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INTRODUÇÃO Conceituar o fenômeno vital é uma das maiores dificuldades com que se defrontam os cientistas, seja pelo desconhecimento de muitos mecanismos incluídos nos processos vitais, seja porque teorias preestabelecidas que derivam mais do pensamento filosófico e religioso têm dificultado uma análise científica da vida, através dos tempos. Desde épocas imemoriais, o problema da origem da vida atrai o espírito humano. Os sistemas filosóficos e religiosos ofereceram várias explicações e os cientistas, como investigadores do problema, várias hipóteses para resolvê-lo. Conforme a história das escolas, as teorias se formaram na tentativa de explicar a origem, a evolução e o complexo funcionamento da matéria viva. Conceituaram-se então dois campos filosóficos opostos, o criacionismo ou vitalicismo (idealismo) e o mecanicismo (materialismo). O criacionismo advoga a existência de um espírito vital, o qual é apenas conhecido por seus efeitos, não podendo ser compreendido em sua natureza. Seria ele, de origem sobrenatural, divina, não podendo jamais, os fenômenos vitais, serem reproduzidos em laboratório. Essa concepção idealística da vida é à base de todas as religiões do mundo, sendo a mesma uma manifestação da divindade. O mecanicismo opõe-se ao vitalicismo, afirmando que todas as atividades vitais podem ser compreendidas e reproduzidas experimentalmente. A vida seria, tão somente, uma combinação de fenômenos ainda pouco esclarecidos, que mais tarde, descobertos e explicados, permitiriam sua reprodução em laboratório. Portanto, uma forma particular de ser da matéria, cuja origem, duração e mudança obedecem a leis determinadas. Essas duas correntes, mais filosóficas que científicas, foram atualmente substituídas pelo neovitalicismo e pelo neomecanicismo. A primeira reconhece a existência, de fato, de um espírito vital, e defende a impossibilidade da reprodução dos fenômenos psíquicos, devido a sua natureza diferente dos fenômenos físico-químicos. Já o neomecanicismo reconhece a impossibilidade de reproduzir os fenômenos psíquicos, mais por deficiências técnicas do que pela natureza dos fenômenos, e ·tenta explicá-los (o que hoje se consegue, em parte), sob o aspecto físico-químico. HIPÓTESES E HISTÓRICO DAS TEORIAS DA ORIGEM DA VIDA As hipóteses e teorias a respeito da origem da vida surgiram em decorrência de três problemas básicos: - 1º) a vida fora da Terra; - 2º) o aparecimento da primeira substância viva; e - 3º) a formação de novos seres vivos, através dos tempos. Vida fora da Terra Seria só a Terra, um dos mais modestos planetas, o privilegiado em possuir seres vivos? Henry Norris Russell procurou fazer um resumo das condições necessárias e possibilidades de vida fora da Terra. Para desenvolver-se, a matéria viva necessita de um ambiente como o da Terra: a) a temperatura estar compreendida entre O e 100°C, faixa na qual a água permanece no estado líquido. Em temperaturas mais baixas, as reações químicas processam-se mais lentamente, enquanto que, em temperaturas mais elevadas, o calor rompe as ligações entre os átomos de hidrogênio e carbono (elementos básicos da matéria viva); b) ter o planeta uma atmosfera adequada para os seres vivos respirarem. A isto se acrescenta: se o planeta for muito pequeno não terá força gravitacional suficiente para impedir que os gases atmosféricos escapem para o espaço; e c) o astro habitável girar em torno de uma estrela, com tamanho adequado, cuja energia luminosa e calor sejam suficientes para promover a síntese da matéria orgânica. Aplicando-se os critérios anteriores aos bilhões de corpos celestes do Universo, excluímos as estrelas, grandes massas luminosas, com gases incandescentes, onde a temperatura atinge milhões de graus no interior e na superfície. O nosso sistema planetário é constituído de um pouco mais de um milhar de elementos, sendo na quase totalidade planetóides escravizados ao Sol. Uns têm menos de l.000 km de diâmetro, sem possibilidade de reter atmosfera gasosa. Outros apresentam temperaturas demasiadamente frias, incompatíveis com a vida. Restam nove planetas principais, a Terra entre eles. Plutão, Netuno e Urano, estando muito afastados do Sol, possuem temperatura baixíssima, aproximadamente -185°C; Júpiter e Saturno, com diâmetros de 140.000 e 116.000 quilômetros, respectivamente, são os maiores de nosso sistema; entretanto, apesar de seu tamanho, são bastante leves e possuem atmosferas densas e venenosas de hidrogênio, amoníaco e metano; acredita-se que tenham temperaturas de -140°C e -170 °C, respectivamente. Mercúrio, planeta mais próximo do Sol, não possui água nem atmosfera e sua temperatura, na face voltada para o Sol, é de 420°C; na outra, é próxima ao zero absoluto (- 273°C). Temos ainda Vênus, que apresenta atmosfera com grande escassez de oxigênio e a existência de água é duvidosa; a temperatura de suas nuvens é cerca de - 40°C, enquanto que a da superfície, em média, aproximadamente 430°C. Em nosso sistema, dos mais próximos, o planeta que apresenta melhores condições de similaridade com a Terra é Marte. Sua pressão atmosférica, na superfície, é cerca de 1 da terrestre; possui, pelo menos, duas vezes mais dióxido de carbônio, porém nenhum oxigênio detectável; próximo ao equador, na superfície, sua temperatura varia de 20°C (ao meio-dia) para - 85°C (à noite). Certa quantidade de água se acumula em forma de gelo nos polos e, durante o longo verão, a calota diminui e aparecem manchas escuras. Cientistas acreditam que sejam traços de vegetação simples, formas simbióticas de líquens ou musgos, embora nenhum indício de clorofila tenha sido revelado em estudos espectrográficos. Contudo, esses estudos indicaram existência de moléculas orgânicas, talvez sinal de um tipo de vida. A aproximação do planeta Marte, em ciclos de quinze a dezessete anos, as viagens espaciais e os lançamentos de sondas permitirão, possivelmente num futuro não muito distante, a oportunidade de resolver muitas das dúvidas relacionadas com sua composição e existência de vida. Figura 1: Sistema solar Cosmozoários ou Panspermia De acordo com a teoria da panspermia cósmica, os primeiros germes vivos não teriam nascido na Terra, mas sim em outros corpos celestes ou da poeira meteórica que circula entre os astros. De acordo com Arrhenius, em condições especiais, os esporos (formas resistentes de vida celular) podem subir às regiões mais altas da atmosfera, onde seriam submetidos a uma força especial conhecida como pressão de radiação. Essas estruturas vivas, por serem partículas muito leves, poderiam ser impelidas pela radiação da luz a outros planetas. A esta teoria se opõem muitas dificuldades; o tempo para o transporte dos germes seria tão longo que eles não resistiriam, mesmo que a temperatura do espaço intercósmico, cerca de -220 °C, permitisse a sobrevivência dos esporos. Becquerel demonstrou que, em condições de baixa temperatura e ausência de ar e água, os germes são destruídos pela ação dos raios ultravioleta, que dificilmente chegam até nós porque a atmosfera, contendo ozônio, absorve-os em grande parte . Geração espontânea Aristóteles, há mais de 2.000 anos, preocupou-se com o problema da origem da vida; acreditava que ela pudesse originar-se espontaneamente da matéria bruta. A expressão geração espontânea conduz à ideia de que a substância inerte pode tornar-seviva por si. A hipótese de Aristóteles baseava-se na existência de um princípio ativo, uma capacidade para fazer determinada coisa. A crença na geração espontânea (abiogênese) continuou por muitos anos, ao longo dos séculos, reforçada por trabalhos de cientistas, tais como Paracelso, Jan Baptista van Helmont e outros, que se basearam sempre em suposições e não em fatos e suas conclusões eram tiradas de observações diretas. No século XVII, Francesco Redi, biólogo e médico italiano, realizou experiências cujos resultados abalaram a crença abiogenética, surgindo a hipótese da biogênese. Suas experiências, em síntese, foram: matou algumas cobras e colocou- as em duas caixas abertas, até apodrecerem, sendo que pouco tempo depois a carne das mesmas estava coberta de vermes. Figura 2: Experimentos de Redi. Quando a carne acabou, os vermes se foram. Impelido pela curiosidade, querendo saber para onde tinham ido, Redi realizou outra experiência: matou mais três cobras, colocou-as em caixas, esperou que entrassem em putrefação, vedou-as e quando os vermes acabaram com a carne e tentaram sair, não conseguiram. Aos poucos, começaram a diminuir em movimentos e tamanho, assumindo uma forma redonda como à de um ovo. Após oito dias, os ovos quebraram-se e de cada um saiu uma mosca, como as que haviam voejado em torno da carne putrefata. Concluiu então que os vermes se originavam dos ovos das moscas, e para prová-lo realizou outro trabalho: preparou frascos com o mesmo material (carne de cobra), sendo que quatro deixou abertos e quatro fechados; nos abertos logo apareceram vermes e nos fechados, não (embora alguns vermes tivessem tentado entrar nos vidros fechados). Baseando-se nas experiências de Redi foi favorecida a ideia de que a vida pode originar-se somente de vida preexistente. Atualmente sabemos que os vermes observados por Redi eram na realidade larvas de moscas. Depois de Redi, outros trabalhos como os de Leeuwenhoek, Needham e Spallanzani criaram novamente polêmicas entre biogênese e abiogênese pela descoberta dos microrganismos. Os abiogenistas aceitavam que grandes organismos não surgiam espontaneamente, mas nada os convencia de que esses seres microscópicos não podiam fazê- lo; até que em 1860 Louis Pasteur, biólogo francês, demonstrou que o ar é uma fonte de microrganismos e que a matéria bruta é contaminada facilmente pela matéria viva; quando esterilizado totalmente, material nenhum produz organismos vivos. Figura 3: Experimentos de Pasteur. Seu experimento foi realizado com os famosos frascos de pescoço de cisne e líquidos facilmente alteráveis em contato com ar comum, experiência admirável por ser simples e completa, CALDO NUTRITIVO COM MICROORGANISMOS ESTICA-SE O PESCOÇO DO FRASCO APÓS AQUECIMENTO FERVURA MATA TODOS OS MICROORGANISMOS ENTRADA DE AR NO BALÃO CALDO ESTÉRIL APÓS QUEBRAR O PESCOÇO, O CALDO TORNA-SE CONTAMINADO CALDO NUTRITIVO COM MICROORGANISMOS confirmando de modo definitivo a hipótese da biogênese, para seu trabalho colocou num frasco suspensão de lêvedo de cerveja em água, aqueceu e puxou o gargalo de maneira a dar-lhe várias curvaturas; deixou o líquido ferver vários minutos, até que os vapores saíssem livremente pela estreita abertura superior do gargalo, sem tomar nenhuma outra precaução. Em seguida, deixou o frasco esfriar, e o líquido no frasco em questão permaneceu imutável. Parecia que o ar comum, entrando no frasco, nos primeiros momentos do resfriamento, deveria contaminar o caldo; isto é verdade, mas como o ar encontra o líquido numa temperatura ainda próxima do ponto de ebulição, sua entrada ocorre vagarosamente; quando o líquido se resfria o suficiente, para não mais ser capaz de impedir a vida dos germes, a penetração do ar é bastante lenta, de maneira a deixar nas curvas úmidas do pescoço toda a poeira e os microrganismos capazes de agir nas infusões. Depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do frasco foi quebrado de modo a não sofrer contaminação e depois de 24, 36 ou 48 horas, fungos e bactérias tornaram-se visíveis como no frasco aberto ou como se tivessem sido inoculados com a poeira do ar. Da mesma forma, procedeu com suspensão de lêvedo de cerveja em água e açúcar, urina, suco de beterraba e água de pimenta. Um novo problema surgiu com as comprovações de Pasteur: "se é preciso vida para produzir vida, de onde apareceu a primeira vida?" Trabalhos têm sido realizados desde então e até hoje não existe uma resposta conclusiva e definitiva. Hipótese autotrófica Todos os seres vivos precisam de alimento. Portanto, a primeira forma de vida deveria ter sido capaz de fabricá-lo. A primeira partícula viva, presumivelmente, utilizou como alimento substâncias inorgânicas, como é o caso das bactérias autótrofas que elaboram seu próprio alimento por quimiossíntese e algas clorofiladas, unicelulares, que desenvolveram um meio de armazenar a energia solar, convertendo-a em energia química na transformação das substâncias inorgânicas em orgânicas (fotossíntese). Uma séria crítica que se faz à hipótese autotrófica (do grego auto = próprio e trophein = alimentar-se), é quando se considera que todas as reações químicas relacionadas com a síntese de alimento são muito complexas e exige do organismo uma estrutura altamente especializada, e se pensarmos em termos de um evolucionismo para a transformação da matéria viva, os primeiros organismos deveriam ser simples, portanto dificilmente produziriam seu alimento. Hipótese heterotrófica A hipótese heterotrófica (do grego heteros = outro e trophein = alimentar-se) supõe que a forma mais primitiva de vida desenvolveu-se a partir de substâncias inanimadas, formando-se, num ambiente complexo, um ser extremamente simples. Esse organismo teria evoluído vagarosamente há bilhões de anos atrás, em condições especiais. Diversos pesquisadores trabalharam para esclarecer muitos dos problemas levantados por essa hipótese J. B. S. Haldane, em 1929; A. Oparin, em 1936; Urey e Miller, em 1953 e Sidney Fox, em 1957. Muitos outros continuam trabalhando para esclarecer pontos relativos ao problema origem da vida. EVOLUÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS Embora algumas substâncias inorgânicas possuam carbono em sua composição, a principal característica dos compostos orgânicos é possuírem o carbono como elemento fundamental. Esta afirmativa é comprovada porque, como resultado da combustão de diferentes substâncias orgânicas (animais e vegetais), temos sempre a formação de gás carbônico (o oxigênio do ar combina-se com o carbono do composto em combustão). Nas substâncias orgânicas, o carbono está combinado com outros elementos: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo, etc., formando compostos, onde o carbono entra como elemento base. Denominamos hidrocarboneto às substâncias orgânicas mais simples constituídas exclusivamente de carbono e hidrogênio. O petróleo natural e seus diversos derivados, como a gasolina, são misturas de diversos hidrocarbonetos. A idade da Terra, segundo cálculos baseados na análise de minerais radioativos, é cerca de quatro e meio bilhões de anos. Admite-se que o Sol e os planetas do sistema solar formaram-se de uma nuvem de poeira cósmica (átomos formados pelas estrelas durante sua vida e no momento de sua morte, as supernovas); partículas dessa poeira foram-se juntando eformaram uma massa cada vez mais compacta. Quanto mais essa massa aumentava, as forças de atração (gravitacionais) também iam aumentando gradativamente. Devido à compressão das partículas, ocorreu um aumento de pressão, gerando calor e a temperatura foi ficando cada vez mais elevada até que ocorreu a fusão desses materiais. Em seguida, inicia-se um processo de resfriamento que durou milhões de anos e, devido a essa mudança de temperatura, formaram-se alguns compostos químicos, os mais densos descendo para o centro da Terra e os menos densos permanecendo na superfície. Com o resfriamento a superfície da Terra ficou sólida, recebendo o nome de litosfera. As lavas dos vulcões que ficavam depositadas na superfície, quando expelidas, também se solidificaram. É provável que as águas dos oceanos tenham surgido também da atividade vulcânica, havendo a formação de vapores que se condensavam e caíam depois em forma de chuvas quentes, ocorrendo em seguida evaporação, nova condensação e mais chuvas. Paralelamente a esses fenômenos, havia também descargas elétricas, tendo como consequência tempestades constantes. A atmosfera gasosa foi mantida ao redor da Terra por ação da força gravitacional; admite-se que esta era constituída por: metano (CH4), amônia (NH3), vapor de água (H20) e hidrogênio (H2). A atmosfera atual possui a seguinte composição aproximada: nitrogênio (N2), 78,06%; oxigênio (02) 21,00%; dióxido de carbônio (C02), 0,03%; gases raros (hélio, neônio, argônio, criptônio, xenônio), 0,93%. A comparação da antiga atmosfera e da recente é importante para o entendimento da hipótese heterotrófica. Em 1828, Wõhler conseguiu sintetizar um composto orgânico, a ureia (excretado por diversos animais), a partir de substâncias inorgânicas. Esse fato levou os adeptos da hipótese heterotrófica à seguinte suposição: desde que é possível, em laboratório, a síntese de compostos orgânicos, é muito provável que na Terra primitiva, pudessem os átomos existentes se ligar, de maneira a formar substâncias orgânicas. Os átomos de carbono do gás metano, os de hidrogênio do mesmo gás e da água, os de oxigênio da água e os de nitrogênio do gás amônia, sob a ação das descargas elétricas, foram-se combinando de tal modo que formaram aminoácidos e outros compostos como lipídeos, açúcares e outros. Segundo Sidney Fox, talvez a água tenha-se evaporado parcialmente, deixando aminoácidos sobre a superfície seca e quente das rochas, possibilitando a origem das proteínas, muito antes do surgimento de um ser vivo. Figura 4: A Terra primitiva e sua simulação no experimento de Miller. Outra obra que deve ser destacada, sob o ponto de vista geoquímico, é a do bioquímico russo A. Oparin, cuja linha de pensamento é: primeiramente o carbono estava disperso na atmosfera incandescente; aos poucos, estes átomos foram se juntando, combinando-se com outros elementos e originaram os hidrocarbonetos. Estes se transformaram em derivados nitrogenados, que são a base para a primeira forma de vida orgânica. Nos oceanos primitivos, estas substâncias, através de reações, formaram estruturas mais complexas. Surgiram então as albuminas (proteínas) que iriam constituir as células animais e vegetais. As proteínas encontraram-se inicialmente, dissolvidas e, posteriormente, por seleção do próprio meio, formaram pequenas gotas que se foram aglomerando, sendo denominadas coacervados (do latim coacervatus = aglomerado). Coacervados Coacervados são aglomerados de proteínas ou proteinóides, como pequenos grumos, circundados por camada líquida. As gotas de coacervados absorveram, com o tempo, as substâncias orgânicas da solução aquosa em que se encontravam, aumentando de peso e volume. Algumas gotas cresciam mais velozmente que outras; a estrutura interna, de crescimento mais rápido, tornava-se cada vez mais complexa e mais adaptada à nutrição e ao crescimento. Figura 5: Coacervados proposta e obtidos em laboratório, respectivamente. No decorrer de inúmeros milhões de anos, a estrutura dos coacervados variava e aperfeiçoava-se. As gotas de estrutura mais simples se rompiam e eram destruídas, enquanto que as mais perfeitas se mantinham e ganhavam volume. Algumas delas devem ter, junto com outros compostos, capturado moléculas de DNA e de RNA, já que estas também devem ter sido sintetizadas na atmosfera primitiva, uma vez que também são formadas pelos mesmos átomos que originaram os aminoácidos. Estas cresciam e multiplicavam-se, dividindo-se, dando origem a estrutura exatamente iguais as originais. Estas estruturas foram consideradas os primeiros seres vivos do planeta. Este fato deve ter ocorrido há dois e meio bilhões de anos aproximadamente. Com o tempo esses seres vivos primitivos, semelhantes às bactérias contemporâneas, sob a ação do meio ambiente, sofreram transformações, diversificaram-se e se tornaram seres vivos unicelulares. Alguns desses seres desenvolveram a capacidade de aproveitar a luz, água e gás carbônico para a síntese de outras moléculas orgânicas; outros seres apenas oxidavam as substâncias produzidas pelos autótrofos. Por evolução, os unicelulares tornaram-se mais complexos, formando inicialmente colônias e dando origem mais tarde aos organismos pluricelulares que, filogeneticamente, deram origem a todas as espécies vegetais e animais.
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