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Avaliação do Processo de Alteração Superficial do Dreno de Pé da Barragem de Terra de Itaipu: análise qualitativa e parâmetros físicos da rocha Thaís Nayara Pandolfi Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo, Brasil, thaisnayara12@hotmail.com Rogério Gottardi Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo, Brasil, rogerio_gottardi@hotmail.com Josiele Patias Itaipu Binacional, Foz do Iguaçu, Brasil, jpatias@itaipu.gov.br Lázaro Valentin Zuquette Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, Brasil, lazarus1@sc.usp.br Patricia Casarotto de Oliveira Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo, Brasil, patriciac@utfpr.edu.br RESUMO: Este trabalho trata-se da primeira etapa do estudo do processo de alteração do dreno de pé da Barragem de Terra de Itaipu, localizada na margem esquerda do rio Paraná. Esta estrutura civil é composta por blocos de rocha basáltica, que encontram-se diretamente expostas aos agentes intempéricos locais por mais de trinta anos. Neste sentido, a qualificação e quantificação dos processos de alteração in loco é de extrema importância para a segurança deste trecho do barramento. Inicialmente buscou-se mapear a alteração em superfície do dreno, por meio de classificação tátil-visual em campo e de parâmetros físicos da rocha. Para tanto, desenvolveu-se uma malha regular georreferenciada composta por lotes de 4,5x4,5m, espaçados a cada 50 metros. Na etapa de campo realizou-se a descrição tátil-visual da alteração dos blocos de rocha, com base na identificação de seu litotipo, grau de alteração, grau de consistência e dimensão dos blocos. Na sequência, as amostras coletadas em campo foram reduzidas de tamanho para realização dos ensaios de índices físicos. Como resultados iniciais, verificou-se em campo que o dreno é constituído em grande parte por basalto denso cinza escuro. Sobre este litotipo constatou-se apenas blocos com desagregação física, possivelmente em planos de fraturas decorrentes do processo de desmonte de rocha (fase de construção da barragem), associado à fadiga dos blocos pela ciclagem térmica. Estas amostras de rocha apresentaram altos valores de densidade aparente e valores baixos de porosidade e absorção d’água, mostrando-se consistentes e sãs. Outros litotipos como basalto denso rosado, basalto vesículo-amigdaloidal, brecha basáltica e basalto denso com argilomineral, também foram encontrados em campo, em ordem descrente de ocorrência ao longo dos lotes de investigação e com comportamentos específicos de alteração. PALAVRAS-CHAVE: Alteração de Rocha, Basalto, Índices Físicos, Dreno de Pé, Barragem de Terra, Itaipu. 1 INTRODUÇÃO Em barragens de terra, os drenos possuem diferentes funções para garantir a segurança do barramento, como proteger o aterro contra piping; captar e conduzir para jusante a água de percolação; controlar gradientes de percolação elevados junto ao pé de jusante da barragem; e evitar a saturação do solo do maciço (LADEIRA et al., 2007). Portanto, a integridade e a durabilidade dos blocos rochosos que compõem os drenos são de extrema importância. Diferentes tipos de rochas têm sido usados como material de construção em diversas obras. Contudo, apesar das características de alta resistência, quando expostas aos agentes intempéricos, o material rochoso pode sofrer modificações significativas nos parâmetros geotécnicos ao longo do tempo. Estas alterações resultam de processos naturais, altamente dependentes das características intrínsecas do material e da agressividade dos agentes intempéricos (REICHE, 1943; PICHLER, 1951; SCOTT, 1965; WEINERT, 1968; AIRES- BARROS, 1971; entre outros). O meio técnico e acadêmico tem se preocupado cada vez mais com esta temática, seja pela robustez das obras de engenharia, pela vida útil das mesmas, ou até mesmo pela escassez de materiais naturais que impulsiona o estudo de materiais alternativos duráveis. Alguns exemplos dessa frente de estudo são: Reiche (1943), Hamrol (1961), Aires-Barros (1971), Farjallat (1971), Frazão (1993), Guzzi (1995), Maia et al. (2001), Sadisun et al. (2005), e Ladeira et al. (2007). Com base no exposto, o objetivo do presente trabalho é mapear a alteração, em superfície, do dreno de pé da Barragem de Terra (BT) localizada na Margem Esquerda (ME) da Usina Hidrelétrica de Itaipu (Figura 1). Sabe-se que o dreno de pé necessita manter o índice de vazios capaz de conduzir satisfatoriamente a água que infiltra pelo corpo da barragem para a parte externa, neste sentido, este trabalho justifica-se uma vez que o material rochoso constituinte do dreno encontra-se exposto aos agentes intempéricos locais por mais de 30 anos. Dado o grande tempo de exposição, é esperado encontrar eventos de alteração na porção em estudo. O desafio é localizar, quantificar e definir a necessidade ou não de substituição do material geotécnico. Este estudo apresenta a etapa inicial da investigação da alteração superficial do dreno de pé da BT-ME de Itaipu. São apresentados os resultados da análise tátil-visual do grau de alteração, do grau de consistência e correlações com os parâmetros físicos da rocha (densidade aparente, porosidade aparente e absorção d’água). Figura 1. Localização da barragem de terra da margem esquerda de Itaipu. Detalhe para a extensão do dreno de pé. Fonte: adaptado de Google Earth (acesso em 07 abr. 2014). 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 2.1 Localização Geográfica e Geologia Local A barragem de Itaipu localiza-se no Rio Paraná, em uma região de fronteira entre os municípios de Foz do Iguaçu (Brasil) e Cidade do Leste (Paraguai). Na região predomina clima subtropical com verões calorosos. As temperaturas máximas chegam a 40°C e as mínimas a -4°C. A precipitação média anual é de 1400 mm, bem distribuídos durante o ano, e a umidade relativa média anual é de 75% (ITAIPU, 2008). Em relação à geologia local, a Barragem de Itaipu está apoiada em derrames basálticos da Formação Serra Geral (FSG). Essa formação é composta por sucessivos derrames de lavas, com espessura de até 1700 m (MAACK, 1952; LEINZ et al., 1966; MELFI et al., 1988). Na área das obras de Itaipu os estudos de caracterização e investigação se intensificaram em cinco derrames basálticos de maior interesse para a construção das estruturas de barramento. Estes derrames foram designados em ordem ascendente, pelas letras A, B, C, D e E (Figura 2). Cada derrame é constituído pelos seguintes litotipos: basalto denso (porção inferior), basalto vesículo-amigdaloidal (porção superior) e brecha basáltica (transição entre derrames). Figura 2. Perfil geológico simplificado dos derrames basálticos investigados nas áreas das obras de Itaipu (Adaptado de ITAIPU, 1994). 2.2 Características construtivas da Barragem de Terra (ME) de Itaipu A barragem de terra (ME) está localizada entre a barragem de enrocamento (estaca 122+47,17m) e a ombreira esquerda (estaca 142+36,5 m). Ao longo da barragem podem-se distinguir duas seções típicas. A primeira seção possui altura superior a 10 m e extensão de 482,83 m (estaca 122+47,17m a estaca 127+30,00m), Figura 3. A segunda seção possui altura inferior a 10 m, inicia-se na estaca 128+80,00m e termina na estaca 142+36,5 m, com uma extensão de 1.356,50 m (Figura 4). Entre os trechos que abrangem a primeira e a segunda seção há uma região de transição que ocorre ao longode 150 m. Somando todas as seções mencionadas, a Barragem de Terra apresenta um comprimento total de 1.989,33 m (ITAIPU, 2006). Figura 3. Seção Transversal da Barragem de Terra, Estaca 126+0,00 (Adaptado de ITAIPU, 2006). Figura 4. Seção Transversal da Barragem de Terra, Estaca 135+0,00 (Adaptado de Itaipu, 2006). Todos os materiais de construção utilizados na barragem de terra são oriundos das escavações obrigatórias nas áreas das obras de Itaipu e de áreas de empréstimo, conforme classificação abaixo e indicações nas Figuras 3 e 4 (ITAIPU, 1977): 1b: argila arenosa e plástica. Utilizada no maciço impermeável da barragem. Material proveniente das áreas de empréstimo. Apresenta coloração castanha, resultante da alteração do basalto ou brecha local. 2b e 2c: areia artificial. Utilizada nos filtros verticais e horizontais. Foram obtidas pela trituração do basalto denso, são provenientes de escavações em rochas do canal de desvio. 3a: transição fina. Utilizada para as transições entre argila compactada e rip-rap. Foi obtida pela trituração do basalto denso são, provenientes das escavações na rocha do canal de desvio e cujo maior diâmetro era 75 mm. 3b: transição grossa. Utilizada para as transições de argila compactada, rip-rap e dreno de pé. Foi obtida pela trituração do basalto denso são, proveniente das escavações de rocha na região do canal de desvio. O diâmetro dos blocos varia entre 75 mm e 300 mm. Sobre o sistema de drenagem interna da Barragem de Terra (ME), este é composto por filtros verticais e horizontais e pelo dreno de pé. Este último está localizado na extremidade do filtro horizontal e prevê a captação e condução das águas de percolação para fora do corpo da barragem (ITAIPU, 2006). 3 METODOLOGIA 3.1 Estudo de Campo Na fase de campo foi locada uma malha regular, composta por 34 lotes de investigação ao longo do dreno de pé: 8 lotes no primeiro trecho e 26 no segundo. Cada lote foi constituído por uma área de 4,5x4,5m, de acordo com a largura do dreno, espaçados a cada 50 metros (Figura 5). Figura 5. Delimitação dos lotes de investigação ao longo do dreno de pé da barragem de terra (ME). Em cada lote foram analisados os blocos de rocha expostos na porção externa do dreno. Todos os blocos com algum tipo de alteração, física ou química, foram identificados e referenciados com o auxílio da Estação Total. A identificação deu-se pela localização do lote (A, B, ..., AA, AB, ..., AH), seguido da abreviação do litotipo (DC: denso cinza; DR: Denso Rosado; DM: denso com minerais verdes disseminados; VA: vesículo-amigdaloidal; BB: Brecha basáltica) e do número da amostra no lote. Cada bloco de rocha referenciado foi classificado segundo seu grau de alteração (ISRM, 1981), grau de consistência (LOPES, 2006 adaptado de GUIDICINI e NIEBLE, 1984), dimensão e coloração da matriz, bem como verificação visual de minerais verdes (potencial argilomineral). 3.2 Índices Físicos Na fase de laboratório, foram realizados os ensaios de índices físicos para a obtenção dos parâmetros de densidade aparente (ρa), porosidade aparente (ηa) e absorção d’água (αa). Os procedimentos foram realizados de acordo com as recomendações da NBR 15845 (2010). Para a obtenção dos índices físicos auferiu-se três situações de pesagem: massa seca (Msec), massa saturada (Msat) e massa submersa (Msub). O valor de Msec foi obtido após submeter as amostras de rocha à estufa com 70± 5°C, até atingir massa constante. Quanto à saturação, as amostras foram submersas em água destilada em três estágios: 4 horas com água até 1/3 da altura dos corpos de prova; 4 horas com 2/3 da altura; e totalmente submersos até completar 40 horas do início do procedimento. Na sequência, os mesmos foram pesados na condição submersa, por meio de pesagem hidrostática. Após retirar os corpos de prova da água, estes foram secos em superfície com um pano levemente úmido e pesado ao ar para a determinação da Msat. Os parâmetros de interesse foram calculados de acordo com as equações 1, 2 e 3. sec 3 1000a sat sub M kg M M m (1) sec 100 %sata sat sub M M M M (2) sec sec 100 % sat a M M M (3) Para melhor interpretar a variação dos resultados optou-se por desenvolver gráficos do tipo diagrama de caixa (box-plot), correlacionando os parâmetros físicos aos dados qualitativos das amostras. A partir destes, buscou-se identificar os comportamentos específicos de cada litotipo para os valores dos índices físicos. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao longo de todos os lotes de investigação, foram encontrados cinco litotipos de rocha basáltica: basalto denso cinza (predomínio em toda a extensão do dreno), basalto denso rosado (pouco mais frequentes no primeiro trecho da BT-ME), basalto vesículo-amigdaloidal (pouco frequente, mas presente em todos os lotes), brecha basáltica (pontos escassos e aleatórios em alguns lotes) e basalto denso com mineral verde disseminado na matriz (pontos aleatórios ao longo dos lotes). Durante a análise qualitativa, as principais ocorrências de alteração nos blocos de rocha do dreno de pé (BT-ME) foram: Basalto denso com alteração física (A1): possivelmente devido ao pré- fraturamento dos blocos (processo de britagem), associado as altas variações de temperatura ao longo do dia e do ano (Figura 6); Basalto denso com alteração física predominante e química pouco acentuada (A2/A3): possivelmente devido ao pré-fraturamento dos blocos durante o processo de britagem, associado ao intemperismo químico evidenciado nos cantos dos blocos; Blocos de rocha em decomposição (A4): blocos rochosos fragmentados e em decomposição, associadas a presença de argilominerais na matriz (Figura 7). Estas ocorrências foram registradas em pontos aleatórios, pouco frequentes, presentes na maioria dos lotes do primeiro trecho; Blocos totalmente decompostos (A5): blocos com consistência de solo e com presença de vegetação. Estas ocorrências foram registradas em pontos aleatórios, pouco frequentes, associadas a presença de argilominerais na matriz rochosa (Figura 8). Figura 6. Bloco rochoso fraturado (DC-Q-05). Figura 7. Bloco rochoso fragmentado e em decomposição (DM-E-09). Figura 8. Bloco rochoso desintegrado e decomposto, com consistência de solo e presença de vegetação (DC-D-11). A Tabela 1 resume a ocorrência dos blocos com os processos de alteração citados. Destaca- se a frequência de blocos de basalto denso com argilomineral que representam 42% dos blocos mapeados em campo, sendo 33% desses somente no segundo trecho da barragem de terra (ME). Tabela 1. Quantitativo de blocos alterados nos lotes de investigação, por tramo da barragem de terra (ME). LB GA Trecho 1 Trecho 2 T1+T2 unid % unid % unid % DC 1 7 6,8 17 4,9 24 5,3 2 16 15,5 37 10,6 53 11,7 3 15 14,6 32 9,2 47 10,4 4 4 3,9 16 4,6 20 4,4 5 0 0,0 2 0,6 2 0,4 DA 1 9 8,7 13 3,7 22 4,9 2 18 17,5 64 18,3 82 18,1 3 11 10,7 46 13,2 57 12,6 4 2 1,9 24 6,9 26 5,8 5 0 0,0 2 0,6 2 0,4 DR 1 1 1,0 5 1,4 6 1,3 2 6 5,8 20 5,7 26 5,8 3 2 1,9 15 4,3 17 3,8 4 2 1,9 4 1,1 6 1,3 5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 VA/ BB 1 1 1,0 13 3,7 14 3,1 2 4 3,9 17 4,9 21 4,6 3 2 1,913 3,7 15 3,3 4 3 2,9 8 2,3 11 2,4 5 0 0,0 1 0,3 1 0,2 Total 103 100 349 100 452 100 Litotipos Basálticos (LB): Denso Cinza (DC); Denso com Argilomineral (DA); Denso Rosado (DR); Vesículo- Amigdaloidal (VA); Brecha Basáltica (BB). Grau de alteração (GA). Barragem de Terra: Trecho 1 (T1= 482,83 m) e Trecho 2 (T2= 1356,50 m). Blocos de basalto denso também foram encontrados em estado de alteração A3/A4 (em decomposição). Contudo, estes blocos podem apresentar quantidades de argilominerais não identificados na avaliação macroscópica. Com relação aos blocos de basalto vesículo- amigdaloidal e brecha basáltica, as maiores ocorrências estão associadas aos graus de alteração A1, A2 e A3. Ao analisar as correlações entre os dados qualitativos e quantitativos, identificaram-se alguns comportamentos relevantes. Com relação ao grau de alteração, em todos os litotipos basálticos, notou-se que quanto mais alterado o bloco de rocha, menor o valor de densidade aparente e maior os valores de porosidade aparente e absorção d’água (Figura 9). Figura 9. Correlação do grau de alteração com a densidade aparente dos basaltos vesículo-amigdaloidais. Correlacionando-se o grau de consistência aos índices físicos, percebeu-se que para os litotipos denso cinza, denso com argilomineral e denso rosado, a densidade é maior para as rochas mais consistentes. Para o litotipo denso, as amostras classificadas com grau de consistência C2 apresentaram alta variação entre os dados, com alguns pontos discrepantes em relação às demais (outliers). Possivelmente por existências de microfissuras não visíveis a olho nu (Figura 10). Verificou-se também, que para todos os litotipos analisados, os blocos com coerência friável (C4) foram os que mais absorveram água. Contudo, destaca-se a ocorrência de poucas amostras com estas características e a alta variação entre os resultados (Figura 11). Figura 10. Correlação do grau de consistência com a densidade aparente dos basaltos denso cinza. Figura 11. Correlação do grau de consistência com a absorção d’água dos basaltos denso rosado. Sobre a porosidade aparente nos litotipos denso cinza, denso rosado e vesículo- amigdaloidal, as rochas com coerência friável (C4) foram as que apresentaram os maiores valores (Figura 12). Destaca-se também a alta variação dos dados para as amostras de coerência C2. No grupo de basalto denso com argilominerais, os blocos de rocha medianamente coerentes (C2), foram os que apresentaram os maiores valores de porosidade aparente e absorção d’água (Figura 13). Este fato pode ser associado à dificuldade de classificar visualmente a coerência das amostras de rocha. Neste litotipo a presença de outliers foi mais constante, o que pode evidenciar a presença da microfissuração da matriz, uma vez que estas amostras são altamente influenciadas pela ação expansiva dos argilominerais. Figura 12. Correlação do grau de consistência com a porosidade aparente dos basaltos denso cinza. As rochas do litotipo vesículo-amigdaloidal não apresentaram correlação com o grau de consistência. Com relação às brechas basálticas não foram encontradas amostras suficientes para estas análises. Figura 13. Correlação do grau de consistência com a porosidade aparente do basalto denso com argilomineral. 5 CONCLUSÕES Em sua grande maioria o dreno de pé da barragem de terra (ME) de Itaipu é constituído de basalto denso são, conforme indicado nos relatórios técnicos de Itaipu. No entanto, este estudo permitiu identificação de blocos de outros litotipos, na porção superficial dessa estrutura civil, como basalto vesículo- amigdaloidal, brecha basáltica e basalto denso com argilomineral. De maneira geral, as principais manifestações de alteração registradas em campo são: Basalto denso, cinza ou rosado, com desintegração física ou com química pouco acentuada: esses blocos somam 24,1% do total dos blocos referenciados em campo (aproximadamente 0,92% do total dos blocos presentes na superfície dos lotes investigados). A matriz da rocha apresenta- se sã, não apresentando sinais de evolução significativa no grau de alteração. Basalto denso com argilomineral disseminado na matriz: esses blocos em sua maioria encontram-se decompostos ou em decomposição. Correspondem a 41,8% dos blocos referenciados, desses 33% somente no segundo trecho do dreno. Superficialmente representam 1,13% dos blocos expostos no dreno, nos lotes investigados; Basalto vesículo-amigdaloidal e brecha basáltica: os processos de alteração significativos nesses litotipos basálticos (A3 a A4), foram em menor proporção do que os basaltos densos com argilominerais ao longo da área em estudo. Blocos com estas características correspondem a 13,7% do total dos blocos investigados. Representam 0,33% dos blocos expostos na superfície do dreno. Acrescenta-se que os 34 lotes de investigação somam 153 m de extensão, o que corresponde a aproximadamente 8,5% do comprimento total do dreno em estudo. Portanto, os resultados desse trabalho não representam os eventos de alteração no dreno de pé em toda a sua extensão. Sobre os blocos em decomposição ou decompostos, independentemente do litotipo, representam apenas 2,2% dos blocos expostos na superfície do dreno em estudo. Mesmo assim, devido ao tempo de exposição aos agentes intempéricos locais (33 anos aproximadamente), recomendou-se a remoção e substituição desses blocos por material são e não desagregável, ao longo de todo o dreno. Para fins acadêmicos, destaca-se que as amostras analisadas em laboratório muitas vezes não apresentaram as quantidades mínimas exigidas pelas normas de referência. Além disso, a ocorrência de pontos discrepantes foi frequente, conforme pode ser observado nos gráficos anteriormente apresentados (outliers). Esta variação entre os dados foi considerada normal, tratando-se de materiais geológicos naturais. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Itaipu Binacional, ao Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens (CEASB/PTI) e a Fundação Tecnológica de Itaipu pelo apoio e incentivo financeiro. REFERÊNCIAS Airres - Barros, L. (1971). Alteração e alterabilidade de rochas ígneas, Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 57 p. 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