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ANÁLISE DE CONDUTOS FORÇADOS Centro Universitário Estácio da Bahia - FIB Cássia Juliana Fernandes Torres Engenheira Ambiental Engenheira de Segurança do Trabalho Engenheira de Segurança de Barragem Especialista em Geoprocessamento Mestre em Engenharia Ambiental Urbana/UFBA Doutoranda em Energia e Ambiente/Cienam/UFBA Condutos forçado Denominam-se condutos forçados ou condutos sob pressão, as tubulações onde o líquido escoa sob uma pressão diferente da atmosférica. As seções desses condutos são sempre fechadas e o líquido escoa enchendo-as totalmente; são em geral de seção circular, porém, em casos especiais, como nas galerias das centrais hidrelétricas ou nos grandes aquedutos, são utilizadas outras formas. • Os condutos forçados, incluem: • ¤ Encanamentos; • ¤ Canalizações de recalque e de sucção; • ¤ Sifões; • ¤ Canalizações forçadas de usinas hidrelétricas. Condutos forçados A maioria das aplicações dizem respeito à utilização de tubos. A Linha de Energia (LE) e a Linha de Altura Piezométrica (LP) são representações gráficas da carga em um sistema. Proporcionam ajudas e dicas para localização e correção de pontos problemáticos em um escoamento (usualmente pontos de baixa pressão). Linha de Energia e Linha Piezométrica Linha de Energia e Linha Piezométrica • A linha de energia representa a altura de carga total (H = z + p/ρg + V2/2g) A altura permanece constante para um escoamento sem atrito, quando não é realizado nenhum trabalho sobre ou pelo líquido em escoamento (bomba ou turbina). • A linha piezométrica representa a soma das alturas de carga de elevação e de pressão estática (z + p/ρg) Porto, 1999 Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=GXR1n99WqMs EQUAÇÃO DA ENERGIA Linha de Energia e Linha Piezométrica A linha de energia sempre decai no sentido do escoamento, a menos que uma fonte externa de energia seja introduzida. Turbinas e bombas são máquinas hidráulicas que têm a função, respectivamente de extrair ou fornecer energia ao escoamento (PORTO, 1999). Equação da Energia Propriedades da água Viscosidade cinemática da água à 20ºC = 1,01*10^- 6 m²/s Perda de Carga Quando o líquido flui de 1 para 2, parte da energia inicial é dissipada sob a forma de calor. Essa perda de energia é comumente denominada de perda de carga distribuída ou contínua. Desta forma a perda de carga seria uma restrição à passagem do fluxo do fluido dentro da tubulação, esta resistência influenciará diretamente na altura manométrica de uma bomba (H) e sua vazão volumétrica (Q). Sempre que um fluido se desloca no interior de uma tubulação ocorre atrito deste fluido com as paredes internas desta tubulação, ocorre também uma turbulência do fluido com ele mesmo, este fenômeno faz com que a pressão que existe no interior da tubulação vá diminuindo gradativamente à medida com que o fluido se desloque, esta diminuição da pressão é conhecida como “Perda de Carga (∆P)” A perda de carga distribuída ocorre ao longo da tubulação decorrente da viscosidade do fluido e da rugosidade da tubulação, originada principalmente pelo atrito interno entre as partículas escoando em diferentes velocidades. Perda de Carga - Distribuída A perda de carga distribuída depende principalmente: • Diâmetro da tubulação; • Comprimento da tubulação; • Rugosidade da parede do tubo; • Propriedades dos fluidos; • Massa específica; • Viscosidade; • Velocidade do escoamento. Velocidade de atrito e tensão de cisalhamento Forç a Áre a Perfil de velocidade s h v = 0 v Tensão de cisalhamento Perda de carga Velocidade de atrito Exemplos • 1.2 O diâmetro de uma tubulação que transporta água em regime permanente varia gradualmente de 150mm, no ponto A, 6m acima de um referencial, para 75mm, no ponto B, 3m acima do referencial. A pressão no ponto A vale 103 KN/m² e a velocidade média é de 3,6 m/s. Desprezando as perdas de carga, determine a pressão no ponto B. • (Resp: 35,2 KN/m²) • 1.10 Quando água escoa em uma tubulação horizontal de 100 mm de diâmetro, a tensão de cisalhamento sobre a parede é de 16 N/m². Determine a perda de carga unitária na tubulação e a velocidade de atrito. • (Resp: J = 0,065 m/m; u* = 0,126 m/s) Fonte: Porto, 1999 • 1.3 Um determinado líquido escoa, em regime permanente, através de uma tubulação horizontal de 0,15m de diâmetro e a tensão de cisalhamento sobre a parede é de 10 N/m². Calcule a queda de pressão em 30 m desta tubulação. • (Resp: Variação P = 8KN/m²) • Exemplo 1.1 Numa tubulação de 300 mm de diâmetro, água escoa em uma extensão de 300m, ligando um ponto A na cota geométrica de 90,0 m, no qual a pressão interna é de 275KN/m², a um ponto B na cota topográfica de 75,0m, no qual a pressão interna é de 345KN/m². Calcule a perda de carga entre A e B, o sentido do escoamento e a tensão de cisalhamento na parede do tubo. • (Resp: Hp = 7,86m; Sentido: A para B; Tensão de cisalhamento= 19,26N/m²) Exemplos Fonte: Porto, 1999 Perda de Carga - Distribuída A rugosidade da parede depende do material de fabricação do tubo bem como do seu estado de conservação. De maneira geral, um tubo usado apresenta rugosidade maior que um tubo novo. Valores de rugosidade absoluta equivalente para alguns tipos de tubos mais comuns Perda de Carga - Distribuída Número de Reynolds A experiência de Reynolds Devido ao efeito da viscosidade, o escoamento de fluidos reais pode ocorrer de três modos distintos. As características destes regimes foram inicialmente observadas por Reynolds (1883) em um dispositivo semelhante ao esquematizado ao lado. • Dentre as propriedades do fluido, a viscosidade é a mais importante na dissipação de energia. Além de ser proporcional à perda de carga, sua relação com as forças de inércia do escoamento fornece um número adimensional, o número de Reynolds, Re, que é o parâmetro que indica o regime do escoamento. Perda de Carga - Distribuída Classificação dos escoamentos em função do número de Reynolds Escoamento laminar: o fluido escoa em blocos ou lâminas, de forma que o perfil de velocidades é parabólico. Os atritos que ocorrem são de origem viscosa. (Re < 2.000) Escoamento de Transição: nesta categoria, o efeito da rugosidade ou das asperezas das paredes é encoberto pela existência de um filme viscoso que lubrifica a região de contato. O movimento das partículas é caótico, porém a velocidade média é orientada na direção do eixo do escoamento. Neste regime os atritos são preponderantemente viscosos. (2000 < Re < 4000) Perda de Carga - Distribuída Classificação dos escoamentos em função do número de Reynolds Escoamento Turbulento: é caracterizado pela ação das asperezas das paredes, que geram vórtices (movimentos rotacionais) que incrementam a perda de energia. Neste regime os atritos são gerados pela rugosidade. (Re > 4.000) • Quanto maior a velocidade de um fluido dentro de uma tubulação maior será a perda de carga deste fluido. Desta forma podemos concluir que para diminuirmos a perda de carga basta diminuirmos a velocidade do fluido. • Mas velocidade menor para mantermos uma mesma vazão volumétrica (Q) será necessário utilizar tubulações de maior diâmetro, o que acarreta em uma instalação de custo mais elevado. Resumindo, com velocidades muito grande ocorrerá um aumento da perda de carga (∆P) do sistema, o que acarretará um maior consumo de energia nas bombas e compressores, desta forma quando estivermosdimensionado as tubulações da rede hidráulica devemos pensar em um projeto que garanta ao mesmo tempo que se possa ter velocidade, para garantir a necessária vazão de fluido com uma mínima perda de carga, com o menor custo da instalação. Perda de Carga - Distribuída A perda de Pressão ou perda de carga (∆P) provocada pelo atrito no interior de um tubo cilíndrico, para diversos fluidos homogêneos, como no caso da água, pode ser expresso pela equação de Darcy- Weissbach: Existem diversas equações que são utilizadas para calcular perda de carga no interior de uma tubulação. Perda de Carga - Distribuída 1. Equação de Darcy – Weissbach (Universal) O Fator de Fricção (f), também é algumas vezes conhecido como “Fator de Fricção de MoodY” , “Coeficiente de Perda de Carga Distribuída” o u Fator de atrito. Pode ser determinado através de equações matemáticas, as quais são função do “Número de Reynolds” (Re) e da Rugosidade relativa. Perda de Carga - Distribuída • Fator de atrito ou Fricção Para tubos lisos (Fórmula de Blasius – Experiência de Nikuradse) 3000< Rey <10^5 Em regime laminar de tubo circular o fator de atrito só depende n° de Reynolds, independente da rugosidade da tubulação 𝑓 = 64 𝑅𝑒𝑦 Porto, 1999 Perda de Carga - Distribuída Fórmulas explícitas e aproximadas para cálculo do fator de atrito: Equação de Swamee – Jain Para 5. 10^3< Rey<10^8 Ɛ/D variando entre 10^-6 a 10^-2 Equação geral para o cálculo do fator de atrito, válida para escoamentos, laminar, turbulento liso, de transição e turbulento rugoso: Utilizada para reproduzir o diagrama de Moody Porto, 1999 Diagrama de Moody Fonte: Porto, 2000 Porto, 1999 Considere um conduto com 100 m de comprimento, diâmetro de 0,1 m e rugosidade de 2mm que transporta água a uma vazão de 15 l/s à 20° C. Determine a perda de carga do escoamento no conduto (Encontre o fator de atrito pelo diagrama de Moody e pela equação de Swamee – Jaine. Compare os resultados) Exercício 2 9,0Re 74,5 7,3 log 25,0 D f DVDV ... Re 1.000.000 f=0,05 Observação • Na maioria dos projetos de condução de água, como em redes de distribuição de água, instalações hidráulico- sanitárias, sistemas de irrigação, sistemas de bombeamento etc., as velocidades médias comumente encontradas estão, em geral, na faixa de 0,50 a 3,00 m/s. Admitindo-se diâmetros utilizados, nestas aplicações, na faixa de 50 a 800 mm, os valores práticos dos n° de Rey localizam-se no intervalo de 10^4 a 3.10^6. • Pelo diagrama de Moody, indica que na maioria dessas situações práticas os regimes são turbulentos de transição, pois em geral as rugosidades das tubulações utilizadas não são altas. Porto, 2000 • Exemplo 2.6. Imagine uma tubulação de 4 polegadas de diâmetro, material aço soldado novo, rugosidade de 0,10mm, pela qual passa uma vazão de 11l/s de água. Dois pontos A e B desta tubulação, distantes 500m do outro, são tais que a cota piezométrica em B é igual à cota geométrica em A. Determine a carga de pressão disponível no ponto A, em mH2O. O sentido do escoamento é de A para B. Exemplo 2.7. Um ensaio de campo em uma adutora de 6 polegadas de diâmetro, na qual a vazão era de 26,5l/s, para determinar as condições de rugosidade da parede, foi feito medindo-se a pressão em dois pontos A e B, distanciados 1017m, com uma diferença de cotas topográficas igual a 30m, cota de A mais baixa que B. A pressão em A foi igual a 68,6 N/cm2 e, em B, 20,6 N/cm2. Determine a rugosidade média absoluta da adutora. Fonte: Porto, 2000 Resp: 10,85 mH2O Resp: 0,35 mm 2. Equação de Hazen - Williams Perda de Carga - Distribuída Aplica-se nos seguintes casos: - Escoamento turbulento de transição - Líquido: água à 20°C - Diâmetros > 100mm (4 polegadas) - Redes de distribuição de água, adutoras, sistemas de recalque. J = Perda de carga unitária (m/m) C= Coeficiente de rugosidade. Q=Vazão (m3/s) D= Diâmetro (m) 2. Equação de Hazen - Williams Perda de Carga - Distribuída L (comprimento da tubulação) x (vezes) PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA = Equação de Hazen – Williams (Determinação do coeficiente C em função da natureza do material empregado na fabricação dos tubos e paredes internas. Perda de Carga - Distribuída • A Fórmula de Hazen – Williams para perda de carga distribuída é bastante versátil e pode ser aplicada a condutos forçados e livres com Diâmetros maiores que 100mm. • Tem sido utilizada para canalizações de água e de esgoto, para os mais diversos materiais: aço, cimento, chumbo, estanho, ferro forjado, ferro fundido, latão, madeira, tijolos e vidro. Perda de Carga - Distribuída Observação: A Equação de Hazen – Willians é utilizada para tubulações grandes. Em caso de tubulações pequenas, como por exemplo, utilizada em instalações prediais, esta equação não se aplica. Perda de Carga - Distribuída 2.16 Na tubulação da Figura abaixo, de diâmetro 0,15m, a carga de pressão disponível no ponto A vale 25m H2O. Qual deve ser a vazão para que a carga de pressão disponível no ponto B seja de 17m H2O. A tubulação de aço soldado novo, está no plano vertical. Fonte: Porto, 2000 Perda de Carga - Distribuída 2.21 Em uma tubulação horizontal de diâmetro igual a 150mm, de ferro fundido em uso com cimento centrifugado, foi instalada em uma seção A, uma mangueira plástica (piezômetro) e o nível d’água na mangueira alcançou a altura de 4,20 m. Em uma seção B, 120 m, à jusante de A, o nível d’água em outro piezômetro alcançou a altura de 2,40 m. Determine a vazão. Resp: 26,51 l/s 3. Fórmula de Flamant Perda de Carga - Distribuída Usada para tubos de pequeno diâmetro. O parâmetro b, varia de acordo com o material da tubulação: 0, 00023 – Tubos de ferro ou aço usados 0,000185 – Tubos de ferro e aço novos 0,000140 – Para tubos de chumbo 0,000130 – Para canos de cobre 0,000120 – Para canos de plástico (Para tubos de D pequeno < 50mm) b – coeficiente de Flamant (Tabelado em função do material do tubo) 4. Fórmula de Scobey Perda de Carga - Distribuída Usada para redes de irrigação por aspersão e gotejamento, que usam tubos leves. O parâmetro Ks, varia de acordo com o material da tubulação: 0, 32 – Tubo de plástico e cimento amianto 0,43 – Tubo de alumínio com engate rápido a cada 6m 0,45 – Tubo de aço galvanizado com engate a cada 6m Reservatórios Exemplo 2.8 O sistema de abastecimento de água de uma localidade é feito por um reservatório principal, com nível d’água suposto constante na cota 812,00 m, e por um reservatório de sobras que complementa a vazão de entrada na rede, nas horas de aumento de consumo, com nível d’água na cota de 800,00 m. No ponto B, na cota de 760,00 m, inicia-se a rede de distribuição. Determine a vazão no ponto B. O material das adutoras é aço soldado novo. Despreze as cargas cinéticas (Utilize a equação de Hazen Willians) Fonte: Porto, 2000 Condutos em Paralelo • Condutos em paralelo aumenta a capacidade de transportar vazão. • A vazão total do sistema é igual ao somatório de todas as vazões dos trechos em paralelo (podem passar vazões diferentes em condutos em paralelo). • A perda de carga é igual para todos os trechos em paralelo. Na figura abaixo os pontos A e B estão conectados a um reservatório mantido em nível constante e os pontos E e F conectados a outro reservatóriotambém mantido em nível constante e mais baixo que o primeiro. Se a vazão no trecho AC é igual a 10 l/s de água, determine as vazões em todas as tubulações. A instalação está em um plano horizontal e o coeficiente de rugosidade da fórmula de Hazen- Willians, de todas as tubulações, vale C = 130. Despreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas das tubulações. Exercício Fonte: Porto, 2000 Seções Não circulares Referências • AZEVEDO, Neto. FERNANDEZ, Miguel Fernandez y; ARAÚJO, Roberto de; ITO, Acácio Eiji. Manual de hidráulica. Ed. Edgard Blucher: São Paulo. 2010. 8ª ed. 8ª reimpressão. • PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica Básica. 2ª ed. EESC- USP: São Carlos. 2000. OBRIGADA! torres_cjf@yahoo.com.br
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