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Por volta de 1700 a.C., os babilônios já sabiam resolver equações do 2º grau. Todavia, foi apenas no final do século XV, com a Renascença, que a equação do 3º grau foi estudada de forma efetiva na Europa. Em 1.494, Frei Luca Pacioli imprimiu (graças ao invento de Guttemberg) o livro Summa de Aritmética e Geometria. Ele afirmava não existir uma regra para resolver uma equação do tipo x3+px=q" /> que na época se lia cubo e coisas igual a número. Provavelmente o feito matemático mais extraordinário do século XVI foi a descoberta, por matemáticos italianos, da solução algébrica das equações cúbica e quártica. A história dessa descoberta, em sua versão mais matizada, rivaliza com qualquer página escrita por Benvenuto Cellini (EVES, 2011, p.302). De forma sucinta, abaixo apresentamos nomes e fatos... Personagens e fatos históricos Scipione del Ferro (1465-1526), professor da Universidade de Bolonha, por volta de 1526, foi o primeiro a resolver a equação do 3º grau, mas nunca publicou nada. Comunicou a solução a Annibale Della Nave (futuro genro) e também a Antonio Maria Fiore (ou Antonio Fior), grande amigo, que recebeu a regra sem sua demonstração. Por volta de 1535, Nicolo Fontana de Brescia, mais conhecido como Tartaglia (o tartamudo), devido a lesões físicas sofridas quando criança que afetaram sua fala, anunciou ter descoberto uma solução algébrica para a equação cúbica x3+px2=n." /> . (EVES, 2011, 302-303). De posse do novo conhecimento, e achando que Fiore estava blefando, em 1.535 Fiore desafiou Nicolo Tartaglia (Nicolo Fontana) em resolver problemas a partir de listas trocadas entre competidores (desafios científicos parecidos eram muito comuns naquela época). Tartaglia (1499-1557), eminente professor em Veneza, desconfiou que existiria uma solução para equação do 3º grau também de posse de Fiore, já que a lista proposta por seu rival (Fiore), só continha problemas desta natureza. Nessa disputa, Tartaglia resolveu a equação do 3º grau e venceu o duelo com relativa facilidade, pois os problemas que seu oponente deveria resolver estavam além da sua capacidade. Mas Tartaglia manteve sua resolução em segredo. Em 1.539, Girolamo Cardano (1501-1576), médico e cientista, rico e influente em sua época, gênio inescrupuloso, conseguir arrancar de Tartaglia a regra para resolver a equação do 3º grau, sob a forma de versos enigmáticos, mas sem demonstração. Foi então que Cardano jurou a Tartaglia que não dilvulgaria a regra. Assim, Cardano e seu discípulo, Ludovico Ferrarri (1522-1557), demonstraram a regra de Tartaglia para solução de x3+px=q" /> . Eles propuseram a mudança x=y−a3x3+ax2+bx+c=0" />, além de resolverem 13 tipos de TEXTO-BASE Equações de 3º e 4º Graus - Fernanda Oliveira Simon [1] Página 1 de 3Texto-base - Equações de 3º e 4º Graus | Fernanda Oliveira Simon : HISTÓRIA DA... 21/03/2018https://cursos.univesp.br/courses/1023/pages/texto-base-equacoes-de-3o-e-4o-graus-... equações do 3º grau, que hoje em dia são conhecidas como sendo uma só. Pouco tempo depois Ferrari resolve a equação do 4º grau. Devido ao juramento, Cardano não podia publicar a solução de Tartaglia. Todavia, em 1.542, ele e Ferrari obtiveram permissão de Della Nave para examinar os manuscritos de Ferro. Depois disso, em 1.545, Cardano publicou o livro Ars Magna, que continha, entre outros pontos, a solução da equação de 3º grau devido a Ferro. Isto provocou uma reação contrária de Tartaglia, que, em 1.546, publicou o livro Quesiti et Inventioni Diverse, no qual ataca duramente Cardano pela quebra do juramento. No período compreendido entre fevereiro de 1.547 e julho de 1.558, houve um duelo com trocas de 6 panfletos de Ferrari e 6 panfletos de Tartaglia, mais um debate final. Esse duelo culminou com a perda de emprego por parte de Tartaglia. Por isso, Tartaglia, residente em Brescia, volta a Veneza, onde morreria no esquecimento nove anos mais tarde. Pouco depois da resolução da equação cúbica, encontrou-se também a solução da equação quártica geral. Em 1540, o matemático italiano Zuanne de Tonini da Coi propôs um problema a Cardano que recaía numa equação quártica. Embora não conseguisse resolver essa equação, seu discípulo Ferrari teve êxito nessa tarefa, e Cardano teve o prazer de publicar também essa solução em sua Ars Magna (EVES, 2011, p.303). Girolamo Cardano é um dos personagens mais extraordinários da história da matemática. Nasceu em Pávia, em 1501, filho ilegítimo de um jurista, vindo sua personalidade a revelar-se extremamente contraditória e arrebatada. Começou sua tumultuada vida profissional como médico, mas, paralelamente, dedicava-se à matemática, estudando, ensinando e escrevendo. Depois de uma viagem que fez, certa feita, à Escócia, veio a ocupar, sucessivamente, cadeiras importantes nas Universidades de Pávia e Bolonha. Esteve preso por algum tempo, acusado de heresia por ter feito e publicado um horóscopo de Jesus Cristo. Renunciando a sua cadeira em Bolonha, mudou-se para Roma, onde se notabilizou como astrólogo, inclusive do Papa, pelo que recebia uma pensão. Faleceu em Roma no ano de 1576 e segundo uma versão, pôs fim à própria vida para não contrariar previsão astrológica feita por ele mesmo sobre a data de sua morte. Contam-se muitas histórias sobre sua perversidade; como a de que, num acesso de raiva, teria cortado as orelhas de seu Tartaglia teve uma infância difícil. Nasceu em Brescia no ano de 1499, filho de pais muito pobres, e presenciou a tomada de sua cidade natal pelos franceses em 1512. Durante o período de violências da invasão francesa, ele e seu pai (que era mensageiro postal da cidade), como muitas outras pessoas, refugiaram-se na catedral local. Mas os soldados franceses não respeitaram o local e massacraram os que lá estavam. O pai de Tartaglia foi morto e ele, com o crânio fraturado e com um corte de sabre profundo que lhe atingiu o palato, foi deixado como morto. Quando sua mãe chegou à catedral, à procura dos parentes, encontrou o filho ainda com vida e diligenciou para transportá-lo seguro de lá. Carecendo de recursos para assistência médica, ela lembrou que um cão machucado sempre lambe suas próprias feridas; de fato, mais tarde Tartaglia atribuiu sua recuperação a esse tratamento. O ferimento no palato deixou-o com um defeito na fala, razão pela qual ganhou a alcunha de “o gago”. Sua mãe só Página 2 de 3Texto-base - Equações de 3º e 4º Graus | Fernanda Oliveira Simon : HISTÓRIA DA... 21/03/2018https://cursos.univesp.br/courses/1023/pages/texto-base-equacoes-de-3o-e-4o-graus-... filho mais jovem. Algumas dessas histórias podem resultar de exageros de seus inimigos; pode ser mesmo que ele tenha sido vítima de muita difamação. Pelo menos é isso que sustenta em sua autobiografia. Um dos homens mais talentosos e versáteis de seu tempo, Cardano deixou uma obra vasta, abrangendo aritmética, astronomia, física, medicina e outros assuntos. Mas dentre os seus muitos livros o mais importante, sem dúvida, é a Ars Magna, o primeiro grande tratado em latim dedicado exclusivamente à álgebra. EVES, 2011, p.306-307 conseguiu dinheiro para mandá-lo à escola por 15 dias e assim Tartaglia teve de aprender a ler e a escrever sozinho, usando para isso, inclusive, um caderno que roubara. Conta-se que, não dispondo de recursos para comprar papel, usava as lápides do cemitério como quadro-negro. Mais tarde passou a ganhar a vida ensinando ciências e matemática em várias cidades da Itália. Faleceu em Veneza em 1557. EVES, 2011, p.307 REFERÊNCIA EVES, H. Introdução à História da Matemática. Trad. DOMINGUES, H.H. 5a. edição, Campinas. Ed. UNICAMP. 2011. [1] Artista da Renascença, nascido em 1500 e falecido em 1571, cuja foi marcada pela aventura. Ainda jovem, envolveu-senuma discórdia e foi banido para a cidade de Siena. De volta à sua cidade natal, Florença, foi condenado à morte e fugiu para Roma. Ali, protegido pelo papa Clemente 7º, realizou muitos trabalhos artísticos. Página 3 de 3Texto-base - Equações de 3º e 4º Graus | Fernanda Oliveira Simon : HISTÓRIA DA... 21/03/2018https://cursos.univesp.br/courses/1023/pages/texto-base-equacoes-de-3o-e-4o-graus-...
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