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é vista como contrapartida, já que não se tem a faculdade de estabelecer as cláusulas. Já os contratos por adesão também formulam o contrato de maneira pré-‐estabelecida por uma das partes, mas existem algumas opções de mercado e é até possível se dispor a não contratar. Os contratos de adesão se assemelham a atos jurídicos stricto sensu. Características do contrato de adesão: 1) Uniformidade: os contratos de adesão tendem à contratação em massa, logo seu conteúdo tende a pequenas alterações. 2) Pré-‐determinação: os modelos dos contratos de adesão estão pré-‐formulados antes da própria formação do contrato. 3) Rigidez dos contratos: não existe no contrato de adesão, por sua própria natureza, a possibilidade de que suas cláusulas sejam negociadas e alteradas caso a caso. Seu conteúdo é rígido muitas vezes por força de lei. O que deve ser fornecido ao público já foi preordenado pelo próprio Estado, por exemplo, em caso de concessões públicas. A doutrina distingue entre o contrato de adesão e as cláusulas gerais de contratação. Estas são disposições que se integram nos contratos de adesão numa relação de conteúdo (cláusulas) e continente (contrato globalmente considerado), pois a lei pode estabelecer disposições que devam ser consideradas presentes nos contratos, ainda que não escritas. Exemplo: no art. 51 do CDC há uma listagem de cláusulas abusivas nas relações de consumo – este artigo compõe as cláusulas gerais de contratação num contrato de adesão, pois proíbe disposições contratuais contrárias a ele. Outro exemplo: dissídio coletivo (contratação feita entre categorias profissionais, como, por exemplo, entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato dos empregadores) – é necessário que reproduzam nos seus contratos o que foi pré-‐ordenado no dissídio coletivo. Objetivação dos contratos O contrato de adesão se insere numa tendência à objetivação dos contratos, representando uma de suas vertentes possíveis. Essa tendência se dá em parte das operações econômicas para limitar a importância da vontade como elemento da contratação. Mais antigamente, havia também quem falasse da “morte” dos contratos, da liberdade de cada um para decidir suas relações, para gerir os seus interesses. Ex.: tendência cada vez maior de ampliar o número de contratos pela internet (consumo pela internet), na qual o consenso também é limitado. É possível falar em uma automatização dos contratos. Alguns objetivos almejados por essa tendência: 1) Celeridade nas contratações; 2) Segurança e estabilidade nas relações: a ideia é privilegiar o aspecto objetivo da declaração da vontade, em detrimento do aspecto subjetivo (vontade real); 3) Confiança legítima: é o comportamento que se pode esperar da contra parte, de maneira fundamentada. Em determinadas circunstâncias negociais, uma parte pode criar para a outra 3 determinadas expectativas, um certo comportamento já esperado. O que se pode antes de contratar esperar da outra parte. Ex.: você vai no Einstein e já espera um tratamento melhor, uma conduta x, uma maior assepsia. Essa ideia serve de fundamento da responsabilidade pré e pós-‐contratual, é uma perspectiva da boa fé objetiva. Exemplos de objetivação dos contratos 1. Distinção entre o contrato social e o contato social: o contato social diz respeito àquelas circunstâncias em que não há propriamente um consenso, mas há uma operação econômica e ela fica bastante mitigada. É o caso dos contratos automáticos (comprar um refrigerante na máquina ou ligar de um orelhão, por exemplo), em que não se pode falar que há consenso, não se pode elevar essa situação à categoria de contrato propriamente dito. Já o contrato social conta com o elemento consenso, acordo de vontades. 2. Relações contratuais de fato: em tais relações há todo o formato de um contrato, mas falta um dos elementos que possibilitariam sua existência, o que o torna nulo. Ex.: quem assinou minha carteira de trabalho não poderia tê-‐lo feito, caracterizando, assim, um “contrato nulo” – entretanto, nesse caso, não ocorre a devolução de salários, pois houve a realização de trocas econômicas. Em relação à parte da boa-‐fé, os efeitos são produzidos, até mesmo para não incorrer em enriquecimento sem causa. Outro exemplo em que o nulo produz efeitos é o casamento putativo. 3. O contrato e a instituição: o contrato valerá entre as partes, mas em determinadas situações a própria contratação pode gerar uma outra entidade por si só que seja objeto de relações jurídicas próprias, diferente inclusive daqueles interesses das partes. Exemplo: quando o contrato de sociedade cria uma pessoa jurídica. 4. Contratos standart: todas as operações econômicas que sejam padronizadas (padronização estabelecida por contratos de adesão ou por tipos preordenados). Há quase