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A cantiga de amigo de Pero Meogo

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A cantiga de amigo de Pero Meogo, “Fostes filha, eno bailar”, de forma paralelística, em leixa-pren, apresenta uma estrofe com um refrão de três versos (ou palavras). A interpretação no plano narrativo é outro muito diferente do plano metafórico e simbólico. Esta antiga cantiga, aparentemente inocente, mostra, com uma interpretação mais atenta, um encontro amoroso e a erotização de uma moça. Quando a cantiga envolve a ideia de dança, a cantiga caracteriza-se como bailada, como é o caso desta. 
Primeiramente, no plano narrativo, o que pode ser lido, é uma reclamação da mãe com a filha, que saiu para dançar e rasgou seu vestido de tecido fino. A própria moça havia feito o vestido, e sem o consentimento da mãe, como mostra o trecho: “E rompestes i o brial/ que fizestes ao meu pesar;” (versos 11 e 12)
No plano metafórico e simbólico, há várias palavras imagéticas, que dão outras ideias e interpretações, a começar pelo bailar. A dança é símbolo de sensualidade, assim como na cantiga de João Zorro, “bailemos agora, por Deus, ai velidas”. Essa ideia de dança também se mostra na segunda estrofe, com a palavra “loir”, na cantiga analisada. Porém, quanto aos símbolos que conotam sensualidade, mostra-se em diversas figuras, como a do brial, que é uma peça fina de vestuário. A fonte mostra a figura feminina, fria e úmida, enquanto a forma da fonte, fálica, representa o homem. Logo, a fonte indicaria o encontro amoroso entre a moça e o rapaz.
O rapaz, nesta cantiga, é colocado pela mãe da moça, como um cervo. Essa imagem é comum, e apresenta-se em várias outras cantigas, como na outra cantiga de amigo de Pero Meogo, na qual a mãe dialoga com a filha que foi para a fontana e encontrou-se com um cervo. “- Digades, filha, mia filha velida:”
Logo, o cervo se encontra com a moça, e a fonte é o símbolo desse encontro. Em uma outra interpretação mais livre, a fonte poderia até simbolizar a própria figura feminina. Mas está mais claro que a figura feminina está em uma metonímia. A moça, que teve seu vestido rompido, na verdade perdeu sua virgindade com o homem, ou o “cervo”, como mostra o trecho: “...e rompestes i o brial”
No plano metafórico, a moça, foi ao encontro do moço. A dança seria a representação da sua maturidade sexual, talvez até sua vontade. A fonte seria o encontro, o ato. O romper do brial seria o romper do hímen. Aparentemente a mãe está descontente. Ela usa de metáforas para falar com a filha. Ela se comunica por códigos, como se tivesse desvendado o segredo da filha. Outro ponto que também poderia mostrar a vontade da moça de ter relações com o homem, é o fato mostrado nas duas últimas estrofes: Aparentemente, a moça fez o vestido, sem o consentimento da mãe. Ou seja, a mãe achava que a filha não deveria ter relações com o tal rapaz, ou porque não o achava apropriado, ou porque achava que a filha não estava pronta. O vestido também poderia simbolizar a vontade da moça. Ela estaria se preparando para ter ralações com o rapaz.

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