativas, as mudanças quantitativas 
que podem parecer pequenas e imperceptíveis, 
inicialmente, vão se acumulando e atingem uma 
fase em que se tornam mudanças qualitativas.
AtençãoAtenção
Para a Lei da Negação da Negação, cada fase su-
perior nega ou até mesmo elimina a fase anterior.
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A presença do materialismo histórico dialé-
tico no Serviço Social se dá a partir do início da 
década de 1960, quando alguns grupos de As-
sistentes Sociais passam a questionar o Serviço 
Social quanto à sua natureza e operacionalidade 
e partem para uma análise crítica da sociedade. 
Estes grupos de profissionais começam a rever 
as posições tradicionais do Serviço Social, ques-
tionando a prática e o posicionamento político 
dos profissionais, tornando explícita a análise da 
dimensão política da prática profissional. Este 
grupo passa a se posicionar na defesa da classe 
trabalhadora, não considerando mais a sociedade 
como um todo harmônico, mas, sim, como uma 
realidade onde estão presentes interesses anta-
gônicos. 
Os acontecimentos da década de 1960 
constituem um campo fértil para a busca de uma 
corrente que se pautasse pela mudança, pela 
transformação, especialmente a crise das ciências 
sociais de origem norte-americana; a renovação 
da Igreja Católica, embalada pela Teologia da Li-
bertação, onde se tem um diálogo entre marxis-
tas e cristãos; o movimento estudantil, o Movi-
mento da Cultura Popular, a contracultura etc. A 
efervescência contestatória

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