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Curso de Graduação Online | UNISUAM PEDAGOGIA Didática UN ID AD E 3 Objetivo do estudo - Discorrer sobre a questão do planejamento numa perspectiva crítica. - Dissertar sobre o planejamento de ensino e seus desdobramentos. - Dissertar sobre planejamento e avaliação da aprendizagem. Planejamento na área de Educação Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 2 3 Apresentação O planejamento é extremamente importante para o desenvolvimento do trabalho docente. Existem vários níveis e tipos de planejamento. Nesta unidade, veremos que a organização do trabalho pedagógico se dá por meio do planejamento, da organização dos conteúdos, dos processos metodológicos e dos instrumentos de avaliação da aprendizagem. Vamos conhecer as diferentes possibilidades de organizar a ação educacional! Fonte: <http://www.koisasdekarina.com.br/wp- content/uploads/2009/11/alice-maravilhas.jpg> “Poderias indicar-me, por favor, onde tenho que ir, desde aqui? Isso depende de onde queres chegar, contesta o gato. Não me importa muito onde..., explica Alice. Neste caso, dá no mesmo onde vais, interrompe o gato. ...Sempre que chegue a alguma parte, termina Alice explicando. Oh! Sempre chegarás a alguma parte se caminhas o sufi ciente, diz o gato...” (Lewis Carol – Alice no País das Maravilhas) Alice no País das Maravilhas Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 3 T1 A Questão do Planejamento numa Perspectiva Crítica Para começar, que tal conhecermos como os diferentes autores definem Planejamento? Processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, na busca da melhoria do sistema educacional. Como processo, o planejamento não ocorre em um momento do ano, mas a cada dia. A realidade educacional é muito dinâmica. Os problemas, as reivindicações não têm hora nem lugar para se manifestarem. Assim decide-se a cada dia, a cada hora. (SOBRINHO, 1994). Processo de reflexão, de tomada de decisão (...) enquanto processo, ele é permanente. (VASCONCELLOS,1995). Processo de análise crítica que o educador faz de suas ações e intenções, onde ele procura ampliar sua consciência em relação aos problemas do seu cotidiano pedagógico, à origem deles, à conjuntura na qual aparecem e quais as formas para superação dos mesmos. (FUSARI, s.d. [a]). Fica claro, portanto, que toda ação educacional pressupõe um planejamento. Existem níveis diferenciados de planejamento na educação: • Nível Nacional, Estadual ou Municipal • Nível Local Vamos conhecer cada um deles? Nível Nacional, Estadual ou Municipal – Planejamento do Sistema de Educação É o planejamento de maior abrangência, que incorpora e reflete as grandes políticas educacionais. Podemos citar como exemplos as Diretrizes Curriculares Nacionais e os currículos das Redes de Ensino Estadual e Municipal. São orientações gerais que apresentam os princípios políticos, filosóficos e teóricos da educação nos diferentes níveis de ensino de acordo com a legislação educacional vigente. Sendo assim, existem planejamentos amplos para a Educação Básica e para a Educação Superior. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 4 Nível Local – Planejamento Curricular e Planejamento Escolar O planejamento curricular é o planejamento realizado para sistematizar a vida escolar. “É um instrumento que orienta a educação, como processo dinâmico e integrado de todos os elementos que interagem para consecução dos objetivos, tanto os do aluno, como os da escola” (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 1993). Ainda, segundo Vasconcellos (1995), o planejamento curricular “é a proposta geral das experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela escola, incorporada nos diversos componentes curriculares. É a espinha dorsal da escola, desde as séries iniciais até as terminais. A proposta curricular pode ter como referência os seguintes elementos: Fundamentos da Disciplina/Área de Estudo, Desafios Pedagógicos, Encaminhamento Metodológico, Proposta de Conteúdos, Processo de Avaliação...” Já o planejamento escolar “é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO,1992). A tendência atual é a ênfase no processo de planejamento participativo que se caracteriza por um processo político, democrático, coletivo, em que há a participação do maior número possível de professores e comunidade escolar, em que a tomada de decisão é compartilhada e compromissada por todos. Desta forma, em todos os níveis de ensino, a prática do planejamento participativo deve se tornar uma realidade educacional. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 5 O Plano é um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer Uma boa forma de refletirmos sobre essa questão é pegarmos emprestados os dizeres de Paulo Freire (1981) “Simplesmente, não posso pensar pelos outros nem para os outros, nem sem os outros.” Após o processo coletivo, o professor organiza sua ação didática cotidiana por intermédio do seu planejamento de aula. É importante perceber que ao elaborar suas aulas o professor articulará todos os níveis de planejamento. Desde as diretrizes mais amplas até suas unidades ou temas de trabalho. Todos prontos para participar de um processo de planejamento? E qual a diferença entre planejamento e plano? Você saberia dizer? O planejamento representa o processo e o plano é um registro do processo. Sendo assim, temos planos em todos os níveis em que ocorrem os planejamentos educacionais. Vamos conhecer esses planos? Nível Nacional, Estadual ou Municipal – Plano Nacional, Estadual ou Municipal de Educação Os Planos estão vinculados aos Planejamentos. Segundo Sobrinho (1994): O Plano é um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer (...) Com o Plano é possível então acompanhar o seu desempenho, avaliar se os resultados alcançados foram ou não os esperados, onde houve desvios, quais os problemas enfrentados. Ainda, segundo Libâneo (1992), plano é um guia de orientação, pois nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho docente. Como a sua função é orientar a prática, partindo das exigências da própria prática, ele não pode ser um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais. Está clara a diferença? Então, vamos adiante! Diferentemente de “Alice”, sabemos onde queremos chegar e, portanto, temos um caminho a seguir. Tudo bem? Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 6 Nível Local – Plano Curricular, Plano de Curso, Plano de Disciplina, Plano de Ensino e Plano de Unidade Plano Curricular Expressa a filosofia da escola e seus objetivos fundamentados nos Planos Nacionais, Estaduais ou Municipais Plano de Curso Apresenta a proposta pedagógica com seus objetivos gerais, conteúdos básicos, metodologia, sistemática de avaliação e bibliografia. Desta forma define quem quer formar. (FUSARI) Plano de Disciplina É a previsão dos conhecimentos e conteúdos que serão desenvolvidos na sala de aula, a definição dos objetivos mais importantes, assim como a seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino, como também dos recursos humanos e materiais que serão usados para um melhor ensino e aprendizagem. (MENEGOLLA & SANT’ANNA). Plano de Ensino É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docentepara um ano ou semestre; é um documento mais elaborado, dividido por unidades sequenciais, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico. (LIBÂNEO) Conceitualmente, já é possível refletir sobre as possibilidades de organização do trabalho escolar de uma forma mais ampla com os Planejamentos e de forma mais próxima ao cotidiano da ação docente com os Planos. T2 O Planejamento de Ensino e seus Desdobramentos Podemos afirmar que na medida em que se concebe o planejamento como um meio para facilitar e viabilizar a democratização do ensino, o seu conceito necessita ser revisto, reconsiderado e redirecionado. Qual é o sentido atual para o conceito de Planejamento? Na prática docente atual, o planejamento tem-se reduzido à atividade em que o professor preenche e entrega à secretaria da escola um formulário. Este é previamente padronizado e diagramado em colunas, onde o docente redige os seus "objetivos gerais", "objetivos específicos' "conteúdos", "estratégias" e "avaliação”. Em muitos casos, os professores copiam ou fazem fotocópias do plano do ano anterior e o entregam à secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade burocrática cumprida. É preciso esclarecer que planejamento não é isto. Ele deve ser concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente, como um processo de reflexão. Segundo Saviani (1987, p. 23), “a palavra reflexão vem do verbo latino 'reflectire' que significa 'voltar atrás'. É, pois um (re) pensar, ou seja, um pensamento em segundo grau. (.. .) Refletir é o ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. E é isto o filosofar”. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 7 Entretanto, não é qualquer tipo de reflexão que se pretende e sim algo articulado, crítico e rigoroso. Ainda segundo Saviani (1987, p. 24), para que a reflexão seja considerada filosófica, ela tem de preencher três requisitos básicos, ou seja, ser: "radical" - o que significa buscar a raiz do problema; "rigorosa" - na medida em que faz uso do método científico; "de conjunto" - pois exige visão da totalidade na qual o fenômeno aparece. O planejamento é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 8 Planejamento e Plano de Ensino podem ser tomados como sinônimos? Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos "planejamento" e "plano" como sinônimos, estes não o são. É preciso, portanto, explicitar as diferenças entre os dois conceitos, bem como a íntima relação entre eles. Enquanto o planejamento do ensino é o processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos" (FUSARI, 1989, p. 10), o plano de ensino é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específi ca. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano. A ação consciente, competente e crítica do educador é que transforma a realidade, a partir das refl exões vivenciadas no planejamento e, consequentemente, do que foi proposto no plano de ensino. Um profi ssional da Educação bem preparado supera eventuais limites do seu plano de ensino. O inverso, porém, não ocorre!! Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 9 Como formalizar o Plano de Ensino? É preciso assumir que é possível e desejável superar os entraves colocados pelo tradicional formulário, previamente traçado, fotocopiado ou impresso, onde são delimitados centímetros quadrados para os "objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação". A escola pode e deve encontrar outras formas de lidar com o planejamento do ensino e com seus desdobramentos em planos e projetos. É importante desencadear um processo de repensar todo o ensino, buscando um signifi cado transformador para os elementos curriculares básicos: • objetivos da educação escolar (para que ensinar e aprender?); • conteúdos (o que ensinar e aprender?); • métodos (como e com o que ensinar e aprender?); • tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensinar e aprender?); • avaliação (como e o que foi efetivamente ensinado e aprendido?). O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula. A ausência de um processo de planejamento do ensino nas escolas, aliada às demais difi culdades enfrentadas pelos docentes no exercício do seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação pedagógica nas aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma "regra", prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo. Sugere-se que os professores discutam a questão da "forma" e do "conteúdo" no processo de planejamento e elaboração de planos de ensino, buscando alternativas para superar as dicotomias entre fazer e pensar, teoria e prática, tão presentes no cotidiano do trabalho dos nossos professores. Vale a pena enfrentar este desafi o e pensar a respeito! Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 10 A elaboração de Planos de Ensino, da forma como está sendo praticada, elimina o trabalho de preparo das aulas? Não. O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profi ssional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si. Cada aula é um encontro curricular, no qual, nó a nó, vai-se tecendo a rede do currículo escolar proposto para determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino. Também aqui vale reforçar que faz parte da competência teórica do professor, e dos seus compromissos com a democratização do ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas, o que implica ter claro, também, quem é seu aluno, o que pretende com o conteúdo, como inicia rotineiramente suas aulas, como as conduz e se existe a preocupação com uma síntese fi nal do dia ou dos quarenta ou cinquenta minutos vivenciados durante a hora-aula. A aula, no contexto da educação escolar, é uma síntese curricular que concretiza, efetiva, constrói o processo de ensinar e aprender. O aluno precisa ir percebendo, sentindo e compreendendo cada aula como um processo vivido por ele para que, na especifi cidade da educação escolar, avance, como diz Saviani (1987), do "senso comum" à "consciência fi losófi ca". A aula, por sua vez, deve ser concebida como um momento curricular importante, na qual o educador faz a mediação competente e critica entre os alunos e os conteúdos do ensino, sempre procurando direcionar a ação docente para: estimular os alunos, via trabalho curricular, ao desenvolvimento da percepção crítica da realidade e de seus problemas; estimular os alunos ao desenvolvimento de atitudes de tomada de posição ante os problemas da sociedade; valorizar nos alunos atitudes que indicam tendência a ações que propiciam a superação dos problemas objetivos da sociedade brasileira. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 11 Comoo livro didático pode auxiliar no preparo e desenvolvimento do trabalho em sala de aula? Um ponto que necessita ficar bastante claro é que o livro didático é um dos meios de comunicação no processo de ensinar e aprender. Como tal, ele faz parte do método e da metodologia de trabalho do professor, os quais, por sua vez, estão ligados ao conteúdo que está sendo trabalhado, tendo em vista o atingimento de determinados objetivos educacionais (pontos de chegada). A partir de 5 de outubro de 1988, o Art. 208 da nova Constituição da República Federativa do Brasil mudou a nomenclatura para Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. No entanto, neste texto continua-se usando a nomenclatura ainda em vigor, tendo em vista que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não procedeu à alteração. O livro didático é apenas um dos instrumentos comunicacionais do professor no processo de educação escolar, tanto na Pré-escola, como no Ensino Fundamental e Médio. Isto significa que a capacidade do professor deve ser mais abrangente, não se limitando ao mero recorrer ao livro didático. Um livro de categoria média, nas mãos de um bom professor, pode tornar- se um excelente meio de comunicação, pois a capacidade do docente está além do livro e de seus limites. Já um bom livro nas mãos de um profissional pouco capacitado acaba muitas vezes reduzindo-se à função de um "pseudodocente". Em outras palavras, o livro didático acaba sendo considerado o "professor", o que não deve ocorrer, tendo em vista a especificidade comunicacional escolar de transmissão/assimilação, de interação ligada aos conteúdos de ensino e aprendizagem, que deve expressar-se entre o docente e seus alunos, mediada metodicamente por livros e outros meios de comunicação, nas aulas, para atingir os objetivos educacionais escolares. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 12 Qual é a prioridade do processo de planejamento? Elaborar o Plano Escolar ou de Currículo, o Plano de Curso ou o Plano de Ensino? É claro que os três tipos de plano se complementam, se interpenetram e compõem o corpo do plano de currículo da escola. Entretanto, na prática das escolas, devido à quase total falta de condições de trabalho docente, a elaboração dos planos escolar, de curso e de ensino tem-se revelado complexa, fragmentada, longe mesmo, em alguns casos, daquela organicidade desejada para o processo ensino-aprendizagem. É preocupante a situação dos professores; eles têm de entregar planos gerais das disciplinas, planos de ensino e, no entanto, não possuem condições para o preparo das aulas, o que é o mais fundamental. Vale retomar, contudo, a questão colocada e tentar respondê- la. Algo precisa ser feito para reverter o quadro, e um dos pontos de partida, dentre outros, é o de recuperação do plano de ensino, no sentido de preparo das aulas, facilitando, assim, o trabalho docente no processo ensino-aprendizagem. Na atual conjuntura problemática em que se encontra a escola, vamos estimular os professores a prepararem as suas aulas, garantindo, deste modo, um trabalho mais competente e produtivo no processo ensino-aprendizagem, no qual o professor seja um bom mediador entre os alunos (com suas características e necessidades) e os conteúdos do ensino. Tudo entendido até aqui? Vamos em frente! três tipos de plano se complementam, se interpenetram e compõem o corpo do plano de currículo da escola Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 13 T3 O planejamento e avaliação da aprendizagem Muitos autores estabelecem uma inter-relação entre planejamento e avaliação e nessa perspectiva a ação pedagógica adquire um novo significado. Ao elaborarmos os objetivos e selecionarmos os conteúdos significativamente, estamos refletindo sobre o processo real de ensino, que envolve saberes diferenciados associados às experiências vividas pelo aluno durante seu processo de escolarização anterior. A adequação dos objetivos ao conteúdo e ao grupo referência ao qual se destina permite ao docente atualizar constantemente o seu fazer pedagógico. O ato de planejar não é mera ação burocrática, mas sim a expressão das intenções educativas a curto, médio e longo prazo. http://www.faculdadearapoti.com.br/blogadm/ wp-content/uploads/2014/04/Avaliacao-058.jpg A organização do material de ensino está a serviço de uma prática educativa consistente e coerente com os objetivos a alcançar. Desta forma, o docente projeta sua ação didática. Durante o processo de ensino as perguntas surgem: • De que modo os alunos estão compreendendo um determinado tópico? • Qual a articulação desse ou daquele conteúdo com a prática? • Que elementos podem ser somados a um determinado tema a partir da vivência e das referências do grupo? Essas e tantas outras indagações vão coordenando o processo de ensino de forma articulada à avaliação processual. Planejamento e avaliação não são processos distintos, nem antagônicos, e sim complementares. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 14 Como e quando avaliar? Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida, espaço relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas aos processos de ensino e aprendizagem. Devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que fornecem subsídios ao trabalho docente, direcionando o esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o mais pertinente método didático adequados à disciplina - mas não somente, à medida que considerem, igualmente, o contexto sociopolítico no qual o grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível. Objetivos da avaliação: algumas visões De fato, considerando algumas definições de avaliação, podem-se perceber os aspectos amplos que permeiam a questão. Em Miras e Solé (1996, p. 375), encontramos os objetivos do processo de avaliação traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um objeto, em função de distintos critérios” e “obtenção de informações úteis para tomar alguma decisão”. De Ketele (apud Miras e Solé, 1996, p.375) também explora esse duplo aspecto, afirmando que “avaliar significa examinar o grau de adequação entre um conjunto de informações e um conjunto de critérios adequados ao objetivo fixado, com o fim de tomar uma decisão”. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 15 https://www.youtube.com/watch?v=NyV47Ty3JzA &index=5&list=PLD0F0709C60851995 saiba mais Já em Nérici (1977), a avaliação é encarada como uma etapa de um procedimento maior, que incluiria uma verifi cação prévia. Para esse autor, a avaliação é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização do que o educando revelou ter aprendido durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Pode-se dizer, então, que não pode haver avaliação sem que antes tenha havido verifi cação, ou seja, verifi ca-se antes de avaliar. Bloom, Hastings e Madaus (1975) esclarecem que a avaliação pode ser considerada como um método de adquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande variedade de evidências que vão além do exame usual de ‘papel e lápis’. É, ainda, segundo os mesmos autores, um auxílio para clarifi car os objetivos signifi cativos e as metas educacionais, um processo para determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, pelo qual pode ser determinada, etapa por etapa do processo ensino-aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudanças devem ser feitaspara garantir sua efetividade. Pode ser considerada a avaliação, também, segundo Bloom, Hastings e Madaus (1975), um instrumental da prática educacional para verifi car se procedimentos alternativos são ou não igualmente efetivos ao alcance de um conjunto de fi ns educacionais, envolvendo uma coleta sistemática de dados, por meio dos quais se determinam as mudanças que ocorreram no comportamento do aluno, em função dos objetivos educacionais e em que medida estas mudanças ocorrem. Funções do processo avaliativo As argumentações supramencionadas consagram, inevitavelmente, a visão por meio da qual se atribui à avaliação uma tríplice função: de diagnóstico, de verifi cação e de apreciação. avaliação Diagnóstica Formativa Somativa Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 16 Avaliação Diagnóstica A avaliação diagnóstica (ou inicial) "é a que proporciona informações acerca das capacidades do aluno antes de iniciar um processo de ensino-aprendizagem" (MIRAS; SOLÉ, 1996, p.381), ou, ainda, busca a determinação da presença ou ausência de habilidades e pré-requisitos, bem como a identifi cação das causas de repetidas difi culdades na aprendizagem (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1975). Avaliação Formativa Por meio da avaliação formativa, segundo Haydt (1995), é possível constatar se estão os alunos, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verifi cando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas. Ainda segundo a autora, representa esta forma de avaliação o principal meio pelo qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, encontrando, assim, maior estímulo para um estudo sistemático dos conteúdos. Outro aspecto importante, destacado por Haydt (1995), é o da orientação fornecida por este tipo de avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do professor, principalmente pelos mecanismos de feedback. Estes mecanismos permitiriam, então, ao professor “detectar e identifi car defi ciências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoá-lo” (HAYDT, 1995, p.17). Ou, ainda, na defi nição de Bloom, Hastings e Madaus (1975), a avaliação formativa visa informar o professor e o aluno sobre o rendimento da aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a localização das defi ciências na organização do ensino para possibilitar correção e recuperação. Avaliação Somativa O objetivo da avaliação somativa é "determinar o grau de domínio do aluno em uma área de aprendizagem", o que "permite outorgar uma qualifi cação que, por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade da aprendizagem realizada; por isso, (...) é denominada também avaliação creditativa" (MIRAS E SOLÉ, 1996, p.378). Também, tem o propósito de classifi car os alunos ao fi nal de um período de aprendizagem, semestre, ano, mês ou curso, de acordo com os níveis de aproveitamento (BLOOM; HASTINGS; MADAUS,1975). Avaliação e a relevância da qualidade A simples leitura dos conceitos até aqui elencados ressalta, nas diversas abordagens, um ponto de concordância destacado: os mecanismos avaliativos devem pretender verifi car, principalmente, a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, revelando difi culdades, carências e inquietações dos alunos e reorientando o trabalho do professor na superação dos fatores limitativos da plenitude possível na aprendizagem. Não se trata de descartar, portanto, a extensão (quantidade) do que é adquirido pelo aluno no processo, mas de proporcionar uma sintonia entre os aspectos qualitativo e quantitativo. Uma revisão nos métodos avaliativos estaria integrada, então, a um processo equivalente quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, posta em prática para surtir seus efeitos dentro e fora da sala de aula. Com a utilização de métodos apropriados, a avaliação ocorreria não somente depois da transmissão dos conteúdos, mas durante também, considerando a possibilidade de verifi cação da qualidade dos conceitos, critérios, opiniões, práticas e ideias, com oportunas intervenções do professor, que passaria a conduzir os aprendizes na busca de conhecimentos sólidos e pertinentes. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 17 Centra (1993) sugere métodos de ensino mais apropriados a cada nível de aprendizado, utilizando como base os níveis cognitivos de Bloom, contidos em sua obra “Taxonomy of Educational Objectives”: Relação entre objetivos de aprendizagem e técnicas de ensino Nível Cognitivo de Bloom Técnica de Ensino Apropriada Conhecimento e compreensão (aprendizado de fatos, princípios e teorias; entendimento e habilidade para expor conceitos) Conferências (com recursos audiovisuais), instrução programada, leituras Apl icação (habi l idade para apl icar corretamente a informação recebida) Conferências e discussões, seminários modificações ativas às conferências, instrução assistida por computador, simulações, estudos de caso, jogos, experiências de campo, laboratório, estudo independente, instrução individualizada Análise e síntese Discussões em seminários, projetos independentes feitos em grupos, aprendizado colaborativo ou cooperativo, simulações, estudos independentes, laboratórios Fonte: Centra (1993) Vale ressaltar que as avaliações de qualidade, oportunas e orientadoras, são auxiliares legítimas da construção do conhecimento em aspecto amplo, não apenas dos conteúdos propriamente ditos, como também de posturas e atitudes – ou, numa expressão, como sintetizou Brookfield (1990), “helpful evaluations”. Mais ainda: são necessárias avaliações capazes de proporcionar melhorias naquilo que se pretende ensinar, ao ponto de se poder concluir, quase que unanimemente, que, “sem dúvida, uma das mais importantes funções da avaliação é fornecer subsídios para o aperfeiçoamento do ensino” (ABRAMOWICZ, 1994, p.156). Por este lado da questão, pode-se constatar a prevalência das avaliações diagnóstica e formativa enquanto instrumentos provedores do mencionado aperfeiçoamento, num aspecto amplo, compreendido desde o fomento da qualidade nos métodos didáticos e pedagógicos até a possibilidade de conferir maior liberdade ao estudante, em detrimento de visões autoritárias e predominantemente classificatórias, ligadas ao uso isolado de formas tradicionais de avaliação. E então, refletindo sobre a avaliação? avaliações de qualidade, oportunas e orientadoras, são auxiliares legítimas da construção do conhecimento em aspecto amplo Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 18 T4 O Projeto Pedagógico da Escola Neste tópico, trataremos da construção do projeto pedagógico. Você sabia que esse projeto é muito importante para uma instituição educacional? http://colegiopaulofreiresj.com.br/wp-content/uploads/2011/09/ppp.jpeg Pois bem, podemos defi nir o projeto pedagógico como uma construção coletiva que envolve integrantes da comunidade escolar. Trata-se de uma direção para a ação pedagógica da escola, defi nida pela visão dos educadores, em relação à legislação educacional vigente e à sua realidade escolar. Detectam-se seus problemas e levam- se à frente alternativas para enfrentá-los. Tudo em processo permanente de refl exão e discussão, pelo diagnóstico construtivo. Agora, você sabe por que o projeto é político e pedagógico? Vamos lá! O projeto pedagógico possibilita, pela ação educativa, que a escola torne reais suas intenções de construir conhecimentos e valores. Nesse sentido, o projeto passa a ser, assim, a garantia da conjunção das atividades sociais e culturais da escola com suas atribuições pedagógicas. Ao construir o Projeto Pedagógico, a comunidade escolar estabelece uma direção para sua ação pedagógica, assumindo um compromisso defi nido coletivamente, combase na realidade da escola. Assim, faz-se necessário conhecer e refl etir sobre esta realidade, respondendo a questões básicas como: • Quem são nossos alunos? • Como é o grupo social a que eles pertencem? Quais as características do corpo docente da escola? Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 19 Elementos básicos do projeto O projeto político pedagógico é composto pelos seguintes elementos básicos: Finalidade Intenção pretendida e almejada por todos, tanto cultural, político, social, profissional e humano, sendo necessária a decisão coletiva para que consiga o almejado. Estrutura organizacional Todos nós precisamos de uma estrutura, pois com ela identificamos nossos valores e as relações desenvolvidas. Uma instituição forma esta estrutura por meio dos limites, dos recursos disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a realidade escolar. Currículo Organização do conhecimento escolar, em que há uma integração que tem como objetivo agrupar as disciplinas num todo mais amplo, diminuindo o isolamento entre elas. Tempo escolar Está ligado ao horário escolar, que fixa o número de horas por semana e o número de aulas por professor; o tempo é preciso para que os educadores aprofundem seus conhecimentos sobre os alunos e sobre o que estão aprendendo, e para se fazer um acompanhamento e uma avaliação do projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para que haja uma organização também fora da sala de aula. Processo de decisão Se dá na troca de organização, nos fluxos das tarefas, das ações e decisões realizadas pelo poder autoritário e centralizador. As relações de trabalho Devem conter atitudes de solidariedade, reciprocidade e participação coletiva. A partir disso, novas relações de poder poderão ser constituídas na dinâmica interna de sala de aula e da escola. Avaliação Baseia-se no acompanhamento das atividades que são avaliadas em dados concretos sobre o projeto político-pedagógico, não sendo assim um instrumento de exclusão dos alunos. A partir desses elementos básicos, o projeto pedagógico deve ser entendido como a própria organização do trabalho pedagógico da escola e parte dos princípios norteadores de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do magistério. É importante enfatizar que a organização do trabalho pedagógico deve ser analisada e compreendida no sentido de reduzir os efeitos de sua divisão de trabalho, de sua fragmentação e do controle hierárquico. O projeto pedagógico é um instrumento de luta e é uma maneira de opor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua rotina, à dependência e aos efeitos negativos do poder autoritário e centralizador dos órgãos da administração central. O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia de cada escola, na pessoa dos seus agentes em se assumir como tal, trabalhando a sua realidade, buscando alcançar os seus objetivos. O projeto deve ser visto como um momento de renovação da escola. Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 20 Na elaboração do projeto pedagógico deve-se levar em consideração a escola existente e a escola desejada. Para atingir tal meta é necessário que a escola trabalhe de forma coletiva, democraticamente e com um mesmo objetivo. Então, podemos afi rmar que entendemos o projeto pedagógico como o desenrolar de um processo participativo que envolve toda a comunidade escolar com o objetivo de direcionar o trabalho pedagógico desenvolvido no cotidiano escolar. O projeto tem em vista a transformação da escola que temos para a escola que queremos, uma escola que englobe o cotidiano da comunidade, levando em consideração os aspectos pedagógicos, educacionais e sociais que contemplem a diversidade de culturas existentes em torno do prédio escolar. Sendo assim, torna-se um ponto de partida para estarmos sempre renovando e restaurando as necessidades da Unidade Escolar. https://www.youtube.com/watch?v=lkreusdF8LE saiba mais Planejamento na Área de Educação Didática | UNISUAM 21 Conclusão Pode-se, pois, afirmar que o planejamento do ensino é o processo de pensar, de forma "radical", "rigorosa" e "de conjunto", os problemas da educação escolar, no processo ensino- aprendizagem. Consequentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino. Planejamento e plano se complementam e se interpenetram, no processo ação-reflexão-ação da prática social docente. Um bom plano não transforma, em si, a realidade da sala de aula, pois ele depende da competência e compromisso do docente. A escola é um ser vivo que precisa ser motivado a dar continuidade em um trabalho de desenvolvimento. O projeto pedagógico possibilita isso, traçar metas, definir objetivos, apoiando- se no desenvolvimento de uma consciência crítica; no envolvimento das pessoas: comunidade interna e externa à escola; na participação e na cooperação das diversas esferas de governo; na autonomia, na responsabilidade e criatividade como processo e como produto do projeto. Referências ABRAMOWICZ, M. Avaliação Educacional e Qualidade de Ensino: uma reflexão crítica. Universidade – A Busca da Qualidade, v.1, n.3, 1994. ALMEIDA, A.M.F.P. de. A avaliação da aprendizagem e seus desdobramentos. Revista de Avaliação Institucional da Educação Superior, v.2, n.2 (4), 1997. BLOOM, B.S., HASTINGS, J.T., MADAUS, G.F. Evaluación del aprendizaje. Buenos Aires: Troquel, 1975. BROOKFIELD, S. D. The Skillful Teacher. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1990. CENTRA, J.A. Reflective Faculty Evaluation: enhancing teaching and determining faculty effectiveness. San Francisco: Jossey-Bass Publishers, 1993. CRUZ, D.M. 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