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TOXOPLASMA GONDII (NICOLE E MANCEAUX, 1908) Toxoplasmose Miguel Lucena – Curso de Protozoologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro Profa. Marise S. Mattos – Curso de Protozoologia – Universidade Federal do Rio de Janeiro INVASÃO E SOBREVIVÊNCIA Mecanismos de entrada no hospedeiro Suporte para atividade metabólica Evasão da resposta imune Sucesso no processo replicativo Permanecer por mais tempo no hospedeiro e garantir seu sucesso evolutivo através da reprodução! TOXOPLASMOSE: HISTÓRIA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Primeiras referências: 1908 : foi encontrado o parasita no roedor Ctenodactylus gondii, por Nicole e Manceaux e também em coelhos, por Splendore(no Brasil); 1909 : descrição do parasita e criação do gênero Toxoplasma (Nicole e Manceaux) 1923 : descrição da coriorretinite por Janku 1929 : descrição da forma congênita por Wolf A partir da década de 1960: – desenvolvimento e aplicação de testes sorológicos revelaram a ubiqüidade do parasita – ampla distribuição geográfica e de hospedeiros - descrição do ciclo e identificação dos felinos como hospedeiros definitivos A Toxoplasmose no Brasil No Brasil a prevalência de T. gondii na população adulta é estimada entre 50 a 80% (Arevalo et al, 2010) • Erechim – RS 82% (Jones et al, 2006) • Jardim São Remo (Cidade de São Paulo) - 32,4% (Francisco et al, 2006) • Rondônia (Oeste rural amazônico) - 76% (Cavalcante et al , 2006) • Ameríndios do Mato Grosso - 80,4% (Amendoeira et al, 2003) • População de baixa renda em Campos dos Goytacazes RJ- 84% (Bahia-Oliveira et al, 2003) Agente Toxoplasma gondii Filo: Apicomplexa (complexo apical utilizada para invadir células do hospedeiro) Classe: Sporozoa Família: Sarcocystidae Na maioria dos humanos a Toxoplasmose é assintomática. Importância: a) É uma infecção cosmopolita , afeta cerca de 30% da população mundial (70% EUA, 85%, França são soro positivos). a) Atinge fetos e crianças aborto, cegueira, retardo mental b) È uma infecção oportunista. Imunodepressão: AIDS ou uso de imunossupressores -encefalite c) Significado econômico: morte neonatal de animais como o carneiro(Mead et al.,1999). Taxonomia TOXOPLASMA GONDII : CARACTERÍSTICAS Parasita intracelular obrigatório (OPORTUNISTA) Classificação: esporozoário pertencente ao filo Apicomplexa – classe Sporozoa Hospedeiros: é uma zoonose de felinos porém infecta inúmeros vertebrados inclusive o Homem Morfologia: formas infectantes: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos (possuem complexo apical) forma de resistência: oocisto formas do ciclo sexuado – gametócitos , gametas, zigoto (no felino) REPRODUÇÃO Este processo ocorre para MEROGONIA, GAMETOGONIA E ESPOROGONIA É característico dos protozoários pertencentes ao filo Apicomplexa ENDOPOLIGENIA Dá-se por endodiogenia (1 célula gera duas) e endopoligenia (1 célula gera várias) HABITAT Podem parasitar várias células e tecidos – exceto hemácias Transmissão • São transmitidos pela ingestão de oocistos ou cistos teciduais Metabolismo • Glicose é a principal fonte de energia • Consomem O2 e produzem CO2 MORFOLOGIA Retículo endoplasmático rugoso Grânulo denso Golgi Apicoplasto Micronema conóide roptrias Mitocôndria núcleo - Ultraestrutura do taquizoíta Complexo apical: •Anéis polares – são dois, permitem a passagem do conteúdo parasitário •Conóides – definem a extremidade apical e têm motilidade •micronemas – organelas secretoras, auxiliam na adesão e invasão celular •roptrias – organelas secretoras, auxiliam na invasão •grânulos densos – organelas secretoras, necessárias para multiplicação 4 a 8 µm 2 a 4 µm O APICOPLASTO • molécula de DNA circular 35kb descoberto em 1975 • em 1987 seu seqüenciamento revelou conteúdo genético, estrutura de um plastídeo de alga, com pouco mas suficiente tRNA e rRNA para translação • É uma organela pequena localizada próximo ao núcleo que contém 4 membranas • provável aquisição evolutiva precoce de um plastídeo de alga incorporado com perda dos gens de fotossíntese • tem-se mostrado um alvo interessante para atuação de quimioterápicos pois a inibição de suas proteínas interfere com a sobrevivência do parasita •Taquizoites •Bradizoites http://www.ufrgs.br/para-site/siteantigo/Imagensatlas/Protozoa/Toxoplasma.htm Images by Miguel Lucena VP-EGS Cyst-EGS TEM SEM TAQUIZOÍTAS VS BRADIZOÍTAS Reviwed by Lupeti and Russel et al MECANISMO DE INVASÃO CELULAR • Envolve dois passos cruciais: • SAG -> Heparina Sulfatada(GAGs)->Ca++ e TgCDPKs-> Secreção de MICs(AMA-1). • Sinal para secreção de Róptrias-> RON2, RON4, RON5 e RON8. Interação com AM1( formação da junção móvel). MECANISMOS DE INVASÃO PATOGÊNESE E CICLO DE VIDA INGESTÃO EPITÉLIO INTESTINAL esporozoítas taquizoítas bradizoítas FELINO Penetração nas células epiteliais do intestino formação dos vacúolos parasitóforos multiplicação por esporogonia invasão de novas células epiteliais formação de GAMETÓCITOS masculinos e femininos microgametas masculinos móveis e macrogametas femininos fixos fecundação zigoto Oocisto imaturo ELIMINAÇÃO COM AS FEZES Oocisto maduro INGESTÃO EPITÉLIO INTESTINAL Penetração em diversos tipos de células formação de vacúolos citoplasmáticos multiplicação sucessiva intravacuolar – Rosetas(taquizoitas) rompimento da célula com liberação de TAQUIZOÍTOS esporozoítas taquizoítas bradizoítas Disseminação linfática e hematogênica FASE AGUDA DA DOENÇA Desenvolvimento de imunidade Morte do hospedeiro Desaparecimento dos parasitas circulantes Formação de CISTOS teciduais compostos de BRADIZOÍTAS FASE CRÔNICA DA DOENÇA HOMEM formação de anticorpos e imunidade celular FELINO PATOGENIA FATORES RELACIONADOS 1. Tipo de cepa Cepa do tipo I – associada com infecção congênita (cepa RH e EGS) Cepa do tipo II – isolada em 65% dos pacientes com AIDS e reativação de infecção crônica (Cepa EGS) Cepa do tipo III – infectam muito mais animais e pouco o HOMEM (Cepa ME49) 2. Susceptibilidade do hospedeiro Idade – a infecção é mais comum em crianças e jovens Imunidade – a doença é mais grave nos imunodeprimidos Idade gestacional – a infecção é mais grave no 1o trimestre da gravidez WHAT LEADS THE INTERCONVERTION?? (Russel et al 2002) + IFNγ, IL12, TNF-α •A própria resposta imune RESPOSTA IMUNE DO HOSPEDEIRO PATOGENIA FORMAS CLÍNICAS 1. Toxoplasmose CONGÊNITA É necessário a primo-infecção materna (geralmente assintomática) durante a gravidez A infecção fetal se dá pela invasão placentária de TAQUIZOÍTAS No primeiro trimestre acomete 10 a 25% dos fetos com maior gravidade 2. Toxoplasmose ADQUIRIDA Febril aguda – mais comum em crianças e jovens, é auto-limitada Uveíte – resulta da infecção da retina e coróide por taquizoítas ou reativação de bradizoítas Encefalite – raramente produzida pela infecção aguda e sim por reativação No segundo e terceiro trimestre acomete 50 e 65% dos fetos com menor gravidade QUADRO CLÍNICO 1. Toxoplasmose CONGÊNITA •Infecção materna no primeiro trimestre: - a infecção fetal é menos frequente porém mais grave - pode resultar em aborto, natimorto, prematuridade -pode provocar encefalite, pneumonite, convulsões, miocardite - não provoca mal formações congênitas pois não afeta o DNA - hidrocefalia, calcificações cerebrais, coriorretinite, retardo mental (tétrade de Sabin) •Infecção materna no segundo e terceiro trimestres - pode ser assintomática para o feto com manifestação tardia de doença - geralmente causa micropoliadenopatia, hepatosplenomegalia,lesões oculares (cegueira) 2. Toxoplasmose ADQUIRIDA Quadro clínico •Em 80% dos casos é assintomática •Nos casos em que produz sintomas encontramos febre, linfadenopatia generalizada, hepatoesplenomegalia, mialgia, rash máculo papular, coriorretinite •Os sintomas regridem sem tratamento em cerca de 4 a 6 semanas •O tratamento é necessário nos casos que cursam com coriorretinite 3. Toxoplasmose NO PACIENTE COM AIDS •Na maioria dos casos manifesta-se como abscesso cerebral •Febre, convulsões, hemiparesia, torpor, confusão mental e coma DIAGNÓSTICO LABORATORIAL •Demonstração do parasita Raramente é possível. Algumas vezes pode ser evidenciado em biópsias de gânglio ou vísceras – pelo exame histopatológico, por inoculação animal, por PCR •Testes sorológicos São os mais utilizados. A presença de anticorpos da classe IgM indica infecção aguda e da classe IgG infecção antiga Os principais métodos utilizados são: Imunofluorescência indireta (IFI) – bastante sensível, o antígeno usado é esfregaço de toxoplasma fixado com formol, detecta infecção recente; Hemglutinação indireta – método sensível porém falha ao detectar infecção recente. Não deve ser usado para recém-nascidos; ELISA – mais prático que a IFI e bastante sensível. Ë o mais usado. TRATAMENTO Indicado apenas nas seguintes situações: Infecção aguda na gravidez (conversão sorológica) Uveítes Doença congênita Doença no imunodeprimido Drogas utilizadas: Na gravidez – espiramicina, clindamicina; Nos demais casos – sulfa e pirimetamina por 2 a 4 meses – inibem a dihidrofolato-redutase impedindo a síntese de folato e do DNA parasitário PROFILAXIA DA TOXOPLASMOSE Prevenção primária Prevenção secundária Evitar o consumo de carnes cruas ou mal cozidas Evitar manipular terra ou fazer serviços de jardinagem Evitar comer alimentos crus ou mal lavados Evitar o contato com gatos filhotes de procedência ignorada Tratar a gestante que apresentar conversão sorológica
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