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QUESTÕES SOBRE CRIMES EM ESPÉCIE

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OMISSÃO
A”, médico plantonista de um pronto socorro da Capital, percebe a entrada, naquele estabelecimento, de “B”, seu antigo desafeto. Diante disso, solicita aos demais médicos e enfermeiras que passem o caso para ele, sem, contudo, revelar o problema pessoal que envolvia ambos. Disposto a dar cabo da vida de “B”, o médico tranca-o na sala de atendimento, sem adotar qualquer medida para reverter o ataque cardíaco que a vítima sofrera. No entanto, outro médico que passava pelo local percebe que “A” estava propositalmente omitindo socorro a “B”, invadindo a sala e, ato contínuo, impedindo a morte deste. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
RESPOSTAS: O médico, na espécie, ocupa a posição de garantidor (art. 13, § 2°, a, do CP). Nessa condição, tem o dever de evitar o resultado. Se não evita-lo, responderá pelo crime comissivo correspondente ao resultado que, por equiparação jurídica (art. 13, § 2°, do CP), poderia ter sido evitado. A questão narra um dolo de matar (“disposto a dar cabo da vida de B”). Se B houvesse morrido, o médico responderia por art. 121, § 2° (possível incidência dos incisos II e III) c/c art. 13, § 2°, a. No entanto, como a questão descreve a intervenção de um terceiro, que vem a impedir o resultado, o mesmo delito será imputado a título de tentativa (os delitos omissivos impróprios admitem tentativa; os omissivos próprios, não). Assim, a resposta final seria: art. 121, § 2°, II e IV, c/c art. 13, § 2°, a, e art. 14, II, todos do CP.
“A”, durante reformas internas em sua loja no centro de Porto Alegre, vem a ser informado pelo arquiteto que a marquise do estabelecimento está comprometida, havendo risco de desabar a qualquer momento. Num primeiro instante, “A” desconfia que o arquiteto havia dito aquilo simplesmente para receber mais honorários. Contudo, chama um engenheiro para averiguar a situação, sendo que este confirma a situação precária da laje, assim como o risco iminente de desabamento. Apesar de novamente alertado, e indiferente à possibilidade de maiores danos, “A” não determina a realização dos reparos. Dias após, a marquise vem a cair sobre pedestres que trafegavam pelo local, causando a morte de “B” e a amputação da perna de “C”, que, além disso, grávida de 6 meses, veio a perder os dois filhos gêmeos. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, justificadamente.
RESPOSTA: o caso trata de hipótese de dolo eventual. O enunciado narra a previsão subjetiva (“A” foi alertado pelo arquiteto e pelo engenheiro do risco de desabamento) e aceitabilidade do resultado (“indiferente à possibilidade de maiores danos”). Teremos, então, “A” respondendo por homicídio em relação a “B” (art. 121, caput, do CP) e por tentativa de homicídio em relação a “C” (art. 121, caput, c/c art. 14, II, do CP). A morte do feto, porque remotamente distanciada da situação de indiferença do agente, não é punível, pois mais próxima de um delito culposo. Seria aceitável, na resposta, a imputação de lesões corporais qualificadas em relação a “C” (art. 129, § 2°, III e V), porquanto alguns autores sustentam a impossibilidade de tentativa em casos de dolo eventual. 
HOMICÍDIO
“A” conduzia imprudentemente seu caminhão, na Tabaí-Canoas, à velocidade de 100Km/h, ocasião em que veio a atropelar “B”, que trafegava com sua bicicleta sobre o viaduto do Polo Petroquímico (que cruza a Tabaí-Canoas) e que, em razão do choque, perdeu o controle e despencou de cima do viaduto. A colisão foi tão repentina que nem mesmo “A” percebeu o ocorrido. “B”, ainda vivo, caiu gravemente ferido na vegetação ao lado do acostamento, momento em que “C”, agricultor da região que conduzia seu trator em direção à roça, vem a atropelá-lo e matá-lo. Dê o enquadramento juridico-penal do fato, de forma fundamentada.
hipótese de homicídio concasual (art. 13, § 1°). “A” responderá pelo delito por ele praticado até o momento em que verificado o desvio de causalidade: art. 303 do CTB, c/c art. 13, § 1°, do CP. A conduta de “C” é atípica: apesar de ele ter causado naturalisticamente o resultado, não se pode afirmar que houvesse previsão objetiva e subjetiva do evento. Ou seja: trata-se, em relação a “C”, de uma hipótese de infelicitas facti.
“A”, traficante do bairro “X”, determina a “B”, “C” e “D” que eliminem “E”, em razão da disputa de poder entre ambos naquele local. No dia 13.02.07, o trio desloca-se para as proximidades da residência de “E”, ocasião em que, avistando a vítima, deflagram diversos disparos contra ela. Apesar de baleada, a vítima sobrevive. Em 26.02.07, dispostos a concluírem o “serviço”, o trio novamente arma uma tocaia para a vítima, que, após novamente baleada, consegue fugir e evitar a morte. Indignado com a incompetência de seus “funcionários”, “A”, pessoalmente, dirige-se ao local onde se encontra “E”, vindo a, agora, matá-lo. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
“A”, “B”, “C” e “D” atuam em concurso de pessoas a fim de matar “E”. No entanto, este concurso de pessoas limita-se apenas às hipóteses da tentativa, pois a consumação do crime acabou sendo obra única e exclusiva de “A”, sem a participação dos demais. As duas tentativas estão distanciadas temporalmente, caso em que não podem ser tratadas como delito único. Assim, “A”, “B”, “C” e “D” respondem por art. 121, § 2°, II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, caput, do CP (2 x). “A”, além disso, responderá também por art. 121, § 2°, II e IV, do CP.
Durante um jogo de futebol, um torcedor vem a deflagrar uma bomba na arquibancada, levando centenas de torcedores adversários ao desespero. Temendo que nova explosão viesse a ocorrer, todos correm para a saída do estádio objetivando saírem imediatamente daquela situação de risco. “A”, entretanto, funcionário do estádio responsável pelo controle do portão de saída, não se encontrava no local naquele instante, o que impediu que toda a multidão, que se encontrava aos prantos, pudesse sair do local. Os portões trancados, contudo, levaram ao esmagamento de dezenas de torcedores, sendo que, destes, 26 resultaram apenas com escoriações, 8 com fraturas generalizadas capazes de gerarem risco de vida e 1 torcedor teve uma das pernas amputada. Com base nisso, dê o enquadramento jurídico-penal do fato.
hipótese de homicídio concasual, em que se verificam duas causas relativamente independentes, porém determinantes do resultado: a ação do torcedor de jogar a bomba e a omissão do porteiro em não estar no local em que deveria. O torcedor responde pelo delito que praticou até o instante do desvio de causalidade, ou seja, se a bomba possuía potencialidade letal (a ser apurada em perícia), teremos a incidência de tentativa de homicídio qualificado (art. 121, § 2°, III, c/c art. 13, § 1° e art. 14, II, do CP). As mortes serão imputadas ao porteiro a titulo de culpa: art. 121, §§ 3° e 4°, c/c art. 13, § 1°, do CP.
“A”, com imprudência, vem a se envolver em violento acidente de carro, ocasionando, com a colisão, graves lesões em “B”, motorista de outro veículo. A vítima é socorrida e conduzida a um hospital, sendo que, em razão de um medicamento ministrado equivocamente por um dos médicos (“C”), sobrevém a morte cerebral, embora a circulação sanguínea e a respiração continuem normais por meio de aparelhos. Diante dessa situação, o médico (“C”) ouve os familiares, que, deliberadamente e com consenso, optam pelo desligamento dos aparelhos que mantêm “B” vivo, doando os órgãos que puderem ser aproveitados. Pergunta-se:
a) Qual o delito praticado por “A”? Por quê?
b) A conduta do médico é punível? Por quê?
a) A responderá pelo artigo 303º do CTB. 
b) Sim, o médico responderá por 121º qualificado pelos parágrafos 1º, 3º e 4º.
a) hipótese de homicídio concasual. “A” responde por lesões culposas (art. 303 do CTB c/c art. 13, § 1°, do CP).
b) “C” responderá pela morte a título de culpa (art. 121, §§ 3° e 4°, c/c art. 13, § 1°, do CP). Perceba-se que, no caso narrado, não é necessário utilizar, para o médico, o disposto no art. 13, § 2°, a, do CP, pois sua conduta é comissiva, e
não omissiva. O art. 13, § 2° só deve ser utilizado para hipóteses de omissão imputáveis a garantidor.
HOMICÍDIO TENTATIVA
“A”, irresignado com a descoberta de que “B”, morador de seu bairro, tinha sido um dos responsáveis pelos maus-tratos contra animais que vinham ocorrendo naquela localidade, pede para que “C”, seu primo (que também era morador do bairro e também estava indignado com a violência contra os animais), dê um “corretivo” em “B”, alertando-o, contudo, para que não o matasse. Aquiescendo ao pedido, “C” aborda “B”, durante a noite, num local escuro e, de surpresa e pelas costas, desfere pauladas contra ele. A violência dos golpes, entretanto, fazem com que “B” venha a morrer em razão de traumatismo crânio-encefálico e hemorragia abdominal. Analise a responsabilidade penal de “A” e “C”, justificadamente.
c, responderá por lesão corporal seguida de morte (129º, parágrafo 3º e 4º) 
A, responderá como partícipe pela lesão corporal seguida de morte (129º, paráfrago 3º e 4º c/ com 13º, parágrafo 1º) 
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“A” e “C” praticam um delito em concurso de pessoas. No entanto, a questão traz algumas peculiaridades. Primeiramente, “A” deseja que “C” apenas agrida “B”, sem mata-lo. Consequentemente, não há identidade de infração penal, caso em que somente “C” responderá pelo homicídio (art. 29, § 2°). “A” responderá pelo crime de lesões corporais (art. 129, caput) com a redução da pena pela privilegiadora (art. 129, § 4°). “C” responderá por homicídio qualificado e privilegiado (art. 121, § 1° e § 2°, IV, do CP). 
“A”, irresignado com a violência física e sexual praticada contra seu filho pelos irmãos “C’’ e “D”, decide fazer vingança pelas próprias mãos. Para tanto, invade a residência onde moravam “C” e “D” e, fazendo uso de armas de fogo, tranca-os num quarto, juntamente com a mãe de ambos. Naquele momento, aponta uma arma para “C” e obriga-o, mediante o uso de outra arma, a matar “D”, fato este que vem a ocorrer. Ato contínuo, amarra “C” numa cama e dispara contra a sua genitália, saindo do local logo em seguida, deixando a mãe de ambos aos prantos. Nesse caso, considerando-se que “C” não morreu, bem como o fato de “A” ter dito à mãe dele que seu desejo é que ele sobrevivesse para contar aquela história, indique, fundamentadamente qual(is) o(s) crime(s) incidente(s), assim como a responsabilidade penal respectiva.
A responderá pelo art. 121º, parágrafo 1º c/ com 13ª parágrafo 1º, pela morte de "D".
A também responderá por lesão corporal causada em C, 129º parágrafo 4º. 
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No que se refere à morte de “D”, “A” pratica um delito de homicídio privilegiado e qualificado: art. 121, § 1° e § 2°, IV, do CP. “C” não responde por essa morte porque agiu sob coação moral irresistível (art. 22 do CP), tendo sua culpabilidade excluída. No que se refere ao resultado causado em “C”, a questão narra que o dolo de “A” não era o de matar, mas sim o de lesioná-lo. Neste caso, teremos uma lesão corporal qualificada: art. 129, § 2°, III, do CP. 
“A”, traficante do bairro “X”, determina a “B”, “C” e “D” que eliminem “E”, em razão da disputa de poder entre ambos naquele local. No dia 13.02.07, o trio desloca-se para as proximidades da residência de “E”, ocasião em que, avistando a vítima, deflagram diversos disparos contra ela. Apesar de baleada, a vítima sobrevive. Em 26.02.07, dispostos a concluírem o “serviço”, o trio novamente arma uma tocaia para a vítima, que, após novamente baleada, consegue fugir e evitar a morte. Indignado com a incompetência de seus “funcionários”, “A”, pessoalmente, dirige-se ao local onde se encontra “E”, vindo a, agora, matá-lo. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
A, B, C e D respondem pela tentativa de homicídio em concurso de pessoas. (121º, parágrafo 2º, II c/ com art. 29 caput c/ c 14º II)
A ainda responderá por 121º, p2, II
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“A”, “B”, “C” e “D” atuam em concurso de pessoas a fim de matar “E”. No entanto, este concurso de pessoas limita-se apenas às hipóteses da tentativa, pois a consumação do crime acabou sendo obra única e exclusiva de “A”, sem a participação dos demais. As duas tentativas estão distanciadas temporalmente, caso em que não podem ser tratadas como delito único. Assim, “A”, “B”, “C” e “D” respondem por art. 121, § 2°, II e IV, c/c art. 14, II e art. 29, caput, do CP (2 x). “A”, além disso, responderá também por art. 121, § 2°, II e IV, do CP.
“A”, objetivando matar o seu desafeto (“B”), atira contra ele, durante a noite e pelas costas, quando este retornava desatento para casa. Contudo, em razão de “falha de pontaria”, “A” acaba acertando “C”, seu filho que, naquele instante, passeava de bicicleta pelo local. Indaga-se: “A” poderá ser penalmente responsabilizado? Justifique.
Sim, A responderá pelo resultado que causar em C. 
Se sobrevier morte, A responderá por 121º, p3.
Se sobrevier lesões corporais, A responderá por 129º, p6 e 9. 
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trata-se de uma hipótese de homicídio com aberratio ictus (erro de execução). A teor do que dispõe o art. 73 do CP, o erro de execução faz com que o agente responda normalmente por seu delito, como se não houvesse errado. “A”, assim, responderá pelo crime como se houvesse efetivamente matado “B”: art. 121, § 2°, II e IV, c/c art. 73 do CP. Não incide a agravante da pena de crime cometido contra o filho.
“A”, em razão de antiga desavença envolvendo uma namorada em comum com “B”, dá início a uma discussão acirrada com este, inclusive com ameaça de morte. Após separados por outras pessoas que lá se encontravam, “A” espera o momento em que “B” se dirige ao banheiro e, lá chegando, saca uma arma e atira duas vezes em sua direção. Um dos disparos atravessa não só o tórax de “B”, senão também a porta de um dos mictórios e atinge “C”, que estava urinando naquele momento, circunstância esta desconhecida de “A”. Ambos morrem. “C” tinha 13 anos e era irmão de “A”. Dê o enquadramento jurídico-penal das condutas, de forma fundamentada.
A responderá por 121º, p2, I, pela morte de B. 
A também responderá por 121º p3, pela morte de C. 
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trata-se de caso de homicídio qualificado com aberratio ictus (erro de execução). Quanto à morte de “B”, temos um homicídio qualificado (art. 121, § 2°, I, do CP). Já em relação à morte de “C”, temos um delito de homicídio por culpa inconsciente (conquanto “A” desconhecia que seu irmão estivesse no local, pode-se aceitar previsível que o disparo de uma arma de fogo em um banheiro possa originar outros resultados além do pretendido), incidindo o art. 121, § 3°, do CP. Não incidem majorantes ou agravantes relacionadas à idade da vítima e o parentesco colateral, pois o delito é culposo. Na forma do art. 73 do CP, o agente responderá por ambos os resultados, a título de concurso formal (art. 70 do CP).
HOMICÍDIO DOLO E CULPA
“A”, em 27/11/2009, encaminhou seu automóvel para revisão numa determinada concessionária de Porto Alegre, sendo que o mecânico-chefe alertou-o para o fato de o veículo estar apresentando um vazamento no líquido de freio, recomendando-o a trocar todo o sistema. Tendo em vista que a correção do problema custaria muito caro, bem como o fato de o mecânico ter mencionado que, provavelmente, o vazamento não iria prejudicar o uso do automóvel nos dois meses subsequentes, “A” decide postergar a troca da peça para o mês seguinte. Em 11/12/2009, no instante em que “A” dirigia-se a Canoas pela BR-116, veio a perder o controle do veículo em razão de problemas no freio (cuja origem relacionava-se ao vazamento antes mencionado), colidindo violentamente no veículo de “B”. O acidente acabou causando a morte de “B”. Diante disso, dê o enquadramento jurídico-penal da conduta de “A”, justificando eventual tipicidade objetiva e subjetiva resultantes do fato.
a RESPONDERÁ POR 302º ctb
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O caso trata de um resultado lesivo (morte) causado por culpa consciente. Com efeito, a previsão subjetiva pode ser observada no fato de que o problema no sistema de freio ser conhecido pelo motorista. A previsão objetiva pode ser aferida
na circunstância de que o dever de cuidado exige atenção redobrada de motoristas em relação à manutenção de peças vitais com bom funcionamento veicular. O direito não pode aceitar “gambiarras”, em suma. De outro lado, impossível falar-se em dolo eventual porque o enunciado refere a convicção de que o improviso poderia ser eficaz. Assim, estamos diante de incidência do art. 302 do CTB.
“A”, querendo vingar-se do patrão que o despedira, decide colocar uma bomba em sua loja, programando o artefato para explodir ao final do expediente, quando poucas pessoas ali estivessem. Infortunadamente, sua esposa, acompanhada do filho de 6 anos de idade, decide procurar o empregador para tentar sensibilizá-lo, e os três acabam morrendo na explosão. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato.
A responderá pelo 121º, p2, II, pela morte do ex-patrão. 
Também respondendo pelo 121º p3. tendo em vista o artigo (73º) pelas mortes de sua esposa e seu filho. 
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O delito doloso de matar alguém não exige que o sujeito ativo conheça a identidade das vítimas. O dolo é de matar ALGUÉM, não importando quem seja. Assim, a conduta de colocar uma bomba na loja do patrão traz consigo, no mínimo, um dolo eventual, consistente na situação de indiferença do agente no que se refere à morte de outras pessoas. Portanto, “A” responderá por homicídio qualificado (art. 121, § 2°, III, do CP) contra as três vítimas. Não incidem agravantes relacionadas a crime contra cônjuge ou contra criança, na forma do que dispõe o art. 19 do CP. 
“A”, durante reformas internas em sua loja no centro de Porto Alegre, vem a ser informado pelo arquiteto que a marquise do estabelecimento está comprometida, havendo risco de desabar a qualquer momento. Num primeiro instante, “A” desconfia que o arquiteto havia dito aquilo simplesmente para receber mais honorários. Contudo, chama um engenheiro para averiguar a situação, sendo que este confirma a situação precária da laje, assim como o risco iminente de desabamento. Apesar de novamente alertado, e indiferente à possibilidade de maiores danos, “A” não determina a realização dos reparos. Dias após, a marquise vem a cair sobre pedestres que trafegavam pelo local, causando a morte de “B” e a amputação da perna de “C”, que, além disso, grávida de 6 meses, veio a perder os dois filhos gêmeos. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, justificadamente.
A responderá pelo 121° p3, c/c 13 caput. 
Também respondendo por 129°, p2, III c/ c 13 caput, à respeito da amputação de C, visto que não responderá por aborto, uma vez que a gravidez não era previsível pelo agente. 
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o caso trata de hipótese de dolo eventual. O enunciado narra a previsão subjetiva (“A” foi alertado pelo arquiteto e pelo engenheiro do risco de desabamento) e aceitabilidade do resultado (“indiferente à possibilidade de maiores danos”). Teremos, então, “A” respondendo por homicídio em relação a “B” (art. 121, caput, do CP) e por tentativa de homicídio em relação a “C” (art. 121, caput, c/c art. 14, II, do CP). A morte do feto, porque remotamente distanciada da situação de indiferença do agente, não é punível, pois mais próxima de um delito culposo. Seria aceitável, na resposta, a imputação de lesões corporais qualificadas em relação a “C” (art. 129, § 2°, III e V), porquanto alguns autores sustentam a impossibilidade de tentativa em casos de dolo eventual. 
“A”, dias após o parto de seu filho, abandona a criança na porta de uma casa, movida pela circunstância de a gravidez não ter sido desejada. Os moradores da casa, entretanto, estavam em férias. Tendo em vista que ninguém avistara a criança no local, esta acaba morrendo em razão do frio rigoroso da madrugada, 16h após ter sido abandonada pela mãe. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
A responderá pelo artigo 133, P2 e 3º, II. 
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a questão não narra fato algum relacionando a morte da criança a uma atuação dolosa. Pelo contrário, houvesse dolo de matar, a criança não teria sido colocada na porta da casa alheia para que outra família cuidasse dela. Estamos diante, pois, de uma morte culposa. Não incide, no caso, o art. 134, § 2°, do CP, porque o abandono do incapaz não foi motivado pela ocultação de desonra própria. Gravidez indesejada está longe de ser considerada como tal. Diante disso, a hipótese rege-se pelo delito de homicídio culposo (art. 121, § 3°, do CP).
Certo dia, pai e filho dirigem-se a um circo que se encontra em atividade em Porto Alegre, a fim de verem os animais. Lá chegando, o filho pede pipoca ao pai, que, para satisfazer o desejo da criança, deixa-a sozinha vendo os macacos, enquanto ele se dirige ao pipoqueiro. Nesse interregno, o filho, movido pela curiosidade, passa por baixo de uma cerca (embora nela esteja pendurada uma placa vedando a passagem), e dirige-se à jaula do leão. O animal, percebendo a aproximação da criança, consegue, com um golpe certeiro, capturá-la e trazê-la para dentro da jaula, matando-a. Considerando-se que o responsável pelo leão deixou de alimentá-lo há aproximadamente 5 dias, embora sem o conhecimento do dono do estabelecimento, responda: a) alguém responderá pelo evento morte? b) Fundamente a sua resposta.
O pai responderá pelo 121 p3, c/ c 13, p2, a. 
Enquanto o empregado do lugar, também responderá pelo 121 p3, c/ c 13 caput. 
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a) Sim
b) O pai do menino omite-se em tomar conta do filho. Há uma omissão imprópria (art. 13, § 2°, do CP). O resultado morte decorre de sua conduta omissiva, havendo um delito de homicídio culposo (art. 121, § 3°, do CP). No entanto, ser-lhe-á aplicável o perdão judicial (art. 121, § 5°). É questionável a imputação da responsabilidade ao tratador do leão. Por mais que ele tenha deixado de alimentar o animal por 5 dias, a questão, em momento algum, narra que esse fator foi determinante para o resultado. O dono do estabelecimento está fora da responsabilidade penal.
No dia X, a marquise de um restaurante de Capão da Canoa desaba sobre diversos pedestres que se encontravam no local. Dois deles vem a morrer instantaneamente, um vem a ter a perna amputada e seis resultam com escoriações leves. Instaurado inquérito policial para a apuração da responsabilidade criminal pelo ocorrido, fica comprovado que “A”, proprietário do estabelecimento, havia sido notificado, dois meses antes, pela Prefeitura local, para a realização de obra no local, haja vista a péssima condição que se encontrava a marquise. Também fica comprovado que “A”, diante dessa notificação, contratou o engenheiro “B” para a realização dos reparos, sendo que este apresentou laudo escrito atestando que a marquise não tinha risco imediato de desabamento e que a obra poderia ser feita após o término das férias de verão. Diante da narrativa, indique, fundamentadamente qual(is) o(s) crime(s) incidente(s), assim como a responsabilidade penal respectiva.
A e B respondem pelos resultados. 
A responderá pelo artigo 121º p3, c/ c 13 caput (2x), também por 129º p2, III pela amputação da perna do pedestre e também por 129º caput (6x).
B responderá pelo artigo 121º p3 e 4. 
 
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estamos diante de uma conduta culposa, por culpa consciente. Há previsão subjetiva (o proprietário foi alertado do risco) e também previsão objetiva (espera-se das pessoas em geral que zelem pela higidez de construções que estão sob sua responsabilidade). Mas o enunciado afasta a aceitabilidade do resultado (e, consequentemente, o dolo eventual), pois é referida expressamente a crença de que o resultado não iria ocorrer (o engenheiro comunicou que o reparo poderia esperar). Teremos, então, dois homicídios culposos (art. 121, §§ 3° e 4°, do CP) e duas lesões culposas (art. 129, §§ 6° e 7°, do CP).
“A”, motorista de taxi, conduzindo seu veículo com imprudência (excesso de velocidade), atropela “B”, pedestre que se encontrava em faixa de segurança. O motorista do taxi, apesar de perceber o atropelamento, deixou de prestar imediato socorro à vítima, embora podendo fazê-lo sem risco pessoal. Do ocorrido resulta a morte
do pedestre. Com base no fato narrado, dê, justificadamente, o enquadramento jurídico-penal da conduta de “A”.
A responderá pelos artigos 302º p1, III e 303º pú do CTB. 
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“A” pratica delito de homicídio culposo com a incidência de majorantes relacionadas à faixa de segurança e à omissão de socorro (art. 303, p.ú., do CTB).
“A”, após ingerir 2 latas de cerveja, dirigindo seu veículo com imprudência, atropela “B”, gestante de 8 meses que fazia a travessia em faixa de segurança na Avenida Ipiranga. O violento impacto causa a morte de “B” e do feto. Analise o eventual enquadramento jurídico-penal do fato.
A responderá pelo 302º p2º do CTB. 
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“A” irá responder pelo art. 303, p.ú., do CTB. A morte do feto é atípica, pois não há previsão de tipo penal para aborto culposo.
“A”, após ingerir grande quantidade de bebida alcoólica na companhia de amigos em um bar de Porto Alegre, comunica a todos que havia chegado a hora de ir embora. Apesar de alertado acerca da sua precária condição para dirigir, “A”, ainda assim, conduz o veículo até sua residência. No meio do caminho, quando transitava por uma rua recentemente asfaltada, passa sobre pedras que estavam no chão, momento em que uma delas é disparada pelo pneu em direção a um pedestre, que é atingido gravemente no rosto, vindo a morrer. “A” poderá ser condenado por tal morte? Justifique.
sim, A responderá pelo 302º p2 do CTB. 
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Não. O caso retrata uma situação de infelicitas facti, em que o resultado causado não decorre de uma obra dolosa ou culposa do agente. Veja-se que a embriaguez do motorista não possui relação de causalidade alguma com o evento, pois o disparo da pedra pelo pneu pode ocorrer em qualquer situação.
“A” é um perigoso delinquente da cidade de Porto Alegre, tendo sido condenado, irrecorrivelmente, por quatro delitos de estupro, todos contra crianças menores de 11 anos. Após permanecer foragido por mais de 2 anos, decide voltar para a casa dos pais a fim de, por lá, evadir-se dos mandados de prisão que, contra ele, foram expedidos. Chegando na referida residência, é recebido rispidamente por seu pai, “B”, que se recusa a “aceitá-lo de volta”, haja vista as inúmeras atrocidades por ele praticadas. Diante disso, inicia-se uma grande discussão entre “A” e seu progenitor, com ofensas verbais recíprocas e palavras de baixo calão sendo proferidas entre ambos. O pai, de forma intransigente, bate a porta “na cara” de seu filho, ordenando-lhe que se retire de sua residência, já que lá “não é casa de marginal”. Mesmo do lado de fora, “A” continua proferindo ofensas, indo embora logo em seguida. Alguns minutos após o ocorrido, “B”, ainda emocionado pelo calor da discussão, sente-se mal. Sua esposa chama o SAMU. O pronto atendimento dos médicos, entretanto, não evita a morte de “B”, resultante de ataque cardíaco, apesar de sua pouca idade. Dê o eventual enquadramento jurídico-penal do fato, no que tange ao resultado morte.
A não responderá por nada, pois se trata de um infelicitas facti. 
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O fato é atípico. Não se pode imputar ao agente um resultado imprevisto e imprevisível. De outro lado, não incide, no direito penal, o princípio romano do versare in re ilícita, pelo qual todo aquele que cria uma situação de ilicitude fica responsável pelos danos daí resultantes. Seria um caso, pois, de responsabilidade penal objetiva.
“A”, proprietário e comandante de barco que faz a travessia de passageiros entre as cidades de Porto Alegre e Guaíba, percebe que o motor está apresentando problemas elétricos. Chama, então, um mecânico para analisar o problema. Este (“B”), após inspecionar a embarcação, verifica que o alternador deveria ser substituído, mas, em razão de o preço da referida peça ser muito alto, sugere a “A” improvisar um remendo em alguns cabos, instalando, também, um dispositivo que cortaria a eletricidade caso houvesse algum curto-circuito no motor. A solução, segundo afirmado por “B”, iria resolver temporariamente o problema, sem maiores riscos aos passageiros. Uma semana depois, contudo, o barco vem a incendiar-se em razão da avaria elétrica diagnosticada por “B”, causando a morte por queimaduras de 14 passageiros, assim como a morte de outros 7, porém em razão de afogamento. Dê, fundamentadamente, o eventual enquadramento jurídico-penal do fato.
B responderá pelos 14 homicídios, enquadrados no 121º, p3 e 4. c/ c 13 caput. 
Não respondendo pelos demais homicidios causado pelo afogamento. 
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“A” e “B” respondem por 21 homicídios culposos (art. 121, §§ 3º e 4º). Em que pese o conserto possa, em alguma medida, afastar a previsão subjetiva do resultado, a inobservância do dever objetivo de cuidado decorre do fato de que o serviço de transporte de passageiros não pode ficar à mercê de improvisos.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO E QUALIFICADO
“A”, tomando conhecimento de que “B” violentou seu filho, decide matá-lo. Para tanto, põe-se de tocaia e, durante a noite, quando “B” voltava do trabalho, desfere três disparos contra a vítima, vindo a matá-la. Dê a tipificação legal da conduta de “A”, apontando eventuais causas de alteração de pena, bem como a verificação, in casu, da natureza hedionda, ou não, do delito.
A responderá pelo 121º, paragrafo 1º e 2º, IV cp 
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Homicídio qualificado e privilegiado. Há motivo de relevante valor moral (§ 1° do art. 121) e há meio que dificulta a defesa do ofendido (art. 121, § 2°, IV). Sendo objetiva a qualificadora, é possível sua combinação com a privilegiadora. A natureza hedionda do delito é afastada em razão da incidência da privilegiadora.
“A”, ao sair de casa, percebe que seu filho, “B”, está agredindo injustificadamente “C”. Durante a briga, entretanto, “C” saca uma faca para se defender da agressão injusta de “B”, caso em que “A”, verificando a iminência de o seu filho ser esfaqueado, atira contra “C”, vindo a matá-lo. Diante disso, indaga-se: “A” poderá ser condenado pela morte de “C”? Justifique a sua resposta.
Sim, responderá pelo 121º, p1 e 2 IV cp. 
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Não há que se falar em legítima defesa de terceiro, pois “A” mata aquele que estava se defendendo de agressão injusta e atual. Teremos, contudo, duas respostas possíveis: ou “A” responde por homicídio  privilegiado (art. 121, § 1° - motivo de relevante valor moral), ou “A” é absolvido por exclusão supralegal da culpabilidade, consistente numa inexigibilidade de conduta diversa: a maioria dos pais, apesar de reconhecer que o filho esteja atuando de maneira ilegal, protegeria-o ainda assim. 
“A”, esposa de “B”, desconfia que este a está traindo com outra mulher. A fim de dar um flagrante na relação adúltera, “A” simula uma viagem ao interior do Estado com a expectativa de que “B”, crendo na sua ausência momentânea, iria levar a amante para a casa de ambos. Durante a noite, e acreditando que a amante já se encontrava no apartamento do casal, “A” tenta abrir a porta da residência, mas, em razão de uma tranca interna, não consegue êxito. “B”, ouvindo barulhos na porta e acreditando ser um assalto, busca seu revólver no quarto e, aos gritos, determina que, quem quer que estivesse do lado de fora, fosse embora do local, sob pena de “levar chumbo”. “A”, imaginando que “B” já soubesse que era ela quem estava do lado de fora, continua forçando a fechadura, momento em que “B” atira contra porta, vindo a matá-la. Posteriormente, fica provado que “B”, efetivamente, estava com sua amante em casa. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
B responderá por 121º p3 c/ c 20º. 
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Trata-se de um erro de tipo permissivo (art. 20, § 1°, do CP), ou seja, uma legítima defesa putativa decorrente de erro fático. O enunciado descreve que o erro era inevitável, pois “B” tomou o cuidado de alertar o suposto ofensor quanto ao risco dos disparos. Nesse caso, haverá isenção de pena. A presença da amante em nada interfere na resposta.
“A” e “B”, policiais civis, prendem “C” em flagrante, na ocasião em que este se encontrava vendendo droga em frente a uma escola. Durante a lavratura
do flagrante, “A” e “B” agridem “C” ao longo de 3 horas, objetivando obter informações deste acerca de quem seria o seu chefe. Insatisfeitos com a recusa de “C” em lhe passar as informações, “A” e “B” submetem “C” a choques elétricos intermitentes, ao longo de 40 minutos. Ainda assim, “C” não diz a quem ele se reportava. Mesmo percebendo que “C” estava inconsciente e quase sem sentidos, “A” e “B” deixam-no caído ao chão de uma cela. Horas depois, vêm a perceber que “C” estava morto. Dê, justificadamente, o eventual enquadramento jurídico-penal do fato.
A e B em concurso de pessoas, respondem pelo 121º p.2 III e 3. 
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Estamos diante de caso de tortura. Há que se ponderar, portanto, se a morte é dolosa (caso em que incidirá o art. 121, § 2°, III, do CP) ou se é culposa (incidindo o art. 1°, § 3°, da Lei n. 9.455/97). Do enunciado colhe-se a existência de um dolo eventual em relação à morte, pois os choques intermitentes, associados ao abandono da vítima de situação de inconsciência, tornam possível e aceitável o resultado morte. Há, pois, homicídio qualificado.
“A”, policial, mediante tortura, tenta obter a confissão de “B” acerca de um crime que não foi praticado por ele. Após alguns choques elétricos de média voltagem, “B” vem a morrer. Posteriormente, descobre-se que, apesar de sua idade (40 anos), “B” possuía problemas cardíacos graves, o que possibilitou que a corrente elétrica, a despeito de, em pessoas normais, não levar à morte, fosse fatal no caso concreto. “A” desconhecia tais problemas cardíacos. Diante disso, por qual(i) delito(s) “A” irá responder? Justifique.
A responderá por 121º, p 2 III cp. 
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Estamos diante de caso de tortura. Há que se ponderar, portanto, se a morte é dolosa (caso em que incidirá o art. 121, § 2°, III, do CP) ou se é culposa (incidindo o art. 1°, § 3°, da Lei n. 9.455/97). Do enunciado colhe-se a existência de culpa quanto ao resultado letal. A ignorância quanto aos problemas cardíacos da vítima, aliado à média voltagem dos choques a que foi submetida, tornam possível reconhecer que a morte não era desejada, tampouco aceita pelo agente. Assim, incidirá, no caso, o art. 1°, § 3°, da Lei n. 9.455/97.
“A”, com o intuito de receber prêmio de seguro, desejar atear fogo em seu estabelecimento comercial, haja vista as graves dificuldades econômicas em que se encontra. A fim de que seu delito permaneça oculto, terá de matar o vigia (“B”) de seu estabelecimento, mas, apesar disso, decide efetivar o seu intento. Assim,  dirige-se, à noite, à sua loja e, lá chegando, desfere dois disparos em “B”, que falece no local do fato. Contudo, tendo em vista o forte barulho provocado pelos estampidos, desiste de prosseguir no incêndio, retornando à sua residência. Dê a tipificação legal do fato, fundamentando sua resposta.
A responde por 121º cp, p2 V.
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homicídio qualificado pela conexão (art. 121, § 2°, V). O fato de haver desistência voluntária em relação ao crime-fim não afasta a qualificadora, à vista da sua natureza subjetiva (é um motivo).
“A”, “B” e “C”, objetivando queimar documentos que incriminavam “D”, deputado federal, invadem uma delegacia de polícia e, para tanto, atiram contra “E”, policial que se encontrava no local, de plantão, matando-o. Após longa busca pelos referidos documentos, os três percebem que a procura restou infrutífera. Posteriormente, descobrem que, na data anterior, os tais documentos haviam sido removidos para outro local. Dê o enquadramento jurídico-penal das condutas dos autores, justificadamente.
A responderá por 121º p2 V. 
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homicídio qualificado pela conexão (art. 121, § 2°, V). O fato de haver crime impossível em relação ao crime-fim não afasta a qualificadora, à vista da sua natureza subjetiva (é um motivo).
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO
“A”, em seu orkut, intitulando-se mensageiro de Deus escolhido para salvar todos os homens dos poderes do demônio, divulga mensagens propondo suicídios coletivos, justificando ser esta a única forma de os pecados da carne serem expiados. Suas mensagens contam com a adesão de diversas pessoas no Brasil, que registram suas convicções pessoais na crença de que a doutrina pregada por “A” seria a verdadeira salvação. Sucessivamente, 16 pessoas acabam combinando um encontro organizado por “A”, em seu sítio, no dia 10/08/2003, ocasião em que, após dois dias de oração, todos decidem atear fogo aos próprios corpos, fazendo uso, para tanto, de sacos-de-dormir umedecidos com gasolina. Justificando a necessidade de sua doutrina ser transmitida a outras pessoas, entretanto, “A” não participa do suicídio.
O ritual incendiário desperta a atenção de um vizinho de “A”, que se assusta com a fumaça advinda daquela localidade e, ato contínuo, chama a polícia e os bombeiros para que se realizem as devidas averiguações. A pronta ação do corpo de bombeiros consegue controlar o incêndio e salvar a vida de três pessoas (duas delas resultam com graves deformidades decorrentes das queimaduras de 3º grau, e uma delas com poucas escoriações). Os corpos carbonizados das 13 vítimas restantes são devidamente periciados e identificados. Dentre estas, descobre-se uma menina com 13 anos de idade e um idoso com 74 anos, além de uma mulher que estava no segundo mês de gestação. No dia seguinte, por força de investigações levadas a efeito pela polícia local, “A” vem a ser localizado e preso.
Diante dos dados do caso concreto, responda justificadamente:
a)            Qual o crime praticado por “A”?
b)            Por quantos crimes “A” irá responder?
c)             Qual a forma de concurso de crimes que irá incidir na espécie, bem como o quantum de pena em abstrato que lhe poderá ser imposta?
d)            Quais as qualificadoras, majorantes e/ou agravantes que poderão ter aplicabilidade?
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a) participação em suicídio (art. 122), pois os atos executórios foram praticados pelas próprias vítimas;
b) 15 delitos: 13 delitos consumados com imputação de pena com resultado morte e 2 delitos com imputação de pena com resultado lesões corporais graves. Quando a participação em suicídio resulta em lesões leves, o fato é atípico;
c) concurso formal com desígnios autônomos, somando-se as penas (art. 70 do CP). Serão 13 x 2 a 6 anos e 2 x 1 a 3 anos;
d) O crime foi praticado por motivo egoístico, incidindo, portanto, o parágrafo único, inciso I, do art. 122. A idade das vítimas e a gravidez de uma delas na acarretam a incidência de majorantes ou de agravantes, pois o enunciado não narra que tais circunstâncias eram conhecidas do agente (art. 19 do CP).
Fazendo uso da internet, “A”, fanático religioso que se intitula líder da seita “Morte aos Pecadores”, divulga mensagem estimulando a prática de suicídios. “B”, lendo a mensagem e convencendo-se de que o caminho da salvação seria, efetivamente, o suicídio, decide dar cabo da própria vida, utilizando, para tanto, a mistura química sugerida por “A” em seu e-mail. “B”, contudo, após ingerir a substância, sofre fortes dores abdominais, mas, após ficar desacordado por mais de 18h, vem a recobrar integralmente os seus sentidos, desistindo de repetir a ação. Como base nos fatos narrados, analise, fundamentadamente, a possibilidade de eventual responsabilidade criminal de “A” no que tange à incidência de algum crime contra a vida.
A responderá pelo art. 122º caput. 
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o fato é atípico. A conduta praticada por “A” não gera a morte ou lesões graves em “B”, caso em que o resultado não tem previsão no art. 122 do CP.
“A” e “B”, mediante o uso de armas-de-fogo, obrigam “C” e “D” a realizarem roleta russa. Na primeira tentativa, “C” e “D” escapam ilesos. Na segunda, contudo, “C”, com a arma na própria cabeça, vem a deflagrar um disparo que lhe é fatal. Por qual(is) delito(s) irão responder “A” e “B”? Justifique.
A e B, em concurso de pessoas responderão pelo 121º.
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Tendo em vista que as vítimas não têm liberdade quanto à prática dos atos executórios, estamos diante de delitos de homicídio, e não de participação em suicídio. Há um
homicídio qualificado consumado em relação a “C” (art. 121, § 2°, IV, do CP) e um homicídio qualificado tentado em relação a “D” (art. 121, § 2°, IV, c/c art. 14, II, do CP).
“A”, em profunda depressão causada por ser portador de câncer, relata a “B” que está prestes a cometer suicídio, haja vista a proximidade de sua morte. A fim de ter uma morte indolor, pede a “B” que, sem avisá-lo, escolha um dia da semana e provoque um vazamento de gás em seu apartamento, situação esta piedosamente atendida por “B”. Dias após, conforme combinado, “B” dirige-se ao apartamento de “A” e abre o gás da cozinha, retirando-se do local. Contudo, “C”, vizinho de “A”, sente um forte odor de gás e arromba a porta do apartamento deste, encontrando-o caído ao chão em completa inconsciência causada pelo gás. Diante disso, socorre “A” até um hospital, que, em emergência, consegue recobrar os sentidos. Considerando-se que “A” restou internado por 20 dias no hospital, mas que não teve maiores sequelas do delito, responda: a conduta de “B” é punível? Caso afirmativo, por qual delito ele irá responder. Fundamente legal e juridicamente a sua resposta.
B responderá por homicídio tentado, 121º, p1 c/ c 14 II cp. 
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O crime é homicídio, pois o ato executório não foi praticado pela vítima. Tendo em vista que o resultado não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade de “B”, teremos um homicídio tentado. Incidirá a qualificadora da asfixia, podendo incidir, também, a privilegiadora do motivo de relevante valor moral: art. 121, §§ 1° e 2°, III, c/c art. 14, II, do CP.
“A”, estudante universitária, tomando conhecimento de que estava grávida de “B”, entra em profunda depressão, não revelando tal fato nem mesmo aos amigos mais próximos. Dias após, vem a receber a trágica notícia de que seu pai havia falecido num acidente de carro. Disposta a suicidar-se, “A” paga a “C” – marido de sua empregada doméstica – para que ele, num determinado dia e sem comunicação prévia, abra o gás do fogão de seu apartamento durante a noite. Quatro dias após o acordo, de madrugada, “C” entra na residência de “A” e cumpre fielmente o trato. Entretanto, “D”, vizinha de “A”, sentindo o forte cheiro de gás que vinha do apartamento desta, impede que a morte ocorra, conduzindo-a para um hospital. Lá a vítima é prontamente atendida e, após 10 dias de internação, vem a ser salva, sem maiores sequelas oriundas do fato. No entanto, vem a abortar a criança. Dê, fundamentadamente, o enquadramento jurídico-penal da conduta de “C”.
C responderá por 121º c/ c 14º II. 
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O crime é homicídio, pois o ato executório não foi praticado pela vítima. Tendo em vista que o resultado não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade de “C”, teremos um homicídio tentado. Incidirá a qualificadora da asfixia, podendo incidir, também, a privilegiadora do motivo de relevante valor moral: art. 121, §§ 1° e 2°, III, c/c art. 14, II, do CP. O aborto da criança é atípico, pois o enunciado não refere que a gravidez fosse conhecida por “C”. E  não há crime culposo de aborto em nossa legislação.
“A”, namorado de “B”, irresignado com o rompimento do namoro, divulga no Facebook vídeo contendo imagens íntimas do casal. O vídeo espalha-se rapidamente pela internet, chegando ao conhecimento de pessoas que conheciam “B”. Desesperada com a grave violação de sua intimidade, “B” foge de casa e isola-se em um sítio na serra gaúcha, de propriedade de seu tio. O episódio causa-lhe profunda depressão. Duas semanas após o ocorrido, “B” tenta o suicídio, fazendo o uso de veneno. Seu tio, entretanto, consegue acionar o serviço de pronto atendimento, que vem a socorrer “B”, salvando-lhe a vida. No entanto, “B” vem a sofrer lesão neurológica irreversível, em razão do veneno ingerido. Analise a eventual responsabilidade jurídico-penal de “A” no que se refere aos danos à vida/integridade corporal de “B”.
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No que se refere aos danos em “B”, o fato é atípico. Com efeito, foge do alcance do controle da conduta de “A” eventual suicídio de “B”, até mesmo porque o delito descrito no art. 122 do CP não é punido na forma culposa. “A” responderá, apenas, pela ofensa à honra.
Todos os dias antes de chegar em casa, “A” passa pelo bar da esquina e ingere alguns “martelinhos”, situação essa que, normalmente, gera a sua embriaguez. Ao chegar em casa bêbado, costuma agredir física e verbalmente a sua esposa (“B”), em que pese os mais de 10 anos de casamento. Todo dia é a mesma rotina: “A” chega em casa bêbado e espanca a coitada. Cansada de tanto apanhar, “B” decide, certa feita, dar cabo de sua própria vida, caso em que vem a ingerir certa dose de veneno, ocorrendo, assim, o seu suicídio. Os vizinhos, que sabiam das constantes agressões, ficam furiosos e dirigem-se à delegacia de polícia a fim de tomarem providências contra “A”. O delegado, então, prende “A” em flagrante, imputando-lhe a prática do delito enunciado no art. 122 do Código Penal. Está correto este enquadramento jurídico-penal? Por quê?
Não, A responderia somente pelos delitos de agressão causados na mulher. 
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Não. O delito descrito no art. 122 do CP não é punido na forma culposa. 
INFANTICÍDIO
“A”, logo após o parto e sob influência de estado puerperal, solicita a “B”, seu marido, que mate o filho recém nascido de ambos. Aquiescendo ao pedido da esposa, “B” vem a desferir golpes de faca na criança recém nascida, conduta com eficácia letal. Dê o enquadramento jurídico-penal das condutas, de forma justificada.
Ambos responderão por 121º. 
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O crime será de homicídio. Com efeito, o ato executório foi praticado por terceiro, e não pela mãe em estado puerperal. O art. 123 admite coautoria e participação (na forma do art. 30 do CP), porém apenas nos casos em que o ato executório seja praticado pela mãe, o que não ocorre no caso narrado. Assim, “A” e “B” responderão por art. 121, § 2°, II, do CP.
ABORTO
“A”, com 15 anos de idade, retorna de longa viagem aos Estados Unidos. “B”, sua mãe, vai buscá-la no aeroporto quando percebe que sua filha está em acentuado estágio de gravidez. Irresignada com a irresponsabilidade da filha, “B” instiga “A” a praticar um aborto, visto que aquela criança poderia atrapalhar todos os seus planos futuros. Diante da insistência da mãe, “A” aquiesce ao seu pedido e dirige-se a uma clínica de abortos a fim de fazer uma micro-cesariana, na medida em que já estava com mais de sete meses de gravidez. O médico “C” realiza a intervenção cirúrgica, extraindo o feto do ventre materno. Considerando-se que a criança nasceu viva, vindo a morrer alguns dias após a cirurgia, e que “A” acabou sendo esterilizada acidentalmente, dê o enquadramento jurídico-penal de todas as condutas, fundamentando legal e juridicamente a sua resposta.   
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“A” e “B” praticam o crime descrito no art. 124 do CP. “A”, contudo, é inimputável. “B” responderá como partícipe, pois sua conduta foi decisiva para que “A” prestasse o consentimento na prática do aborto por terceiro. “C” pratica do crime de aborto consentido (art. 126 do CP), com a incidência da majorante da lesão corporal grave descrita no art. 127, 1ª parte, do CP. O fato de a criança nascer viva, vindo posteriormente a morrer em razão do aborto, não modifica o delito. 
“A”, camelô que trabalha no centro de Porto Alegre, é procurado por “B”, vizinha sua que, descobrindo estar grávida de 2 meses, solicita-lhe a compra de remédio Cytotec. Tendo em vista que “A” não dispunha de referido medicamento, acaba adquirindo-o, na semana seguinte, em viagem realizada para o Paraguai. Retornando ao Brasil, vende-o a “B”. Esta, de sua vez, após ingerir o medicamento nos termos em que recomendado, vem a sofrer grave hemorragia, deslocando-se com urgência para um hospital. Lá chegando, vem a ser atendida por uma enfermeira relapsa (“C”) que, acreditando que o sangramento que “B” apresentava não era tão grave ao ponto de gerar risco à sua vida, não chama, no momento oportuno, o médico plantonista para o atendimento da urgência. Após mais de 2h de
espera, “B”, já em estado de choque, vem a falecer. Analise, fundamentadamente, o enquadramento jurídico-penal do fato.
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“B” pratica auto-aborto (art. 124 do CP), sendo que “A” é partícipe no mesmo crime.  A morte de “B” extingue a sua punibilidade (art. 107, I, do CP). No que se refere a tal morte, ela é decorrente de uma concausa (omissão da enfermeira), imputável a “C” (art. 121, §§ 3° e 4°, do CP), não podendo ser imputada a “A” (art. 13, § 1°, do CP).
Após exame específico, “A” descobre estar grávida e, consequentemente, procura o médico obstetra “B”. Logo no início do acompanhamento, “B” percebe que “A” apresenta uma determinada infecção vaginal, mas, crendo tratar-se de contaminação por bactéria que em nada poderia interferir na gravidez, dá sequencia ao tratamento sem dispensar maior atenção ao problema. No 6º mês da gestão, entretanto, “A” começa a sentir contrações e entra em trabalho de parto, dirigindo-se ao hospital com urgência. Devidamente internada no nosocômio e após 3 dias de repouso absoluto, “B” não consegue evitar o parto prematuro. A criança nasce com saúde prejudicada em função do precoce nascimento, vindo a falecer alguns dias após o parto. Após isso, “A”, consultando outros médicos, descobre que “B” deveria ter dado início a tratamento para o controle da infecção vaginal logo quando fora constatado o problema. Uma vez provada a negligência de “B”, que ocasionou a morte da criança, analise, fundamentadamente, o enquadramento jurídico-penal do fato.
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Em relação à morte da criança, o fato é atípico. Isso porque a conduta que causou o resultado decorre de negligência verificada durante a vida intra-uterina. Não há previsão legal de aborto culposo. Poder-se-ía cogitar, quando muito, uma lesão culposa (art. 129, §§ 6° e 7°, do CP) em relação à mãe, por força da infecção que não foi devidamente tratada.
“A”, grávida de 5 meses, agenda consulta médica com dermatologista a fim de tratar de problema de pele a que vinha se submetendo. O médico (“B”), examinando-a, receita-lhe uma determinada pomada, assim como um medicamento recém lançado no mercado, tendente ao tratamento de aquilo que, em sua visão, seria uma inflamação cutânea. O medicamento prescrito não era recomendado para gestantes, circunstância esta ignorada pelo médico. Após ingerir os comprimidos, “A” vem a sentir-se mal e, após dois dias  internada em um nosocômio, vem a perder o filho. Dê, justificadamente, o eventual enquadramento jurídico-penal do fato, levando-se em consideração a circunstância de a gravidez de “A” ser conhecida pelo médico.
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Fato atípico. Não há previsão legal do delito de aborto culposo.
“A”, tomando conhecimento de que o filho que esperava sua esposa “B” era do amante “C”, tranca-se com ela no quarto e, durante aproximadamente cinco horas, profere contra ela duras ofensas em razão do ocorrido. Durante a discussão, “A” refere a todo o momento que sua esposa seria uma vagabunda e que deveria dar cabo da própria vida caso tivesse um mínimo de dignidade. “A” afirma que vai dar uma volta e que, no seu regresso, gostaria de encontrar apenas o cadáver de “B”. Depois da intensa pressão psicológica, “B” decide ingerir uma grande quantidade de comprimidos diversos, vindo a passar mal. “B” foi socorrida pela amiga “C”, que chegou ao apartamento para visitá-la. Em razão da ingestão dos medicamentos e pela complicação daí decorrente, “B” perdeu o filho e teve extirpados seus ovários. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato.
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São dois os resultados que devem ser analisados: o aborto e a perda dos ovários. O enunciado descreve uma conduta dolosa de “A” tendente a influenciar “B” a pratica o suicídio. Em havendo o dolo de participação em suicídio, teremos, na mesma linha, um dolo (direto de 2° grau) de influenciar na prática de aborto por terceiro (impossível separar um do outro). No que se refere a “B”, “A” responderá por art. 122, com a pena da lesão grave. Em relação ao aborto, “A” responderá como partícipe do art. 124, executado por “B”. “B”, por sua vez, poderia responder pelo art. 124, sem prejuízo do exame da coação moral irresistível a que esteve exposta (art. 22 do CP). 
“A”, conduzindo seu veículo automotor com imprudência, atropela “B”, adolescente que, na ocasião dos fatos, estava no oitavo mês da gestação. Apesar de “A” ter prontamente buscado o socorro efetivo a “B”, esta acaba morrendo no local, assim como o feto. Analise o enquadramento jurídico-penal da conduta de “A”.
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A morte do feto é atípica, pois atípico o aborto culposo. A morte de “B” é punida na forma do art. 302 do CTB.
“A”, grávida de 8 meses, ao realizar a travessia de uma rua pela faixa de segurança, vem a ser atropelada por “B”, motorista que, ao mudar a estação do rádio, não percebera a presença da pedestre no local, vindo a atropelá-la. Do acidente resulta a morte de “A”. O feto, embora tenha nascido com vida, veio a ter complicações resultantes do nascimento precoce e do acidente, morrendo duas semanas após o ocorrido. Dê o enquadramento jurídico-penal do fato, fundamentadamente.
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A morte do feto é atípica, pois atípico o aborto culposo. A morte de “B” é punida na forma do art. 302, p.ú., do CTB.
“A”, durante acirrada discussão com sua esposa, “B”, que estava grávida de 8 meses, deflagra contra ela dois disparos de revólver. “B” é atingida e morre. O feto também morre. Considerando-se que a gravidez era conhecida por “A”, qual(is) o(s) delitos(s) incidente(s)? Justifique.
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“A” irá responder, em concurso formal (art. 70), pelos crimes de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I) e aborto (art. 125).
“A”, usuário de drogas, após discutir acirradamente com sua namorada, “B”, em razão da gravidez por ele indesejada, agride-a violentamente com socos e pontapés, causando-lhe graves lesões corporais no rosto. No instante em que os pais de “B” tentam impedir que a violência prossiga, “A” saca um arma e atira contra “B”, fugindo logo em seguida. Acionado o serviço de emergência, “B”, após algumas horas de intervenção cirúrgica, vem a falecer. Os médicos, contudo, conseguem salvar a vida do feto, que, apesar do nascimento prematuro, consegue sobreviver. Dê, fundamentadamente, o enquadramento jurídico-penal do fato.
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“A” irá responder por homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I) e por tentativa de aborto (art. 125 c/c art. 14, II). As lesões em “B” ficam absorvidas pelo homicídio.
“A”, enfermeira-padrão responsável pelo atendimento de pacientes do setor de obstetrícia do Hospital X, engana-se quanto à medicação prescrita por um médico para duas gestantes, trocando os remédios. Em virtude do equívoco, a gestante “B”, que era diabética, vem a ingerir remédio fatal para quem detém tal anomalia, o que lhe acarreta a morte. Os médicos conseguem salvar o feto, mas este vem a resultar com lesões cerebrais irreversíveis. Dê o eventual enquadramento jurídico-penal do fato.
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“A” responde por homicídio culposo (art. 121, §§ 3º e 4º) em relação à gestante. Em relação ao feto, sua conduta é atípica, pois a ofensa culposa à vida intra-uterina não é punida em nossa legislação.
“A”, com 14 anos, grávida de 2 meses, dirige-se a uma clínica que ouvira falar ser especializada em abortos. No local, “B”, médico, e “C”, sua secretária e auxiliar, realizam o procedimento. Após, recomendam a “A” dois dias de repouso absoluto, a fim de que o aborto se consume. No dia seguinte, “A” apresenta forte hemorragia vaginal, ocultando tal fato de seus pais. Dois dias após, já em situação de choque séptico decorrente do procedimento, “A” vem a ser internada no Hospital da PUC, mas vem a morrer. Os médicos diagnosticam, ademais, que a gravidez havia sido interrompida em razão do procedimento adotado por “B” e “C”. Analise o eventual enquadramento jurídico-penal do fato.
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“B” e “C” respondem pelo art. 125 (pois a vítima não é maior de 14 anos – cfe p.ú. do art. 126) e pelo art. 127, in fine (pois a morte da gestante é culposa).

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