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Sem consentimento não haverá doação. O donatário tem que manifestar, na formação do contrato, a concordância com isso. É um contrato bilateral por excelência. Exceção: art. 543, CC: dispensa-‐se o consentimento se for doação pura a absolutamente capaz – aqui o legislador cria uma ficção, a de um consentimento não manifestado. Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-‐se a aceitação, desde que se trate de doação pura. 06/10/2010 Doação (continuação) Classificação 1. Gratuita 2. Unilateral 3. Consensual Doação com encargo (Orlando Gomes): como beneficia terceiro, não há reciprocidade. Natureza contratual: é consensual, há a necessidade da manifestação de vontade de quem recebe, que pode não ser expressa, mas tácita, um comportamento ou postura condizente com aquilo que seria o comportamento expresso. Elementos 1. Realiza-‐se entre vivos 2. Há uma proporção idêntica entre o decréscimo patrimonial do doador e o acréscimo do donatário, não há dispersão patrimonial (salvo os tributos), há uma proporção quase perfeita; 3. Há o ânimo do doador de transferir a propriedade para outra parte – é importante, pois em determinados contratos pode haver dúvida sobre o sentido dessa transferência, podendo haver uma retomada dessa propriedade então. Isso porque pode haver uma diferença entre o nome do contrato e a intenção real por trás dele, sua verdadeira natureza jurídica. Pressupostos e requisitos da doação: 1. Capacidade jurídica do doador, que deve ter capacidade para assumir essa obrigação (a capacidade do donatário tem sido flexibilizada); 2. O bem deve estar presente no patrimônio do doador – art. 538, CC: Art. 538. Considera-‐se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. Portanto, não há possibilidade de doação de coisa futura, de coisa que futuramente estaria no patrimônio do doador. O professor particularmente acha que essa disposição não deve ser levada a ferro e fogo (sendo possível, por exemplo, doar um filhote que ainda não nasceu), uma vez que não fere nenhum principio jurídico, como a ordem pública, os costumes, etc. 3. Legitimação: capacidade plena, não conflituosa, de realizar determinado ato jurídico. Ex.: Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. É necessária aqui a legitimação, não é qualquer um que pode pedir essa anulação. Ninguém nasce com essa legitimação, ela vai depender das circunstâncias de fato que gerarão essa situação. Nesse exemplo, é preciso inclusive que se prove o adultério, somente o quase adultério não basta (não basta só fotos do ara entrando no motel, mas o flagra do ato). Há a incapacidade absoluta, em que o individuo deve ser representado e a relativa, em que o indivíduo deve ser representado. Pode haver também a interdição do plenamente capaz, que passa a ser curatelado, e o curador vai exercer os interesses daquele. O tutor/curador deve agir no interesse dos tutelados/curatelados. Efeito da incapacidade relativa: anulabilidade do negocio jurídico; dos absolutos: nulidade. Para os curadores e tutores, ele terá a capacidade para agir na medida eu que seja no interesse do representado, havendo a 15 nulidade de seus atos, caso contrário. É necessário, até por isso, a outorga de uma caução para dar uma garantia aos bens do curatelado. 4. Os bens devem estar em comércio para poder ser transferido para a propriedade alheia. Uma doação reconhecida como nula, como acontece na doação causa mortis, é a doação inoficiosa, em que o doador, no momento da liberalidade, vai exceder a legitima dos herdeiros. No nosso sistema jurídico, o sujeito pode dispor para quem ele quiser de 50% do seu patrimônio, o restante deve ser dividido entre os herdeiros legítimos, que são os descendentes, ascendentes e o cônjuge sobrevivente. Excedendo esse limite, ela será nula, pois há a idéia de preservação do patrimônio em questão. A nulidade pode ser argüida a qualquer momento, ela não se convalida e mais, contamina os atos futuros. Também é nula a doação que o valor exercer o total dos bens que compõem o patrimônio. Isso deve retroagir ao ato original, como um ato complexo, e não separados, individualizados. Forma • Bem imóvel: escritura pública; • Bem móvel: instrumento particular. Para bens de pequeno valor, a doação pode ser verbal, inclusive. Espécies • Pura: é a que se faz por espírito de liberalidade, sem subordinação a qualquer condição, encargo ou motivação de mérito. • Condicional: está sujeita a evento futuro e incerto. • Modal: vai impor ao donatário encargos e obrigações. Ela