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Estatística Aplicada Professora conteudista: Angela Maria Pizzo Sumário Estatística Aplicada Unidade I 1 INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA .........................................................................................................................1 1.1 Introdução ..................................................................................................................................................1 1.2 Importância da estatística ...................................................................................................................2 1.3 Grandes áreas da estatística ...............................................................................................................2 1.4 Fases do método estatístico ................................................................................................................5 1.5 Dados estatísticos ..................................................................................................................................9 1.6 Formas iniciais de tratamento dos dados .................................................................................. 10 1.7 Notação por índices .............................................................................................................................11 1.7.1 Notação sigma (∑) ..................................................................................................................................11 1.8 Séries estatísticas – simples e compostas .................................................................................. 15 1.8.1 Tipos de séries estatísticas .................................................................................................................. 16 1.8.2 Tabelas de dupla entrada ..................................................................................................................... 18 1.9 Apresentação de dados - gráficos e tabelas ............................................................................. 20 2 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL: MÉDIA, MODA E MEDIANA PARA DADOS SIMPLES .................................................................................................................................................. 24 2.1 A média aritmética simples (µ,x) ................................................................................................... 25 2.2 A média aritmética ponderada ....................................................................................................... 28 2.3 A mediana ............................................................................................................................................... 29 2.4 A moda ..................................................................................................................................................... 31 3 MEDIDAS DE DISPERSÃO PARA DADOS SIMPLES .............................................................................. 33 3.1 Amplitude total ..................................................................................................................................... 37 3.2 Desvio médio absoluto ....................................................................................................................... 37 3.3 Variância .................................................................................................................................................. 39 3.4 Desvio padrão ........................................................................................................................................ 44 4 DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIAS ............................................................................................................. 47 4.1 A construção de uma distribuição de frequências para dados contínuos .................... 48 4.2 A construção de uma distribuição de frequências para dados discretos ...................... 55 4.3 Representação gráfica de dados agrupados ............................................................................. 56 Unidade II 5 AS MEDIDAS DE POSIÇÃO E VARIABILIDADE NUMA DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA ...... 66 5.1 As medidas de posição ....................................................................................................................... 67 5.1.1 A média ....................................................................................................................................................... 67 5.1.2 A mediana .................................................................................................................................................. 69 5.1.3 A moda ........................................................................................................................................................ 70 5.2 As medidas de dispersão numa distribuição de frequência .................................................71 5.2.1 O desvio médio ........................................................................................................................................ 71 5.2.2 Variância .................................................................................................................................................... 72 5.2.3 Desvio padrão ........................................................................................................................................... 74 6 INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE ............................................................................................................. 78 6.1 Teoria dos conjuntos, espaço amostral e eventos ................................................................... 78 7 PROBABILIDADE: ORIGEM, MÉTODOS E PRINCIPAIS TEOREMAS ................................................ 90 7.1 Origens da probabilidade .................................................................................................................. 90 7.1.1 Métodos objetivos .................................................................................................................................. 91 7.1.2 Método subjetivo .................................................................................................................................... 96 7.2 Principais teoremas de probabilidade .......................................................................................... 97 8 REVISÃO ............................................................................................................................................................102 1 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 1 INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA 1.1 Introdução A palavra estatística lembra, à maioria das pessoas, recenseamentos. Os censos existem há milhares de anos e constituem um esforço imenso e caro feito pelos governos com o objetivo de conhecer seus habitantes, sua condição socioeconômica, sua cultura, religião, etc. Portanto, associar-se estatística a censo é perfeitamente correto do ponto de vista histórico, sendo interessante salientar que as palavras estatística e estado têm a mesma origem latina: status. A estatística é também comumente associada às pesquisas de opinião pública, aos vários índices governamentais, aos gráficos e médias publicadas diariamente na imprensa. Na realidade, entretanto, a estatística engloba muitos outros aspectos, sendo fundamental na análise de dados provenientes de quaisquer processos em que exista variabilidade. É possível distinguir duas concepções para a palavra estatística: No plural (estatísticas), indica qualquer coleção de dados numéricos, reunidos com a finalidade de fornecer informações acerca de uma atividade qualquer. Assim, por exemplo, as estatísticas demográficas referem-se aos dados numéricossobre nascimentos, falecimentos, matrimônios, desquites, etc. As estatísticas econômicas consistem em dados numéricos relacionados com emprego, produção, vendas e com outras 5 10 15 20 Unidade I 2 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 atividades ligadas aos vários setores da vida econômica. No singular (estatística), indica a atividade humana especializada ou um corpo de técnicas, ou ainda uma metodologia desenvolvida para a coleta, a classificação, a apresentação, a análise e a interpretação de dados quantitativos e a utilização desses dados para a tomada de decisões. 1.2 Importância da estatística O mundo está repleto de problemas. Para resolvermos a maioria deles, necessitamos de informações. Mas que tipo de informações? Quantas? E após obtê-las, o que fazer com elas? A estatística lida com essas informações, associando os dados ao problema, descobrindo como e o que coletar e obtendo conclusões a partir de todas essas informações de tal forma que possam ser entendidas por outras pessoas. Portanto, os métodos estatísticos auxiliam o cientista social, o economista, o engenheiro, o agrônomo e muitos outros profissionais a realizarem o seu trabalho com mais eficiência. Vejamos alguns exemplos: Os estatísticos do governo conduzem censos de população, moradia, produtos industriais, agricultura e outros. São feitas compilações sobre vendas, produção, inventário, folha de pagamento e outros dados das indústrias e empresas. Essas estatísticas informam ao administrador como a sua empresa está crescendo, seu crescimento em relação a outras empresas e como planejar ações futuras. A análise dos dados é muito importante para se fazer um planejamento adequado. 1.3 Grandes áreas da estatística Para fins de apresentação, é usual dividir-se a estatística em três grandes áreas, embora não se trate de ramos isolados: • amostragem, que é o mecanismo de coleta de dados; • estatística descritiva, que se ocupa da organização, apresentação e sintetização de dados; Estatística é um conjunto de técnicas e métodos que nos auxiliam no processo de tomada de decisão na presença de incerteza. 5 10 15 20 25 30 3 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 • estatística inferencial, que constitui o conjunto de métodos para a tomada de decisões, nas situações em que existem incerteza e variação. Amostragem É o processo de escolha da amostra. É a parte inicial de qualquer estudo estatístico. Consiste na escolha criteriosa dos elementos a serem submetidos ao estudo. Exemplo 1. Pesquisas sobre tendências de votação. Em épocas de eleição, é comum a realização de pesquisas com o objetivo de se conhecerem as tendências do eleitorado. Para que os resultados sejam, de fato, representativos, toma-se o cuidado de se entrevistar um conjunto de pessoas com características socioeconômicas, culturais, religiosas, etc. tão próximas quanto possível da população à qual os resultados da pesquisa serão estendidos. A escolha da amostra, a redação do questionário, a entrevista, a codificação dos dados, a apuração dos resultados são as etapas deste tipo de pesquisa. População e amostra O estudo de qualquer fenômeno, seja ele natural, social, econômico ou biológico, exige a coleta e a análise de dados estatísticos. A coleta de dados é, pois, a fase inicial de qualquer pesquisa. População é a coleção de todas as observações potenciais sobre determinado fenômeno. O conjunto de dados efetivamente observados, ou extraídos, constitui uma amostra da população. É sobre os dados da amostra que se desenvolvem os estudos, visando a fazer inferências sobre a população. Exemplo 2. Avaliação de um programa de ensino. Toma-se certo número de pares de turmas: a um conjunto de turmas 5 10 15 20 25 30 4 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 ensina-se um assunto por um novo método, e ao outro, pelo método clássico. Aplica-se uma prova a ambos os grupos. As notas observadas nesses conjuntos de turmas constituem a nossa amostra. Se os resultados do novo método forem melhores, iremos aplicá-lo a todas as turmas, isto é, à população. A partir da amostra, estabelecemos o que é conveniente para a população, ou seja, fazemos uma inferência sobre a população. Exemplo 3. Renda média per capita em diversas regiões do país. Toma-se um conjunto de indivíduos em cada região, escolhidos ao acaso, e sobre esse grupo fazem-se os estudos. Os indivíduos assim escolhidos constituem a amostra, e os resultados nela observados serão estendidos à população. Estatística descritiva É a parte mais conhecida. Quem vê o noticiário, na televisão ou nos jornais, sabe o quão frequente é o uso de médias, índices e gráficos nas notícias. Exemplo 4. INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Sua construção envolve a sintetização, em um único número, dos aumentos dos produtos de uma cesta básica. Exemplo 5. Anuário Estatístico Brasileiro. O IBGE publica a cada ano este anuário, apresentando, em várias tabelas, os mais diversos dados sobre o Brasil: educação, saúde, transporte, economia, cultura, etc. Embora simples, fáceis de serem entendidas, as tabelas são o produto de um processo demorado e extremamente dispendioso de coleta e apuração de dados. Exemplo 6. Anuário Estatístico da Embratur. A Embratur publica este anuário apresentando, em várias tabelas e gráficos, os mais diversos dados sobre turismo interno e dados sobre entrada de turistas estrangeiros no Brasil. 5 10 15 20 25 30 5 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Estatística inferencial (ou indutiva) A tomada de decisões sobre a população, com base em estudos feitos sobre os dados da amostra, constitui o problema central da inferência estatística. Exemplo 7. Análise financeira. Os analistas financeiros estudam dados sobre a situação da economia, visando a explicar tendências dos níveis de produção e de consumo, projetando-os para o futuro. Exemplo 8. Ocorrência de terremotos. Os geólogos estão continuamente coletando dados sobre a ocorrência de terremotos. Gostariam de inferir quando e onde ocorrerão tremores, e qual a sua intensidade. Trata-se, sem dúvida, de uma questão complexa, que exige longa experiência geológica, além de cuidadosa aplicação de métodos estatísticos. Probabilidade O processo de generalização, que é característico do método indutivo, está associado a uma margem de incerteza. A existência da incerteza deve-se ao fato de que a conclusão que se pretende obter para o conjunto de todos os indivíduos analisados quanto a determinadas características comuns baseia-se em uma parcela do total das observações. A medida da incerteza é tratada mediante técnicas e métodos que se fundamentam na Teoria da Probabilidade. Essa teoria procura quantificar a incerteza existente em determinada situação. 1.4 Fases do método estatístico Quando se pretende empreender um estudo estatístico completo, existem diversas fases do trabalho que devem ser desenvolvidas para se chegar aos resultados finais do estudo. Fica claro, assim, que as três áreas da estatística não são separadas ou distintas, mas tendem a se entrelaçar. Adescrição e o resumo dos dados tende a ser a primeira fase da análise dos mesmos; já a teoria e os fundamentos da amostragem se baseiam na teoria da probabilidade, que nos leva a uma inferência ou a uma tomada de decisões baseada nas informações apresentadas. 5 10 15 20 25 30 6 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 As fases principais são as seguintes: • definição do problema; • planejamento; • coleta de dados; • apuração dos dados; • apresentação dos dados; • análise e interpretação dos dados. Descrevendo mais atentatamente cada fase: Definição do problema A primeira fase do trabalho consiste em uma definição ou formulação correta do problema a ser estudado. Além de considerar detidamente o problema objeto do estudo, o analista deverá examinar outros levantamentos realizados no mesmo campo e análogos, uma vez que parte da informação de que se necessita pode, muitas vezes, ser encontrada nesses últimos. Planejamento O passo seguinte, após a definição do problema, compreende a fase do planejamento, que consiste em se determinar o procedimento necessário para resolver o problema e, em especial, como levantar informações sobre o assunto objeto do estudo. É preciso planejar o trabalho a ser realizado, tendo em vista o objetivo que se pretende atingir. É nesta fase que será escolhido o tipo de levantamento a ser utilizado. Sob esse aspecto, pode haver dois tipos de levantamento: • levantamento censitário – quando a contagem for completa, abrangendo todo o universo; • levantamento por amostragem, quando a contagem for parcial. Observe quais são as fases principais do método estatístico – compõem a organização de um projeto, sua execução e apresentação final. 5 10 15 20 25 7 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Outros elementos importantes que devem ser tratados nessa mesma fase são: • cronograma das atividades – através do qual são fixados os prazos para as várias fases; • custos envolvidos; • exame das informações disponíveis; • delineamento da amostra, etc. Coleta dos dados O terceiro passo é essencialmente operacional, compreendendo a coleta das informações propriamente ditas. Nesta fase do método estatístico, é conveniente estabelecer uma distinção entre duas espécies de dados: • dados primários – quando são publicados ou comunicados pela própria pessoa ou organização que os haja escolhido. • dados secundários – quando são publicados ou comunicados por outra organização. Um conjunto de dados é, pois, primário ou secundário em relação a alguém. As tabelas do censo demográfico são fontes primárias. Quando determinado jornal publica estatísticas extraídas de várias fontes e relacionadas com diversos setores industriais, os dados são secundários para quem desejar utilizar- se deles em alguma pesquisa que esteja desenvolvendo. A coleta de dados pode ser realizada de duas maneiras: • coleta direta – quando é obtida diretamente da fonte, como no caso da empresa que realiza uma pesquisa para saber a preferência dos consumidores pela sua marca; 5 10 15 20 25 8 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 • coleta indireta – quando é inferida a partir dos elementos conseguidos pela coleta direta, ou através do conhecimento de outros fenômenos que, de algum modo, estejam relacionados com o fenômeno em questão. Apuração dos dados Antes de começar a analisar os dados, é conveniente que lhes seja dado algum tratamento prévio, a fim de torná-los mais expressivos. A quarta etapa do processo é, então, a da apuração ou sumarização, que consiste em resumir os dados através de sua contagem e agrupamento. Apresentação dos dados Há duas formas de apresentação ou exposição dos dados observados, que não se excluem mutualmente: • apresentação tabular – é uma apresentação numérica dos dados. Consiste em dispor os dados em linhas e colunas distribuídas de modo ordenado, segundo algumas regras práticas adotadas pelos diversos sistemas estatísticos. As tabelas têm a vantagem de conseguir expor, sinteticamente e em um só local, os resultados sobre determinado assunto, de modo a se obter uma visão global mais rápida daquilo que se pretende analisar; • apresentação gráfica – constitui uma apresentação geométrica dos dados numéricos. Embora apresentação tabular seja de extrema importância, no sentido de facilitar a análise numérica de dados, não permite ao analista obter uma visão tão rápida, fácil e clara do fenômeno e sua variação como conseguida através de um gráfico. Análise e interpretação dos dados Nesta última etapa, o interesse maior reside em tirar conclusões que auxiliem o pesquisador a resolver seu problema. Observe em jornais e revistas que, normalmente, as informações gráficas têm uma assimilação mais rápida por parte dos leitores. 5 10 15 20 25 30 9 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 A análise dos estatísticos está ligada essencialmente ao cálculo de medidas, cuja finalidade principal é descrever o fenômeno. Assim, o conjunto de dados a ser analisado pode ser expresso por números-resumos, as estatísticas, que evidenciam características particulares desse conjunto. O significado exato de cada um dos valores obtidos através do cálculo das várias medidas estatísticas disponíveis deve ser bem interpretado. É possível mesmo, nesta fase, arriscar algumas generalizações, as quais envolverão, como mencionado anteriormente, algum grau de incerteza, porque não se pode estar seguro de que o que foi constatado para aquele conjunto de dados (a amostra) se verificará igualmente para a população. 1.5 Dados estatísticos Quando se trabalha com a observação, a mensuração, a análise e a interpretação de números, esses números nos conduzem a índices inflacionários, índices de desemprego, probabilidade de determinado candidato ganhar as eleições, etc. Tais números, portanto, serão chamados de dados estatísticos. Esses dados precisarão ser organizados e sumarizados para sua correta interpretação. Dado bruto significa que os dados não estão numericamente organizados e processados. O processamento e a organização dos dados é que os transformam em informação, enfatizando seus aspectos mais importantes. A informação, portanto, é resultado de um tratamento dos dados. Para organizar e processar os dados estatísticos, podemos utilizar resumos visuais e numéricos, através de gráficos, mapas, tabelas e modelos numéricos. A mensuração ou a observação de itens como índices de preços, renda mensal per capita de um Estado, etc., dão origem aos dados estatísticos. Como esses itens originam valores que tendem a apresentar um certo grau de variabilidade quando são medidos sucessivas vezes, chamamos então de variáveis. É importante identificar os quatro tipos de variáveis: variáveis contínuas, variáveis discretas, variáveis nominais e variáveis por posto. 5 10 15 20 25 30 10 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 I. Variáveis contínuas: são as variáveis que podemassumir qualquer valor num intervalo contínuo (dado contínuo). Exemplos: altura, peso, velocidade, etc. II. Variáveis discretas: em geral originam-se da contagem de itens e só podem assumir valores inteiros. Exemplos: número de alunos em sala de aula, número de professores que trabalham na escola, etc. III. Variáveis nominais: são aquelas que existem com o objetivo de definir categorias, e as observações, mensurações e análises são feitas levando-se em conta essas mesmas categorias. Exemplos de categorias seriam: a separação por sexo, idade, nível de escolaridade, etc. IV. Variáveis por posto: quando existe o desejo de dispor os elementos observados segundo uma ordem de preferência ou desempenho, atribuem-se valores relativos para indicar esta ordem. Exemplo: primeiro, segundo, terceiro. As variáveis discretas e contínuas são ditas variáveis quantitativas porque envolvem dados numéricos. Já as variáveis nominais e por posto precisam ser transformadas em valores numéricos para serem objeto da análise estatística, e são ditas variáveis qualitativas. 1.6 Formas iniciais de tratamento dos dados Em geral, quando nos propomos a buscar, construir informações a partir de dados, deparamo-nos, inicialmente, com um conjunto de dados brutos que pouco nos dizem. É preciso organizá-los minimamente para que eles comecem a fazer algum sentido, viabilizando sua análise. Uma primeira forma de organização dos dados é o chamado rol. Obtemos o rol quando organizamos os dados brutos em ordem crescente ou decrescente de grandeza. A amplitude do • variáveis discretas e contínuas = variáveis quantitativas; • variáveis nominais e por posto = variáveis qualitativas. 5 10 15 20 25 11 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 rol é obtida pela diferença entre o maior e o menor número do rol. Utiliza-se o rol quando o conjunto de dados for pequeno, ou seja, for inferior a 30 observações. Por outro lado, quando se trata de um conjunto grande de dados, que seja superior a 30 observações, utilizamos a distribuição de frequências, que consiste em organizar os dados brutos em classes, a fim de identificar o número de itens pertencentes a cada classe, denominado frequência de classe. Os dados são assim organizados em intervalos de classes. Este assunto será estudado no módulo II. 1.7 Notação por índices A notação por índices é bastante utilizada na estatística, sendo assim importante esclarecer seu significado. O símbolo xi (onde se lê “x índice i”) irá representar qualquer um dos n valores assumidos pela variável x, x1,x2,x3,x4,...,xn. “n” é denominado índice e poderá assumir qualquer dos números entre 1, 2, 3, 4, ..., n. 1.7.1 Notação sigma (∑) A maioria dos processos estatísticos vai exigir o cálculo da soma de um conjunto de números. A letra maiúscula grega sigma (∑) é utilizada para representar essas somas. Assim, se uma determinada variável y tiver os valores 3, 5, 7, 9 e 11, o ∑y será: ∑y = 3+5+7+9+11 ∑y = 35 Por outro lado, se o consumo semanal de arroz de x, durante um mês, foram 2kg,4kg, 3kg, 5kg, o total consumido por x no mês teria sido: ∑x = 2+4+3+5 ∑x = 14; x teria consumido 14kg de arroz durante o mês referido. • rol inferior a 30 observações; • distribuição de frequências superior a 30 observações. 5 10 15 20 25 12 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 A notação sigma possui algumas propriedades que precisamos desenvolver, para facilitar os conteúdos que estudaremos nesta disciplina. a) x x xii n = = ∑∑∑ =1 ; isso significa que devemos somar as n observações de x, começando com a primeira. Por exemplo, num conjunto de dados em que xi={2,4,6,8,10,12}, onde n=6, temos: x x x ii n ii i = =∑ ∑ ∑ = = + + + + + = 1 1 6 2 4 6 8 10 12 42 Por outro lado, é possível utilizar essa notação quando se pretende analisar a soma de apenas uma parte dos dados disponibilizados, podendo-se, portanto, abreviar a soma de um conjunto de dados. Desta forma, podemos ter: I) x x x xii1 2 3 1 3+ + = =∑ II) x x x x xii8 9 10 11 8 11+ + + = =∑ b) Se cada valor da variável x é multiplicado ou dividido por uma constante, temos que isso será igual ao valor da constante multiplicado ou dividido pela somatória de x. c x c x. .= ∑∑ Assim, 4 4 4 4 4 4 4 1 2 3 4 1 4 1 2 3 4 1 4 x x x x x x x x x x i i i i = + + + = + + + = = = ∑ ∑( ) 5 10 15 20 13 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Por exemplo: se xi={2,4,6,8,10,12}; onde n=6 e cada valor de x é multiplicado pela constante c=2, temos: cx c x cx c xi i i i = = = + + + + + = = ∑∑ ∑ ∑ = =1 6 1 6 2 2 2 4 2 6 2 8 2 10 2 12( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 22 2 4 6 8 10 12 2 2 2 42 84 1 6 1 6 ( ) ( ) + + + + + = = = == ∑∑ x xi i ii c) O somatório de uma constante c será igual ao produto da constante pelo número de vezes (n) que ela se repete. Assim, temos: c nci i i n = = ∑ Por exemplo, se numa determinada observação o conjunto de dados de xi={7,7,7,7,7,7}, onde n=6, temos que xi é uma constante c que se repete. Então temos: x c x c nc i i i i ii = = = = + + + + + = = == ∑∑ 1 6 1 6 7 7 7 7 7 7 6 7 42( ) d) O somatório de uma soma ou de uma diferença de duas variáveis será igual à soma ou à diferença dos somatórios individuais das duas variáveis. Assim, temos: ( ) ( ) x y x y x y x y i i i i i n i n i n i i i i i n i n i n + = + − = − === === ∑∑∑ ∑∑∑ 111 111 5 10 15 20 14 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Por exemplo: i X Y (X-Y) 1 8 5 3 2 3 2 1 3 4 0 4 4 5 4 1 - - - - ∑ 20 11 9 ( )x y x y − = − = − = ∑ ∑ ∑ 9 20 11 9 e) O somatório de um conjunto de dados xi ao quadrado nos obriga a elevar cada elemento de xi ao quadrado para efetuar a soma. Assim, temos: x x x x xi i n n 2 1 1 2 2 2 3 2 2 = ∑ = + + + +... Por exemplo, se numa dada observação o conjunto de dados de xi={2,4,6,8,10}, onde n=5, temos: xi i 2 1 5 = ∑ =2 +4 +6 +8 +10 =4+16+36+64+100=2202 2 2 2 2 f) O somatório ao quadrado de um conjunto de dados será obtido tomando-se a soma dos valores de xi e elevando-se ao quadrado. Assim, temos: ( ) ( ... )x x x x xi i n n = ∑ = + + + + 1 2 1 2 3 2 Por exemplo, se temos um mesmo conjunto xi={2,4,6,8,10}, onde n=5, tal qual no exemplo do item e, teremos um resultado distinto. Vejamos, neste caso: ( ) ( ) ( )xi i= ∑ = + + + + = = 1 5 2 2 22 4 6 8 10 30 900 Esta notação se encontra em livros de matemática. Busque outros exemplos. 5 10 15 15 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 1.8 Séries estatísticas – simples e compostas Uma série estatística define-se como toda e qualquer coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação: quantitativa.No sentido mais amplo, série é uma sucessão de números referidos a qualquer variável. Se os números expressarem dados estatísticos, a série será chamada de série estatística. Em sentido mais estreito, pode-se dizer que uma série estatística é uma sucessão de dados estatísticos referidos a caracteres qualitativos, ao passo que uma sucessão de dados estatísticos referidos a caracteres quantitativos configurará uma serração. Em outros termos, a palavra série é usada normalmente para designar um conjunto de dados dispostos de acordo com um caráter variável, residindo a qualidade serial na disposição desses valores, e não em uma disposição temporal ou espacial de indivíduos. As tabelas servem para apresentar séries estatísticas; os três caracteres presentes na tabela que as apresenta são: • a época (fator temporal ou cronológico) – a que se refere o fenômeno analisado; • o local (fator espacial ou geográfico) – onde o fenômeno acontece; • o fenômeno (espécie do fato ou fator especificativo) – que é descrito. As séries são divididas em dois grupos: • séries homógradas: aquelas em que a variável descrita apresenta variação discreta ou descontínua. São séries homógradas a série temporal, a série geográfica e a série específica. • séries heterógradas: aquelas nas quais o fenômeno ou o fato apresenta gradações ou subdivisões. Embora 5 10 15 20 25 16 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 fixo, o fenômeno varia em intensidade. A distribuição de frequências é uma série heterógrada. 1.8.1 Tipos de séries estatísticas As séries estatísticas diferenciam-se de acordo com a variação de um dos três elementos: época, local e fenômeno. Série temporal Também chamada de série cronológica, série histórica, série evolutiva ou marcha, identifica-se pelo caráter variável do fator cronológico. Assim, deve-se ter: • elemento variável: época • elementos fixos: local e fenômeno Exemplo: Tabela 1.1 Operadora WKX – Venda de bilhetes aéreos – Mercado Interno - 1995 Meses Vendas ( em milhares de reais) Janeiro 2300 Fevereiro 1800 Março 2200 Abril 2210 Maio 2360 Junho 2600 Julho 2690 Agosto 3050 Setembro 3500 Outubro 3440 Novembro 3100 Dezembro 2760 TOTAL ANUAL 31510 Fonte: Departamento de Análise de Mercado 5 10 17 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Série geográfica Também chamada de série territorial, série espacial ou série de localização, identifica-se pelo caráter variável do fator geográfico. Assim, deve-se ter: • elementos variável: local; • elementos fixos: época e fenômeno. Exemplo: Tabela 1.2 Operadora WKX - Vendas por Unidade da Federação – 2008 Unidades da Federação Vendas (em milhares de reais) Minas Gerais 4000 Paraná 2230 Rio Grande do Sul 6470 Rio de Janeiro 8300 São Paulo 10090 Outros 420 TOTAL BRASIL 31510 Fonte : Departamento de Análise de Mercado Série específica Também chamada de série categórica, série por categoria, identifica-se pelo caráter variável de fator especificativo. Assim, deve-se ter: • elemento variável: fenômeno; • elementos fixos: local e época. Exemplos: Tabela 1.3 Operadora WKX - Venda de bilhetes aéreos por Linha – 2008 Linha do produto Vendas (em milhares de reais) Linha A 6450 Linha B 9310 Linha C 15750 TODAS AS LINHAS 31510 Fonte : Departamento de Análise de Mercado 5 10 15 18 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Tabela 1.4 Número de empregados das várias classes de salários no estado de São Paulo – 2008 Classes de salários (R$) Número de empregados Até 80 41.326 De 80 a 119 123.236 De 120 a 159 428.904 De 160 a 199 324.437 De 200 a 399 787.304 De 400 a 599 266.002 De 600 a 799 102.375 De 800 a 999 56.170 1000 e mais 103.788 TOTAL 2.233.542 Fonte: Serviço de Estatística da Previdência e Trabalho – (dados alterados para melhor compreensão) 1.8.2 Tabelas de dupla entrada As tabelas apresentadas anteriormente são tabelas estatísticas simples, em que apenas uma série está representada. É comum, todavia, haver necessidade de apresentar, em uma única tabela, mais do que uma série. Quando as séries aparecem conjugadas, tem-se uma tabela de dupla entrada. Exemplos: A) Série específico-temporal. B) Série geográfico-temporal. Tabela 1.5 População economicamente ativa por setor de atividades – Brasil Setor População (1000 hab.) 1940 1950 1960 Primário 8.968 10.255 12.163 Secundário 1.414 2.347 2.962 Terciário 3.620 4.516 7.525 Fonte : IPEA 5 10 19 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Tabela 1.6 População indígena brasileira Unidade de produção Produção 1937 1938 1939 Acre 5.007 4.765 4.727 Amazonas 6.858 5.998 5.631 Pará 4.945 4.223 4.500 Mato Grosso 1.327 1.285 1.235 Outros estados 333 539 337 Fonte : Anuário Estatístico do Brasil – IBGE (dados alterados para melhor compreensão) Observação: Nem sempre uma tabela representa uma série estatística. Por vezes, os dados reunidos não revelam uniformidade, sendo meramente um aglomerado de informações gerais sobre determinado assunto, as quais, embora úteis, não apresentam a consistência necessária para se configurar uma série estatística. Exemplo: Tabela 1.7 Situação dos espetáculos cinematográficos no Brasil – 1967 Especificação Dados numéricos Número de cinemas 2.488 Lotação dos cinemas 1.722.348 Sessões por dia 3.933 Filmes de longa metragem 131.330.488 Meia entrada 89.581.234 Fonte : Anuário Estatístico do Brasil – IBGE 5 10 20 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 1.9 Apresentação de dados - gráficos e tabelas A representação gráfica das séries estatísticas tem por finalidade representar os resultados obtidos, permitindo chegar-se a conclusões sobre a evolução do fenômeno ou sobre como se relacionam os valores da série. A escolha do gráfico mais apropriado ficará a critério do analista. Contudo, os elementos simplicidade, clareza e veracidade devem ser considerados quando da elaboração de um gráfico. Diretrizes para a construção de um gráfico: • o título do gráfico deve ser o mais claro e completo possível. Sendo necessário, acrescentem-se subtítulos; • a orientação geral dos gráficos deve ser da esquerda para a direita; • as quantidades devem ser representadas por grandezas lineares; • sempre que possível, a escala vertical há de ser escolhida de modo a aparecer a linha 0 (zero); • só devem ser inclusas no desenho as coordenadas indispensáveis para guiar a vista na leitura. Um tracejado muito cerrado dificulta o exame do gráfico; • a escala horizontal deve ser lida da esquerda para a direita, e a vertical, de baixo para cima; • os títulos e marcações do gráfico dispor-se-ão de maneira que sejam facilmente legíveis, partindo da margem horizontal inferior ou da margem esquerda. 5 10 15 20 21 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io /Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Leitura e interpretação de um gráfico: • declarar qual o fenômeno ou fenômenos representados, a região considerada, o período de tempo, a fonte dos dados, etc.; • examinar o tipo de gráfico escolhido, verificar se é o mais adequado, criticar a sua execução, no conjunto e nos detalhes; • analisar cada fenômeno separadamente, fazendo notar os pontos mais em evidência, o máximo e o mínimo, as mudanças mais bruscas; • investigar se há uma “tendência geral” crescente ou decrescente ou, então, se o fato exposto é estacionário; • procurar descobrir a existência de possíveis ciclos periódicos, qual o período aproximado, etc. Eis os tipos mais comuns de gráficos: Gráfico em linhas 500 400 300 200 100 0 1 2 3 4 5 6 7 Sequência 1 Sequência 2 Gráfico em colunas 100 80 60 40 20 0 1940 1950 1960 1970 População População 5 10 15 22 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Gráfico em barras É semelhante ao gráfico em colunas, porém, os retângulos são dispostos horizontalmente. 1970 1960 1950 1940 0 20 40 60 80 100 População do Brasil População do Brasil Gráfico em setores Anos Receita (em R$ 1.000.000,00) 1975 90 1976 120 1977 150 Total 360 Fonte: Departamento da Fazenda, Município X. É a representação gráfica de uma série estatística, em círculo, por meio de setores . É utilizado principalmente quando se pretende comparar cada valor da série com o total. Total __________360º Parte___________ xº • Para 1975: 360 - 360º 90 - xº x = 90º • Para 1976: 360 - 360º 120 - xº x = 120º 5 10 15 23 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 • Para 1977: 360 - 360º 150 - xº x = 150º 1975 1976 1977 Receita do Município X Gráfico polar É a representação de uma série por meio de um polígono. Movimento mensal de compras de uma agência em 1972 Meses Valores (R$1.000,00) Janeiro 12 Fevereiro 13 Março 14 Abril 12 Maio 15 Junho 19 Julho 17 Agosto 18 Setembro 14 Outubro 16 Novembro 12 Dezembro 18 20 15 10 5 0 Jan Dez Nov Out Set Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Sequência 1 Resumindo: • a estatística utiliza métodos matemáticos para solucionar problemas reais de tomada de decisão quando há incerteza; • em situações nas quais poderíamos contar unicamente com a sorte, temos um instrumento que nos possibilita aumentar as chances de tomar a melhor decisão; • utiliza ferramentas matemáticas definidas. Mesmo lidando com um grande número de dados, essas ferramentas resumem a análise em tabelas ou gráficos; • na prática, a estatística pode ser empregada como base conceitual e fundamental em várias outras ciências, inclusive em análises gerenciais. 5 24 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 2 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL: MÉDIA, MODA E MEDIANA PARA DADOS SIMPLES Na realização de qualquer estudo, quase nunca é possível examinar todos os elementos da população de interesse. Temos usualmente de trabalhar com uma amostra da população. A inferência estatística nos dá elementos para generalizar, de maneira segura, as conclusões obtidas da amostra para a população. É errôneo pensar que, caso tivéssemos acesso a todos os elementos da população, seríamos mais precisos. Os erros de coleta e manuseio de um grande número de dados são maiores do que as imprecisões a que estamos sujeitos quando generalizamos, via inferência, as conclusões de uma amostra bem selecionada. Em se tratando de amostra, a preocupação central é que ela seja representativa. Assim que decidimos obter informações através de um levantamento amostral, temos imediatamente dois problemas: • definir cuidadosamente a população de interesse; • selecionar a característica que iremos pesquisar. Portanto, temos situações profissionais em que nos bastam poucos dados ou estatísticas de dados simples. Por outro lado, há também situações nas quais um número maior de elementos deve ser investigado e tratado como distribuições de frequência. Quando estamos diante de um conjunto de dados, seja ele pequeno ou grande, em geral, buscamos medidas que possam ser usadas para indicar um valor que tende a representar melhor aquele determinado conjunto de números. E as medidas mais 5 10 15 20 25 25 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 usadas neste sentido são as chamadas medidas de tendência eventual ou central, que são a média, mediana e moda. Sabe-se que estes valores serão medidos de forma distinta conforme um grande conjunto de dados ou um pequeno conjunto de dados. Também o cálculo desses valores irá ser afetado caso as variáveis sejam discretas ou contínuas. Distribuição por frequência é a tabela em que se resumem grandes quantidades de dados, determinando o número de vezes que cada dado ocorre (frequência) e a porcentagem com que aparece (frequência relativa). ATENÇÃO: neste módulo, trataremos do cálculo destas estatísticas para os chamados dados simples ou conjuntos de dados com menos que 30 elementos. 2.1 A média aritmética simples (µ,x) A média aritmética é um dos valores mais representativos de um conjunto de dados. Obtém-se o valor da média aritmética dividindo-se o somatório dos valores do conjunto de dados pelo número de valores total deste conjunto. Assim, temos que: média = x n i i n = ∑ 1 Para a população, calcula-se a média aritmética utilizando-se os seguintes parâmetros: µ = = ∑ Xi N i i N , onde µ ⇒ Média aritmética da população (parâmetro) N ⇒ Total de observações da população (total da população) Xi ⇒ Cada variável populacional Em estatística a média é o valor médio de uma distribuição ou de um conjunto de dados, determinado segundo uma regra estabelecida a priori e que se utiliza para representar todos os valores da distribuição. Existem diversas formas de se calcular a média de um conjunto de números. Por exemplo, algumas delas são: aritmética, geométrica e harmônica. 5 10 15 20 26 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Para a amostra, calcula-se o valor médio utilizando-se os seguintes parâmetros: x x n i i n = = ∑ 1 , onde x ⇒ Média aritmética da amostra (estimativa) n ⇒ Número de dados da amostra xi ⇒ Cada variável da amostra Vamos agora tomar um exemplo de média aritmética. Supondo um conjunto de dados xi = {2,4,6,8,10,12}, onde N=6, temos: µ = = + + + + + == ∑ X N i i N 1 2 4 6 8 10 12 6 7 Para simplificar o nosso estudo, padronizaremos a notação para o cálculo da média, e passaremos a utilizar sempre a notação utilizada para o cálculo da média aritmética simples em conjuntosde dados amostrais, como no exemplo abaixo: Uma amostra das notas das provas de matemática dos estudantes da sétima série de uma grande escola de São Paulo: xi, onde xi = {87,42,64,58,90,90,85,63,47,74,100,94} e n=12, temos: x x n i i n = = ∑ 1 = 87+42+64+58+90+90+85+63+47+74+100+94 12 =74,5 A nota média na prova de matemática dos estudantes da sétima série desta escola de São Paulo, por amostragem, é 74,5. São propriedades da média aritmética: a) Em um conjunto de dados, é sempre possível o cálculo da média, independentemente de quais os elementos que compõem esse conjunto de dados. Embora tenhamos destacado uma diferença na notação utilizada para o cálculo da média aritmética em uma amostra e numa população, a expressão para o cálculo da média é a mesma, tanto no cálculo da média de uma população quanto de uma amostra. São as propriedades que a média aritmética simples possui que a fazem a medida de tendência central mais usada e mais importante de todas. 5 10 15 20 27 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 b) Em um determinado conjunto de dados, o valor da média será único e corresponderá a uma constante. c) Todos os valores de um determinado conjunto de dados irão afetar a média. Se um valor se modifica, a média aritmética também irá modificar-se. d) Somando-se ou subtraindo-se uma determinada constante c a cada elemento de um determinado conjunto de dados xi = x1,x2,x3,...,xn, a média aritmética ficará aumentada ou diminuída desta constante c. Se, por outro lado, multiplicarmos cada elemento deste conjunto de dados por uma constante c, a nova média será também multiplicada por esta constante c; se dividirmos cada elemento do conjunto de dados por esta mesma constante c, a média será dividida por c. Assim, se temos um conjunto xi = x1,x2,x3,...,xn, a média será: x x n i n 1 1 1= = ∑ , logo x c x n x x n nc n x x c i i n i i n 2 1 2 1 2 1= + ⇒ = + ⇒ = += = ∑ ∑( ) e) A soma algébrica dos desvios dos números de um conjunto de dados em torno da média é zero. Isto pode ser representado da seguinte forma: x xi − =∑ 0 Por exemplo, se temos um conjunto de dados xi = 2,4,6,8,10, onde n=5, temos que : x xi i= = + + + + == ∑ 1 5 5 2 4 6 8 10 5 6 5 10 15 20 28 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Se aplicarmos a fórmula acima, temos: x x x x i i i − =∑ ∑ ∑ -6=(2-6)+(4-6)+(6-6)+(8-6)+(10-6) -x=-4-2+0+2+4 xxi-x=0∑ 2.2 A média aritmética ponderada Num conjunto de dados em que cada elemento ou cada observação possua a mesma importância, o cálculo da média aritmética simples mostrará bem a população ou a amostra estudada. Mas se queremos atribuir pesos distintos ou importâncias distintas aos elementos de um conjunto de dados, a estatística a ser adotada é a média aritmética ponderada, em que a cada valor xi deverá ser atribuído um determinado peso wi. A expressão estatística para o cálculo da média ponderada é: x w x w p i i i n i i n= = = ∑ ∑ 1 1 Supondo que um estudante tenha que efetuar uma série de 4 exames para obter sua média final para passar de ano. Cada exame possui um peso diferente na composição desta média, conforme a tabela abaixo: Exame Nota Peso 1 68 0,30 2 89 0,20 3 45 0,40 4 100 0,10 1,00 A média aritmética é a mais utilizada no nosso dia-a-dia. É obtida dividindo- se a soma das observações pelo número delas. 5 10 15 29 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 x w x w p i i i n i i n= = = ∑ ∑ 1 1 ,logo xp = + + + + + + ( , ) ( , ) ( , ) , ( ) , , , , 0 30 68 0 20 89 0 40 45 0 10 100 0 30 0 20 0 40 0 10 xxp = + + + =20 4 17 8 18 10 66 2, , , A nota média será então 66,2, resultado diferente do que seria obtido se utilizássemos a média aritmética simples. Exemplificando média aritmética e ponderada: • um aluno tirou as notas 5, 7, 9 e 10 em quatro provas. A sua média será (5 + 7 + 9 + 10) / 4 = 7,75; • um aluno fez um teste (peso 1) e uma prova (peso 2), tirando 10 no teste e 4 na prova. A sua média (ponderada) será (10 + 2 x 4) / 3 = 6. Se o teste e a prova tivessem mesmo peso (e não importa qual o valor do peso, importa apenas a relação entre os pesos), a média seria 7. 2.3 A mediana Uma outra medida importante de um conjunto de dados é a mediana. A mediana divide um determinado conjunto de dados, que deverá estar ordenado, em dois grupos iguais, em que metade terá valores menores que a mediana e metade terá valores maiores que a mediana. Antes de calcular a mediana, é preciso organizar os valores em um rol em ordem crescente, para então contar até a metade dos Num conjunto de dados em que cada elemento ou cada observação possua importância diferente, utilizamos a média aritmética ponderada. 5 10 15 30 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 valores para encontrar a mediana. Em geral, após organizarmos os dados em um rol, podemos calcular a posição da mediana com a fórmula abaixo: posmed n= +( )1 2 , onde n é o número de dados observados. Por exemplo, para um conjunto de dados xi = {6,9,3,5,2,9, 5,5,8,7,1,7,2}, onde n=13, temos primeiro que organizar estes dados em um rol, depois encontrar a posição da mediana e então saber qual será a mediana. Vejamos: rolxi = {1,2,2,3,5,5,5,6,7,7,8,9,9} posição mediana = ( )n + = + =1 2 13 1 2 7 mediana = 5 Para um conjunto de dados xi={6,4,8,3,2,9,7,1}, onde n=8, temos, então: rolxi = {1,2,3,4,6,7,8,9} posição mediana = ( ) , n + = + =1 2 8 1 2 4 5 A mediana será o valor que está a meio caminho dos dois valores médios; neste caso, entre 4 e 6. Como fazer? Deve-se tirar a média entre os dois valores do meio para obter o valor da mediana. Assim, temos: mediana = + =4 6 2 5 A mediana é outra medida de posição definida como o número que se encontra no centro de uma série de números, estando estes dispostos segundo uma ordem. Em outras palavras, a mediana de um conjunto de valores, ordenados, é o valor situado de tal forma no conjunto que o separa em dois subconjuntos de mesmo número de elementos. Obs.: - se o número de elementos for ímpar, então a mediana será exatamente o valor “do meio”; - se o número de elementos for par, então a mediana será exatamente a média “dos dois valores do meio”. Para determinar a mediana: • organize o conjunto de dados em um rol; • para um conjunto de dados cujo n = ímpar, a mediana será o valor do meio; • para um conjunto de dados cujo n = par, a mediana será a média dos dois valores do meio. 5 10 15 20 31 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Quando usamos a mediana? Empregamos a mediana quando: • desejamos obter o ponto que divide a distribuição em partes iguais; • há valores extremosque afetam de uma maneira acentuada a média; • a variável em estudo é salário. 2.4 A moda Muitas vezes, em um conjunto de dados, existem valores que se repetem com uma frequência maior. A moda é justamente este valor ou estes valores que mais se repetem em um conjunto de dados. É possível haver estatísticas que não possuam moda ou que possuam mais de uma moda. No exemplo que demos acima, para um conjunto de dados xi={1,2,3,4,6,7,8,9}, não existe moda e diz-se que o conjunto ou distribuição é amodal. A moda é uma estatística muito mais descritiva, e sua importância cresce na medida em que um valor ou grupo de valores se repete mais que outros; neste sentido, a moda indicaria o valor “típico” daquele conjunto de dados com maior ocorrência. Por exemplo, o conjunto de dados xi={2,2,7,9,9,9,10,10,11,12,18} tem moda igual a 9, porque o número 9 é aquele com maior frequência, repetindo-se três vezes. Repetindo: denominamos moda, de um conjunto de dados, o valor (ou valores) que ocorre com maior frequência. Então, em teoria da probabilidade e em estatística, a mediana é uma medida de tendência central, um número que caracteriza as observações de uma determinada variável de tal forma que este número (a mediana) de um grupo de dados ordenados separa a metade inferior da amostra, população ou probabilidade de distribuição, da metade superior. Mais concretamente, 1/2 da população terá valores inferiores ou iguais à mediana e 1/2 da população terá valores superiores ou iguais à mediana. Em casos de populações (n) ímpares, a mediana será o elemento central (n+1)/2. Para os casos de populações (n) pares, a mediana será o resultado da média simples dos elementos n/2 e (n/2)+1. Para a seguinte população: 1, 3, 5, 7, 9 – a mediana é 5 (igual à média); no entanto, para a população 1, 2, 4, 10, 13, a mediana é 4 (enquanto a média é 6). Para populações pares: 1, 2, 4, 7, 9, 10 – a mediana é (4+7)/2, que é 5,5. 5 10 15 20 25 32 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Por exemplo: o salário modal dos empregados de uma indústria é o salário mais comum, isto é, o salário recebido pelo maior número de empregados dessa indústria. Exemplo: Sabendo-se que a produção leiteira diária da vaca A, durante uma semana, foi de 10, 14, 13, 15, 16, 18 e 12 litros, encontre a média, a moda e a mediana para a produção diária de leite desta vaca. Média: x x n i i n = = + + + + + + = == ∑ 1 10 14 13 15 16 18 12 7 98 7 14 Logo, x = 14 litros de leite em média por dia, que representa uma produção de 98 litros de leite em média por semana. Obs.: a média pode ser um número diferente de todos os valores da amostra que ela representa. Moda: como não existe um valor que aparece com maior frequência que os outros, não há valor de moda para este exemplo. Mediana: ordenando os dados, temos: 10 12 13 14 15 16 18 Desta forma, o valor mediano é o valor central dos dados, ou seja, 14 litros de leite por dia. Em estatística descritiva, a moda é o valor que detém o maior número de observações, ou seja, o valor ou valores mais frequentes. A moda não é necessariamente única, ao contrário da média ou da mediana. É especialmente útil quando os valores ou observações não são numéricos, uma vez que a média e a mediana podem não ser bem- definidas. A moda de {maçã, maçã, banana, laranja, laranja, laranja, pêssego} é laranja. A série {1, 3, 5, 5, 6, 6} apresenta duas modas (bimodal): 5 e 6. A série {1, 3, 2, 5, 8, 7, 9} não apresenta moda. 5 10 15 20 33 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 3 MEDIDAS DE DISPERSÃO PARA DADOS SIMPLES Vimos que a moda, a mediana e a média podiam ser usadas para resumir, num único número, aquilo que é “médio” ou “típico” de um conjunto de dados. Mas a informação contida fornecida pelas medidas de posição necessita, em geral, ser complementada pelas medidas de dispersão. Estas servem para indicar o quanto os dados se apresentam dispersos em torno da região central. Caracterizam, portanto, o grau de variação existente no conjunto de valores. As medidas de dispersão que nos interessam são: • a amplitude total; • o desvio padrão; • a variância; • o coeficiente de variação. Observe que: quanto maior as medidas de dispersão, mais heterogêneos são os dados, e ao contrário, quanto menor essas medidas, mais homogêneo o conjunto. Para ilustrar a necessidade de conhecermos as medidas de dispersão de um conjunto de dados, iremos introduzir alguns exemplos. Exemplo 1: Sabe-se que em Honolulu (Havaí) e Houston (Texas) a temperatura média diária é quase a mesma, em torno de aproximadamente 23,9ºC. Pergunta-se: será que, por isso, podemos admitir que a temperatura é basicamente a mesma em ambas as localidades? Ou não será possível que enquanto uma cidade é melhor para natação a outra o seja para atividades externas? 5 10 15 20 25 34 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Sabemos que a temperatura em Honolulu varia muito pouco ao longo do ano, oscilando, em geral, entre 21,1ºC e 26,7ºC. Por outro lado, a temperatura em Houston pode diferir sazonalmente (nas estações do ano), isto é, apresentar-se baixa em janeiro (cerca de 4,4ºC) e alta em julho e agosto (bem perto de 37,8ºC). Desnecessário dizer que as praias em Houston não estão abarrotadas de gente o ano todo! Exemplo 2: Suponham que, numa particular cidade, tanto ladrões quanto professores secundários tenham uma renda média mensal de R$ 900,00. Será que essa informação indica que as duas distribuições de renda são necessariamente semelhantes? Muito ao contrário, poder-se-ia descobrir que elas diferem, e muito, num outro aspecto importante, que é o fato de as rendas dos professores concentrarem-se ao redor de R$ 900,00 (serem constantes, homogêneas), enquanto que as dos ladrões espalham-se mais (são descontínuas, heterogêneas), o que reflete, portanto, maiores oportunidades para prisões, desemprego, pobreza e, em alguns casos, fortunas excepcionais. Tais fatos demonstram que necessitamos, além de uma medida de tendência central, de um índice que indique o grau de dispersão dos dados em torno da média. Este “índice” é uma medida indicativa do que costumamos chamar de variabilidade (ou dispersão). Voltando ao exemplo 1, poderíamos dizer que a distribuição de temperatura em Houston (Texas) tem maior variabilidade do que a distribuição de temperaturas em Honolulu (Havaí). Da mesma forma, podemos dizer que a distribuição de rendas entre professores apresenta menos variabilidade do que a distribuição de rendas entre ladrões. 5 10 15 20 25 30 35 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Exemplo 3: Considere os seguintes conjuntos de valores das variáveis X, Y e Z: X: 70, 70, 70, 70, 70. Y: 68, 69, 70, 71, 72. Z: 5, 15, 50, 120, 160. Calculando a média aritmética de cada um desses conjuntos, obtemos: X = 70 Y = 70 Z = 70 Vemos, então, que os três conjuntos apresentam a mesma média aritmética: 70; entretanto, é fácil notar que o conjunto X é mais homogêneo que os conjuntos Y e Z. Para quantificar oquão heterogêneos os dados são, precisamos encontrar algumas medidas de posição. Assim, quando se deseja entender, analisar e descrever de forma adequada um determinado conjunto de dados, faz- se necessário dispor não apenas de informações relativas às medidas de posição, vistas no módulo anterior. É preciso que se disponha de informações relativas à variabilidade (dispersão) daqueles números que compõem o referido conjunto de dados. Essas medidas de variabilidade ou dispersão indicam se os dados observados estão próximos ou separados uns dos outros. Diferente das medidas de posição, as medidas de dispersão não são autoexplicativas; sua aplicabilidade depende da comparação de populações ou amostras do mesmo tamanho e mesmas características para que se obtenha alguma informação importante a partir daquela determinada variabilidade. Medidas de dispersão não são autoexplicativas, dependem de suas aplicações em tratamentos comparativos de dados. 5 10 15 20 25 36 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 As principais medidas de dispersão são a amplitude total (ou intervalo), o desvio médio, a variância e o desvio padrão. A média serve de referência para todas essas medidas, exceto para o intervalo (ou amplitude total). À proporção que essas medidas se elevam, isto representa um aumento da dispersão. Isso significa que se a medida for igual a zero, não existe dispersão. As medidas de variabilidade que têm a média aritmética como ponto de referência são importantes porque nos permitem avaliar o grau de dispersão das observações em relação a esta mesma média, isto é, permitem-nos avaliar o quão distante os dados de um determinado grupo de observações estão da média calculada, dando-nos uma noção mais precisa da situação de determinada população ou amostra e condições de tirarmos conclusões e informações importantes daqueles dados disponíveis. Exemplo 4: Um estudante de Economia resolve fazer uma pesquisa sobre os salários médios dos funcionários de determinado setor industrial em São Paulo. Nesta pesquisa, o estudante conseguiu os seguintes dados em termos de salários mínimos mensais: xi={1.0;1.5;2.0;2.0;2.0;2.5;3.0;3.0;80.0;85.0} Ao calcular o salário médio deste setor, ele chegou ao valor médio de 18,2 salários mínimos por mês. Ora, mas este dado, sem o cálculo de sua dispersão em relação à média aritmética, pouco nos diz sobre a realidade desta população e acabamos por ter uma visão distorcida do padrão de vida da maior parte dos funcionários do setor analisado pelo estudante. As medidas de variabilidade ou dispersão nos permitem perceber essa distorção. Temos, como principais medidas de dispersão, intervalo, desvio médio, variância e desvio padrão. As medidas mais comuns de variabilidade para dados quantitativos são a variância; a sua raiz quadrada, o desvio padrão; a amplitude total, a distância interquantílica e o desvio absoluto são mais alguns exemplos de medidas de dispersão. 5 10 15 20 25 30 37 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 3.1 Amplitude total O intervalo, ou amplitude total, de um determinado conjunto de dados é obtido pela diferença entre o maior e o menor valor neste conjunto de números. Indica, portanto, a distância entre a maior e a menor observação de um conjunto de dados. Assim, temos: Amplitudetotal = Valormáximo ∼ Valormínimo Por exemplo, em um conjunto de dados xi={2,3,3,5,5,5,8,10,1 2}, onde n=9, a amplitude total será: Atotal = Vmáximo - Vmínimo ⇒ Atotal = 12-2 = 10 Em alguns casos, o intervalo ou amplitude total pode ser expresso simplesmente pela indicação do menor e do maior número do conjunto de dados. No caso do exemplo anterior, a amplitude total poderia ser expressa simplesmente pela identificação do menor e do maior número, indicada como sendo de 2 a 12 ou 2-12. A grande vantagem da amplitude total é que ela apresenta uma certa facilidade de ser calculada, mesmo quando o conjunto de dados observados é relativamente grande. No entanto, como a amplitude total apenas leva em conta os dois extremos do conjunto de números, em alguns casos, ela pode ser uma medida enganosa quanto à indicação da dispersão de um conjunto de números, tendo, portanto, uma utilidade limitada. 3.2 Desvio médio absoluto O desvio médio absoluto inaugura o estudo das medidas de variabilidade que têm a média como ponto de referência. O intervalo de um determinado conjunto de dados é obtido pela diferença entre o maior e o menor valor neste conjunto de números. 5 10 15 20 25 38 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 O chamado “desvio” nada mais é que a diferença entre cada valor de um determinado conjunto de dados e a média deste mesmo conjunto de números (xi - x). O valor absoluto de um número será ele próprio, sem o sinal que lhe é associado, e é indicado por meio de duas linhas verticais que o enquadram. Assim, |-67|=67;|9|=9. É preciso calcular primeiro a média aritmética dos dados disponíveis, que, em geral, apresentam-se como dados amostrais. O desvio médio absoluto será calculado pela média dos desvios dos valores a contar da média, ignorando o sinal (+ ou -) do desvio, ou seja, convertendo os valores dos desvios em valores absolutos, considerando-os todos desvios positivos. Assim, temos: DmédioD x x nmØdio i i n = − = ∑ 1 , onde n é o número de observações. Vamos agora tomar um exemplo de desvio médio. Para um conjunto de dados amostrais xi=2,4,6,8,10,12, onde n=6, determine o desvio médio. Temos então: Dmédio= x x n i −∑ Precisamos primeiro calcular a média, para então passarmos ao cálculo do desvio médio. Relembrando a fórmula do cálculo da média aritmética, temos: x x n x xi= ⇒ = + + + + + = ⇒ =∑ 2 4 6 8 10 12 6 7 7 5 10 15 20 39 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Agora podemos calcular os desvios para cada valor do conjunto de dados. Assim, temos: xi - x Dmédio= Dmédio= Dmédio= = −∑ x x n i = -5 + -3 + -1+ 1+ 3 + 5 6 = 5+3+1+1+3+5 6 =3 3 2-7 -5 4-7 -3 6-7 -1 8-7 1 10-7 3 12-7 5 0 O valor encontrado acima representa a diferença média de cada observação e a média da distribuição. Mas também neste caso só seria possível obter mais informações a partir do desvio médio comparando com outras populações ou amostras de mesmas características. Por exemplo, se um outro conjunto de dados, com as mesmas características e tamanho, apresentasse um desvio médio absoluto igual a 2,4, ou seja, menor que o desvio médio absoluto calculado no exemplo acima, poderíamos dizer que este segundo conjunto de valores é mais homogêneo do que o nosso exemplo, já que a diferença de cada um dos seus elementos em relação à média aritmética é menor. Teríamos, assim, uma dispersão menor. 3.3 Variância Tanto para o cálculo do desvio médio como para o cálculo da variância precisaremos utilizar o desvio de cada elemento de um conjunto de dados em relação à média aritmética (xi - x). No entanto, ao invés de trabalharmos com os valores absolutos (em módulo), agora os desvios são elevados ao quadradoantes da soma. Para o caso de dados amostrais, ao invés de dividirmos por n, dividimos por n-1 (que é o total da amostra menos uma unidade). O desvio é a diferença entre cada valor de um determinado conjunto de dados e a média deste mesmo conjunto de números. 5 10 15 20 40 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 A variância irá nos dizer o grau de dispersão de um determinado grupo de dados com relação à média aritmética desses números. Assim, a variância populacional poderá ser calculada da seguinte forma: σ µ2 2 = −∑ ( )x N i , onde A variância amostral poderá ser calculada pela fórmula que se segue: s x x n i2 2 1 = − − ∑ ( ) , onde Por exemplo, seja um determinado conjunto de dados xi = {1,3,5,7,9,11,13}, onde n=7. Calcule a variância deste conjunto de dados, supondo: a) que este conjunto de dados representa toda uma população; b) que este conjunto de dados representa uma amostra. a) Para calcular a variância deste conjunto de dados, considerando que ele representa toda uma população, devemos utilizar a seguinte fórmula: σ µ2 2 = −∑ ( )x N i , onde devemos considerar n=N. Ao invés de trabalharmos com os valores em módulo, agora os desvios são elevados ao quadrado antes da soma. Para o caso de dados amostrais, ao invés de dividirmos por n, dividimos por n-1. 5 10 15 41 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Devemos passar ao cálculo da média deste conjunto de dados, para então proceder ao cálculo da variância. Sendo assim, temos: µ µ µ = ⇒ = ∑ x N i = 1+3+5+7+9+11+13 7 =7 7 (média populacional) Partindo da média, podemos agora calcular os desvios, e então partir para o cálculo da variância populacional, já que supomos que o conjunto de dados representava toda a população. Assim, temos: µ xi - µ (xi - µ) 2 7 7-1=6 62 7 7-3=4 42 7 7-5=2 22 7 7-7=0 0 7 7-9=-2 (-2)2 7 7-11=-4 (-4)2 7 7-13=-6 (-6)2 Σ� 0 112 σ µ σ σ 2 2 2 2 = − = = ∑ ( )x N i 6 +4 +2 +(-2) +(-4) +(-6) 7 36+16+4+4+16+ 2 2 2 2 2 2 336 7 =16 σ2 16= Assim, a variância populacional desse conjunto de dados seria igual a 16. b) Se, por outro lado, temos o mesmo conjunto de dados e supondo que ele represente apenas dados amostrais, devemos calcular a variância amostral de outra forma. Devemos partir do cálculo da média, para então calcularmos a variância. 5 10 15 42 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Como vimos no módulo 2, a expressão para o cálculo da média aritmética em uma amostra é a mesma do cálculo da média para uma população, mas utilizaremos para as amostras uma outra notação. Vejamos: x x n xi= ⇒ =∑ 7 (média amostral) Normalmente, a média amostral aproxima-se da média populacional quanto maior o tamanho da amostra, mas não se iguala a ela. Passemos então ao cálculo da variância amostral. Utilizaremos os mesmos passos do cálculo da variância populacional. Desta forma: s x x n i2 2 1 = − − ∑ ( ) x xi - x (xi - x) 2 7 7-1=6 62 7 7-3=4 42 7 7-5=2 22 7 7-7=0 0 7 7-9=-2 (-2)2 7 7-11=-4 (-4)2 7 7-13=-6 (-6)2 Σ� 0 112 s = s = 6 +4 +2 +(-2) +(-4) +(-6) 7-1 s = 36+16+4+4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ( )x x n i − − ∑ 2 1 ++16+36 7-1 = 112 6 s =18,666...2 A variância amostral deste conjunto de dados é igual a 18,666... 5 10 43 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Como a média aritmética, a variância possui algumas propriedades importantes que devemos colocar em destaque e que facilitam o cálculo de alguns problemas mais complexos. a) Somando-se ou subtraindo-se uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, o valor da variância não se altera. Por exemplo, um conjunto de dados xi={2,4,6,8}, onde n=4, e a média é igual a 5. A variância deste conjunto será dada como segue: σ σ σ 2 2 2 = ⇒ = = ∑ (x -m) N (2-5) +(4-5) +(6-5) +(8-5) 4 (-3) +(-1) i 2 2 2 2 2 2 2++1+3 4 = 9+1+1+9 4 = 20 4 =5 2 Se somarmos uma constante c=4 a cada um dos elementos do conjunto de dados, temos um novo conjunto de dados yi={6,8,10,12}, em que a média será igual a 9. A variância será então: σ µ σ 2 2 2 2 2 = − = ∑ ( )y N i 2 2 2 2 2 2 = (6-9) +(8-9) +(10-9) +(12-9) 4 (-3) +(-1)) +(1)+(3) 4 = 9+1+1+9 4 = 20 4 =5 2 2 Sendo assim, demonstramos que σ σ2 22= , ou seja, ao somarmos uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, a variância permanece a mesma. b) Ao multiplicarmos uma constante c a cada elemento de um conjunto de dados, temos uma nova variância ao multiplicarmos a variância do conjunto de dados original por c2. 5 10 15 20 25 44 Unidade I Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 Assim, a nova variância será representada da seguinte forma: σ σ22 2 12= c . c) Ao dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante arbitrária c, obtém-se a nova variância dividindo-se a antiga variância por c2. Assim, podemos apresentar a nova variância da seguinte forma: σ σ22 1 2 2= c d) A variância de uma constante é igual a zero. Existe uma fórmula alternativa e reduzida para o cálculo da variância populacional, deduzida da fórmula original, que é: σ µ2 2 2= −∑ x N i Para a variância amostral também existe uma fórmula alternativa bastante utilizada e que não exige o cálculo da média, que decorre da fórmula acima: s x x n nx i i2 2 2 1 = − − ∑ ∑( ) 3.4 Desvio padrão Obtém-se o desvio padrão extraindo-se a raiz quadrada da variância. Assim como a variância e o desvio médio, o desvio padrão também representa uma medida de variabilidade absoluta e indica o desvio de cada um dos Relembrando as propriedades de variância: - ao somarmos uma constante a cada elemento de um conjunto de dados, a variância permanece a mesma; - ao multiplicarmos uma constante c a cada elemento de um conjunto de dados, temos uma nova variância ao multiplicarmos a variância do conjunto de dados original por c2; - ao dividirmos cada elemento de um conjunto de dados por uma constante arbitrária c, obtém-se a nova variância dividindo-se a antiga variância por c2; - variância de uma constante é igual a zero. 5 10 15 20 45 ESTATÍSTICA APLICADA Di ag ra m aç ão : F ab io - 1 9/ 11 /0 8 -| |- 1 a Co rr eç ão : F ab io / Re v: A na 0 3/ 12 /0 8 números xi de um dado conjunto de observações em relação à média µ. É também chamado por alguns autores de desvio da raiz média quadrática. Matematicamente, o desvio padrão poderá ser representado da seguinte forma: Desvio padrão populacional: σ µ = −∑ ( )x N i 2
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