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COMPARAÇÃO ENTRE CRAVAÇÃO POR PERCUSSÃO E JATO DE AGUA

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Comparação entre Cravação por Percussão e Jato de Água 
 
Cesar Alberto Ruver 
Professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 
Ex-Professor/Pesquisador da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
cesar.ruver@gmail.com 
 
Bruna Ferronato 
Acadêmica do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
bruna_ferronato@live.com 
 
Daniel Dalla Vecchia 
Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
racer.daniel@gmail.com 
 
Evandro Max Rockenbach Spaniol 
Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
evandro.rockenbach@hotmail.com 
 
Gustavo Gregório da Silva 
Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
gsgregorio@hotmail.com 
 
Jones Munari Vilchez Palomino 
Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande - FURG 
jonespalomino@gmail.com 
 
 
RESUMO: A técnica mais comumente empregada para a cravação de estacas pré-fabricadas é a 
percussão. Esta técnica, apesar de amplamente utilizada no Brasil, apresenta uma série de 
inconvenientes, principalmente, em ambientes urbanos, devido aos ruídos e à possibilidade de 
vibração. Além disso, dependendo da compacidade e resistência do solo, a energia requerida para a 
cravação pode exceder a resistência estrutural do elemento a ser cravado, e, consequentemente, 
danificá-lo. Estas dificuldades requerem diferentes técnicas para a cravação, como a prensagem, a 
vibração ou por jato de água, que podem ser utilizadas independentemente ou de forma intercalada 
com a percussão. Dentre as técnicas citadas anteriormente, pode-se destacar a cravação por injeção 
de água. Esta técnica tem-se mostrado bastante promissora, principalmente, em solos arenosos muito 
compactos, por aumentar consideravelmente a produtividade; diminuir os problemas de vibração e 
ruídos; e preservar a integridade do elemento estrutural. Apesar das vantagens, considerando os 
mecanismos envolvidos – erosão e fluidização do solo provocados pelo jato de água, podem ocorrer 
alterações drásticas de comportamento e de resistência nas imediações do material onde a estaca está 
sendo cravada, as quais podem ser maléficas, em termos de comportamento tensão – deformação da 
fundação se comparado com a percussão. Considerando os poucos estudos conclusivos sobre o 
tema, o presente trabalho visa apresentar um estudo comparativo do comportamento entre estacas 
pré-moldadas cravadas por injeção de água e por percussão, com vistas a determinar o 
comportamento das primeiras. Para tanto, realizou-se um estudo em modelo reduzido em 
laboratório, onde, estacas de pequenas dimensões (comprimento de 70 cm e diâmetro de 7,5 cm) 
foram cravadas em um tanque metálico (diâmetro de 90 cm e altura de 120 cm) preenchido com 
areia fina eólica (estado compacto) por meio de percussão (martelo de 164 kg com altura de queda 
 
de 50 cm) e de jato de água (vazões de 1,1 e 2 m
3
/h). Após a cravação foram realizadas provas de 
cargas estáticas para verificar o comportamento carga-recalque e suas variantes. Pelas provas de 
carga, verificou-se que a capacidade de carga nas estacas cravadas com jato de água, foi 
consideravelmente prejudicada, em relação à estaca cravada somente por percussão (menos de 
50%). Porém, nos ensaios onde após a cravação por jato de água, aplicou-se alguns golpes com o 
martelo, verificou-se que a capacidade de carga foi quase recuperada em sua totalidade. Ainda, 
verificou-se que a capacidade de carga é comandada pelos parâmetros hidráulicos do jato de água. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Estacas pré-moldadas; Cravação por percussão; Cravação por jato de água. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Conforme Tsinker (1988), os construtores do 
leste europeu têm preferido a cravação por jato 
de água devido à economia de tempo, em 
detrimento à cravação por percussão. O autor 
cita, por exemplo, que uma estaca de concreto 
com dimensão de 35 x 35 cm e comprimento de 
15 m, pode ser cravada em uma areia densa em 
menos de meia hora com o emprego desta 
técnica. Além disso, segundo o autor, há a 
vantagem de não provocar vibração e ser um 
método silencioso. A cravação pode ser 
realizada na vertical ou com qualquer inclinação. 
Além disso, tem-se a facilidade de correção da 
direção da cravação, bem como a estaca pode 
ser facilmente removida após a sua cravação, em 
caso de locação incorreta, por exemplo. Outra 
vantagem é a não danificação da estaca, que 
pode ocorrer na percussão em solos muito 
compactos ou rígidos. Segundo Gabr et al 
(2007), para as obras costeiras e marinhas na 
região litorânea do Estado da Carolina do 
Norte, EUA, é prática comum a utilização de 
estacas cravadas por percussão, porém devido à 
geologia local (composta por argila mole 
intercalada por camadas de areia rígida), a carga 
necessária para ultrapassar as camadas de areia 
rígida podendo danificar as estacas, sendo 
necessário a cravação por jatos de água, nestes 
casos. 
 A técnica de cravação por jato de água pode 
ser utilizada do início até o fim da cravação, 
intercalada com percussão, ou ainda, o(s) 
último(s) metro(s) pode(m) ser cravado(s) por 
percussão. Este último procedimento, conforme 
citado por Tsinker (1988), é recomendado, pois 
o efeito dinâmico provocado pela percussão 
pode aumentar a densidade da areia que 
circunda a estaca, e consequentemente, aumenta 
o ângulo de atrito do solo. 
 A cravação com jato de água difere 
drasticamente da cravação por percussão ou 
vibração. A técnica consiste em aplicar uma 
descarga de água próximo à ponta ou ao longo 
do fuste da estaca, com o objetivo de fluidizar o 
solo que circunda a estaca, fazendo com a 
estaca “se autocrave” no terreno. 
 Os estudos que tratam da técnica cravação de 
estacas por jato de água tem-se concentrado em 
duas linhas: (a) definição e determinação de 
zonas de influência do jato de água (Tsinker, 
1988; Gabr et al, 2007; Mezzomo, 2009); e (b) 
comportamento tensão-deformação (Tsinker, 
1988; Gunaratne et al, 1999). 
 Em termos de comportamento mecânico das 
estacas cravadas por jato de água ainda existem 
muitas dúvida e poucos trabalhos sobre o tema. 
Por exemplo, Gabr et al (2007) cita que existem 
restrições e até proibições para o uso desta 
técnica na costa oriental da Carolina do Norte, 
pelas autoridades estadunidenses (United States 
Army Corps of Engineers - USACOE, North 
Carolina Division of Water Quality, United 
States Fish and Wildlife Services, Division of 
Coastal Management e Enviromental Protection 
Agency - EPA), devido à falta de estudos, de 
especificações de projeto, de informações 
insuficientes sobre a técnica e seus efeitos no 
terreno e na água nas imediações da cravação. 
 Neste sentido o objetivo deste trabalho é 
realizar um estudo comparativo entre a técnica 
de cravação por percussão e por jato de água, 
de modo a verificar a diferença no 
comportamento carga – recalque à compressão, 
desta em relação àquela técnica, em estacas pré-
moldadas de concreto, em modelo reduzido. O 
comportamento foi avaliado por meio da 
realização de provas de carga estáticas. A 
técnica de cravação por jato de água foi avaliada 
 
sob diferentes aspectos, sendo verificada a 
diferentes vazões e aberturas (diâmetros) do 
bico injetor de água, e conseqüentemente, as 
velocidades do jato de água. Além dos ensaios 
das estacas cravadas somente com jato e 
somente com percussão, nas estacas que foram 
cravadas por jato de água, também, foram 
aplicados golpes demartelo, para avaliar o 
efeito do acréscimo da percussão nestas estacas. 
 
 
2 METODOLOGIA E EQUIPAMENTOS 
 
O estudo foi realizado em laboratório com a 
utilização de estadas pré-moldadas em tamanho 
reduzido: diâmetro de 7,5 cm e comprimento de 
75 cm, massa de 6,65 kg, confeccionadas com 
argamassa com resistência à compressão de 25 
MPa aos 28 dias. Estas dimensões foram 
escolhidas, devido ao tamanho da camada de 
ensaios, constituído de tanque metálico com 
diâmetro de 90 cm e altura de 120 cm, 
preenchido com areia. 
 Ao todo foram realizados dez ensaios, sendo 
dois somente a percussão (um com areia úmida 
e outro com areia imersa) e quatro com 
cravação por jato de água (com dois diâmetros 
de bico injetor – 8,5 mm e 17 mm – em com 
duas vazões – 1,1 m3/h e 2,0 m3/h, no estado 
imerso); e mais quatro com cravação de jato de 
água, os mesmos quatro anteriores, seguido de 
percussão com quatro golpes. A tabela 1 
apresenta as características de cada ensaio. 
 
Tabela 1. Características dos ensaios 
Ensaio 
Cravação
(b)
 
Jato d´água 
D
(c)
 Q
(d)
 V
(e)
 
1(a) P - - - 
2 P - - - 
3 J 8,5 1,1 5,4 
4 J+P 8,5 1,1 5,4 
5 J 8,5 2,0 9,8 
6 J+P 8,5 2,0 9,8 
7 J 17,0 1,1 1,3 
8 J+P 17,0 1,1 1,3 
9 J 17,0 2,0 2,4 
10 J+P 17,0 2,0 2,4 
Obs.: (a) realizado no estado úmido, os demias no estado 
imerso, (b) P = percussão e J = jato de água, (c) diâmetro 
em mm, (d) vazão em m3/h e (e) velocidade do jato em 
m/s 
 
 Para a realização dos ensaios, houve a 
necessidade da montagem do aparato de 
laboratório, composto por: (a) sistema de 
cravação por percussão, (b) sistema de cravação 
por jato, e (c) sistema de prova de carga. 
 
2.1 Sistema de Cravação por Percussão 
 
Convencionalmente as estacas pré-moldadas de 
concreto armado possuem seções quadradas 
cheias, cujos lados variam entre 16 e 35 cm, 
com comprimentos que vão de 3 a 12 m, com 
um Fck de 35 MPa. Os martelos usuais 
apresentam uma massa que varia de 1000 kg a 
2500 kg, com altura de queda entre 0,5 e 1,0 m. 
Como utilizou-se estacas com diâmetro 
reduzido, houve a necessidade de um estudo 
escalar, de forma a corrigir a energia potencial a 
ser utilizada em laboratório. O estudo escalar 
teve como base o trabalho de Alves et al (2008). 
Os autores a partir da equação da onda 
verificaram que uma variação linear na seção da 
estaca, gera uma variação cúbica na energia 
potencial. Assim, considerando uma estaca com 
convencional com 22,5 cm de diâmetro cravada 
com um martelo de massa de 2500 kg, caindo a 
uma altura de queda de 0,90 m (Ep = 22.063,5 
Nm), verifica-se o mesmo efeito na estaca 
reduzida (diâmetro de 7,5 cm, portanto 3 vezes 
menor), com um martelo de massa de 166,7 kg, 
caindo a uma altura de 0,50 m (Ep = 817,16 Nm, 
que corresponde a proporção de 27 = 3
3
). Desta 
forma, utilizou-se um martelo com massa de 164 
kg com altura de queda controlada de 0,50 cm. 
 
Ep = m.g.h (1) 
 
Onde: Ep = energia potencial, m = massa, g = 
9,806 m/s
2
 (aceleração da gravidade) e h = 
altura de queda 
 
 A figura 1 ilustra o esquema da torre de 
cravação montada. A figura 2 mostra uma 
fotografia. A torre de cravação é composta por 
um pórtico metálico, onde é aparafusada a guia 
pela qual desliza o martelo em queda livre. O 
martelo é içado de forma manual por meio de 
um cabo de aço e por um conjunto de roldanas. 
 
 
Figura 1. Esquema do aparato de cravação por 
percussão montado para a realização dos ensaios 
 
 
Figura 2. Fotografia do aparato de cravação por 
percussão montado para a realização dos ensaios 
 
2.2 Sistema de Cravação por Jato de Água 
 
O sistema de cravação por jato d´água foi 
montado com uma caixa d´água de polietileno 
(capacidade de 1000 litros) ligado à rede pública 
por meio de tubulação de PVC e controlado por 
uma bóia. O bombeamento é feito por meio de 
um motor-bomba (1cv, trifásica – 220v), cuja 
vazão máxima de bombeamento é de 7 m
3
/h. O 
controle da vazão é feito por meio de um 
inversor de freqüência (entrada monofásica e 
saída trifásica), compatível com a bomba. A 
vazão é lida de forma manual por meio de um 
rotâmetro de acrílico transparente (escala de 0 a 
10 m
3
/h, com resolução de 0,1 m
3
/h). A 
tubulação que vai da caixa d´água até a saída do 
rotâmetro é composta por tubos e conexões em 
PVC soldável e/ou rosqueável. Da saída do 
rotâmetro até a estaca utilizou-se uma 
mangueira flexível. Junto à estaca (topo até a 
base), a tubulação volta a ser de PVC rígido. A 
tubulação de PVC DN 20 (diâmtro interno de 
17 mm) foi concretada no interior. Para 
controlar o abetura da ponta (bico injetor) 
fixava-se um CAP perfurado. A figura 3 mostra 
o sistema de bombeamento. 
 
 
Figura 3. Fotografia do aparato de cravação por jato de 
água (motor-bomba, caixa d´água, rotâmetro, inversor de 
frequência e tubulação) 
 
2.3 Sistema de Prova de Carga 
 
Para a realização das provas de carga, utilizava-
se o mesmo pórtico usado para a fixação da guia 
do martelo, que funcionava como reação. A 
carga era aplicada por meio de um macaco 
hidráulico, acionado manualmente. Os recalques 
(em dois pontos diametralmente opostos e um 
solo a superfície da areia) e as cargas eram lidos 
por meio de transdutores, ligados a um data 
logger (Spider 8 da HBM), e este por sua vez 
ligado a um notebook. A aquisição dos dados 
era realizada de segundo em segundo por meio 
do software Catman 4.5, sendo os dados salvos 
em planilhas eletrônicas. A figura 4 mostra um 
croqui com o aparato para a realização das 
provas de carga. A figura 5 mostra uma 
fotografia do aparato. 
 
 
Figura 5. Estrutura montada para a realização das 
provas de carga 
 
 
Figura 6. Fotografia da estrutura para a realização das 
provas de carga (célula de carga, três transdutores de 
deslocamento, macaco hidráulico e data logger) 
 
 
3 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS 
 
A realização dos ensaios consistia nas seguintes 
etapas: (a) compactação da areia no interior do 
tanque; (b) cravação das estacas; e (c) 
realização das provas de carga. 
 A areia utilizada possuia granulometria fina 
(80% da composição) de origem eólica. Esta era 
compactada no interior do tanque em camadas 
de 10 cm, com umidade de 8%. A areia era 
compactada até o estado compacto (densidade 
relativa média medida de 86%). Após o 
preenchimento do tanque, o mesmo era enchido 
com água (no caso dos ensaios imersos). 
 Após a compactação da areia era realizada a 
cravação da estaca por percussão ou jato de 
água. A figura 7a mostra a cravação por jato de 
água e a figura 7b mostra a cravação por 
percussão. 
 
 
(a) 
 
(b) 
Figura 7. Cravação das estacas por (a) jato de água e (b) 
percussão 
 
 Após a cravação, eram realizadas as provas de 
carga estáticas com carregamento rápido (por 
tratar-se de areia). As provas de carga eram 
realizadas conforme a NBR NBR 12.131 
(ABNT, 1991). Os incrementos de carga era 
realizados de 500 kgf e 500 kgf, até o limite de 
5 toneladas, que era a capacidade máxima da 
célula de carga. Cada incremento de carga era 
mantido por cinco minutos, antes da aplicação 
do novo incremento de carga. Após o último 
carregamento, era realizado o descarregamento 
e 4 etapas (1,25 ton em 1,25 ton). Além do 
limitação de carga, havia o limite de recalques, 
pois o curso máximo dos transdutores era de 50 
mm, sendo assim, para algunsensaios não foi 
possível levar os ensaios até a carga de 5 ton. 
Para as estacas cravadas por percussão, nos 
últimos quatro golpes era medida a nega e o 
repique. O deslocamento das estacas era riscado 
de forma contínua por um lápis precionado, 
 
sobre uma fita adesiva (crepe) colada na estaca, 
por meio de um elástico. 
 
 
 4 RESULTADOS 
 
As tabelas 2 e 3 mostram a compilação dos 
resultados das dez provas de carga realizadas. A 
figura 8 mostra um exemplo de curva de carga x 
recalque (ensaio 10) com a leitura de cada um 
dos transdutores de deslocamento. A figura 9 
apresenta a comparação entre os ensaios a 
percussão com (ensaio 1) e sem imersão (ensaio 
2). A figura 10 apresenta uma comparação entre 
os resultados de ensaios realizados pelos três 
métodos de cravação ensaiados (percussão, jato 
de água e percussão mais jato de água). 
 
Tabela 2. Resultado das provas de carga 
n 
Qr
(a) 
(kN) 
 r
(b) 
(mm) 
t 
(c)
* Golpes
(d)
 
Nega
(e)
 
(mm/golpe) 
1 29,57 2,70 3m54s 18 14,5 
2 23,79 2,66 4m33s 21 17,2 
3 11,00 2,57 0m26s - - 
4 14,47 2,60 1m18s 4 14,3 
5 6,52 2,54 0m17s - - 
6 16,10 2,61 1m09s 4 16,1 
7 2,49 2,52 0m30s - - 
8 20,70 2,64 1m22s 4 24,8 
9 2,84 2,52 0m23s - - 
10 18,24 2,62 1m15s 4 22,0 
Obs.: (a) carga de ruptura, confrome critério na NBR 
6122 (ABNT, 2010), (b) recalque na carga de ruptura, 
(c) tempo de cravação, (d) número total de golpes 
empregados na cravação, (e) registro para os quatro 
últimos golpes 
 
Tabela 3. Resultado das provas de carga 
n 
Qm
(a) 
(kN) 
 m
(b) 
(mm) 
hsup 
(mm)
(c)
 
K (kN/m) x 
100 (d) 
1 53,38 24,43 -0,02 218,5 
2 51,14 38,44 -0,13 133,0 
3 34,34 27,61 -0,14 124,4 
4 33,78 39,76 -0,08 85,0 
5 22,45 44,62 -0,08 50,3 
6 37,40 43,08 0,01 86,8 
7 21,05 49,31 -0,35 42,7 
8 42,23 45,81 -0,10 92,2 
9 21,00 48,55 -0,12 43,3 
10 42,83 37,25 -0,05 115,0 
Obs.: (a) carga máxima aplicada, (b) recalque na carga 
máxima, (c) movimentação da areia na superfície, (d) 
coeficiente de rigidez 
 
 Os resultados de carga e recalque 
apresentados nas tabelas 2 e 3 correspondem 
aos valores médios dos dois transdutores de 
deslocamentos instalados em cada estaca. 
 
 
Figura 8. Exemplo de resultado de ensaio com o registro 
individual de cada um dos transdutores de deslocamento 
(ensaio 10) 
 
 
Figura 9. Comparação entre os resultados das provas de 
carga das estacas cravada a percussão com e sem imersão 
 
 
Figura 10. Comparação entre os resultados pelas três 
técnicas de cravação (ensaio 2 – somente percussão, 
ensaio 5 – somente jato de água e ensaio 6 – percussão 
seguido de jato de água) 
 
 
 Conforme a NBR 6122 (ABNT, 2010) a 
carga de ruptura pode ser obtida a partir de 
provas de carga estática em estacas. A carga de 
ruptura corresponde à carga em que não há 
estabilização dos recalques, ou seja, ocorrem 
deformações contínuas sem acréscimo de carga. 
Quando não ocorre ruptura nítida, a carga de 
ruptura deve ser correspondente ao recalque, 
determinado pela equação 2, que foi o caso, 
para todas as provas de carga realizadas. Os 
valores de carga de ruptura podem ser vistos na 
tabela 2. 
 
30.
. D
EA
LP
r 
 (2) 
 
Onde: r = recalque (mm); P = carga (kN); L = 
comprimento da estaca (70 cm); A = área seção 
da estaca (4,42x10
-3
 m
2
); E = módulo de 
elasticidade da estaca (2,5x107 kPa), D = 
diâmetro da estaca (7,5 cm) 
 
 Como pode ser visto na tabela 2, a cravação 
por jato de água (da ordem de 20 segundos) 
mostra-se bem mais eficiente que a cravação por 
percussão (da ordem de 4 minutos). Já a 
cravação mista, o tempo de cravação foi 
intemediário (cerca de um minuto e quinze 
segundos). Neste sentido pode-se verificar que a 
cravação por de jato de água é extremamente 
versátil e rápida. 
 Quanto ao controle de cravação por 
percussão, verificou-se não ser possível o 
registro do repique (valor muito pequeno), 
sendo somente possível o registro da nega, cujos 
valores são mostrados na tabela 2. Comparando-
se os ensaios realizados com cravação somente 
a percussão, verifica-se uma nega menor para 
areia não imersa, em relação a areia imersa. A 
nega menor representa uma resistência maior, o 
que se confirma se for feita uma análise em 
termos de carga de ruptura. Este fato pode ser 
explicado por uma tensão efetiva maior na 
estaca não imersa. Agora, analisando os 
resultados das provas de carga cravadas com 
jato de água mais percussão, verifica-se uma 
tendência ao contrário, ou seja, um aumento na 
carga de ruptura com o aumento da nega, 
conforme mostrado na figura 11. Para estes 
ensaios a tensão efetiva é a mesma (todos 
imersos), no entanto, o que varia são os 
parâmetros hidráulicos, como velocidade e 
vazão do jato de água, o que de fato comandam 
o comportamento destas fundações. Nas figuras 
12 e 13 são mostradas as variação da nega e da 
carga de ruptuta pela velocidade do jato de 
água. Verifica-se uma tendência de ambos os 
parâmetros diminuirem com o aumento da 
velocidade. 
 
 
Figura 11. Comparação entre as cargas de ruptura para 
os diferentes ensaios em função da nega 


Figura 12. Nega pela velocidade do jato de água 


 
 
Figura 13. Carga de ruptura pela velicidade do jato de 
água 
 
 O aspecto mais importante a ser analisado é 
quanto à carga de ruptura. A tabela 2 mostra os 
valores da carga de ruptura, já a figura 14 
mostram estes valores, em termos percentuais 
em relação à estaca cravada somente a 
percussão no estado imerso. Analisando os 
resultados, verifica-se uma considerável perda 
de carga (27% e 46%) para a menor vazão (1,1 
m
3
/h), e quase totalidade de perda de carga 
(10% e 12%) para a maior vazão (2,0 m
3
/h). Por 
outro lado, aplicando-se somente quatro golpes 
de percussão, após a cravação por jato de água, 
verifica-se um aumento considerável da carga de 
ruptura, a qual se aproxima do valor de 100%. 
Interessante observar que os maiores valores de 
carga (77% e 87%) são para a maior vazão. 
Analisando as provas de carga em termos de 
velocidade do jato (figura 13), verifica-se que 
para a cravação mista quanto maior a velocidade 
do jato há uma tendência de menor ser a carga 
de ruptura. Já para as estacas cravadas somente 
com jato, verifica-se que existem uma 
velocidade em que a carga de ruptura é máxima. 
 
 
Figura 14. Comparação entre as cargas de ruptura para 
os diferentes ensaios 
 
 Na tabela 3 são mostrados os resultados da 
movimentação da areia na superfície, em um 
afastamento de seis vezes o diâmetro da estaca. 
Os resultados negativos mostram que a 
movimentação foi no sentido contrário dos 
recalques, ou seja, ocorreu levantamento da 
areia. O levantamento da superficie mostra que 
ocorreu um desconfinamento da areia devido a 
penetração da estaca, que se encontra no estado 
compacto. Este fato mostra que o jato de água 
revolveu a areia somente nas imediações das 
estacas, não afetando significativamente a areia 
mais afastada. 
 
 
5 CONCLUSÕES 
 
A partir dos resultados é possível verificar que 
apesar da versatilidade e a rapidez na cravação 
das estacas por meio do jato de água, verifica-se 
uma baixa capacidade de carga, se comparado 
com a cravação por percussão. No entanto, o 
estudo mostra que a técnica da caravação mista 
– percussão seguida de alguns golpes do martelo 
de percussão eleva consideravelmentea 
capacidade de carga, a valores que podem 
chegar próximo aos da técnica de cravação 
somente a percussão. Verificou-se que o 
comportamento é comandado pelos parâmetros 
hidráulicos, como a vazão e a velocodade do 
jato, os quais precisam ser levados em 
consideração para a plicação da técnica. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Os autores gostariam de agradecer ao CNPq, 
pelos recursos financeiros destinados ao projeto 
contemplado no Edital Universal n. 14/2011. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALVES, A. M. L.; LOPES, F. R.; DANZIGER, B. R. (2008) 
Dimensional analysis of the wave equation applied to 
pile driving. Science. Technology and Practice. IOS 
Press, p. 115-121; 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS (ABNT). (1992) Norma ABNT NBR 
12.131: Estacas – Prova de Carga Estática, Rio de 
Janeiro/RJ, 4p.; 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS (ABNT). (2010) Norma ABNT NBR 
6.122: Projeto e Execução de Fundações, Rio de 
Janeiro/RJ, 103p.; 
GABR, M. A.; BORDEN, R. H.; SMITH, A. W.; 
DENTON, R. L. (2007) Laboratory Characterization 
of Jetting-Induced Disturbance Zones. Geo-Denver 
2007: New Peaks In Geotechnics, p. 1-10; 
GUNARATNE, M.; HAMEED, R. A.; KUO, C.; 
REDDY, D. V.; PATCHU, S. (1999) Investigation of 
the Effects of Pile Jetting and Preforming. 
Thechnical Repport No. 772, Florida Department of 
Transportation, 137p.; 
MEZZONO, S. M. (2009) Estudo dos Mecanismos de 
Fluidização em Areias com Jato de Água. 
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 
PPGEC/UFRGS, Porto Alegre/RS, 180p.; 
TSINKER, G. (1988) Pile Jetting. Journal of 
Geotechnical Engineering, ASCE, Vol. 114, no. 3, p. 
326-334.

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