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Ressarcimento do SUS

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Publicado em Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
(http://www.epsjv.fiocruz.br)
O fim de um impasse que dura quase duas décadas
Katia Machado - EPSJV/Fiocruz | 08/02/2018 14h19 - Atualizado em 08/02/2018 14h20
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem (8) por unanimidade que a regra, prevista na Lei 9.656/1998 que 
regulamenta a saúde suplementar, é constitucional. Trata-se da obrigação de os planos de saúde reembolsarem o 
Sistema Único de Saúde (SUS) quando os clientes realizarem tratamentos na rede pública. “A norma impede o 
enriquecimento ilícito das empresas e perpetuação da lógica do lucro às custas do erário. Entendimento contrário 
significa que os planos de saúde recebem pagamento, mas serviços continuam a ser prestados pelo Estado, sem 
contrapartida”, afirmou no voto o ministro Marco Aurélio Mello, relator da ação. O professor da Faculdade de 
Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp) Mário Scheffer ressalta que foi uma grande conquista, 
especialmente pelo fato de o STF destacar que não ressarcir é enriquecimento ilícito dos planos de saúde. “O STF dá 
assim um recado contundente”, sentencia.
Scheffer destaca que o ressarcimento sempre foi uma história de calote ao SUS, pois sob a alegação que a saúde é 
um direito de todos os cidadãos e, portanto, de responsabilidade do Estado, operadoras de planos de saúde sempre 
questionarem na Justiça os valores cobrados. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2017, por exemplo, de R$ 
1,1 bilhão cobrado de operadoras por prestação de serviços a seus usuários, foram arrecadados somente R$ 458 
milhões. Além disso, ressalta o professor, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que tem por missão 
promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde e regular as operadoras setoriais, sempre 
foi leniente com a cobrança. “Para ter uma ideia, somente em 2015 a Agência começou a cobrar o ressarcimento de 
procedimentos ambulatoriais como hemodiálise, quimioterapia, tomografias e outras”, conta, revelando ainda que o 
Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a emitir varias advertência à ANS ao longo desses quase 20 anos pela 
não cobrança às operadoras de plano de plano de saúde. “O ressarcimento ao SUS ainda é uma promessa. A histórica 
omissão da ANS na cobrança e a litigação judicial acionada pelas operadoras são os principais empecilhos. Mas o 
STF traz argumentos que ajudam a colocar o tema do atual descumprimento da lei em debate. Esperamos que isso 
possa repercutir na atual prática de postergação e recursos dos planos contra o ressarcimento e, principalmente, possa 
reverter a hesitação da ANS, que hoje joga contra o ressarcimento”, avalia.
Conquista em risco
A decisão do STF, porém, ocorre em um momento em que já se discute alterar a Lei de Planos na Câmara dos 
Deputados. Scheffer lembra que entre as propostas está a mudança no ressarcimento. Os recursos, em vez de serem 
destinados à União, iriam para os estados. "Haverá incentivo a uma ‘dupla-porta’ construída sob o argumento de 
complementação orçamentária", salienta o professor. Isso porque o ressarcimento passaria a ser realizado 
diretamente a hospitais e municípios, desvirtuando o sentido original da sua concepção. “Os serviços públicos 
passariam a ter um caixa para receber remuneração por atendimentos a clientes de planos de saúde, abrindo caminho 
para o estabelecimento de convênios diretos entre planos de saúde e hospitais públicos, secretarias municipais e 
estaduais de saúde”, critica.
Para Scheffer, a norma existente baseia-se em princípio de justiça contábil nacional — ou seja, clientes de planos não 
deveriam precisar buscar atendimento no SUS, mas se ocorrer deverá haver uma retribuição pelo serviço prestado. 
“Já a proposta do relator do novo marco legal dos planos de saúde [Rogério Marinho, do PSDB-RN] inverte a lógica 
da distribuição, privilegia estabelecimentos, municípios e estados localizados nas regiões Sul e Sudeste, que têm 
maior concentração de clientes de planos de saúde. Mais uma vez as regiões Norte e Nordeste serão penalizadas”, 
conclui.
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Página: http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/o-fim-de-um-impasse-que-dura-quase-duas-decadas
Links
[1] http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/tag/planos-de-saude
[2] http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/novos-planos-de-saude-no-mercado-acessiveis-para-quem

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