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1 CAPÍTULO 2 - Estrutura da matéria, propriedades dos materiais e o uso em engenharia ESTRUTURA ATÔMICA 2-1 INTRODUÇÃO 2-2 CONCEITOS ELEMENTARES 2-3 A ESTRUTURA DOS ÁTOMOS 2-4 A ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS 2-5 LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS 2-6 LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS 2-7 RESUMO DAS LIGAÇÕES 2-8 COMPRIMENTO, FORÇA E ENERGIA DE LIGAÇÃO 2 INTRODUÇÃO antes de entender fenômenos que determinam propriedades nos materiais a partir da MICROESTRUTURA deve-se primeiramente entender a ESTRUTURA ATÔMICA (e ESTRUTURA CRISTALINA) dos materiais porque estas definem algumas de suas propriedades ESTRUTURA PROPRIEDADES CIÊNCIA DOS MATERIAIS ESTRUTURA ATÔMICA ESTRUTURA CRISTALINA MICROESTRUTURA Ordem de grandeza da estrutura atômica 10-15 a 10-10 m A estrutura eletrônica dos átomos determina a natureza das ligações atômicas e define algumas propriedades dos materiais Propriedades: físicas, ópticas, elétricas e térmicas INTRODUÇÃO 3 CONCEITOS ELEMENTARES • Teoria atômica de Dalton entre 1803-1808: - Matéria composta por átomo - indivisivel; - igual em todas as suas propriedades; - átomos de elementos possuem propriedades físicas e químicas diferentes; - substância formada pela combinação de dois ou mais átomos Cada átomo guarda sua identidade química. •Teoria atômica de Thomson 1887: - átomo de Dalton não explicava fenômenos elétricos (raios catódicos = e-); - modelo do “pudim de passas”: uma esfera positiva com e- na superfície; - Eugene Goldstein supôs o próton destruindo a teoria de Thomson. CONCEITOS ELEMENTARES • Teoria atômica de Rutherford 1911: Para saber o conteúdo de um caixote pode-se atirar nele, se a bala passar ele está vazio, ou tem um material pouco consistente. Partículas alfa contra uma fina lâmina de ouro(0,0001 cm - dez mil átomos) a grande maioria das partículas atravessava a lâmina ou parte ricocheteava. 4 CONCEITOS ELEMENTARES • Teoria atômica de Rutherford 1911: MODELO PLANETÁRIO - o átomo não é maciço, mais espaços vazios; - região central - núcleo - cargas positivas; - eletrosfera - elétrons (1836 vezes mais leve); - a relação entre partículas que passam e a as que ricocheteiam: tamanho do átomo cerca de 10 mil vezes maior que o tamanho do núcleo. CONCEITOS ELEMENTARES • Teoria atômica de Bohr 1911: MODELO RUTHERFORD-BOHR Não explicava os espectros atômicos. - os elétrons circundam orbitalmente - cada nível tem um valor determinado de energia (não é possível permanecer entre os níveis); - excitação do elétron: passa de um nível para o outro; - volta emitindo energia NOVIDADE DA TEORIA: quantização da energia dos elétrons 5 Por que a importância de estudar a estrutura atômica e ligações interatômica?? • Compreensão das ligações Inter atômica nos sólidos; • Tipo de ligação permite explicar as propriedades do material (ex. carbono pode existir tanto na forma de grafita quanto de diamante. Grafita “macia” e diamante “duro”); CONCEITOS ELEMENTARES ÁTOMOS NÚCLEOS PRÓTON NEUTRON ELETROSFERA ELÉTRON CONCEITUAR: UNIDADE DE MASSA ATÔMICA (u.m.a.) NÚMERO ATÔMICO (Z) MASSA ATÔMICA NÚMERO DE AVOGADRO (NA) ISÓTOPOS ISÓBAROS ISÓTONOS 6 CONCEITOS ELEMENTARES Unidade de massa atômica (u.m.a.): definida como 12 avos da massa do isótopo mais comum do carbono 12. Há 6,02 x 1023 u.m.a. por grama 1 u.m.a./átomo (ou molécula) = 1g/mol Número atômico (Z): é o no de prótons no núcleo. Massa atômica (A): soma das massas dos prótons e neutrons do núcleo de um átomo. Número de Avogadro (NA): no de átomos ou moléculas de um g.mol, e corresponde a 6,02 x 1023 mol-1. Isótopos: nos atômicos iguais e diferentes massas. Isóbaros: nos de massa iguais e diferentes nos atômicos. Isótonos: nos de neutrons iguais. Átomo - núcleo neutrons prótons - eletrosfera elétrons mantida pela atração eletrostática carga massa e- -1,60 x 10-19C 9,11 x 10-28g próton +1,60 x 10-19C 1,67 x 10-24g neutron - 1,67 x 10-24g Elétrons nos átomos 7 Elétrons (e-): - componente do átomo com carga negativa de 1,6 x 10-19C; - apresentam-se em órbitas; - podem ser e- de valência, se na última camada; - podem gerar cátions ou ânions. Os e- mais afastados do núcleo determinam: - propriedades químicas; - natureza das ligações interatômicas; - controlam tamanho do átomo, condutividade elétrica; - influência nas características óticas. Elétrons nos átomos ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Números quânticos 8 ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Números quânticos NÚMERO QUÂNTICO PRINCIPAL (n): representa os níveis principais de energia para o elétron, pode ser imaginado como uma camada no espaço onde a probabilidade de encontrar um elétron com valor particular de n é muito alta. NÚMERO QUÂNTICO SECUNDÁRIO (l): especifica subníveis de energia dentro de um nível de energia, também especifica uma subcamada onde a probabilidade de se encontrar o elétron é bastante elevada. l = 0 1 2 3 l = s p d f Características direcionais dos orbitasi s, p e d ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Números quânticos Exemplo da distribuição eletrônica do átomo de sódio, de número atômico 11, observa-se os elétrons nas camadas quânticas K, L e M. Sódio (Na) Numero atômico (Z) 11 Configuração eletrônica 1s22s22p63s1 9 ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Valência Valência de um átomo É o número de elétrons em um átomo que participa em ligações/reações químicas. •A camada de valência é a camada mais afastada do núcleo, a valência é o número de elétrons nos níveis de energia externa s e p. •A valência de um átomo está relacionada à capacidade do átomo combinar químicamente com outros elementos. Exemplo: Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 Valência 2 Al: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 Valência 3 Ge: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p2 Valência 4 •Depende também da natureza da reação química. Exemplo: P <-> O ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Tabela Periódica 10 ESTRUTURA ELETRÔNICA DOS ÁTOMOS Eletronegatividade •Descreve a tendência de um elemento em receber elétrons para completar seu nível energético mais externo. Exemplo: na ligação iônica NaCl * Cl é eletronegativo e recebe elétrons *Na perde elétrons Na 1s22s22p63s1 Cl 1s22s22p63s23p5 LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS • O tipo de ligação interatômica geralmente explica a propriedade do material. • Por exemplo, o carbono pode existir na forma de grafite que é mole, escuro e “gorduroso” e na forma de diamante que é extremamente duro e brilhante. Essa enorme disparidade nas propriedades começa pelo tipo de ligação química do carbono em cada um dos casos. Importância Ligações químicas em materiais sólidos 11 Introdução Para um elemento adquirir a configuração estável de 8e- na última camada ele pode: (1) receber e- extras (2) ceder e- (3) compartilhar e- associação entre átomos Iônicas Ligações Primárias Covalentes Metálicas formando íons + ou - LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS Os elétrons de valência são transferidos entre átomos produzindo íons Forma-se com átomos de diferentes eletronegatividades (alta e baixa) A ligação iônica não é direcional, a atração é mútua (a magnitude de ligação é igual em todas as direções ao redor de um íon). A ligação é forte; condutibilidade elétrica pobre(isolante elétrico); elevado ponto de fusão; materiais mais duros e frágeis, isolante térmico. Ligações iônicas 12 LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS • A magnitude da força obedece a Lei de Coulomb Forças atrativas • r é a distância interatômica • z1 e z2 sãoas valências dos 2 tipos de íons • e é a carga do elétron (1,602x10-19 C) • εεεε0 é a permissividade do vácuo (8,85x10-12 F/m) Ligações iônicas Ligações iônicas Propriedades de compostos iônicos • Os íons em um sólido iônico são ordenados na rede, formando uma forte atração elétrica entre eles • Sais e óxidos metálicos são tipicamente compostos iônicos. • A forte ligação é responsável por: - Elevada dureza (se frágil) - Elevado pontos de fusão e ebulição - Cristalinos sólidos a Tambiente - Podem ser solúveis em água • Os sólidos cristalinos não conduzem eletricidade, pois os íons não estão livres para mover-se e transportar corrente elétrica. • Compostos iônicos fundidos ou dissolvidos em água serão condutores de eletricidade, pois como partículas iônicas estão livres. LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS 13 LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS São caracterizados por ligações que são formadas pelo compartilhamento de elétrons de valência entre dois ou mais átomos Forma-se com átomos de alta eletronegatividade A ligação covalente é direcional (ex. fragilidade dos cerâmicos e polímeros termo-rígidos) A ligação covalente é forte (um pouco menos que a iônica) ex. Diamante (C); Carbeto de silício (SiC), Nitreto de silico (Si3N4), Nitreto de boro (BN). Alto PF e aplicações em altas temperaturas. Ex. PF baixo entre os ametais (F2, O2, Cl2) Esse tipo de ligação é comum em compostos orgânicos, por exemplo em materiais poliméricos e diamante. Condutividade elétrica não é alta (ex. Silício, diamante e muitas cerâmicas). Devido elétrons de valência bloqueados em ligações entre os átomos (não disponível para a condução). Ligações covalentes Forma ângulos específicos Ex. silício tetraedro 109,5° Ligações covalentes •Compostos covalentes unidades individuais: moléculas Molécula simples: pequeno grupo de átomos ligados por forças covalentes. Propriedades: - Podem ser líquidos ou sólidos(não cristalinos) a Tambiente - Insolúveis em água, mas solúveis em outros solventes - Isolantes elétricos e não eletrólitos Apresentam baixo ponto de fusão e ebulição: forças entre átomos são fortes, mas as forças entre moléculas são fracas e facilmente quebradas no aquecimento - São más condutores de eletricidade devido a ausência de elétrons (ou íons) livres Macromolécula: moléculas grandes com um grande número de átomos ligados covalentemente em uma estrutura contínua. Propriedades: - Sólidos com alto ponto de fusão: elementos podem formar ligações simples com outros átomos, formando uma estrutura muito estável. Ex Diamante - Cristalinos, frequentemente - Solúveis em qualquer solvente - Não conduzem eletrecidade (exceção Cgrafite): elétrons não estão livres - Não são eletrolitos LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS 14 Ligações covalentes Diamante macromolécula • C centro de um tetraedro regular formado de outros quatro carbonos •Estrutura contínua em cada cristal •Dureza do diamante trincar um diamante significa quebrar milhões de ligações covalentes LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS LIGAÇÕES PRIMÁRIAS FORTES ENTRE ÁTOMOS Os elementos metálicos possuem átomos eletropositivos que doam seus elétrons de valência para formar um "mar" de elétrons que cercam os átomos. Os elétrons de valência se movem livremente no mar dos elétrons e se associam a vários núcleos de átomos. Os núcleos de íons carregados positivamente são mantidos unidos por atração mútua dos elétrons, produzindo assim uma forte ligação metálica. Forma-se com átomos de baixa eletronegatividade (em torno de 3 elétrons de valência) Os elétrons de valência são divididos por todos os átomos (não estão ligados a nenhum átomo em particular) e assim eles estão livres para conduzir (ex. metais puros são bons condutores elétricos) (bons condutores de calor e superfície prateada – oxidação/corrosão) A ligação metálica não é direcional porque os elétrons livres protegem o átomo carregado positivamente das forças repulsivas eletrostáticas A ligação metálica é forte (um pouco menos que a iônica e covalente Ligações metálicas 15 LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS Ligações de Van der Waals Ligações de Van Der Waals: são ligações fracas em comparações com as ligações primarias ou químicas. As ligações existem entre praticamente todos os átomos ou moléculas, mas a sua presença pode ser obscurecida se qualquer um dos três tipos de ligação primaria estiver presente. São ligações de natureza física A polarização (formação de dipolos) devido a estrutura da ligação produz forças atrativas e repulsivas entre átomos e moléculas A ligação de van der Waals não é direcional A ligação é fraca< 10 Kcal/mol LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS 16 RESUMO DAS LIGAÇÕES IÔNICA COVALENTE METÁLICA SECUNDÁRIAS RESUMO DAS LIGAÇÕES Iônica Covalente Metálica Intermolecular Intensidade de ligação forte muito forte moderada e variável fraca Dureza moderada a alta muito duro, frágil baixa a moderada; dúctil e maleável mole e plástico Condutivida de elétrica condução por transporte de íons, somente quando dissociado isolante em sólido e líquido bom condutor por tramnsporte de elétrons isolantes no estado sólido e líquido Ponto de fusão moderado a alto baixo geralmente alto baixo Solubilidade solúvel em solventes polares solubilidade muito baixa insolúveis solúveis em solventes orgânicos Exemplos muitos minerais diamante, oxigênio, moléculas orgânicas Cu, Ag, Au, outros metais gelo,sólidos orgânicos (cristais) Comparação entre o tipo de ligação e propriedades esperadas Exceção do diamante 17 Energia de ligação É a mínima energia necessária para formar ou romper uma ligação. Estão relacionados com a energia de ligação propriedades como: - módulo de elasticidade; - coeficiente de expansão térmica; - ponto de fusão; - calor latente - resistência mecânica Energia de ligação x distância interatômica na ligação do H–H FORÇAS E DISTÂNCIAS INTERATÔMICAS FORÇAS E DISTÂNCIAS INTERATÔMICAS Energia de ligação 18 FORÇAS E DISTÂNCIAS INTERATÔMICAS Energia de ligação ESTRUTURA CRISTALINA 3-1 INTRODUÇÃO 3-2 ORDENAÇÃO DOS ÁTOMOS 3-3 CÉLULAS UNITÁRIAS 3-4 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL 3-5 METAIS 3-6 CRISTAIS IÔNICOS 3-7 CRISTAIS COVALENTES 3-8 POLÍMEROS 3-9 IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 19 INTRODUÇÃO antes de entender fenômenos que determinam propriedades nos materiais a partir da MICROESTRUTURA deve-se primeiramente entender a (ESTRUTURA ATÔMICA) e ESTRUTURA CRISTALINA dos materiais porque estas definem algumas de suas propriedades ESTRUTURA ATÔMICA ESTRUTURA CRISTALINA MICROESTRUTURA ESTRUTURA PROPRIEDADES CIÊNCIA DOS MATERIAIS INTRODUÇÃO 20 ♦ As propriedades de alguns materiais estão diretamente associadas à sua estrutura cristalina. Ex: magnésio e berílio que têm a mesma estrutura (HC) se deformam muito menos que ouro e prata (CFC) que têm outra estrutura cristalina. ♦ Explica a diferença significativa nas propriedades de materiais cristalinos e não cristalinos de mesma composição. Ex: Materiais transparentes, translúcidos opacos e não- cristalinos. ♦ As propriedades dos materiais sólidos cristalinos depende da estrutura cristalina, ou seja, da maneira na qual os átomos, moléculas ou íons estão espacialmente dispostos. INTRODUÇÃO A diferença no comportamento mecânico de um material sólido é definida no arranjo atômico, e consequentemente na sua estrutura cristalina. INTRODUÇÃO • Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade segundo a qual os átomos ou íons estão arranjados uns em relação aos outros; • Um materialcristalino e aquele em que os átomos estão posicionados em um arranjo repetitivo ou periódico ao longo de grandes distancias atômicas, ou seja, os átomos vão se posiciona em um padrão tridimensional repetitivo, no qual cada átomo esta ligado ao seu vizinho mais próximo; • Todos os metais, muitos materiais cerâmicos e certos polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação; • Materiais que não se cristalizam, essa ordem atômica de longo alcance esta ausente – matérias não-cristalinos ou amorfos. • Algumas propriedades dos sólidos cristalinos dependem da estrutura cristalina 21 Importância da estrutura cristalina Grande parte da diferença das propriedades dos materiais é de interesse tecnológico, assim as diferenças na estrutura cristalina de um mesmo composto é de grande importância na Engenharia. Carbono grafite hexagonal diamante cúbico Nitreto de boro cúbico hexagonal Fe CCC CFC O que se pode fazer para modificar a resistência mecânica de um material ? INTRODUÇÃO Alotropia ou Polimorfismo: ALOTROPIA 22 ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Cristal Vidro Gás Ordem a longo alcance Ordem a curto alcance Sem ordenamento Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos. ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Sem ordem Em gases, como o Ar e outros gases nobres. Se confinados, os gases não apresentarão nenhuma ordem entre seus átomos constituintes. Argônio Hélio 23 ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Ordenamento a curto alcance ♦ Ângulos, distâncias e simetria com ordenação a curto alcance. ♦ Ocorre na H2O, que apresenta uma orientação preferencial, no SiO2 e no polietileno. em materiais não-cristalinos ou amorfos H OO H2O SiO2 Polietileno ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Ordem a longo alcance Material cristalino Átomos ordenados em longas distâncias atômicas formam uma estrutura tridimensional rede cristalina Metais, muitas cerâmicos e alguns polímeros formam estruturas cristalinas sob condições normais de solidificação 24 ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Ordem a longo alcance A rede é formada por átomos se repete regularmente REDE: conjunto de pontos espaciais que possuem vizinhança idêntica. Na rede a relação com vizinhos é constante: - simetria com os vizinhos; - distâncias define o parâmetro de rede; - ângulos entre arestas PARÂMETROS PELOS QUAIS SE DEFINE UM CRISTAL Exemplo esquemático de rede ORDENAÇÃO DE ÁTOMOS Ordem a longo alcance Na solidificação ou por saturação de uma solução. SOLIDIFICAÇÃO Cristais se formam no sentido contrário da retirada de calor Mais baixa energia livre Maior empacotamento SATURAÇÃO de uma solução. Como s cristais se formam? 25 CÉLULA UNITÁRIA Uma célula unitária é escolhida para representar a simetria da estrutura cristalina, onde todas posições dos átomos no cristal podem ser geradas por translações de comprimentos inteiros da célula unitária ao longo de cada uma de suas arestas. As estruturas ideais apresentam baixa energia e maior empacotamento, já as reais compreendem os defeitos possíveis nas ideais. As estruturas ideais compreendem: - diferentes sistemas cristalinos ângulos α,β,γα,β,γα,β,γα,β,γ tamanho das arestas a, b, c - sistemas cristalinos 7 diferentes - redes de Bravais 14 diferentes CÉLULA UNITÁRIA CÉLULA UNITÁRIA menor subdivisão da rede cristalina que retém as características de toda a rede. 26 CÉLULA UNITÁRIA CÉLULA UNITÁRIA existem diferentes tipos de células unitárias, que dependem da relação entre seus ângulos e arestas. Três diferentes tipos de estruturas cristalinas Existem 14 tipos diferentes: redes de Bravais, agrupadas em sete tipos de estruturas cristalinas (sistemas cristalinos). CÉLULA UNITÁRIA Sete sistemas cristalinos 27 CÉLULA UNITÁRIA 3 estruturas cristalinas relativamente simples encontradas para a maioria dos metais mais comuns: - Hexagonal compacta - CCC - CFC 7 sistemas cristalinos e 14 redes de Bravais METAIS Ligação metálica →→→→ não-direcional: não há restrições quanto ao número e posições dos vizinhos mais próximos. Estrutura cristalina dos metais têm geralmente um número de vizinhos grandes e alto empacotamento atômico. CÉLULA UNITÁRIA Número de átomos por célula unitária É o número específico de pontos da rede que define cada célula unitária. - Átomo no vértice da célula unitária cúbica: partilhado por sete células unitárias em contato somente 1/8 de cada vértice pertence a uma célula particular. - Átomo da face centrada: partilhado por duas células unitárias 28 CÉLULA UNITÁRIA Cúbico Corpo Centrado (CCC) Cúbico Face Centrada (CFC) Número de átomos por célula unitária SISTEMA CÚBICO Cúbico Simples (CS) CÉLULA UNITÁRIA SISTEMA CÚBICO 29 CÉLULA UNITÁRIA Número de átomos por célula unitária Exemplo 1: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no sistema cristalino cúbico. Resposta: CS n° pontos da rede = 8(cantos) *1 = 1 átomo célula unitária 8 CÉLULA UNITÁRIA Número de átomos por célula unitária Exemplo 1: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no sistema cristalino cúbico. Resposta: CCC n° pontos da rede = 8(cantos)*1 + 1 (centro)= 2 átomos célula unitária 8 30 CÉLULA UNITÁRIA Número de átomos por célula unitária Exemplo 1: Determine o número de átomos da rede cristalina por célula no sistema cristalino cúbico. Resposta: CFC n° pontos da rede = 8(cantos)*1 + 6 (faces)*1= 4 átomos célula unitária 8 2 CÉLULA UNITÁRIA Número de átomos por célula unitária CS 1 átomo CCC 2 átomos CFC 4 átomos 31 CÉLULA UNITÁRIA Relação entre raio atômico e parâmetro de rede Determina-se primeiramente como os átomos estão em contato (direção de empacotamento fechado, ou de maior empacotamento) Geometricamente determina-se a relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro de rede (ao). CÉLULA UNITÁRIA Relação entre raio atômico e parâmetro de rede Exemplo 2: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC). CÚBICO SIMPLES Contato entre os átomos ocorre através da aresta da célula unitária ao = r + r 32 CÉLULA UNITÁRIA Relação entre raio atômico e parâmetro de rede Contato entre os átomos ocorre através da diagonal da face da célula unitária Exemplo 2: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC). CÚBICO DE FACE CENTRADA CÉLULA UNITÁRIA Relação entre raio atômico e parâmetro de rede Exemplo 2: Determine a relação entre o raio atômico e o parâmetro da rede cristalina para as células unitárias do sistema cristalino cúbico (CS, CFC, CCC). a AB h= 4r Ca=a Co=ABa a aAB AB2=a2+a2 AB2=2a2 h2=AB2+a2 (4r)2=2a2+a2 16r2=3a2 a 33 CÉLULA UNITÁRIA Relação entre raio atômico e parâmetro de rede Fe CCC Exemplo3: O raio atômico do ferro é 1,24 A Calcule o parâmetro de rede do Fe CCC e CFC. Fe CFC ao = 4 x 1,24 = 2,86 A 31/2 ao = 4 x 1,24 = 3,51 A 21/2 ANISOTROPIA vs. ISOTRÓPICO As propriedades físicas dos monocristais de algumas substâncias dependem da direção cristalográfica na qual as medições são feitas. Ex. o modulo de elasticidade, a condutividade elétrica e o índice de refração podem ter valores diferentes nas direções [001] e [111]. Essa direcionalidade das propriedades é denominada ANISOTROPIA e esta associada à variação do espaçamento atômico ou iônico em função da direção cristalográfica. Assubstâncias em que as propriedades medidas são independentes da direção da medição são independentes da direção da medição são ISOTRÓPICAS. 34 CÉLULA UNITÁRIA Fator de empacotamento Fator de empacotamento é a fração de volume da célula unitária efetivamente ocupada por átomos, assumindo que os átomos são esferas rígidas. FE = (n° átomos / célula) * volume cada átomo volume da célula unitária CÉLULA UNITÁRIA Fator de empacotamento CS FE = (1 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) ao3 FE = (1 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) = 0,52 (2r)3 CCC FE = (2 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) ao3 FE = (2 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) = 0,68 (4r/31/2)3 CFC FE = (4 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) ao3 FE = (4 átomo / célula) * (4pipipipir3/3) = 0,74 (4r/21/2)3 Calcule o fator de empacotamento do sistema cúbico. 35 CÉLULA UNITÁRIA Número de coordenação O número de coordenação é o número de vizinhos mais próximos, depende de: - covalência: o número de ligações covalentes que um átomo pode compartilhar; - fator de empacotamento cristalino. CÚBICO SIMPLES NC = 6 CÉLULA UNITÁRIA Número de coordenação CÚBICO DE CORPO CENTRADO NC = 8 36 CÉLULA UNITÁRIA Número de coordenação CÚBICO DE FACE CENTRADA NC = 12 CÉLULA UNITÁRIA Número de coordenação HEXAGONAL COMPACTO NC = 12 37 CÉLULA UNITÁRIA Polimorfismo e Alotropia Alguns metais e não-metais podem ter mais de uma estrutura cristalina dependendo da temperatura e pressão. Este fenômeno é conhecido como polimorfismo. Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas de mudanças na densidade e outras propriedades físicas. CÉLULA UNITÁRIA Alotropia ou transformações polimórficas Carbono grafite hexagonal diamante cúbico Nitreto de boro cúbico grafite Fe CCC CFC Titânio αααα ββββ SiC (chega ter 20 modificações cristalinas) Exemplos Diamante Grafite 38 CÉLULA UNITÁRIA Alotropia ou transformações polimórficas Tambiente FeCCC, NC 8 FE 0,68 910°C FeCFC NC 12 FE 0,74 1390°C FeCCC DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Cristais: átomos ocupam posições pré-estabelecidas, de acordo com o sistema cristalino utilizado. Propriedades dependem da orientação Orientação Cristalográfica Direções cristalinas Planos cristalinos 39 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL As propriedades de muitos materiais são direcionais, por exemplo o módulo de elasticidade do FeCCC é maior na diagonal do cubo que na direção da aresta. Coordenadas dos pontos Pode-se localizar os pontos das posições atômicas da célula unitária cristalina construindo-se um sistema de eixos coordenados. DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Algumas direções da célula unitária são de particular importância, por exemplo os metais se deformam ao longo da direção de maior empacotamento. Algumas propriedades dos materiais dependem da direção do cristal em que se encontram e são medidas. Os índices de Miller das direções são usados para descrever estas direções. 40 Índices de Miller As orientações dos planos para uma estrutura cristalina são representadas de forma semelhante. A célula unitária é a base, com o sistema de coordenadas com três eixos. Em todos os sistemas cristalinos, à exceção do sistema hexagonal, os planos cristalográficos são especificados por três Índices de Miller como hkl NOTAÇÃO UTILIZADA PARA INDICAR DIREÇÕES E PLANOS CRISTALINOS DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária ÍNDICES DE MILLER PARA DIREÇÕES: 1. Definir dois pontos por onde passa a direção 2. Definir o ponto alvo e origem, fazendo-se: ALVO-ORIGEM 3. Eliminar as frações e reduzir ao m.m.c. 4. Escrever entre colchetes, e se houver n° negativo o sinal é colocado sobre o n°. [h k l] x y z <hkl> 41 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Exemplo: Determine os Índices de Miller das direções A, B e C, da figura abaixo. Direção A: 1. alvo= 1, 0, 0; origem= 0, 0, 0 2. alvo - origem = 1, 0, 0 3. sem frações 4. [1 0 0] Direção B: 1. alvo= 1,1,1; origem= 0, 0, 0 2. alvo - origem = 1, 1, 1 3. sem frações 4. [1 1 1] Direção C: 1. alvo= 0, 0, 1; origem= 1/2, 1, 0 2. alvo - origem = -1/2, -1, 1 3. 2 (-1/2, -1, 1) = -1, -2, 2 4. [1 2 2] DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Algumas observações: - direção e suas múltiplas são idênticas [111] ≡≡≡≡ [222]; - índices de Miller simétricos não são da mesma direção (direções e suas negativas não são idênticas) [111] ≡≡≡≡ [111]; FAMÍLIA DE DIREÇÕES: conjunto de Índices de Miller onde todos tem mesma simetria. Exemplo para simetria cúbica: 42 Para o sistema cúbico: A simetria da estrutura permite que as direções equivalentes sejam agrupadas: Família de direções: DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária <100> para as faces <110> para as diagonais das faces <111> para a diagonal do cubo CCC Família de direções <111> empacotamento atômico fechado CFC Família de direções <110> empacotamento atômico fechado DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Outra maneira de caracterizar as direções é através da distância de repetição, fator de empacotamento e densidade linear. DENSIDADE LINEAR: É o número de átomos por unidades de comprimento. ρρρρL = número de átomos unidade de comprimento 43 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária DISTÂNCIA DE REPETIÇÃO: De quanto em quanto se repete o centro de um átomo. É o inverso da densidade linear. FATOR DE EMPACOTAMENTO LINEAR: É quanto da direção está definitivamente coberta por átomos. DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Exemplo 9: Calcule a distância de repetição, densidade linear e o fator de empacotamento para a direção [1 1 1] do Cu CFC. (ao=3,6151 A) Distância de repetição o centro do átomo se repete a cada diagonal do cubo Dr = a0 31/2 Dr = 3,6151 10-8*31/2 Dr = 6,262 10-8 cm 44 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Direções da célula unitária Densidade linear ρρρρL ρρρρL = 1/ Dr = 1/ 6,262 10-8 ρρρρL = 1,597 107 átomos/cm Fator de empacotamento FE FE = 2r/ Dcubo = 0,408 Exercício: Compare a Dr, rL e o FE para as direções [1 1 1] e [1 1 0] do Cu CFC. Exemplo 9: Calcule a distância de repetição, densidade linear e o fator de empacotamento para a direção [1 1 1] do Cu CFC. (ao=3,6151 A) DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Planos Um cristal possui planos de átomos que influenciam as propriedades e o comportamento de um material. Os Índices de Miller também são determinados para planos. ÍNDICES DE MILLER PARA PLANOS: 1. Definir três pontos onde o plano corta x, y e z. 2. Calcular os recíprocos dos valores obtidos. 3. Eliminar as frações sem reduzir ao m.m.c. 4. Escrever entre parênteses, e se houver n° negativo o sinal é colocado sobre este n°. OBS.: Se o plano passar pela origem, desloque-a. (h k l) x y z hkl 45 DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Planos Exemplo 10: Determine os Índices de Miller para os planos A, B e C da figura abaixo. Plano A: 1. 1 1 1 2. 1/1 1/1 1/1 3. Não tem frações 4. (1 1 1) Plano B: 1. 1 2 ∞ 2. 1/1 1/2 1/∞ 3. 2 1 0 4. (2 1 0) Plano C: passa pela origem (x’, y’, z’) 1. ∞ -1 ∞ 2. 1/ ∞ 1/-1 1/∞ 3. 0 -1 0 4. (0 1 0) DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Planos DENSIDADE PLANAR: É o número de átomos por unidades de comprimento. ρρρρP = número de átomos no plano área do plano FATOR DE EMPACOTAMENTO PLANAR: É quanto da área está efetivamente coberta por átomos. FEP = área dos átomos área do plano46 A simetria do sistema cúbico faz com que a família de planos tenha o mesmo arranjo e densidade Deformação em metais envolve deslizamento de planos atômicos Deslizamento ocorre mais facilmente nos planos e direções de maior densidade atômica DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Planos CCC Família de planos {110}: maior densidade atômica CFC Família de planos {111}: maior densidade atômica CÉLULA UNITÁRIA Estrutura hexagonal compacta O sistema Hexagonal Compacta é mais comum nos metais (ex: Mg, Zn) Neste sistema cada átomo em seu nível está localizado acima ou abaixo do interstício de 3 átomos de níveis adjacentes. 47 Índices de Miller para a Célula Hexagonal Chamados índices de Miller Bravais, devido a modificação em relação ao sistema cristalino Estabelece-se 4 eixos, 3 coplanares Tem-se 4 interseções e 4 índices de Miller Índices de Miller Bravais: h k i l onde: h + k = - i Similar aos índices de Miller para plano da estrutura cristalina cúbica, determina-se os Índices de Miller Bravais. DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Índices de Miller para a Célula Hexagonal Direções na célula unitária hexagonal [h k i l] Eixos: a1 a2 a3 c DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL 48 Índices de Miller para a Célula Hexagonal Exemplo 13: Determine os índices de Miller para os planos A e B e para as direções C e D Plano A: 1. ∞ ∞ ∞ 1 2. 1/ ∞ 1/ ∞ 1/ ∞ 1/1 3. 0 0 0 1 4. (0 0 0 1) ou (0 0 1) Plano B: 1. 1 1 -1/2 1 2. 1/1 1/1 -2/1 1/1 3. 1 1 -2 1 4. (1 1 -2 1) ou (1 1 1) DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Índices de Miller para a Célula Hexagonal Direção C: 1. alvo= 0, 0, 0, 1; origem= 1, 0, 0, 0 2. alvo - origem = -1, 0, 0, 1 3. sem frações 4. [1 0 01] Direção D: 1. alvo= 0, 1, 0, 0; origem= 1, 0, 0, 0 2. alvo - origem = -1, 1, 0, 0 3. sem frações 4. [1 1 0 0] DIREÇÕES E PLANOS NO CRISTAL Exemplo 13: Determine os índices de Miller para os planos A e B e para as direções C e D 49 Sistema cúbico Sistema hexagonal compacto METAIS Sumarizando: os metais cristalizam preferencialmente em sistemas cúbico(CCC, CFC) ou hexagonal (HC). Logo, a estrutura cristalina destes materiais já foi estudada. CCC CFC Características de cristais metálicos comuns Estrutura a0 x R átomos NC FE Metais por célula Típicos CS a0 = 2R 1 6 0,52 Po CCC a0 = 4R/31/2 2 8 0,68 Fe, Ti, W, Mo, Nb, Ta, K, Na, V, Cr, Zr CFC a0 = 4R/21/2 4 12 0,74 Fe, U, Al, Au, Ag, Pb, Ni, Pt HC a0 = 2R 6 12 0,74 Ti, Mg, Zn, Be, c0 = 1,633 a0 Co, Zr, Cd METAIS 50 Carbono Alótropos Grafita vs. diamante DIFRAÇÃO DE RAIOS X O FENÔMENO DA DIFRAÇÃO: Quando um feixe de raios x é dirigido à um material cristalino, esses raios são difratados pelos planos dos átomos ou íons dentro do cristal • T= fonte de raios X • S= amostra • C= detector • O= eixo no qual a amostra e o detector giram Detector Fonte O DIFRATÔMETRO: 51 DIFRAÇÃO DE RAIOS X • Para que ocorra a difração, o feixe de raios X precisa estar em fase com os planos do cristal. • De outra maneira, interferências destrutivas de ondas ocorrem e não é possível detectar um feixe de difração intenso. ABC = nλ AB = BC = d senθ Então: nλ = 2d sen θ DIFRAÇÃO DE RAIOS X • Na interferência construtiva, com feixes em fase, a diferença no comprimento da trajetória dos feixes de raios X adjacentes é um número inteiro de comprimentos de onda. ABC = nλ AB = BC = d senθ • Esta relação é dada pela equação de Bragg: nλλλλ= 2d sen θθθθ onde d é o espaçamento atômico e θθθθ é o ângulo de difração com a superfície (2θθθθ = ângulo de difração - ângulo medido experimentalmente) d é o espaçamento interplanar – função dos índices de Miller para planos. 52 Determinação de estrutura cristalinas ESPAÇAMENTO INTERPLANAR Metais cúbicos Distância interplanar (exemplos): Cúbico DIFRAÇÃO DE RAIOS X CS CCC CFC 53 ANÁLISE DE ESTRUTURAS POR DIFRAÇÃO DE RAIO X Defeitos do sólido Cristalino Defeitos do cristal: imperfeição do reticulo cristalino 54 Exemplos de efeitos da presença de imperfeições • O processo de dopagem em semicondutores visa criar imperfeições para mudar o tipo de condutividade em determinadas regiões do material • A deformação mecânica dos materiais promove a formação de imperfeições que geram um aumento na resistência mecânica (processo conhecido como encruamento) LIGAS METÁLICAS • As impurezas (chamadas elementos de liga) são adicionadas intencionalmente com a finalidade: aumentar a resistência mecânica aumentar a resistência à corrosão Aumentar a condutividade elétrica Etc. 55 • Todos os materiais apresentam imperfeições no arranjo de seus átomos, que reflete no comportamento do mesmo. • Controlar as imperfeições, significa obter materiais com diferentes propriedades e para novas aplicações. • Podem existir diferentes tipos de imperfeições na rede: i) vibrações da rede: quantizadas por fônons ii) defeitos pontuais: vacâncias, átomos intersticiais, átomos substitucionais, defeito Frenkel e Schottky; iii) defeitos lineares: discordâncias; iv) defeitos planares: superfícies interna e externa e interfaces (falhas de empilhamento, contorno de fases, superfícies livres); v) defeitos volumétricos: estruturas amorfas ou não-cristalinas Classificados pela ordem de grandeza na estrutura IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO Defeitos possíveis em um material a partir da dimensão em que ocorrem na estrutura IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 56 3.10.2 Defeitos pontuais Podem ser classificados segundo: FORMA ORIGEM DO DEFEITO ESTEQUIOMETRIA - vacância - átomo intruso - schottky - frenkel - intrínseco - extrínseco - sub rede de cátions não estequiométrico - sub rede de ânions IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO VACÂNCIAS: Também denominado de lacuna É a falta de um átomo na rede cristalina Pode resultar do empacotamento imperfeito na solidificação inicial, ou decorrer de vibrações térmicas dos átomos em temperaturas elevadas Defeitos pontuais Quanto à forma IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 57 VACÂNCIAS: O número de vacâncias varia com a temperatura nv = n exp (-Q/RT) onde: nv: n° de vacâncias/cm3 n: n° de pontos na rede/cm3 Q: energia necessária para produzir a vacância (J/mol) R: cte dos gases (8,31 J/molK) T: temperatura em K Defeitos pontuais Quanto à forma IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO DEFEITO INTERSTICIAL: Quando um átomo é abrigado por uma estrutura cristalina, principalmente se esta tiver um baixo fator de empacotamento Consequência, distorção da rede causa grande distorção do reticulo cristalino a sua volta Defeitos pontuais Quanto à forma IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 58 DEFEITO SUBSTITUCIONAL: Quando um átomo é deslocado de sua posição original por outro, e conforme o tamanho, pode (a) aproximar os átomos da rede (b) separar os átomos da rede Consequência, distorção da rede (a) (b) IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO • É impossível existir um metal consistindo de um só tipo de átomo (metal puro). • As técnicas de refino atualmente disponíveis permitem obter metais com um grau de pureza no máximo de 99,9999% DEFEITO FRENKEL: Quando um íon desloca-se de sua posição no reticulado (formando uma lacuna) para uma posição intersticial Ocorre em compostos iônicos Defeitos pontuais Quanto à forma IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 59 INTRÍNSECO: Surge no material apenas pelo efeito da TEMPERATURA Vacâncias, defeitostipo Schottky e tipo Frenkel são intrínsecos →→→→ estão presentes em materiais puros Termodinamicamente →→→→ defeitos devem estar presentes em uma estrutura cristalina Defeitos pontuais Quanto à origem do defeito IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO Defeitos extrínsecos →→→→ vacâncias cristais não- →→→→ defeitos intersticiais estequiométricos Defeitos vêm de fora do cristal →→→→ não são gerados pela temperatura Criados por diferentes mecanismos: (i) presença de impurezas (ii) adições intencionais (dopantes) (iii) mudança de valência (iv) mudança na pressão de oxigênio externa (não- estequiometria) EXTRÍNSECO: Defeitos pontuais Quanto à origem do defeito IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 60 • Discordâncias associadas a cristalização e a deformação • origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais • Tipo de defeito responsável por deformação falha rompimento dos materiais • Quantidade e movimento das discordâncias podem ser controlados pelo grau de deformação (conformação mecânica) e/ou por tratamentos térmicos Defeitos lineares IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO As discordâncias podem ser: - Cunha - Hélice - Mista As discordâncias geram um vetor de Burgers: - Fornece a magnitude e a direção de distorção da rede - Corresponde à distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância Defeitos lineares IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 61 Produz distorção na rede O vetor de burger é paralelo à direção da linha de discordância Defeitos lineares Discordância em espiral IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO Ilustrada pelo talhamento de um cristal perfeito, deslocando a rede de um espaçamento atômico O vetor de Burgers é perpendicular à discordância em cunha Defeitos lineares Discordância em cunha IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 62 Vista superior da discordância Defeitos lineares Discordância em cunha Plano extra IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO Defeitos planares Superfície externa Mais evidente dos defeitos de superfície devido a descontinuidade Coordenação atômica na superfície não é comparável a dos átomos no interior do cristal Átomos superficiais tem seus vizinhos em apenas um lado, logo possuem mais energia e estão menos firmemente ligados aos átomos externos IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 63 Contorno de grão Microestrutura de metais e outros materiais sólidos consistem de muitos grãos Grão: porção de material onde o arranjo cristalino é idêntico, variando sua orientação Contorno de grão: fronteira entre os grãos Defeitos planares IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO Contorno de grão Defeitos planares IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO 64 Estruturas amorfas Defeitos volumétricos Vidros Polímeros Algumas estruturas sem ordenamento a longo alcance são consideradas como defeitos volumétricos, como é o caso do vidro e dos polímeros IMPERFEIÇÕES NO ARRANJO CRISTALINO
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