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A população em situação de rua e os psicólogos sociais

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RESENHA 
LILYANE PIRES DE MORAIS
A população em situação de rua e os psicólogos sociais
O artigo, Psicologia: Vínculos, Contribuições e Desafios Junto a População em Situação de Rua (Andrea Moura dos Anjos e Marcelo Passini Moreno) publicado em Agosto de 2014, no site: https://psicologado.com/, endereço: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-social/psicologia-vinculos-contribuicoes-e-desafios-junto-a-populacao-em-situacao-de-rua, tem como objetivo analisar o que os psicólogos, as autoridade e a sociedade de modo geral tem feito à população em situação de rua. A metodologia utilizada é a pesquisa de campo e documental, colocando o pesquisador em contato direto com o material em tratamento.
Segundo o Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, Parágrafo único população em situação de rua é definido como – “Grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória”.
A iniciativa de pesquisar esse grupo de pessoas deu-se após o término do projeto “Banho Fraterno”, feito voluntariamente de 2002 a2006, em São Paulo. Este oferecia banho, troca de vestuário e um lanche aos acolhidos. Aproveitando o conhecimento adquirido com o projeto e agregando novas experiências, o contato com a população de situação de rua despertou o interesse do estudo em questão.
De acordo com a pesquisa entre a população de situação de rua estão muitas vezes pessoas que já tiveram empregos, famílias e vida social. Pessoas que nunca conheceram outra realidade senão a rua. Pessoas que se envolveram em alcoolismos e drogas. Estando hoje a margem da sociedade, tendo cada vez mais sua autoestima diminuída. Sendo vitimas de agressões e ofensas, físicas e psicológicas, daqueles que os olham como se fossem uma ameaça. Quem vê passa como se não visse e com certo desprezo pelo simples fato de estarem lá.
Pouco se tem feito em prol dessa população, e as ações públicas (Nacionais, federais e estaduais) ainda são ineficientes para atendê-la. Faltam atendimento nas redes públicas de saúde mental, e a necessidade urgente de inaugurar e executar o acesso e inclusão dessas pessoas às redes públicas de saúde. O trabalho do psicólogo nesse contexto é incluir e tratar esses pacientes.
Em Diadema (São Paulo) observou-se vários meios de expansão da saúde pública, com objetivo de fazê-la mais acessível a todos. Os Agentes Comunitário de Saúde (ACS), prestam importante atendimento e acolhimento a população, procuram dar acesso e incluir essa população na rede de atenção à saúde, só que não depende apenas desses profissionais, mas ainda das Políticas Públicas Nacionais que precisam atuar para a inclusão das pessoas em situação de rua. Depois de levantado os Índices de mortalidade infantil e tuberculose (reduzido em Diadema), Redução das disparidades no atendimento de saúde entre grupos e o melhor investimento da saúde para o acesso a serviços de saúde preventiva para todos os usuários na rede de serviços no sistema de saúde nacional.
Um bom profissional é em primeiro lugar uma pessoa que humaniza a vida. Ao serem bem acolhidos, até os pacientes mais graves se dispõem a se tratar. O estudo com essas pessoas chegou a perguntas profundas. O porquê essas pessoas estão ali? É culpa da sociedade? Como elas chegaram nesse estado de pobreza extrema? O que se tem feito por elas? Perguntas talvez sem resposta, mas à medida que se convive e se estuda sobre a vivência, e a vida dessas pessoas consegue-se entendê-las melhor, e as olhar com melhores olhos, como cidadãs com os mesmos diretos que qualquer outro que possui uma família e uma moradia.
 
Os projetos e as ações analisadas foram: Pastoral do povo de rua, realizado por religiosos, com vinculo de acolhimento com o como intento de alívios físicos e mentais, e tentativa leva-los e volta as suas famílias. O Banho Fraterno, realizado por voluntários, com vinculo de acolhimento, proporcionando o alívio físico. A secretaria municipal de desenvolvimento social, com a equipe Saúde da Família, tem acolhido essas pessoas. Psicólogos têm feito estudos com elas a fim de realizar projetos e ações. Acesso a equidade e intersetorialidade, pelos psicólogos Borysow e Furtado, com escutas psicológicas técnicas, fazendo pesquisa de campo, visando a reabilitação social. O consultório de rua, realizado pelos psicólogos Curvo e Souza, acolhendo e cuidando da população em situação de rua. O manual sobre o cuidado à saúde junto com a população em situação de rua (PSR), pelo psicólogo Lancelotti, convivendo e acolhendo a PSR, utilizando da convivência para produção cientifica, incentivando a PSR a se cuidar. Projeto de pesquisa em fotografia Trecho 2.8, pelo psicólogo Fragoaz e parceiros, oferecendo dinheiro a PSR que o ajudasse, com o objetivo de mostrar a realidade dessas pessoas, evidenciar as desigualdades sociais. Companhia Extra-muros, psicólogos e psicodramatistas despertam a PSR a ampliar horizontes, os incluem em seus teatros espontâneos. O Jornal Trecheiro, com psicólogos diversos que denunciam e buscam estratégias com/para a PSR. Ação Rua - atendimento às crianças e adolescentes em situação de rua, pelo psicólogo Macerata, com politicas de assistência social.
Com esses projetos percebeu-se que o campo de atuação do psicólogo é vasto, e que a vinculação do paciente é totalmente necessária, e faz com que ele melhore sua condição de vida, dando-o um pouco de dignidade, e fazendo com que seus direitos sejam cumpridos. O psicólogo tem função essencial.
Nesse contexto também se encontra desafio como o fato das pessoas em situação de rua muitas vezes não permanecerem e outras vezes nem quererem o tratamento; esses desafios, fazem com que os psicólogos se humanizem mais, pois lidam com pessoas cheias de problemas, abandonadas pela sociedade, que nem família têm, e já perderam a expectativa de uma nova vida, se acomodaram com a rua. Ao lidar com isso os psicólogos tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida, e de valorizá-la mais.
Ainda em pequena quantidade, ações e trabalhos feitos com a população em situação de rua têm gerado resultados positivos, de inclusão social, melhoria de vida e garantia dos direitos do cidadão de saúde. Tem trazido alegria àqueles que já perderam a esperança e a perspectiva de vida. 
Foi feito também uma importante analise da sociedade atual, o que nos faz entender porque muitas pessoas não conseguem sair da rua, e porque elas entram nela. Muitas vezes o ter é mais importante que o ser. O consumismo; O comprar; torna-se o objetivo de vida. Assim há pessoas que ao verem a PSR a menospreza, e o simples fato de vê-la na rua já se torna uma ofensa. Isso nos leva a olhar para nosso lado “humano”, onde fica a nossa “humanidade”, o reconhecimento do nosso semelhante, com relação a esse grupo de pobreza extrema, sem residência fixa e a margem da sociedade? A única coisa que os diferencia do restante da sociedade é o fato de não terem uma vida estruturada como os outros. Os psicólogos, como “estudiosos da alma” podem contribuir para que eles sejam integrados à sociedade novamente ou pelo menos que não sejam vitimas de preconceitos e agressões que, aliás, não têm fundamento algum.
O artigo trouxe muito bem que esse campo, ainda pouco explorado, tem grande espaço para atuação de psicólogos. Mostrando também que essa atuação pode ser feita de varias formas: teatro, jornal, fotografias, escutas psicológicas, acompanhamento, etc.
O artigo, de Andrea Moura dos Anjos e Marcelo Passini Moreno usando a pesquisa documental, abre portas para preparo de projetos e ações, pois mostra o que tem acontecido e como se tem reagido. Abre espaço para uma discussão sobre o que se tem feito à população em situação de rua. Não importa o porquê
essas pessoas estão na rua, mas o que importa é o que faremos com relação a isso. Como agiremos, para mudar essa realidade. A parceria da sociedade, dos psicólogos, dos ministérios públicos pode amenizar essa realidade e trazer grandes mudanças.

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