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1 Aplicabilidade da Cinza de Caldeira a Coque em Camadas de Pavimentos Virlene Leite Silveira Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, Brasil, virlene_cea@hotmail.com Claudeny Simone Alves Santana Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, Brasil, cl_deny@yahoo.com.br Antônio Carlos Rodriguês Guimarães Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, Brasil, guimaraes@ime.eb.br RESUMO: A cinza de caldeira a coque é um “rejeito” oriundo do processo de geração de vapor em caldeira da indústria de metalurgia de níquel. As cinzas encontram-se no grupo de rejeitos industriais gerados em grande volume e muitas vezes são descartadas inadequadamente, por apresentar demanda de custos relativos à sua estocagem e destinação final. Neste contexto, o principal esforço de gestão ambiental neste cenário é analisar potencialidades de uso deste subproduto em outros processos industriais. Este estudo apresenta a caracterização da cinza de caldeira a coque, tendo como objetivo avaliar sua aplicabilidade em camadas de pavimentos rodoviários, especificamente nas camadas de base e sub-base, através da mistura desta cinza com solo típico da sua região de origem. Dentre os ensaios realizados destacam-se ensaios de caracterização física (granulometria, limites de Atterberg, análise da estrutura superficial pelo Microscópio Eletrônico de Varredura), química (Espectroscopia de Energia Dispersiva), mecânica (Ensaio de resistência à compressão simples). Os ensaios foram realizados em misturas de solo- cinza com teores de 0%, 10% e 20% de cinza, em tempos de cura de 24 horas, 7 e 28 dias, de forma a tornar os resultados mais representativos. Com os resultados encontrados, notou-se que a cinza de caldeira a coque não atuou de forma cimentante em solos, no entanto, como recomendações para trabalhos futuros tem-se a da atuação da cinza análise juntamente com a cal para sua possivel utilização na estabilização de camadas de pavimentos. PALAVRAS-CHAVE: Cinza de Caldeira a Coque, Material Alternativo, Pavimentação 1 INTRODUÇÃO Os resíduos industriais representam um grave problema sócio-ambiental no cenário atual e são apontados como um desafio pelas empresas e indústrias geradoras se tratando do devido descarte e destinação final. Dessa maneira, tem crescido cada vez mais estudos direcionados ao aproveitamento dos diversos tipos de resíduos, que constitui uma alternativa além de ambiental como também econômica. Se tratando de cinzas, as pesquisas direcionadas ao seu aproveitamento tornaram possível seu emprego na construção civil e, sobretudo, da cinza leve na fabricação do cimento Portland pozolânico. Evitando o problema gerado pelo seu descarte, relacionado com a poeira silicosa, resultante da ação do vento sobre a superfície das bacias de deposição, que atinge a população residente próximo às instalações, além do fato que o resíduo fica sujeito a processos de lixiviação de metais pesados, podendo contaminar o lençol freático e o solo da região (LEANDRO & FABBRI, 2009). Além da questão ambiental, há ainda a questão econômica, uma vez que, a demanda por materiais de infraestrutura viária é cada vez maior, e se restringe muitas vezes às jazidas de materiais primários como brita, solo, areia, etc. 2 Sendo assim, pode-se dizer que a oferta de materiais de infraestrutura, gera modificações nas avaliações de viabilidade econômica de materiais ditos “alternativos”. O objetivo principal desse trabalho foi investigar os efeitos da cinza leve proveniente de uma Metalúrgica de Níquel, denominada cinza de caldeira a coque, localizada no município de Niquelândia no Estado de Goías, quando incorporada a solos, através de ensaios laboratoriais, visando o aproveitamento deste resíduo na construção de bases e sub-bases de pavimentos. Para tal foram realizados ensaios de caracterização da cinza de caldeira a coque e do solo proveniente da região de origem da cinza e ensaios mecânicos por meio do ensaio de compressão simples em misturas de solo-cinza em diferentes teores de cinza em diferentes tempos de cura, de modo a avaliar a ocorrência de reações pozolânicas ao longo do tempo. 1.1 Cinza leve ou cinza volante A cinza leve ou cinza volante (fly ash) é constituída de partículas extremamente finas (100% menor que 0,15mm), leves e que são arrastadas pelos gases de combustão de fornalhas ou gases gerados em gaseificadores industriais. Apresentam-se em pequena quantidade, como esferas ocas, denominadas cenosferas, quando estão vazias e plerosferas, quando preenchidas com muitas esferas pequenas. Grande parcela dessas partículas é retida por sistema de captação – filtros de tecido, ciclones, precipitadores eletrostáticos, etc (ROHDE et al., 2006; CESAR, 2011). A cinza volante é um subproduto industrial de combustão de carvão que é gerado em grandes quantidades por ano. Possui características de cimentação que podem ser utilizadas para a estabilização do solo, sem ativadores para melhorar suas propriedades mecânicas, aplicações em subleito, usadas para estabilizar um solo macio para se ter uma plataforma de trabalho estável favorável para construção de rodovias (BIN-SHAFIQUE, 2005) Para Pereira (2012), a cinza volante é classificada como um material pozolânico e cimentíceo, ou seja, material com presença de silicatos e aluminatos, que sozinhos não possuem grande poder cimentício, mas quando na forma de pó junto com água, reagem com o hidróxido de cálcio, assim formando compostos com propriedades cimentíceas, assim como as cinzas vulcânicas ácidas em estado natural ou calcinadas, argilas calcinadas, e subprodutos contendo sílica ativa, sílica reagente. Segundo Rohde et al. (2006) os elementos responsáveis pela atividade pozolânica nas cinzas volantes são: SiO2, Al2O3, Fe2O3, CaO, MgO, SO3, Na2O e K2O entretanto o grau de reação é ainda dependente de outras variáveis como a distribuição do tamanho das partículas e mineralogia dos solos. 1.2 Ensaio de compressão simples (NBR12025) O ensaio de compressão simples determina a resistência à compressão sem confinamento lateral, que é o valor da pressão correspondente à carga que rompe um cilindro de amostra submetido à um carregamento axial. A resistência à compressão é o valor da carga máxima de ruptura do material ou o valor da pressão correspondente à carga na qual ocorre deformação específica do cilindro de 20%, naqueles casos em que a curva tensão x deformação axial não apresenta pico. O ensaio foi realizado por meio do uso da prensa universal servo-hidráulica da marca CONTENCO com capacidade de 1000 kN, como mostra a Figura 1a. 1.3 Ensaio não-destrutivo: Método do Ultrassom O método do ultrassom é um ensaio não- destrutivo e consiste na medição, por meio de aparelho ultrassônico dotado de transdutores emissor e receptor, do tempo de propagação de ondas ultrassônicas através do corpo de prova de solo. Permite avaliar a homogeneidade e a compacidade do concreto, com a detecção de ninhos de solo, porosidade e profundidade de fissuras. O aparelho ultrassônico fornece o tempo de propagação das ondas ultrassônicas entre esses transdutores. Conhecendo-se a distância entre 3 os transdutores, pode-se calcular a velocidade de propagação das ondas ultrassônicas do corpo de prova. Quanto mais compactada for a amostra, maior será a velocidade de propagaçãodestas ondas. A Figura 1b mostra o aparelho utilizado: TICO Ultrasonic Testing Instrument da marca Proceq, modelo 325 40 006, com dois transdutores de 54 kHZ. Possui frequência de propagação da onda entre 24KHz e 500KHz é dotado de circuito gerador-receptor, transdutor- emissor e transdutor-receptor, circuito medidor de tempo, cabos coaxiais e barra de referência para aferição do equipamento. Figura 1: Prensa de compressão axial (a) e Aparelho Ultrassom (b). 2 MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho realizado foi conduzido no Laboratório de Mecânica dos Solos e Laboratório de Concreto e Estruturas do Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro- RJ. A cinza de caldeira a coque, utilizada no presente estudo, foi enviada e cedida para a pesquisa acadêmica pela empresa Votorantim Metais, com sede localizada no município de Niquelândia-GO. Quanto ao solo do estudo, optou-se por um solo de jazida típico da região, de geração das cinzas, coletado também nas imediações do município de Niquelândia, de modo a viabilizar a utilização da mistura solo- cinza, a fim de garantir viabilidade técnica e econômica às obras de execução de camadas de pavimentos daquela região (FIGURA 2). Figura 2. Solo da região de Niquelândia-GO e cinza produzida pela empresa Votorantim. Inicialmente foi realizada a caracterização química e microestrutural da cinza, através de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) utilizando 3 diferentes pontos de uma mesma amostra para tornar os resultados representativos. Para caracterização do solo, foram também realizados ensaios do solo de análise granulométrica por sedimentação (DNER-ME 051/94), Densidade Real (DNER-ME 084-94), Limites de Liquidez (DNER-ME122-94) e Limites de Plasticidade (DNER-ME 082/63), Compactação utilizando amostras trabalhadas e MCT expedito proposto por Nogami e Villibor (1981). Quanto à realização dos ensaios de compressão simples e não-destrutivos, foram moldados três corpos-de-prova para cada uma das misturas de solo-cinza, visto que, foram moldados corpos de prova em teores de 0, 10 e 20% de cinza. E também para cada um dos três períodos de cura, sendo 24 horas, 7 dias e 28 dias dispostos ao ar livre e protegidos da ação da chuva e vento. Os corpos-de-prova foram moldados no teor ótimo de umidade, com 10cm de diâmetro e 20cm de altura e seguiram a norma NBR 12025 - Ensaios de Compressão Simples de Corpos de Prova Cilíndricos e NBR 12770 - Determinação da resistência à compressão não confinada. Para o ensaio de ultrassom, os valores médios de velocidade das ondas ultrassônicas foram obtidos aplicando-se o método direto, segundo a ABNT NBR 8802 (1994), pois a energia máxima do pulso na transmissão direta é totalmente transmitida e recebida pelos (a) )) (b) )) 4 transdutores. Os transdutores foram posicionados sobre a superfície limpa e lisa dos topos inferior e superior do espécime cilíndrico, que foi deitado em uma superfície horizontal. Uma fina camada de acoplante (vaselina) foi aplicada nas faces dos transdutores e nas superfícies dos corpos de prova. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Caracterização da cinza volante A caracterização microestrutural da cinza de caldeira a coque, utilizada no presente estudo, realizada pelo MEV, é apresentada na Figura 3a e 3b. Figura 3: Imagem de alta resolução do cinza com aumento de 400x (a) e 300x (b) Conforme a figura 3 apresentada, foi possível observar que a cinza possui pequena granulometria e estrutura porosa, o que induz seu uso como material fino em camadas de pavimentos. A cinza ensaiada na figura 3, considerada uma amostra representativa do material, serviu também para a realização da caracterização química por meio do EDS e seus resultados estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Composição química da cinza volante por meio do EDS. Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Composição % Composição % Composição % MgO 2,86 MgO 3,11 MgO 0,6 Al2O3 3,84 Al2O3 1,89 Al2O3 3,92 SiO2 9,38 SiO2 3,60 SiO2 1,82 SO3 16,2 SO3 17,6 SO3 12,7 K2O 0,24 K2O 0,40 K2O 0,47 CaO 56,6 CaO 71,1 CaO 79,6 V 6,84 V 0,49 V 0,48 FeO 2,12 FeO 1,58 FeO 0,31 NiO 1,8 NiO - NiO - Cu - Cu 0,21 Cu - Segundo Rohde et al. (2006) os elementos responsáveis pela atividade pozolânica nas cinzas volantes são: SiO2, Al2O3, Fe2O3, CaO, MgO, SO3, Na2O e K2O. Ainda, segundo Nardi (1975), o óxido de cálcio (CaO) geralmente produz melhores resistências no solo estabilizado Os principais componentes da cinza tal como listado na Tabela 3 são: como SO3 e CaO, com porcentagens médias de 15,54% e 69,13%, corroborando com a viabilidade da utilização da cinza de caldeira a coque em pavimentação. Os elementos apresentados pela tabela são esperados em cinzas provenientes do beneficiamento de níquel. É importante ressaltar a ausência de contaminantes em sua composição, acentuando ainda mais o seu possível uso em camadas da pavimentação. 3.2 Caracterização do Solo Os ensaios para determinação dos limites de Atterberg foram feitos calculando os limites de liquidez - LL por meio do aparelho Casagrande e de plasticidade – LP, coma auxílio de placa de vidro esmerilhada. O índice de plasticidade é definido pela diferença entre os dois limites: IP = LL – LP (1) IP: Índice de Plasticidade LL: Limite de Liquidez LP: Limite de Plasticidade Este índice determina o caráter de plasticidade de um solo, assim, quando maior o “IP”, tanto mais plástico será o solo. O solo em estudo apresentou caráter não plastico. O índice de plasticidade em pavimentação primária é de fundamental importância, pois o solo deve apresentar um índice de plasticidade médio. Se for baixo demais o solo não apresentará uma boa coesão, se for alto demais ocasionará muita dificuldade ao processo de compactação. Se tratando de Base, Sub-base, objeto desta pesquisa, esta característica é menos relevante, pois o objetivo é de se alcançar um grau de compactação acima do que 5 se poderia esperar utilizando-se apenas água e a análise dos Limites implicará apenas à necessidade ou não de adição e, de que tipos de agregados, para correção desta característica. Para o solo em estudo os valores encontram na Tabela 2 abaixo: Tabela 2. Valores dos Limites de Atteberg Limites de Atterberg Valores encontrados Limite de Liquidez 37,9% Limite de Plasticidade 18,4% Índice de Plasticidade 19,5% Apesar do solo não apresentar o padrão de trincamento esperado em solos tropicais, foi observado que após ensaio de penetração o solo apresentou algumas trincas e as seguintes características: contração alta, consistência dura e sem inchamento. A classificação do solo, em gráfico proposto por Nogami, onde é relacionado o valor contração diametral pela penetração executada com agulha padrão foi de um solo tipo LG’(laterítico argiloso) e é apresentada pela Figura 4. Figura 4: Gráfico de classificação do solo pelo método do MCT expedito. O ensaio de granulometria por sedimentação, como mostra a Figura 5, evidenciou uma alta presença de finos, com 94,85% do material passante na peneira de nº 40, mais uma característica exigida para o solo ser classificado como um solo finolaterítico argiloso. O valor de densidade real ficou em torno de 2,61 realizado pelo método do picnômetro, executando-se dois ensaios e obtendo uma média com aproximação de ±0,02. Figura 5: Gráfico do ensaio de granulometria por sedimentação com uso de defloculante. 3.3 Ensaio de resistência à compressão simples Os corpos de provas foram moldados, após compactação com energia Proctor Intermediária e seu valor de densidade máxima e umidade ótima foram respectivamente 1,105 g/cm 3 e 19,9%. Conhecido o teor ótimo, mais 9 corpos de prova foram moldados em conjunto de 3 unidades para cada teor de cinza adicionado e estudados nos tempos de cura de 24 horas, 7 dias e 28 dias. Figura 6: Exemplo da disposição dos corpos de prova moldados com adição de 10% de cinza de caldeira a coque. Analisando os corpos de prova com 0% de cinza, observa-se que com o aumento do tempo de cura, esses corpos de prova tiveram até certo período de cura sua resistência a compressão simples aumentada, porém aos 28 dias o corpo de prova teve um pequeno decréscimo na sua resistência, onde a sucção dos vazios do solo compactado pode ter exercido certa influência e 6 também, pelo fato da prensa ter seu valor de precisão muito elevado, não detectando, pois, valores menores. O gráfico da Figura 5 abaixo mostra o comportamento apresentado pelos corpos de prova estudados. Figura 7: Grafico Carga x Tempo, dos corpos de prova com 0% de cinza em tempos de cura de 24 horas, 7 e 28 dias Os corpos de prova contendo somente solo apresentaram carga máxima de ruptura de 2,4; 3,13 e 3,1kgf nos tempos de cura pré- estabelecidos. Como os dois últimos valores de carga de ruptura foram praticamente iguais, levando-se em consideração a precisão de prensa, observa-se que houve uma estabilização de ruptura do conjunto cinza-solo. Partindo para os corpos de prova com 10%, de cinza, de acordo com a Figura 6, estes apresentaram uma diminuição das resistências à compressão simples de forma significativa nos tempos entre 7 e 28 dias, mostrando que neste caso a cinza não desencadeou nenhuma de reação benéfica à compressão. Figura 8: Grafico Carga x Tempo, dos corpos de prova com 10% de cinza em tempos de cura de 24 horas, 7 e 28 dias. Após 24 horas o corpo de prova apresentou resistência de 4,2 Kgf, no sétimo dia de cura o corpo de prova atingiu 4,3 kgf e caiu acentuadamente para 2,6 Kgf aos de 28 dias. Na Figura 7 abaixo, os corpos de prova moldados utilizando 20% de cinza de caldeira a coque apresentaram um pequeno acréscimo na sua carga de ruptura em todos os tempos de cura analisados. Visto que estes corpos de prova apresentaram 2,7; 3,03 e 3,72 Kgf para os tempos de cura de 24 horas, 7 dias e 28 dias respectivamente. Figura 9: Grafico Carga x Tempo, dos corpos de prova com 20% de cinza em tempos de cura de 24 horas, 7 e 28 dias Da análise dos resultados obtidos, pode-se observar que os corpos-de prova com 10% de adição de cinza não desencadearam influência significativa sobre o valor da resistência à compressão simples. Enquanto os corpos-de- com 20% da cinza houve acréscimo na carga de ruptura durante todos os estágios (24h, 7 e 24 dias), levando o estudo para uma análise mais profunda aumentando o teor de cinza de caldeira a coque. No entanto é notório que embora tenha havido acréscimo da resistência a compressão simples nos corpos de prova de 20%, este aumento no tempo de cura entre 24 horas e 7 dias, foi inferior que o aumento ocorrido em corpos de prova sem adição de cinza. De forma geral, a variação da resistência à compressão simples com o aumento do teor de cinza de caldeira a coque nas misturas solo- cinza ao longo dos períodos de cura, ocorreu em níveis muito menores que o esperado, ou seja, não foram observadas reações pozolânicas significativas que proporcionassem o aumento da resistência à compressão simples ao longo do tempo. Porém cabe ressaltar que o acondicionamento dos corpos de prova para o 7 tempo de cura pode não ter sido apropriado, uma vez que este não seguiu às preestabelecidas – NBR 12025 (Ensaios de Compressão Simples de Corpos de Prova Cilíndricos) – estas que salientam a necessidade dos corpos-de-prova serem colocados em câmara úmida ou equivalente, e lá mantidos pelo período de tempo especificado para a cura antes do ensaio. Fato este que pode ter possibilitado a perda de umidade e dificultado as reações químicas fundadas na hidratação. 3.4 Ensaio de Ultrassom Em se tratando do ensaio de ultrassom, os corpos de prova foram ensaiados, logo antes do ensaio de resistência a compressão. Os valores encontrados, com referência a valores médios para qualidade do concreto em função da velocidade ultrassônica (WHITEHRST, 1955 apud PRADO, 2006), que gira em torno de 3,0km/s e 4,5km/s foram em torno de 1,2km/s a 1,67km/s, como se trata de solo e sem referência literária para solos, presume-se um resultado coerente para o tipo de mistura feita. A Figura 10 mostra o gráfico relacionando dias de cura com as porcentagens de cinza de caldeira a coque adicionado em cada mistura. Figura 10: Grafico Velocidade Ultrassônica x dias de cura. Vale ressaltar, analisando o gráfico acima que para 20% de adição de cinza, a mesma contribuiu para uma melhor compactação do corpo de prova, ou seja, houve uma melhor relação de densificação do solo com a cinza de caldeira a coque, muito mais efetiva do que nos corpos de prova com adição de 10%. 4 CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, concluiu- se uma inconsistência nos valores de resistência à compressão simples, provavelmente justificado pelo acondicionamento inadequado dos corpos-de- prova. Fato que dificultou as reações de hidratação e atuação aglutinante da cinza de caldeira a coque. Visto que a cinza estudada apresenta em sua composição elementos responsáveis pela atividade pozolânica como SO3 e CaO, em porcentagens médias de 15,54% e 69,13% respectivamente. É importante ressaltar que mesmo sem mater os corpos de prova em camêra umida, houve acrescimo nas resistencias à compressão simples nas misturas com 20% de adição de cinza, evidenciando a necessidade de estudos mais profundos para confirmação desse teor, sem adição de mais um material aglutimante ou se possível, aumentar este teor de cinza e verificar suas propriedades de resistência, como feito nos demais. Para os dados de ultrassom, verificou-se uma melhora de densificação da amostra, com o incremento crescente de cinza de caldeira a coque, que pode ser melhor explorada em estudos posteriores. Contudo conforme disposto na literatura, há de se estudar a adição de cal a essas misturas, pois este pode proporcionar reações importantes que se refletiriam no melhoramento do comportamento mecânico, indicando o potencial da cinza para fins rodoviários Portanto o presente estudo é base para procedimentos futuros a fim de se determinar a melhoria da qualidade de misturas solo-cinza a serem empregados em obras de pavimentação como base e sub-base. Por isso o estudo é de extrema importância no que se refere à destinação de um resíduo sólido, uma vez que a cinza volante pode se tornar um passivo ambiental demandando grandes áreas e/ou custos com tratamento para disposição final. 8 REFERÊNCIASAssociação Brasileira de Normas Técnicas. Solo cimento. Ensaios de Compressão Simples de Corpos de Prova Cilíndricos. – ABNT 1986- NBR 12025. Associação Brasileira de Normas Técnicas Solo coesivo. Determinação da resistência à compressão não confinada. ABNT 1992 – NBR 12770. CESAR, Daiana de Souza. Características de durabilidade de concretos com cinza volante e cinza de casca de arroz com e sem beneficiamento. 2011. 143 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Santa Maria – RS. 2011. LEANDRO, Rodrigo Pires., FABBRI, Glauco Tulio Pessa. Aproveitamento da cinza pesada de carvão mineral da construção de bases e sub-bases de pavimentos flexíveis. In: Panorama Nacional da Pesquisa em Transportes 2009, Vitória - ES. Anais do Panorama Nacional da Pesquisa em Transportes 2009, v. 1. p. 1-12. NARDI, José Vidal. Estabilização de areia com cinza volante e cal; efeito do cimento como aditivo e de brita na mistura. 179 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, 1975. NETTO, Rafael Mantuano. Materiais Pozolânicos. 2006. 148 f. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil da Escola de Engenharia da UFMG. PEREIRA, Kiev Luiz de Araújo. Estabilização de um solo com cimento e cinza de lodo para uso em pavimentos. 125 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRGN, 2012. ROHDE, Geraldo. Mário.; ZWONOK, Oleg.; CHIES, Fradique.; SILVA, Neli. Ilone.W. Cinzas de carvão fóssil no Brasil – Aspectos técnicos e ambientais. vol.1 Porto Alegre: CIENTEC, 2006. SAZZAD, Bin-Shafique. TUNCER, B. Edil., CRAIG, H. Benson., AYKUT, Senol. Incorporating a fly-ash stabilised layer into pavement design, London, Geotechnical Engineering, n.157, Issue GE4, p. 239- 249, October 2004.
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