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SEGREGAÇÃO HIDRAULICA NAS BARRAGENS DE REJEITO DE FLOTAÇÃO DAS MINAS DE MARIANA DA VALE

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Segregação Hidráulica nas Barragens de Rejeito de Flotação das 
Minas de Mariana da VALE 
 
Washington Pirete 
Vale S.A, Belo Horizonte, Brasil (washington.pirete@vale.com) 
 
Mardo B. Mendes 
Vale S.A, Belo Horizonte, Brasil (mardon.mendes@vale.com) 
 
Alessandra Mazon 
Vale S.A, Belo Horizonte, Brasil (alessandra.mazon@vale.com) 
 
Joice G. Milonas 
Vale S.A, Belo Horizonte, Brasil l (joice.milonas@vale.com) 
 
João. P. Silva 
Poli-USP, Belo Horizonte, Brasil (joao.paulo.silva@vale.com) 
 
RESUMO: As expansões das atividades industriais de extração de minério de ferro na região do 
Quadrilátero Ferrífero constitui um cenário crescente de exploração da rocha de itabirito (minério de 
baixo teor). No processo de beneficiamento deste minério é utilizada a flotação reversa, onde o 
quartzo e outros componentes é flotado com auxilio de reagente (rejeito de flotação). Ao longo dos 
anos houve um aumento na recuperação de ferro no rejeito de flotação, e consequentemente uma 
redução das partículas finas de ferro nas praias de rejeitos em barragens com a utilização da técnica 
de aterro hidráulico. Essa técnica se impõe naturalmente pelas suas especificidades e custos e, assim, 
ênfase especial tem sido dada a estudos relativos ao desempenho operacional de estruturas de 
disposição de rejeitos implantadas sob esta concepção. Embora metodologias alternativas tenham 
sido propostas, pressupõe-se que este cenário não será fortemente alterado em curto prazo. Neste 
contexto, este trabalho apresenta a segregação hidráulica nas praias de rejeitos de flotação através da 
análise comparativa entre os rejeitos coletados nas usinas e ao longo da praia de duas barragens 
formadas pela técnica de aterro hidráulico. Os resultados apresentam a variação de parâmetros entre 
os rejeitos coletados nas praias e usinas através dos ensaios de caracterização e permeabilidade para 
o caso das barragens das Minas da Vale localizadas no município de Mariana - MG. 
 
PALAVRAS-CHAVE: rejeito de flotação, segregação hidráulica e aterro hidráulico. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho apresenta a segregação através da 
análise comparativa entre os rejeitos de flotação 
coletados nas usinas das Minas de Alegria e 
Timbopeba (VALE) e ao longo das praias das 
barragens de Campo Grande e Doutor. A 
formação das praias com rejeito de flotação das 
barragens supracitadas através da disposição 
hidráulica apresentam caracteristicas geotécnicas 
distintas dos mesmos rejeitos coletados nas 
usinas. Esta variação ocorre devido à influência 
do processo de segregação, onde as partículas 
maiores estão situadas próximo aos pontos de 
disposição e as particulas finas presentes 
próximas ao lago, levadas pela água. Um 
parâmetro importante nesta análise é a 
permeabilidade, sendo maior próximo dos 
pontos de disposição ao longo da crista da 
barragem e menor ao longo da praia sentido ao 
reservatório. 
 A segregação hidráulica e a permeabilidade 
estão relacionadas com os tamanhos das 
particulas, mas ao mesmo tempo são 
influenciados pela densidade real dos grãos 
(Presotti, 2002). No caso do rejeito de flotação, 
o processo de retirada de particulas finas de 
ferro vem aumentando ao longo dos anos e 
atualmente o teor de ferro presente é de 
aproximadamente 12% da massa total. Esta 
quantidade de ferro é considerada baixa e os 
resultados apontam que este percentual de ferro 
não influencia no zoneamento de permeabilidade 
ao longo da formação da praia de rejeito. 
 Essa concepção de maciços arenosos 
formados através de uma praia com particulas 
maiores próximo aos pontos de disposição 
favorece a utilização do metódo de construção 
de aterro hidráulico, uma vez que a praia ajuda 
no rebatimento da freática e evita a saturação 
dos rejeitos (Pirete, 2010). A melhor forma de 
rebater a superfície freática é ter uma vasta praia 
entre a crista da barragem e o reservatório 
(Gomes, 2009). 
 Neste contexto, este trabalho apresenta a 
variação entre os rejeitos de flotação coletados 
nas usinas e dispostos hidraulicamente nas praias 
das barragens de Campo Grande e Doutor, 
destacando-se a formação de um maciço 
arenoso com caracteristicas fisicas e 
permeabilidades diferentes em função do 
processo de segregação hidráulica. 
 
 
2 ESTUDO DE CASO 
 
O estudo de caso compreende de análises e 
comparações das características geotécnicas 
entre os rejeitos de flotação, coletados nas 
usinas de beneficiamento de Alegria/Timbopeba 
(VALE) e dispostos nas praias das barragens de 
Campo Grande e Doutor, situadas no município 
de Mariana/MG. 
 
2.1 Barragem Campo Grande 
 
A Barragem de Campo Grande tem a finalidade 
de conter o rejeito de flotação da usina de 
Alegria através do método de construção de 
alteamentos por linha de centro com rejeito 
ciclonado. Esta técnica se dá através da 
separação do “underflow" que é disposto e 
espalhado a jusante, compactado com o próprio 
tráfego dos equipamentos, e o "overflow", 
disposto através de espigotes no reservatório 
para formação de praia. A Figura 01 ilustra a 
Barragem de Campo Grande. 
 
 
 
Figura 1 – Barragem Campo Grande. 
 
2.2 Barragem Doutor 
 
A Barragem de Doutor tem a finalidade de 
conter o rejeito de flotação e a lama da usina de 
Timbopeba. Esta prática é conhecida como 
disposição compartilhada, através da construção 
de alteamentos por linha de centro e a lama 
disposta à montante do reservatório. A Figura 
02 ilustra a Barragem de Doutor. 
 
 
 
Figura 2 – Barragem de Doutor. 
 
3 CARACTERISTICAS DOS REJEITOS 
DE FLOTAÇÃO COLETADOS NAS USINAS 
E PRAIAS DAS BARRAGENS 
 
Para avaliação da segregação foram analisados 
os ensaios de caracterização e permeabilidade 
dos rejeitos de flotação coletados nas praias das 
barragens desde 2001 até 2013 e comparados 
com os rejeitos coletados nas usinas de Alegria e 
Timbopeba. Os parâmetros analisados foram a 
% passante na peneira #200, D10 (diametro 
efetivo), areia (% de areia nas amostras) e k 
(permeabilidade à carga variável), todos com 
seus respectivos desvio padrão (σ). 
 A Figura 03 apresenta as curvas 
granulométricas dos rejeitos de flotação das 
usinas. 
 
 
 
Figura 3 – Curvas granulométricas dos rejeitos de 
flotação das usinas de Alegria e Timbopeba. 
 
 Os resultados compilados das 03 amostras 
coletadas nas usinas estão apresentados na 
Tabela 1 através da média e do respectivo 
desvio padrão. 
 
Tabela 1. Média e desvio padrão da % passante #200, 
D10, % de areia e permeabilidade (k) das amostras das 
usinas. 
ID #200 
(%) 
D10 
 (mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
Usinas 61,0 0,021 53 1,88 x10-4 
σ (Dv) 10,0 0,005 11 1,24 x10-4 
Nota: k(cm/s) para grau de compactação entre 90 a 95. 
 
 As curvas granulométricas das amostras dos 
rejeitos coletados na praia da barragem de 
Campo Grande entre 2001 e 2011 estão 
apresentadas nas Figuras 4, 5 e 6. 
 A Figura 04 apresenta 12 ensaios de curvas 
granulométricas das amostras coletadas na praia 
de rejeito no período entre 2001 e 2004. 
 
 
 
Figura 4 – Curvas granulométricas dos rejeitos coletados 
na praia da Barragem Campo Grande entre 2001 e 2004. 
 
 A Figura 05 apresenta 23 ensaios de curvas 
granulométricas de amostras coletadas na praia 
de rejeito no período entre 2005 a 2007. 
 
 
 
Figura 5 – Curvas granulométricas dos rejeitos coletados 
na praia da Barragem Campo Grande entre 2005 e 2007. 
 
 A Figura 06 apresenta 29 ensaios de curvas 
granulométricas de amostras coletadas na praia 
de rejeito no período de 2011. 
 
 
 
Figura 6 – Curvas granulométricas dos rejeitos coletados 
na praia na Barragem Campo Grande no ano de 2011. 
 
 Os resultados compilados das 64 amostras 
coletadas na praia de rejeito da barragem de 
Campo Grande (BCG) entre 2001 e 2011 estão 
apresentados na Tabela 2 através da média e do 
respectivodesvio padrão. 
 
Tabela 2. Média e desvio padrão da % passante #200, 
D10, % de areia e permeabilidade (k) das amostras da 
praia da Barragem Campo Grande entre 2001 e 2011. 
ID #200 
(%) 
D10 
 (mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
BCG 
2001/2011 
36,0 0,036 71 1,57 x10-3 
σ (Dv) 12,0 0,007 10 8,70 x10-4 
Nota: k(cm/s) para grau de compactação entre 90 a 95. 
 
 As curvas granulométricas das 10 amostras 
dos rejeitos coletados na praia da Barragem de 
Doutor (BD) no ano de 2011 estão apresentadas 
na Figura 7. 
 
 
 
Figura 7 – Curvas granulométricas dos rejeitos coletados 
na praia da Barragem Doutor durante o ano de 2011. 
 
 Os resultados compilados das 10 amostras 
coletadas na praia da barragem de Doutor (BD) 
no ano de 2011 estão apresentados na Tabela 3. 
 
Tabela 3. Média e desvio padrão da % passante #200, 
D10, % de areia e permeabilidade das amostras da praia 
da Barragem Doutor em 2011. 
ID #200 
(%) 
D10 
 (mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
BD 2011 39,0 0,035 70 7,18 x10-4 
σ (Dv) 8,0 0,003 6 3,23 x10-4 
Nota: k(cm/s) para grau de compactação entre 90 a 95. 
 
 Outra verificação para análise da segregação 
hidráulica dos rejeitos de flotação foi à avaliação 
das curvas granulométricas, das amostras 
coletadas a cada 20m na praia de rejeito da 
Barragem de Campo Grande, a partir do ponto 
de disposição (crista) sentido ao reservatório. 
 As curvas granulométricas das 20 amostras 
coletadas ao longo da praia de rejeito da 
barragem de Campo Grande estão apresentadas 
na Figura 8. 
 
 
 
Figura 8 – Curvas granulométricas dos rejeitos coletados 
ao longo da praia da Barragem de Campo em 2013. 
 
 Nesta avaliação foi verificado que as 05 
primeiras amostras localizadas até 100m do 
ponto de disposição, tiveram características 
diferentes das amostras posteriores, deste modo 
foram realizadas duas avaliações, sendo a 
primeira, com amostras até 100m e a segunda, 
com as amostras de 120 até 400m. 
 Os resultados compilados das 05 amostras 
coletadas na praia de rejeito da barragem de 
Campo Grande até 100 metros do ponto de 
disposição estão apresentados nas Tabelas 4. 
 
Tabela 4. Média e desvio padrão da % passante #200, 
D10, % de areia e permeabilidade das amostras da 
Barragem Campo Grande no ano de 2013 até 100m da 
crista. 
ID #200 
(%) 
D10 
(mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
BCG 2013 32,0 0,032 74 1,03 x10-3 
σ (Dv) 7,0 0,006 6 3,69 x10-4 
Nota: A permeabilidade foi correlacionada através do 
método indireto proposto por Hazen (1930), apud Das, 
2007. 
 
 Os resultados compilados do restante das 
amostras coletadas na praia de rejeito da 
barragem de Campo Grande entre 120 e 400 
metros do ponto de disposição de rejeito estão 
apresentados na Tabela 5. 
Tabela 5. Média e desvio padrão da % passante #200, 
D10, % de areia e permeabilidade das amostras da 
barragem de Campo Grande em 2013 a partir de 100m 
da crista. 
ID #200 
(%) 
D10 
 (mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
2013 69,0 0,020 40 4,53 x10-4 
σ (Dv) 12,0 0,006 12 2,17 x10-4 
Nota: A permeabilidade foi correlacionada através do 
método indireto proposto por Hazen (1930), apud Das, 
2007. 
 
 Os dados analisados nas Tabelas 4 e 5 
apresentam uma partição maior de material 
granular nas amostras coletadas até 100 metros 
de distância dos pontos de disposição. Já a partir 
de 100 metros, as amostras apresentaram uma 
presença maior de material fino. 
 Os valores de permeabilidade informados nas 
Tabelas 4 e 5 foram estimados através do 
método semi-empírico de Hazen (1930 apud 
Das, 2007), conforme equação abaixo. 
 
10
2cD (cm/s) =k  
c = constante que varia de 1,0 a 1,5. 
D10 = diâmetro efetivo, em mm. 
 
 
4 PARTÍCULAS DE FERRO NOS 
REJEITOS DE FLOTAÇÃO 
 
Outro aspecto importante na análise da 
segregação hidráulica do rejeito de flotação é 
presença de particulas finas de ferro, que ao 
longo dos ultimos 14 anos tiveram uma redução 
considerável em função da evolução tecnológica 
dos processos de tratamento ou beneficiamento 
de minério de ferro. Dentre as etapas de 
beneficiamento, a flotação catiônica reversa de 
quartzo é o método de concentração de minério 
de ferro mais utilizado para a produção de 
“pellet feed”. O quartzo é flotado e os minerais 
de ferro são deprimidos. 
 O histórico de evolução do processo de 
flotação na VALE ocorreu em função das 
demandas e exaustão dos minérios de alto teor 
de ferro. Os projetos, até meados do ano de 
2000, eram concebidos tendo como referência 
as práticas industriais que consideravam 
aproximadamente 25% no teor de ferro no 
rejeito de flotação. Entre 2000 e 2008, o foco 
estava na otimização das operações existentes 
contemplando estudos de dosagem de reagentes 
que foram realizados em escala de laboratório e 
piloto, validados industrialmente com obtenção 
de 12% a 15% no teor de ferro no rejeito de 
flotação. Esse conhecimento (Pena e Marques, 
2011) foi então incorporado aos futuros 
projetos que então passaram a ter como meta 
rejeitos de 12% de ferro. A partir de 2009 
iniciaram estudos de desenvolvimento de nova 
rota de processo conjugando duas operações 
unitárias distintas para reduzir ainda mais o teor 
de ferro: flotação e concentração magnética. 
 Esta melhoria de processo foi identificada 
também nos ensaios de densidades dos sólidos 
das amostras coletadas desde 2001 nas praias de 
rejeitos, conforme apresentado na Figura 09. 
 
 
 
Figura 9 – Densidade dos sólidos dos rejeitos de flotação 
coletados nas praias de rejeitos e usinas piloto. 
 
 Observa-se na Figura 09 uma redução da 
densidade dos sólidos das amostras coletadas 
nas praias de rejeitos das Barragens ao longo 
dos anos, já os testes das usinas pilotos 
apresentam resultados com densidades dos 
sólidos abaixo de 2,9 t/m3 para projetos de 
beneficiamento de itabiritos de baixo teor. Estes 
resultados confirmam a evolução da área de 
processo nos estudos de redução de partículas 
de ferro e os testes piloto apresentam melhora 
para os futuros projetos. 
 
 
5 ANÁLISE DA SEGREGAÇÃO DO 
REJEITO DE FLOTAÇÃO 
 
Neste capítulo serão apresentadas as análises 
comparativas entre os rejeitos coletados nas 
usinas, com os rejeitos coletados nas praias das 
barragens de Campo Grande e Doutor, 
avaliando a ocorrência da segregação hidráulica. 
 A consolidação dos parâmetros das Tabelas 
1, 2, 3, 4 e 5 está apresentada na Tabela 6. 
 
Tabela 6. Consolidação dos parâmetros informados nas 
Tabelas 1, 2, 3, 4, e 5 apresentadas no capítulo 03. 
ID #200 
(%) 
D10 
 
(mm) 
Areia 
(%) 
 k 
(cm/s) 
Usinas 61,0 0,021 53 1,88 x10-4 
BCG 
2001/2011 
36,0 0,036 71 1,57 x10-3 
BD 2011 39,0 0,035 70 7,18 x10-4 
BCG 2013 32,0 0,032 74 1,03 x10-3 
Até 100m 
BCG 2013 69,0 0,020 40 4,53 x10-4 
>100m 
 
 Observa-se na Tabela 6 a variação dos 
rejeitos coletados nas usinas, com os rejeitos 
dispostos nas praias das barragens de Campo 
Grande e Doutor. 
 Para refinar a avaliação da segregação, os 
parâmetros estão apresentados em gráficos de 
forma comparativa entre as amostras de rejeitos 
coletadas nas usinas e as amostras coletadas nas 
praias das barragens. Os gráficos de comparação 
dos parâmetros de porcentagem passante na 
peneira #200, diâmetro equivalente a 10% 
passante (D10 em mm), permeabilidade à carga 
variável (k cm/s), porcentagem em massa 
silte/argila e areias estão apresentados nas 
Figuras 10, 11, 12, 13 e 14. 
 A Figura 10 apresenta as médias de 
porcentagem de finos passante #200 obtidas de 
ensaios em amostras deformadas coletadas nas 
praias ao longo dos anos e nas usinas. 
 
 
 
Figura 10 – Médias do parâmetro % passante #200 das 
amostras coletadas nas usinas e praias das barragens. 
 Na Figura 10 observa-se uma presença maior 
definos passante na peneira #200 nos rejeitos 
das usinas e nas amostras coletadas a partir de 
120m do ponto de disposição, o contrário 
ocorre nas amostras coletadas nas praias de 
rejeitos próximos aos pontos de disposição. 
 A Figura 11 apresenta os resultados médios 
de D10(mm) a partir de amostras coletadas nas 
usinas e nas praias de rejeito ao longo dos anos. 
 
 
 
Figura 11 – Médias do parâmetro D10(mm) das amostras 
coletadas nas usinas e praias das barragens. 
 
 O parâmetro D10(mm) também é um 
parâmetro importante na avaliação da 
segregação, visto que o mesmo é muito 
utilizado nas relações empíricas de materiais 
arenosos e/ou granulares através das curvas 
granulométricas. E no gráfico acima se observa 
que o D10(mm) aumenta nas médias das 
amostras coletadas nas praias de rejeitos em 
relação aos D10(mm) das amostras das usinas. 
 A Figura 12 apresenta os resultados de 
ensaios de permeabilidade à carga variável, 
obtidos a partir de amostras coletadas nas usinas 
e nas praias de rejeito ao longo dos anos. 
 
 
 
Figura 12 – Médias de permeabilidade k (cm/s) das 
amostras coletadas nas usinas e praias das barragens. 
 
 Nas amostras coletadas nas praias das 
barragens as permeabilidades ficaram acima da 
faixa de 10-3(cm/s) e nas amostras dos rejeitos 
coletados nas usinas as permeabilidades ficaram 
entre 10-4(cm/s) e 10-5(cm/s). Outra análise 
importante identificada foi um zoneamento de 
permeabilidade ao longo da praia, encontrando 
permeabilidades acima de 10-3(cm/s) até 100 
metros dos pontos de disposição e 10-4(cm/s) a 
10-5 (cm/s) a partir de 100 metros da crista. 
 A Figura 13 apresenta as frações médias de 
finos (silte e argila) obtidas a partir de amostras 
coletadas nas usinas e nas praias de rejeito. 
 
 
 
Figura 13 – Médias do parâmetro de fração de finos 
(silte e argila) das amostras coletadas nas usinas e praias 
das barragens. 
 
 A Figura 14 apresenta as frações médias das 
areias (média e fina) obtidas a partir de amostras 
coletadas nas usinas e nas praias de rejeito. 
 
 
 
Figura 14 – Médias do parâmetro de fração das areias 
(média e fina) das amostras coletadas nas usinas e praias 
das barragens. 
 
 A avaliação da fração de finos (silte e argila) 
e das areias reforça a ocorrencia do processo de 
segragação hidráulica ao longo da disposição 
dos rejeitos de flotação. O gráfico de avaliação 
dos finos (Figura 13) apresenta uma quantidade 
maior de finos (silte e argila) presente nos 
rejeitos de flotação da usina e menor quantidade 
nas amostras coletadas nas praias das barragens. 
Já o gráfico da fração das areias este mesmo 
processo ocorre com uma alta quantidade de 
areia nos rejeitos coletados nas praias das 
barragens e baixa quantidade nas amostras 
coletadas nas usinas. 
 As avaliações realizadas nos rejeitos de 
flotação coletados nas usinas, comparadas com 
as avaliações realizadas nos rejeitos coletados 
nas praias das barragens apresentaram 
resultados que reforçam a ocorrência do 
processo de segregação. Esta segregação vem 
ocorrendo na praia ao longo das trajetórias de 
fluxo de disposição locados na crista sentido ao 
reservatório. O processo de segregação vem ao 
longo dos anos formando um maciço com 
características diferentes, sendo mais evidente 
no trecho até 100m de comprimento dos pontos 
de disposição. Neste trecho, os parâmetros 
apresentam caracteríticas geotécnicas melhores, 
do que os rejeitos coletados nas usinas e 
coletados a partir de 100m da crista, tendo uma 
presença menor de finos passante #200, um 
aumento do D10 e uma permeabilidade maior, 
favorecendo a formação de um maciço arenoso 
com baixo grau de saturação. Estes ganhos 
implicam numa baixa ou nenhuma geração de 
poropressão e consequentemente uma melhora 
na resistência ao cisalhamento do maciço. 
 
 
6 CONCLUSÕES 
 
Este trabalho verificou a segregação hidráulica 
do rejeito de flotação coletado nas usinas das 
Minas de Alegria e Timbopeba com os rejeitos 
de flotação dispostos nas praias das Barragens 
de Campo Grande e Doutor. 
 O principal objetivo do estudo foi verificar o 
banco de dados de ensaios de laboratório das 
amostras coletadas nas praias de rejeitos desde o 
ano de 2001 até 2013 e verificar se no processo 
de escoamento ao longo da praia a segregação 
hidráulica estaria ocorrendo, onde em princípio 
as particulas maiores ocupam as regiões mais 
próximas dos pontos de disposição e as 
particulas mais finas ocupam a região próxima 
do reservatório (Vick, 1983), deste modo, 
favorecendo as condições de segurança de 
barragem construída com a técnica de aterro 
hidráulico. 
 As análises realizadas neste estudo 
permitiram o estabelecimento das seguintes 
conclusões: 
 As avaliações dos principais parâmetros 
mostraram que está havendo a segregação 
hidráulica dos rejeitos de flotação coletados 
nas praias próximo da crista, comparados 
com os rejeitos coletados nas usinas; 
 Outro parâmetro importante analisado foi à 
redução da presença de particulas finas de 
ferro no rejeito de flotação. Esta redução 
reforça a ocorrência do processo de 
segregação em função da baixa influência de 
finos de ferro no rejeito (silica). 
 Com a melhoria no processo de recuperação 
de ferro e com adequada operação do plano 
de disposição de rejeito foi confirmado 
através dos resultados à ocorrência do 
processo de segregação hidráulica nas praias 
de rejeitos. 
 Observou-se também, que nas barragens está 
sendo formados dois tipos de depósitos de 
rejeitos, o primeiro está situado até 100m da 
crista e o segundo, acima de 100m. Este 
último possuem características semelhantes 
ao rejeito coletado na usina; 
 O rejeito formado na praia das barragens em 
estudo até 100m da crista, possuem 
características de permeabilidade (K) acima 
de 10-3cm/s, diâmetro efetivo D10 acima de 
0,03mm e porcentagem de finos passante na 
peneira #200 abaixo de 40%. Os resultados 
reforçam a ocorrência do processo de 
segregação nos rejeitos de flotação. 
 O processo de segregação hidráulica no 
rejeito de flotação nas estruturas construídas 
com a técnica de aterro hidráulico auxilia no 
rebatimento da linha de saturação e na 
densificação do rejeito próximo da crista do 
maciço. A formação de um maciço com 
estas caracteristicas reforçam as condições 
de ganho de resistência e permeabilidade; 
 Esta análise confirma que as barragens em 
operação com a disposição de rejeitos 
granulares (flotação) estão formando 
maciços arenosos, com baixo grau de 
saturação e baixa ou nenhuma geração de 
poropressão. 
 Importante ressaltar que um maciço arenoso 
com baixo grau de saturação também auxilia 
na redução do risco do potencial de 
liquefação estática. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Os autores gostariam de agradecer a Vale pela 
disponibilidade das informações para realizar o 
estudo e pela liberação do uso e divulgação dos 
resultados. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
DAS, B.M. (2007). Fundamentos de engenharia 
geotécnica, tradução All Tasks; revisão técnica Pérsio 
Leister de Almeida Barros. Thomson Learning. São 
Paulo, 559p. 
GOMES, R.C. (2009). Caracterização Tecnológica e 
Sistemas de Disposição de Resíduos de Mineração. 
NUGEO - Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas, 
Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, 220p. 
PENA, I e MARQUES, M., (2011). Redução do Teor de 
Ferro no rejeito da Etapa de Concentração do Pellet 
Feed, 12° Simpósio de de Minério de Ferro ABM. 
PIRETE, W. (2010). Estudo do Potencial de liquefação 
estática de uma barragem de rejeito alteada para 
montante aplicando a metodologia de Olson (2001). 
Dissertação (Mestrado), Escola de Minas, 
Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, 20p. 
PRESOTTI, E.S. (2002). Influência do teor de ferro nos 
parâmetros de resistência de um rejeito de minério de 
ferro. Dissertação (Mestrado).Escola de Minas, 
Universidade Federal de Ouro Preto, 153 p. 
VICK, S.G., (1983) – Planning, Design, and Analysis of 
Tailings Dams, Wiley Interscience , New York.

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