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de resilir seria assim sua vontade presumida. A natureza do poder de resilir unilateralmente o contrato não sofre contestação: trata-‐se de um direito potestativo.3 Entretanto, deve haver notificação prévia, sendo a resilição feita por meio da denúncia do contrato. Os efeitos da resilição são ex nunc, ou seja, operam dali para frente, não de maneira retroativa. Rescisão Não foi usada no Código Civil de maneira unívoca (em sentido técnico), mas indistinta. Em sentido técnico, a rescisão ocorreria especificamente nos casos de lesão. Vincula-‐se à ideia de estado de necessidade da parte ou sua ingenuidade, mas, ultimamente, vem se entendendo que não basta o desequilíbrio entre as prestações de um contrato comutativo, nem é vício de consentimento. Exige-‐se, para sua caracterização, um elemento subjetivo. Aproxima-‐se da anulabilidade, porque há de ser pleiteada em ação proposta pelo interessado.4 A ação rescisória pode ser proposta, até dois anos após o trânsito em julgado, porém só em determinadas situações. Arras e estipulação em favor de terceiros Arras ou sinal: é uma importância em dinheiro ou um bem dado por um contratante a outro. É parte do preço. Essa transferência de dinheiro ou bem ocorre quando da celebração do contrato. Objetivos: 1) Estabelece a presunção de que foi alcançado um acordo final pelas partes; 2) Enfatiza, reforça a obrigatoriedade do ajuste; 3) Assegura aos contratantes o chamado direito de arrependimento. Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal. Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-‐lo por desfeito, retendo-‐as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-‐las-‐á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-‐las-‐á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Arras confirmatórias: demonstram a existência de uma composição final de vontades. 1 Orlando GOMES, Contratos, 20ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 2000, p. 184. 2 Nos contratos de prazo determinado não cabe a resilição, mas a resolução por inadimplemento. 3Ibidem, p. 185. 4 Ibidem, p. 188. 7 Arras penitenciais: permitem o desfazimento do negócio, mediante a perda do sinal, se pelo comprador, ou a sua devolução em dobro, por parte de quem o recebeu. Aproximam-‐se da cláusula penal. As arras são úteis em situações em que não se tem o dinheiro todo para realizar uma compra, ou quando é necessário, por parte do comprador, verificar as certidões de um determinado imóvel que deseja comprar, por exemplo. As arras também podem ter o sentido de pagamento parcelado. O valor das arras é por volta de 10% a 20% do valor. Em geral, os contratos celebrados, ainda que prevejam as arras, contém uma cláusula que prevê a irretratibilidade do negócio, em que ocorre, assim, a perda do direito de arrependimento. É um pacto acessório. Não é essencial na natureza de um contrato, pode ser previsto ou não. As arras têm natureza real e não meramente consensual. Deve haver a transferência do bem para que o pagamento do sinal se configure. Estipulação em favor de terceiros Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-‐ la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-‐lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-‐se o direito de substituir o terceiro