Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA 2 – Prof. Marcos Ferraz Vívian Garcia (5º período – 2012.2) Aula 02 (15/08/2012) – CONTINUAÇÃO- FARMACOLOGIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL O beta bloqueador não diminui a pressão na primeira semana porque o bloqueio beta permanente leva ao reajuste barorreceptor, entre outras coisas, o que reduz volume/minuto, a renina, mas também aumenta a atividade da COX 2 endotelial, portanto aumenta os níveis de prostaciclina, de PGA 2, e também a liberação de NO. Tem um beta bloqueador que permite este aumento de NO diretamente, já que de uma maneira geral estes medicamentos aumentam o NO de maneira indireta, o fármaco em questão é o Nebivolol. O beta bloqueador é um eficiente fármaco no tratamento da angina, já que há um desequilíbrio entre a oferta e demanda e o beta bloqueador diminui a demanda, a contratilidade, a frequência, a renina, o que indiretamente reduz a pré-carga e pós-carga. Diminuindo a pré-carga, ocorre diminuição da pressão diastólica final- lei de Laplace- raio e tensão são diretamente proporcionais, como o raio diminui a tensão parietal também diminui, o que melhora a perfusão na região subendocárdica. O beta bloqueador também é bastante eficiente na fase aguda do IAM, reduzindo mortalidade em 25%, já que reduz o tamanho da lesão. Quando ocorre o infarto, há necrose e o indivíduo sente dor, tais eventos costumam causar uma reação fisiológica- aumento do drive simpático. O coração infartado costuma estar banhado de catecolaminas (NOR e ADR) que agem em β1 aumentando o consumo de oxigênio. A necrose ocorre pela isquemia, pela falta de oxigênio, e quanto mais o coração consome oxigênio, a lesão no coração aumenta. E se houver o bloqueio de β1, a lesão não aumenta. O beta bloqueador também previne arritmias durante a fase do IAM. O beta bloqueador também é usado na Insuficiência Cardíaca, o que nos remete a um paradigma, já que na IC o coração não vence a resistência do vaso, e assim o sangue que deveria estar sendo ejetado pelo ventrículo esquerdo (VE), fica retido atrás do VE, ou seja, no pulmão. O indivíduo começa a acumular líquido no pulmão, na circulação periférica. O beta bloqueador, que é um fármaco que reduz a força de contração é importante porque na IC o que piora o quadro é que o organismo na tentativa de compensar o baixo débito, a baixa fração de ejeção, aumenta o simpático, o que acarreta aumento da resistência, da pré-carga. Como a área do coração é pequena e a área do vaso é grande, ocorre aumento da resistência e a fração de ejeção diminui. O beta bloqueador em médio prazo reduz o drive simpático, a fração de ejeção aumenta. A fração de ejeção menor que 25%, ao se administrar o beta bloqueador o paciente piora, depois de um mês volta a ficar ruim, mas continua tomando o remédio. Em três meses a fração de ejeção aumenta, é o momento que o drive simpático está menor. Nesse caso, escolhemos um beta bloqueador, que ao mesmo tempo reduza contratilidade e a resistência- Carvedilol. Com este fármaco já no primeiro dia, a fração de ejeção aumenta, e este aumento é dose dependente, ou seja, quanto maior a dose de carvedilol, maior a fração de ejeção. Isto ocorre porque o carvedilol é um beta bloqueador que também bloqueia α1. O beta bloqueador a médio e em longo prazo traz outro benefício na IC, já que nesta situação acontece o remodelamento cardíaco. Um dos fatores que leva ao remodelamento cardíaco em nível molecular é a ativação do receptor β1, AT1 e receptor de mineralocorticóide. O receptor β1 é ativado por NOR e ADR, AT1 por angiotensina II e o receptor de mineralocorticoide é ativado pela aldosterona. Com o beta bloqueador, a renina, a angio II e a aldosterona diminuem, o que é importante para conter a progressão do remodelamento cardíaco. Outras indicações terapêuticas dos beta bloqueadores: → No glaucoma, o bloqueio de β1 acarreta bloqueio na produção do humor aquoso; → No hipertireoidismo está ligado ao aumento do drive simpático. → Na ansiedade o indivíduo treme, faz taquicardia e sudorese, e o beta bloqueador bloqueia tudo isso. → A enxaqueca está ligada com vasodilatação extracraniana e vasoconstrição intracraniana. O beta bloqueador previne a enxaqueca através da prevenção da vasodilatação mediada pelo β2. Nesse caso, funciona como medida profilática, depois que chega a dor o beta bloqueador não adianta. Deve ser tomado continuamente com objetivo de prevenção. Qualquer situação que haja necessidade de redução da contratilidade usa o beta bloqueador. A cada quatro pessoas, uma tem prolapso de mitral. Afeta mais as mulheres, é assintomático, mas algumas pessoas fazem extrassístoles ventriculares, principalmente gestantes. Nesse caso, o problema é resolvido com uso de beta bloqueador. Efeitos adversos do beta bloqueador: Depois de um tempo com uso do Beto bloqueador, o organismo tende a se adaptar. Se o paciente usando beta bloqueador tiver asma, ele vai fazer broncoespasmo. Se não tiver asma não ocorre nada. Porque isso acontece? Porque o antagonista não tem efeito, não tem atividade intrínseca. Se o brônquio está dilatado no basal e administro o antagonista, por ele não ter efeito não acontece nada, mas em quem tem asma, o β2 está dilatando, mas o TNF, a acetilcolina e a histamina (uma grande quantidade de mediadores contraindo e somente um dilatando). Se bloquear o β2, o brônquio fecha. Logo, se o paciente tem asma não usa beta bloqueador seletivo, quem tem asma não prescrevo beta bloqueador nenhum. O beta bloqueador é útil em pacientes com ICC, mas se o médico errar a dose o beta bloqueador vai precipitar o quadro de Insuficiência Cardíaca. Quando há aumento da demanda de oxigênio (esforço físico), ocorre aumento do débito e o beta bloqueador não aumenta o débito. Quando o indivíduo faz exercício físico o sangue vai para os músculos, e quem desvia o fluxo sanguíneo para o leito muscular é o receptor β2. Tomando beta bloqueador, o sangue não vai para o músculo, logo este vai trabalhar em anaerobiose (glicose→ piruvato→ lactato→ câimbra, que provoca dor). Daí a intolerância ao exercício físico. Com o tempo, o paciente acostuma, até porque o médico indica a prática da atividade física (exercício moderado regular). Pacientes tem diabetes, quando faz uso de insulina a glicemia cai. O fígado compensa fazendo gliconeogênese e glicogenólise e o receptor que ativa estes processos bioquímicos é o β2. Logo o paciente diabético tomando beta bloqueador faz hipoglicemia. O diabético em hipoglicemia sabe que deve se alimentar porque ele tem sudorese emocional, taquicardia, tremor, dor de cabeça, só que quando está tomando beta bloqueador todos estes sinais estão mascarados. Doença arterial oclusiva periférica tende a espasmos na periferia, o que vai levar a necrose, gangrena. Se tomar beta bloqueador, este no vaso causa vasoconstrição. Beta bloqueador no coração faz vasoconstrição, em médio prazo ocorre aumento da vasodilatação. Isso ocorre porque o mesmo beta bloqueador que contrai o vaso aumenta a prostaciclina que dilata, mas o efeito inicial (primário) é de vasoconstrição. O indivíduo que tem fenômeno de Raynaud e toma beta bloqueador vai levar a gangrena de extremidades. Com a vasoconstrição há diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo (dor), para a arteríola peniana (disfunção erétil). O beta bloqueador que atravessa a BHE altera o sono causando pesadelo, parassonias. Não ocorre tolerância (efeito clínico) com beta bloqueador, mas observa-se tolerância quanto a alguns efeitos adversos, com exceção da bradicardia e do broncoespasmo. Paciente que tem história pregressa de asma, mas está assintomático não deve fazer beta bloqueador, maspode pensar em nevibelol, outros cardioseletivos desencadearão a crise asmática. Contra Indicado: Asma, Doença Arterial Oclusiva Crônica. Precaução: Diabetes melito Insulino Dependente. Quem tem história pregressa, mas não tem sintomas, pode pensar em um cardioseletivo, porém com cautela. O beta bloqueador piora o perfil lipídico, aumenta os triglicerídeos e reduz HDL, o que não é bom. Este efeito é menor com cardioseletivo e com agonista parcial. Além disso, o uso deste fármaco não pode ser suspenso de uma vez, já que pode levar a hipertensão rebote, angina e IAM. A retirada deve ser lenta e gradual (desmame), e se o indivíduo tiver angina mantêm o izordil (vasodilatador coronário). O beta bloqueador funciona muito bem em jovens. No idoso, a resposta é menor e ainda pode ocorrer devido a vasoconstrição isquemia das extremidades (cãimbras, sensação de frio, cansaço), mas não é contra indicado, só não é a primeira escolha. Com uso de beta bloqueador, a renina vai diminuir e a perfusão renal também. Assim o rim vai dar um jeito de segurar o sódio e a água, o que pode acontecer do paciente estar tomando o medicamento e a pressão não reduzir. Associa então, com o diurético. Muito Importante: O beta bloqueador não deve ser utilizado nas seguintes situações listadas abaixo (precisa saber isso). 1-Estertores em mais de um terço dos campos pulmonares- broncoespasmo. 3- Pressão sistólica menor que 90. O paciente infartou, o drive simpático devia estar alto, mas por alguma razão a pressão está baixa. É possível que esta instabilidade dinâmica seja decorrente de uma lesão muito grande, que está comprometendo a ejeção. O uso de beta bloqueador mata este paciente. 4- No eletrocardiograma, se o intervalo PR (ligado a condução átrio-ventricular) é longo (maior que 250ms) significa que a condução está lenta e se der beta bloqueador ela vai ficar mais lenta ainda. Paciente que fuma a dose do beta bloqueador deve ser maior! Cautela: quando administra beta bloqueador com agonista alfa (aumenta NOR) ocorre potencialização do efeito da noradrenalina. O anti-inflamatório pode reduzir o efeito de beta bloqueador. Uso de beta bloqueador em gestantes: o receptor β2 no útero relaxa, se houver bloqueio deste receptor o útero contrai, o que é ruim para a grávida. O bebê precisa de glicose 24 horas por dia, e quando a mãe não está fazendo este aporte de glicose quem faz isso é o fígado através da glicogenólise e gliconeogênese (reações mediadas pelo receptor β2). Se tomar beta bloqueador, o bebê nasce prematuro de peso. A nutrição do bebê é feita pela artéria umbigoplacentária, e quem mantém esta artéria dilatada é o receptor β2, quando este é bloqueado, a artéria contrai e o bebê não se desenvolve. Apesar de tudo isso, o beta bloqueador para grávidas não é contra indicado, ele deve ser utilizado com cautela, o risco deve ser avaliado. No caso de uma gestante hipertensa, esta gravidez é considerada de alto risco-repouso absoluto e acompanhamento periódico. A paciente faz uma ultra e a artéria está com um calibre um pouco menor do que deveria; perímetro encefálico um pouco menor - reavalia a prescrição. A gestante que tem estenose mitral faz extrassístoles ventriculares durante a gravidez (β1). O problema do beta bloqueador na gestante é pelo bloqueio β2, por isso aqui devemos pensar em bloqueador cardioseletivo (mais seletivo em β1- atenolol, metoprolol). Para extrassístoles ventriculares pode fazer o propanolol, que não é cardioseletivo, com uma dose bem baixa (10-20mg). Em tese o melhor beta bloqueador para grávida seria o pindolol, que é agonista parcial. Pois este fármaco não deve causar vasocontrição na arteríola umbigoplacentária, não deve diminuir tanto a gliconeogênese. Menor perda de peso fetal em relação a outros beta bloqueadores. Mas é pouco utilizado. O labetalol é pouco usado no Brasil, é igual ao carvedilol (também faz bloqueio alfa). Usado na pré eclâmpsia. Em resumo: é seguro usar beta bloqueador até 6 semanas (até um mês e meio). Se passar disso, poderá ser observado retardo no crescimento intra uterino, redução da glicemia materna, redução do fluxo pela artéria umbilical, bradicardia fetal, hipotermia, hiperbilirrubinemia . Cininase- 2 é a mesma coisa que ECA. Um fármaco para ser absorvido por via sublingual deve ser lipossolúvel. O captopril é considerado um aminoácido, e, portanto apresenta dois grupos ionizáveis, e achar o ponto isoelétrico para ele se tornar lipossolúvel é complexo. Logo o Captopril não deve ser administrado por via sublingual. É um fármaco excelente para urgência hipertensiva, e deve ser administrado por via oral. A Clonidina (atensina) é altamente lipossolúvel e é um excelente medicamento para urgência por via sublingual. Cininase 2 (ECA)- enzima que quebra bradicinina, e que quebra angio I para formar angio II. O receptor AT1 está acoplado a cascata do IP3 e DAG- proteína Gq ativa fosfolipase C, que quebra PIP2 em IP3 e DAG. O DAG ativa PKc, que abre canal de cálcio. O aumento de cálcio no músculo liso- contração. Assim a angio II via receptor AT1 é um potente vasoconstrictor arteriolar. Também tem AT1 no SNC, que quando ativado aumenta o drive simpático- angio II faz vasoconstrição direta em arteríola e indireta por aumentar o drive simpático. Mas também tem AT1 no córtex da supra renal, e quando o cálcio aumenta em uma célula secretora ocorre exocitose de aldosterona, que no epitélio renal estimula a reabsorção de sódio e água, aumentando volemia, pré carga, débito e consequentemente a pressão. O receptor AT1 quando ativado promove o aumento da expressão de protooncogenes, que estavam quiescentes. Estes estimulam mitoses, que levam a hipertrofia, síntese de fatores de crescimento e de matriz extracelular, o que leva ao remodelamento, hipertrofia no vaso (aumenta a resistência, o que aumenta a PA) e no coração (que leva a Insuficiência Cardíaca). Quando ocorre ativação do sistema renina pelo receptor AT1 ocorre geração de problemas, para ter ganho deverá ser utilizado um fármaco que inibe este sistema (Captopril). E o receptor AT2? Ele protege, mas o indivíduo adulto não expressa mais AT2. Existem 3 fármacos que interferem no SRAA: inibir a liberação de renina (beta bloqueador e um fármaco que faz isso diretamente na célula justaglomerular é o Aliskiren); inibir a conversão de angio I em angio II (Captopril); bloquear o receptor AT1 no vaso, no córtex da supra renal, e no SNC (Losartan). Ao usar uma droga que inibe a ECA, não haverá formação de angio II, mas também não haverá quebra de bradicinina, e esta se acumula no sangue e a bradicinina faz vasodilatação. Só que o organismo depois compensa, pois a angio II também é formada por vias acessórias. Inibindo a ECA há ganho em 4 condições clínicas: hipertensão arterial; ICC; infarto do miocárdio; e nefropatia diabética. São todos iguais! Para não dizer que são exatamente iguais, algumas diferenças: Todos os pril podem ser administrados de 12/12h com estômago cheio, o captopril deve ser feito de 8/8h de estômago vazio, o que é difícil conseguir. Só que este fármaco é tão bom, que mesmo tomando de maneira errônea, funciona. O enalapril é um pró-fármaco, passa pelo fígado e é convertido em enalaprilato. Além da ECA, existe ainda a ECA 2, que é responsável por agir em Angio I formando Angio 1-9 e em Angio II formando Angio 1-7, que é um potente vasodilatador. Logo, enquanto a ECA gera um vasoconstrictor, a ECA 2 gera um vasodilatador. A Angio II age no receptor AT1 e a Angio 1-7 age no receptor Mas. Resumindo, a ECA converte a Angio I em Angio II e quebra bradicinina,e a ECA 2 forma Angio 1-7 e bradicinina 1-7. Ou seja, enquanto a ECA forma um vasoconstrictor e destrói um vasodilatador, a ECA 2 forma dois vasodilatadores. A ECA 2 serve para equilibrar o balanço vasoconstrição ( Angio II) X vasodilatação ( bradicinina e Angio I). Ao administrar o captopril, há inibição da ECA, mas não da ECA 2. Assim, a angio I vira angio 1-9, que vai ser convertida em angio 1-7, com isso além de reduzir a formação de angio II, ocorre aumento da formação de angio I (vasodilatação). As células justaglomerulares liberam renina em resposta à redução da pressão na aferente, ao sódio na mácula densa e a descarga simpática no receptor β1. E como o sensor percebe o sódio na macula densa? Enquanto a célula da macula densa estiver reabsorvendo sódio, o sódio que entrou na célula vai ser expulso e trocado por potássio pela bomba, que quebra ATP para formar ADP, que perde fosfato e vira AMP, que perde fosfato e vira adenosina. A adenosina se liga ao seu receptor na célula justaglomerular, ativa Ptn Gi→ reduz AMPc→ reduz cálcio. Sem cálcio, a célula não libera renina, então enquanto estiver entrando sódio na macula densa, a adenosina está sendo formada, como consequência o cálcio na célula justaglomerular diminui e a renina não é liberada. Se a reabsorção de sódio parar, o simporter tríplice para de funcionar, e esse sistema leva ao acúmulo de radicais livres. A NO sintase também está atuando na produção de NO, e esse NO + radical superóxido= peroxinitrito, que é o principal indutor da COX 2. Induzindo COX 2 ocorre formação de PG, que ao agir no seu receptor→ Ptn Gs→ aumenta AMPc→ aumenta o cálcio→ libera renina. O exercício físico estimula as células atriais a produzirem o peptídeo natriurético atrial, que diminui liberação de renina. Ao usar o inibidor da ECA, a angio II é zerada inicialmente porque depois ela volta a ficar alta, já que a angio II também pode ser sintetizada pela ação da quimase e da catepsina G. Por isso que com uso do captopril, inicialmente a pressão cai já que a angio II diminui. Depois, a angio II começa a aumentar, mas a pressão não aumenta. Isso nos mostra que o mecanismo da bradicinina é muito importante, já que ela não está sendo quebrada e mais importante ainda é a formação de angio 1-7, que potencia a ação da bradicinina, aumenta NO, PGi→ PGE 2→ vasodilatação arteriolar. Observação: Inibindo a ECA não ocorre formação do vasoconstritor, e o vasodilatador não é quebrado. E, além disso, aumenta a formação da angio 1-7. Há relatos que quando o indivíduo toma inibidor da ECA, o nível de angio 1-7 que no basal é muito baixo, aumenta muito. A bradicinina é sintetizada a partir da pré calicreína, que origina a calicreína plasmática, esta quebra o cininogênio de alto peso molecular formando bradicinina, que é vasodilatadora. No entanto, além do efeito vasodilatador, a bradicinina tem outro efeito importante, ela é responsável por aumentar a sensibilidade da célula alvo à insulina (com menos insulina, há um efeito maior). No paciente diabético, posso pensar em aumentar a bradicinina, usar inibidor da ECA? Pode! Com o uso de IECA, ocorre aumento de bradicinina, de angio 1-7, o que reduz a pós- carga. Além disso, a aldosterona tem efeito diurético, o que reduz pré-carga e por isso reduz a pressão arterial. Só que devemos lembrar que o organismo de um indivíduo hipertenso está acostumado a manter a pressão alta, quando há uso de fármaco que diminui a pressão, há uma tentativa do organismo de voltar a elevar a pressão, e se isso acontecer o fármaco não vai funcionar. Nesse caso, a dose deverá ser aumentada ou associar com outros fármacos. Se o indivíduo não conseguir compensar, a monoterapia é eficaz. Assim, o IECA funciona em monoterapia na hipertensão leve. Na hipertensão moderada, um segundo fármaco deverá ser associado. Quando a pressão diminuir, o rim vai atuar segurando o sódio por outro mecanismo, e por isso o diurético deve ser associado. Assim como o beta bloqueador, o IECA é mais efetivo em brancos e asiáticos do que em negros, isso ocorre porque o branco tem pressão dependente de renina e o negro, sobreduto o idoso, tem pressão dependente de volume (a pressão é alta com a renina baixa). No caso do negro, se der diurético, ocorre perda de volume e o organismo compensa aumentando a renina, aí pode administrar o IECA. No caso do paciente com obesidade visceral, qual a limitação do uso de beta bloqueador? O beta bloqueador vai conter a pressão, mas vai piorar o perfil lipídico aumentando a obesidade visceral. Já o IECA não tem efeito metabólico nenhum, por isso é o fármaco indicado para estes pacientes. Em pacientes com hipertensão renovascular: a filtração no glomérulo ocorre por diferença de pressão, e para isso a angio II contrai a arteríola eferente, o sangue vai entrar, mas vai sair pouco, e assim a filtração ocorre. Paciente que tem diabetes tem grande quantidade de glicose no sangue, que em excesso vira sorbitol, que é osmoticamente ativo (puxa água). Muita água vai chegar ao glomérulo, e o paciente faz poliúria. Só que o aumento do fluxo na região, aumenta a pressão renovascular, o que promove a lesão no glomérulo (glomerulonefrite). O IECA é eficiente nestes pacientes, uma vez que haverá diminuição da angio II, a arteríola eferente sofre vasodilatação, o que aumenta a saída de líquido e a pressão renovascular diminui, e também diminui a progressão da glomerulonefrite. No paciente diabético isso é bom, mas quando essa vasodilatação será ruim? Pacientes com Insuficiência Renal, se o rim não está filtrando e a pressão renovascular for reduzida, a filtração piora, diminui. IECA em pacientes renais é 8 ou 80, ou ele protege o rim ou acaba com o rim, o limite é a IR avançada (creatina ˃ que 2,5). Ou seja, paciente com creatina menor que 2,5- captopril; maior que 2,5- não faz captopril! Paciente fazendo microalbuminúria por haver lesão, ao administrar o captopril este quadro é revertido. A pressão está reduzindo a ponto de regenerar o epitélio. Recapitulando: IECA aumenta bradicinina, que aumenta sensibilidade a insulina. IECA não altera o perfil lipídico. IECA protege o rim contra glomerulonefrite. Caso clínico: Paciente hipertenso diabético, qual fármaco escolher? IECA. O beta bloqueador não é contra indicado para o diabético, mas para que dar beta bloqueador se ele mascara os sinais da hipoglicemia, piora o perfil lipídico. Paciente diabético, pensar em IECA (não tem efeito metabólico nenhum, não afeta hipoglicemia, não piora o perfil lipídico, protege o rim e ainda melhora a sensibilidade a insulina). Paciente com IC, IECA é bom? Na IC tem um problema, já que o débito não vence a resistência, no entanto usar uma droga que reduz pós-carga e pré-carga, promove ganho para estes pacientes. Assim, paciente hipertenso com IC ou paciente nem é hipertenso, mas se tem IC- IECA! Vale lembrar que na IC ocorre o remodelamento, que é mediado pelos receptores β1, AT1 e receptor de mineralocorticoide. O IECA vai reduzir dois mecanismos (AT1 e mineralocorticoide). Paciente hipertenso, foi administrado ao mesmo tempo beta bloqueador e o IECA. Faz sentido? O beta bloqueador reduz a renina, e o captopril não tem efeito quando a renina está baixa. Logo não é uma boa associação beta bloqueador e IECA. Agora se o paciente tem IC vale a pena fazer os dois juntos, por conta do remodelamento. O IECA por provocar vasodilatação não deve provocar disfunção erétil, por isso que para o paciente homem, jovem, hipertenso, é um medicamento de grande vantagem. O efeito adverso mais importante do IECA é a tosse. Essa tosse provavelmente está associada ao acúmulo debradicinina. Por conta deste efeito vale a pena tentar outros fármacos do mesmo grupo a fim de evitar o aparecimento da tosse. A bradicinina aumenta a atividade da COX 2, que gera PGE2, que no hipotálamo causa febre. Nesse caso, a medicação deve ser suspensa. Qualquer fármaco que é secretado pela saliva, altera o paladar. Em geral, quando administra o captopril, a pressão não deve despencar. Quando ocorre hipovolemia (paciente desidratado), o organismo compensa aumentando a renina. Tomando captopril, a pressão vai cair (hipotensão). Nessas situações tem que hidratar adequadamente o paciente, a fim de corrigir a volemia. Muitos fármacos agridem o fígado quimicamente, ao serem metabolizados originam uma toxina, e o IECA faz isso. Qual a importância disso? Paciente com história pregressa de doença hepática deve-se ter cautela com IECA. Risco X, não pode ser administrado IECA para grávidas. O grande problema é no segundo e terceiro trimestres, quando o bebê estiver desenvolvendo coração e vasos, caso o IECA esteja sendo administrado, ocorrerá morte fetal. O IECA pode causar edema de glote, o que é muito raro. Mas se o indivíduo já tem história de edema com outros fármacos, não arrisque administrar IECA, ou pelo menos tenha cautela. O losartan não altera o nível de bradicinina, porque quem quebra bradicinina é a ECA e o lasartan não atua sobre e a ECA. A angio II atua em AT1 fazendo hipertrofia e vasoconstrição e em AT2 fazendo o contrário (vasodilatação e inibição da hipertrofia). Quando ocorre bloqueio de AT1, a angio II vai ativar o AT2. É claro que isso é um “caô” porque uma pessoa adulta não expressa AT2. Por outro lado, o losartan aumenta por algum mecanismo a expressão de angio 1-7. O losartan é quase tão eficaz que o IECA para reduzir a pressão arterial, primeiro porque provoca menos tosse (já que não afeta a degradação de bradicinina) e é mais vantajoso para um paciente com ICC, IAM e diabetes. Para todas as indicações do IECA, pode administrar o losartan, mas IECA é superior, é mais eficaz. Por isso que o losartan será administrado quando o paciente não tolerar o IECA (muita tosse). Exemplo: paciente com história de angioedema, pensar em losartan e não em IECA. As contra indicações do losartan são as mesmas do IECA. Já é feito em monoterapia em substituição ao IECA e confere maior segurança hepática. Quanto ao rim a literatura fala que é mais seguro, mas não há evidências de que se pode administrar aliskiren em pacientes com creatinina maior que 2,5. Por isso vamos considerar que não pode administrar. Mesmas contra indicações do IECA. Faz sentido fazer captopril e aliskiren em um mesmo paciente? Vamos pensar... o captopril inibe a ECA e reduz a angio II, consequentemente a renina plasmática aumenta compensatoriamente, por isso é valido fazer associado o aliskiren. Ainda pode associar um diurético. 1- Antagonistas de canais de cálcio Verapamil é um fármaco que não deixa o cálcio entrar no coração, o que leva a bradisinusal, redução da condução átrio ventricular e redução da contratilidade. Que outro fármaco faz isso? Beta bloqueador. Posso contrair o vaso por diferentes mediadores: endotelina, NOR, ADR, Angio II. Para contrair o vaso basta ter atuação de ADR, NOR. β1→ aumenta AMPc→ ativa PKa→ PKa introduz fosfato no canal de cálcio→ canal abre e cálcio entra. Angio II no receptor AT1→ cascata do IP3 e DAG→ Ptn Gq ativa fosfolipase C, que quebra o fofatidil inositídeo em IP3 e DAG→ DAG ativa PKc→ PKc introduz fosfato no canal de cálcio, e o IP3 age no canal de cálcio no retículo. E para vasodilatar? Tem que tirar o cálcio e isso pode acontecer aumentando o AMPc. No coração, o AMPc ativa o PKa, que é responsável por colocar o fosfato no canal de cálcio. Já no músculo liso do vaso a mesma PKa vai colocar o fosfato no canal de potássio→ o canal de potássio abre → potássio sai da célula→ a célula hiperpolariza→ canal de cálcio tipo L voltagem dependente fecha. E quais receptores vão aumentar o AMPc? β2 da adrenalina (vasodilatação), receptor de prostaglandina e prostaciclina. Só que o AMPc não é o mais importante, o mais importante é o GMPc. O AMPc é produzido pela adenilciclase o GMPc pela guanilatociclase, que vai ativar a PKg, que coloca o fosfato no canal de potássio. E quem ativa guanilatociclase? O NO, que é produzido no endotélio. Se aumentar cálcio no músculo, o vaso contrai. Mas se aumentar cálcio no endotélio, o vaso dilata, porque no endotélio Ca+ calmodulina ativa a NO sintase endotelial, que produz NO a partir da L-arginina no endotélio. E quem aumenta cálcio no endotélio? Bradicinina em receptor B2; NOR em α2; Ach em M1 e M3... NO ativa guanilatociclase→ ativa PKg, que coloca fosfato no canal de potássio→ reduzindo cálcio e também coloca um fosfato na cinase de cadeia leve da miosina, inativando-a e aí o músculo não contrai. E farmacologicamente o que pode ser feito para o vaso dilatar? Pode bloquear o canal de cálcio, abrir o canal de potássio ou gerar NO. Classificação dos antagonistas de canais de cálcio segundo a estrutura química: → Diidropiridinas: Nifedipina. → Não Diidropiridinas: Verapamil, Diltiazem. Todos eles bloqueiam canal de cálcio do tipo L voltagem dependente, mas as diidropiridinas são mais potentes no vaso, causando vasodilatação e queda de PA, o que leva a aumento de frequência cardíaca reflexamente (por isso observa-se taqui reflexa com nifedipina). Já as não diidropiridinas são mais potentes nos canais de cálcio do coração, se o cálcio não entra no coração ocorre bradisinusal, diminui condução atrioventricular, inotropismo negativo. Posso administrar nifedipina com beta bloqueador juntos em um mesmo paciente? Pode! Porque como tem taquisinusal, o beta bloqueador reverte. Posso fazer Verapamil com beta bloqueador? Não, pois não posso administrar dois fármacos bradicardizantes, se não o coração para. Fármacos de primeira geração: Nifedipina, Verapamil, Diltiazem. São fármacos muito potentes, e por isso devemos lembrar que potência é o contrário de segurança. O adalat é um fármaco extremamente potente e lipossolúvel, quando administrado pela via sublingual é rapidamente absorvido e a pressão cai abruptamente. A pressão caindo rapidamente acontece o que se chama de vasodilatação distal (fármaco que faz vasodilatação distal vai tirar sangue de dois lugares do corpo- cérebro e coração- roubo coronariano), só que ao mesmo tempo em que o adalat faz roubo coronariano, no que a pressão cai, ocorre taquireflexa. O coração recebe menos sangue e gasta mais oxigênio, consequentemente o paciente descompensa. Por isso é proibido fazer adalat sublingual em urgência. Já o Adalat oros, ou seja, os fármacos de segunda geração tem uma farmacotécnica que permite que a nifedipina seja liberada lentamente, fazendo com que a pressão cai lentamente também. Aí lançaram fármacos de maior seletividade para o vaso, e de absorção mais lenta, que são os fármacos de segunda geração também. Os fármacos de terceira geração são mais caros, são de absorção lenta, e de meia vida longa. O diltiazen é menos potente que o verapamil. Os fármacos que tem maior ação nos vasos, são em vasos de resistência (arteríolas), com menos ação em leito venoso. E os que atuam no coração é no coração todo (nodo sinusal, NAV e cardiomiócitos). Todos estes fármacos reduzem a pressão. As nifedipinas por reduzirem a pós-carga. Os bloqueadores do canal de cálcio promovem uma vasodilatação mantida, isso porque a cinética de ligação do canal é lenta, isso é bom porque quando o fármaco é suspenso, o canal continua bloqueado, e a pressão vai voltando a aumentarlentamente, ou seja, não causam hipertensão rebote. Não causam tolerância. São usados na angina, onde há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio. Diltiazen e verapamil reduzem pós-carga, frequência e contratilidade, já a lecardinipina e a amlodipina reduzem a pós-carga, mas aumentam contratilidade e frequência. Nesse ultimo caso dá para associar com beta bloqueador, mas com o verapamil não precisa, já que ele já reduz pós-carga, o trabalho cardíaco, frequência e contratilidade, logo reduz o consumo de oxigênio. Ao mesmo tempo, a vasodilatação coronariana é regulação local e os bloqueadores dos canais de cálcio não afetam muito, mas afetam, principalmente em pacientes que já possuem circulação colateral. Esses fármacos acabam aumentando o fluxo pelas colaterais (o sangue vai sair da área boa e vai reperfundir a área isquêmica)- Efeito Robin Hood. Não pode administrar adalat sublingual (de ação rápida), porque não só precipita a angina, quanto o IAM. Na hipertensão arterial leve (fase inicial) o paciente responde a IECA e ao beta bloqueador, mas no idoso que está cheio de vaso com placa e algumas placas calcificadas se eu der o bloqueador do canal de cálcio ocorre vasodilatação da placa, de tudo, ou seja, as dipinas são uma excelente escolha. Para o negro que não responde ao captopril também são uma excelente opção. Paciente hipertenso e diabético, qual fármaco de escolha? IECA, porque não afeta o metabolismo lipídico, aumenta bradicinina que melhora a sensibilidade à insulina, no rim reduz a pressão renovascular prevenindo a glomerulonefrite. Já o paciente que tem estenose importante em uma artéria renal não pode ser administrado IECA, nesse caso, administra-se bloqueador do canal de cálcio. Para o diabético o melhor fármaco que tem é o IECA, mas o bloqueador do canal de cálcio “quebra um galho”, enquanto o que toma IECA consegue reverter a proteinúria que existia antes, o que toma bloqueador do canal de cálcio não reverte a proteinúria. Paciente infartou, uma semana depois é administrado beta bloqueador (160mg de propanolol) para prevenir a recorrência, mas o paciente tem asma. O que fazer? Bloqueador do canal de cálcio, mesmo que ele não dê a mesma proteção pós IAM que o beta bloqueador e o IECA. Enxaqueca é provocada por vasodilatação extracraniana e vasoconstrição intracraniana. O verapamil causa vasodilatação intracraniana e aí previne a enxaqueca. Pacientes com fenômeno de Raynaud não podem usar beta bloqueador, e sim um vasodilatador arteriolar. Nesse caso, o bloqueador de canal de cálcio é o fármaco de primeira escolha. Na hipertensão pode usar qualquer um. Na angina não pode fazer nifedipina de ação rápida. Na ICC nenhum deles é seguro, mas com cautela pode ser administrada dihidropiridina de segunda e terceira geração. Com beta bloqueador pode usar nifedipina, já o diltiazem deve ter cautela, e verapamil não deve ser administrado nunca com o beta bloqueador. Resumindo... Esses fármacos são vasodilatadores arteriolares, mas tem efeitos em outros músculos também. Por exemplo: paciente dá entrada no hospital com IAM (primeira coisa que se pensa é que o beta bloqueador reduz em 25% a mortalidade), mas no exame físico observa-se estertores em mais de um terço do pulmão. Nesse caso, não pode usar beta bloqueador! Vai ser administrado diltiazem mesmo não conferindo a mesma proteção que o beta bloqueador. No útero causa relaxamento, o que é importante em situações em que se deseja relaxar o útero e atrasar o trabalho de parto. Verapamil causa constipação intestinal. Diltiazem é mais eficiente em mulheres que em homens. O bloqueador do canal de cálcio dilata a artéria renal, aumentando o fluxo, entretanto a pressão cai, assim a pressão de perfusão do rim fica menor. Se o indivíduo tem hipertensão leve pode acontecer de diminuir a renina, principalmente porque o fluxo renal está aumentando pela vasodilatação. Se o paciente tem hipertensão moderada e severa, a renina dele vai aumentar, aí usa o bloqueador do canal de cálcio, a pressão diminui inicialmente e depois volta a ficar alta, ao mesmo tempo que o paciente está fazendo edema podal e também está havendo retenção de sódio e água, já que a renina aumentou. Nesse caso, associa o diurético ou beta bloqueador ou IECA. Existe a angina típica, causada pela placa e a angina atípica, formada por espasmo coronariano (angina de Prinzmetal). Angina de prinzmetal- beta bloqueador faz contração no vaso, o que facilita o espasmo, por isso ele não é indicado nesta situação. Já o bloqueador do canal de cálcio é indicado já que ele contem a tendência a vasoespasmo de coronário. Paciente com câncer agressivo, em uso de agente quimioterápico. A célula neoplásica expressa a glicoproteína P170, que funciona como bomba de efluxo. E o verapamil inibe esta proteína, nesse caso o efeito importante não é o vascular, mas para potencializar a ação de agentes anti neoplásicos. Não deve administrar nifedipina de ação rápida em pacientes com angina- causa hipotensão, com vasodilatação distal→ roubo coronariano→ taquicardia reflexa, o que precipita arritmia e IAM. Todos estes efeitos são mais intensos com o uso de verapamil. Diltiazen é mais seguro. Beta bloqueador e Verapamil administrados juntos levam a parada cardíaca. O verapamil inibe o P450, assim fármacos de clearence hepático podem se acumular no organismo. Se passar o primeiro trimestre fica seguro. Na pré-eclâmpsia, um fármaco eficiente é a nimodipina. Sulfato de magnésio- o magnésio diminui a entrada de cálcio na célula, logo relaxa o útero. Logo se associar sulfato de magnésio com bloqueador do canal de cálcio, não entra cálcio nenhum e a paciente vai chocar. Um fármaco potencia absurdamente a ação do outro. Não pode fazer os dois juntos, ou seja, não pode fazer nas últimas 24 horas. Administrando sulfato de magnésio, espera 24 horas para fazer bloqueador do canal de cálcio. 2- Ativadores de corrente de potássio São drogas que ativam correntes de potássio, ou seja, o potássio sai da célula, a célula fica hiperpolarizada, o canal de cálcio fecha. Esses fármacos atuam em vasos de resistência, diminuindo a PA, o que aumenta a frequência, e consequentemente aumenta a renina. Paciente hipertenso, se usar a hidralazina, a pressão não fica baixa, ela cai e sobe. Se escolher hidralazina, já associa outros dois fármacos: diurético e beta bloqueador. Hidralazina não é fármaco de primeira, segunda ou terceira escolha para paciente hipertenso. A hidralazina atua em vasos de resistência, diminuindo a resistência dilata a artéria pulmonar. Ao reduzir pós-carga, o DC aumenta, podendo causar alguma hipertensão pulmonar. Tem clearence hepático por acetilação, e algumas pessoas são acetiladoras lentas, fazendo com que o fármaco acumule no organismo. O minoxidil também faz parte deste grupo de fármacos, atua abrindo canal de potássio, não age em vaso de capacitância (somente de resistência), aumenta a renina. É um pró-fármaco, e no fígado é convertido em N-O- sulfato de minoxidil. É um fármaco que tem uma curiosidade, toda pessoa que toma minoxidil tem hipertricose. Sabendo disso, a indústria farmacêutica lançou o Regaine, que é o minoxidil solução capilar. O problema é que minoxidil é lipossolúvel, logo se colocar o fármaco em excesso na cabeça, o Minoxidil vai ser absorvido, e o indivíduo irá fazer taquireflexa. Por isso é importante na anamnese descobrir se o paciente tem história de arritmia, problema cardiovascular. O diazóxido serve para uma única situação: emergência hipertensiva onde não é possível monitorar a PA rigorosamenteou não se dispõe de uma bomba de infusão. Deverá ser feita uma injeção em bolos. Em 30 segundos, a pressão cai, mas não a ponto do paciente entrar em choque. Todo vasodilatador causa cefaleia, náusea, sudorese. Causa arritmia por taquireflexa, o que precipita angina. A hidralazina causa um quadro que é semelhante ao lúpus (lúpus medicamentoso), que geralmente ocorre 6 meses após o uso com doses altas. Minoxidil causa sobrecarga de volume pelo aumento de renina. Paciente com IC não pode aumentar volume, se não o paciente descompensa (cautela). Diazóxido não é usado com frequência, até mesmo pela grande quantidade de efeitos adversos, só é usado em casos especiais, como o já descrito acima. 3- Fármacos que atuam no sistema NO- GMPc Paciente com crise hipertensiva grave, não é mais uma urgência, agora se tem uma emergência médica. Em emergência, devemos pensar em nitratos. Existem dois nitratos usados com formulação parenteral: o primeiro é o nitroprussiato de sódio (nipride), e o segundo é o tridil (nitroglicerina). Essa nitroglicerina é tamponada em acetato. O endotélio íntegro gera NO, já que o paciente com disfunção endotelial (cigarro, dislipidemia, HAS, poluição do ar) isso não acontece. Esse NO formado ativa guanilatociclase, que quebra GTP formando GMPc, que por sua vez ativa PKg, que coloca um fosfato no canal de potássio, e fecha o canal de cálcio. Alguns fármacos liberam NO independente do endotélio. O tridil é uma solução injetável de nitroglicerina, que é administrada em dripping. Tanto o tridil quanto o nipride originam NO, porém de maneira diferente. O tridil para liberar NO precisa de uma enzima, acontece que esta via enzimática é três vezes mais eficiente na veia do que na artéria. O tridil é três vezes mais potente para dilatar vaso de capacitância do que para dilatar vaso de resistência, é três vezes mais venodilatador do que dilatador arteriolar. O nipride é 1:1, é um fármaco tão potente em dilatar arteríola quanto veia. É um fármaco doador de NO. O NO dura em torno de 10 segundos e na prática dilata igual. Paciente com precordialgia, reclamando de muita dor. O médico administra isordil por via sublingual, a absorção é rápida. A pequena quantidade de nitrato que o paciente absorveu vai provocar um efeito no vaso que é mais sensível (veia). A coronária do paciente permanece inalterada, enquanto a veia dilata bastante. Quando está correndo um dripping de tridil, nas primeiras doses a veia que está dilatando, mas a dose, aos poucos vai aumentando, o que faz com que a arteríola também comece a dilatar. E no caso do nipride? Nesse caso, já dilata tudo imediatamente. Se a pré- carga está sendo reduzida e a pós-carga também, a pressão cai. Então, o fármaco de primeira escolha em uma emergência hipertensiva é o nitroprussiato de sódio (nipride). O tridil também é usado em emergência, mas em emergência que eu quero reduzir pré-carga. Paciente chega ao hospital com edema agudo de pulmão, o coração não vence a resistência, o sangue está ficando no pulmão, com o sangue estagnado, ele extravasa causando o edema. O que fazer para retirar o líquido que está acumulado neste pulmão? Reduzir a pré-carga, e para isso o que posso fazer? Posso alterar volume ou complacência. Como reduzir pré-carga farmacologicamente alterando volume? Diurético. E como reduzir pré- carga alterando complacência? Para reduzir pré-carga, tem que aumentar a complacência venosa (quantidade de sangue que pode ser armazenada em determinada parte da circulação). Nesse caso, é mais interessante alterar menos o volume e mais a complacência. Quem faz isso? Tridil, já que este fármaco faz venodilatação para aumentar a complacência venosa, o sangue fica na veia e reduz o sangue que vem pelo lado direito, e, portanto, reduz o sangue que vai para o pulmão. A pós-carga vai diminuir também, mas o meu objetivo inicial é reduzir primeiro a pré-carga. Porque o médico prescreve isordil sublingual em uma crise de angina ou no IAM, o que faz o isordil sublingual ou o tridil venoso? Reduzem a pré-carga. Porque reduzir pré-carga numa coronariopatia isquêmica? Porque reduzindo pré-carga, ocorre redução do retorno venoso, a pressão diastólica final fica menor, consequentemente ocorre menor estiramento, menor contratilidade e menor consumo de O2. Mas não é só por isso, porque isto o beta bloqueador faz. Se houver diminuição da PD final, ocorre redução do raio, o que diminui a tensão parietal, e por fim melhora a perfusão na região subendocárdica. É por isso que alivia a dor anginosa. Paciente com edema agudo de pulmão, a pressão está altíssima e não tem história de IC. A pressão está tão alta, que o débito não consegue vencer a resistência, e o coração não ejeta. Neste caso, se administrar nipride e reduzir pós-carga, o sangue ejeta. Assim, se o edema aguda for secundário a uma crise hipertensiva, aí devemos pensar em nipride e não no tridil. O que concluímos que emergência que usa nipride está associada a uma crise hipertensiva. Nipride tem dois problemas: 5 segundos é o tempo que o paciente com crise hipertensiva leva para entrar em choque. Assim, quando o nipride é administrado, o paciente deve ser muito bem monitorado. Se não tiver bomba infusora para manter o controle pressórico, o nipride não deve ser administrado. O outro problema é que o nipride é fotolábil, ou seja, se ficar exposto a luz, ele já doa o NO no frasco e quando chegar no paciente já não tem efeito nenhum. Assim, o frasco deve estar protegido contra a luz, assim como o tubo, a bomba e o tubo que sai da bomba. Se houver abuso na dose administrada ao paciente, pelo nipride conter cianeto, o paciente pode ficar intoxicado. O Nipride atua em vasos de resistência, reduzindo a pré e pós-carga. Reduzindo a pré- carga, ocorre redução da PD final e o DC diminui isto porque a função do VE está normal. No paciente que a resistência aumenta mais do que o débito, e por isso ele está tendo o edema agudo, quando o nipride for administrado, o DC vai aumentar proporcionalmente em comparação com a resistência. E é isso que eu quero, já que o meu objetivo é que o coração ejete o sangue. Assim, no paciente com disfunção de VE, a redução da impedância arteriolar, isto é, da pós-carga, vai predominar e o débito vai aumentar. O fluxo regional não altera, já que existem as regulações locais. A renina aumenta discretamente, assim como a frequência, isso porque a pressão também está reduzindo lentamente. Daí a importância de administrar bem a bomba infusora, para não descompensar o paciente. Paciente dá entrada com uma crise hipertensiva e é fumante de longa data e está fazendo enfisema pulmonar. No DPOC, ocorre regulação entre a perfusão e a ventilação. O organismo promove a vasoconstrição na área que não ventila e vasodilatação na área que o sangue faz a hematose, o sangue vai passar por onde está ventilando. Ao administrar o nipride, este fármaco dilata tudo, então vai passar sangue pela área que não ventila, o que piora a hipoxemia. Pode fazer nipride para paciente com DPOC, mas tem que ter muita cautela, ter atenção na pressão parcial de oxigênio. O nipride contém cianeto, posso administrá-lo para o paciente renal? Pode, mas “pisando em ovos”, sabendo que ao iniciar o nipride, este paciente deverá ser encaminhado para a hemodiálise. Paciente diabético, renal, pressão alta- se fizer nipride intoxica com cianeto, mas faz o nipride mesmo assim, sendo que o paciente deverá ser encaminhado para diálise. Na prática, com o uso de nipride, em menos de meio minuto a pressão já começa a cair. Se tirar o nipride, meia hora depois a pressão sobe. É um fármaco excelente paraemergência. Dose do nipride: Na prática não iremos fazer 2 μg, e sim 0,2μg. Vai começando baixa, e a medida que for necessário a dose vai sendo aumentada. Acima de 5μg, o paciente começa a acumular cianeto no sangue. O que pode ser feito, nesse caso, é administrar tiossulfato de sódio, que quela cianeto, evitando o acúmulo. O uso de nipride por 24, 48, 72 horas, o médico tem que ficar atento para sinais de intoxicação. Se o paciente estiver acordado, ele vai entrar em apetência (não quer comer), sente náuseas, fica desorientado. Se o paciente começar a delirar, a ter alucinações, o nipride deverá ser suspenso. O uso contínuo pode provocar um hipotireoidismo. Paciente renal deverá ser encaminhado para diálise. Se o médico prescreve uma dose de 5μg, e o paciente não responde. O que fazer? Dobra a dose para 10μg por 10 minutos. Se a pressão não diminuir, significa que este paciente não responde ao nipride, porque o uso contínuo de nipride provoca tolerância. É quando o paciente não responde ao nipride, que o médico deverá pensar em plano B? Hidralazina venosa, minoxidil venoso, beta bloqueador por via venosa. A dose de tridil não é calculada pelo peso, são 200μg/min. Os efeitos adversos da hidralazina são semelhantes aos efeitos da pré-eclampsia. Em uma crise hipertensiva, pode administrar nitrato, com cautela. O que não pode ser usado é o nipride, pois um adulto tolera 0,2μg/ kg de nipride, que origina em torno desta mesma quantidade de cianeto, já o feto não tolera nada de cianeto. Usar nipride na gestante é sinônimo de matar o bebê. Tridil pode ser feito. Paciente hipertenso com doença coronária? Beta bloqueador. Hipertenso com Taquicardia? Beta bloqueador. Paciente hipertenso asmático? Os que podem substituir o beta bloqueador são o Verapamil e o diltiazen (é o melhor porque é mais seguro). Paciente com IC ou disfunção sistólica ou hipertenso fazendo proteinúria? IECA. Paciente com proteinúria avançada, com creatinina de 2,8? Bloqueador de canal de cálcio.
Compartilhar