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Analise Desenganos da vida humana

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O objetivo deste trabalho é observar no poema “Desenganos da vida humana metaforicamente” de Gregório de Matos, os elementos abordados por Terry Eagleton em “How to read a poem”, capitulo 5 de seu livro o qual possui o mesmo nome. Assim, atentar para como esses elementos também influem na interpretação do poema.
	Apesar de se tratar de um curso de poesia da língua inglesa, a abertura para escolher qualquer poeta de sua preferência fez com que eu pudesse eleger um poema que transformou a minha vida na adolescência. Então, escolhi o poeta Gregório de Matos, que viveu no Brasil, na Bahia, no século XVII, e o poema dele que estudei no ensino médio por, além de ser um dos poucos poemas em meu repertório, ter sido um poema que ficou gravado em minha memória.
Bem, falando agora mais sobre o poema em si. Por se tratar de um soneto, isto é, uma composição poética que apresenta dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos), alguns elementos são facilmente notados: pontuação, métrica, ritmo e rima. E ao se fazer a leitura, também se fazem notórias as figuras de linguagem que acabam criando a imagery. E são estes elementos que pretendo analisar.
A começar pelos elementos estruturais. No tocante à forma, o poema gregoriano em questão é um soneto petrarquiano (duas estrofes de 4 versos e dois tercetos de três versos), no qual o padrão das rimas pauta-se em: ABBA n os dois quartetos, CDC e DCD, no primeiro e segundo terceto, respectivamente. About rhyme, Terry Eagleton says that is “one of the most familiar of all technical devices”. P.131 Gregório Matos não é um poeta moderno, na maioria de seus poemas ele usa rimas e sabe emprega-las muito bem.
In this case, the rhymes are not off-key, but this don’t exclude the metre its relevance in create rhythm. Todos os versos são decassílabos. That means they have a regular pattern. We can see punctuation used here to help create the metre that the poem require to be decasyllable. 
O conceito talvez que mais pode ser observado é a criação das imagens através das metáforas e metonímias para se abordar a temática da vaidade. Vemos que Gregório de Matos inicia com a metáfora da rosa e em gradação crescente aborda as demais imagens.
Citando as figuras de linguagem e como elas vão ajudar a construir as imagens, temos fortes metáforas para a vaidade. É no trinômio efêmero: rosa, planta e nau (metáforas da vaidade) que o poema se desenvolve. A vaidade (A) é rosa (B). A vaidade (A) é planta (C). A vaidade (A) é nau - embarcação (D). O elemento A é ligado na primeira metáfora a B, na segunda a C e na terceira a D. E não há nenhuma relação no sentido próprio entre vaidade e rosa, vaidade e planta, vaidade e nau.
A metáfora se sustenta pela fugacidade desse sentimento, assim como são fugazes a rosa, a planta, a embarcação, pois a rosa murcha à tarde, a planta é logo cortada por um instrumento (ferro) e a embarcação pode facilmente vir a naufragar ao bater numa rocha (penha). Alguns autores comentam que a forma como são apresentadas as três metáforas, inicialmente rosa - planta - nau e depois nau - planta - rosa demonstra que a vaidade pode no início crescer, para depois diminuir e desaparecer. 
Também é usual a figura de linguagem chamada antítese, além da metáfora. Na antítese são apresentadas ideias contrárias. Assim, a ideia da rosa que rompe airosa pela manhã opõe-se à rosa que enfrenta a tarde (em que vai murchar), a planta favorecida por abril (primavera no hemisfério norte) opõe-se à planta cortada pelo ferro, a nau que se julga imortal (fênix, ave que renasce das cinzas) opõe-se à embarcação que naufraga na penha. Nós Podemos observar que ao usar as figuras de linguagem o peta faz o que Eagleton diz “yoke together the concrete and the abstract” e quando afirma que “ words are not to act as slippery figures of speech, but to behave as ‘images’ or clear representation of things”.
Se estudarmos a literatura brasileira numa abordagem histórica, o autor Gregório de Matos deve ser associado ao primeiro período literário no Brasil, o Barroco. Interessante perceber que o eu-lírico vale-se de vários adjetivos para mostrar a vaidade dessa flor, ou seja, adorna os versos da primeira estrofe, barrocamente, isto é, emprega o excesso característico da arte barroca. Ademais, por ser um poema que se adequa ao cultismo (um dos estilos da arte barroca), o tema da passagem do tempo e da fugacidade das coisas é comum no período barroco.
Tudo isso contribui para criar em mim uma catarse em relação a tempo de vida e a aproveitar o tempo presente (embora Gregório não falar sobre se aproveitar a vida, apenas sobre sua brevidade), atentando para abrir mão daquilo que é vaidade. Para findar, pode-se dizer que este poema de Gregório de Matos é marcado por uma reflexão moralizante, uma vez que mostra que a vida na terra é efêmera, passageira e ligeira, e, por isso, o fim sempre está próximo.
Vocabulário:
Airosa = esbelto, gracioso
Soberba = orgulho, altivez
Galheota = pequena embarcação a remo, usada para o transporte do rei.
Presumida = vaidosa
De abril favorecida = favorecida pela primavera que inicia em abril na Europa.
Empavesado = enfeitado, adornado, guarnecido de paveses (=proteção nas embracações)
Ufana = que se orgulha de algo, vaidoso
Fênix = divindade da mitologia egípicia, símbolo da imortalidade, personificada em uma ave que renascia das próprias cinzas.
Galhardia = garbo, elegância
Aprestar = preparar com prontidão
Alento = sopro, bafejo
Penha = penhasco, rochedo
O “título do poema”, isto é, sua didascália, já informa ao leitor que o eu-lírico tratará dos desenganos da vida humana, valendo-se de metáforas. E, um desses desenganos, o qual será alvo do poeta no decorrer das estrofes, é a vaidade. Por isso, no primeiro verso, o sujeito lírico explica a Fábio os desenganos daqueles que se deixam tomar pela efêmera vaidade, que por si só em sua acepção, já remete a algo ligeiro; rapidez essa que também será tratada durante o decurso dos versos. Por isso, na primeira estrofe a vaidade é comparada a uma rosa vermelha, cheia de vida, que surge ambiciosa e orgulhosa. Interessante perceber que o eu-lírico vale-se de vários adjetivos para mostrar a vaidade dessa flor, ou seja, adorna os versos da primeira estrofe, barrocamente, isto é, emprega o excesso característico da arte barroca.
Na segunda estrofe, por seu turno, o eu-lírico, ao utilizar a expressão “planta de abril favorecida”, no primeiro verso, fala da mocidade que também não é permanente, haja vista que o tempo corrompe-a. A vaidade é, então, metaforicamente, comparada a uma pequena embarcação, cuja empáfia é tão grande como o mar. Porém, esse barco, que abre as águas, navega vaidosa e rapidamente.
Na terceira estrofe, a vaidade é, desta vez, comparada com uma nau, uma embarcação bem maior, que também se jacta, é soberba e, além disso, é marcada pela rapidez.
Cabe ressaltar também que há uma gradação das metáforas usadas para representar a vaidade, posto que o poeta parte de um algo menor, a rosa, passa pela galeota (embarcação menor, porém, logicamente, maior que uma rosa), até chegar a uma nau (grande embarcação).
No último terceto, o eu-lírico, que por meio das metáforas falou do orgulho e da vaidade, acentuando a todo momento que esta é ligeira, mostra de que nada vale a vaidade humana. A soberba é um desengano haja vista que tudo chega ao fim, assim como a nau que vai de encontro ao penhasco, a planta que é ferrada e a rosa que à tarde já não romperá mais airosa, pois também se finda.

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