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psicologia unidade 2

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1
PSICOLOGIA JURÍDICA
PSICOLOGIA JURÍDICA
Graduação
PSICOLOGIA JURÍDICA
25
U
N
ID
A
D
E 
2
CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA
GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
Após analisarmos o contexto histórico no qual surgiu a psicologia
científica, nesta unidade vamos nos preocupar em abordar o contexto
biopsicossocial no qual o homem está inserido, dando importância para o
estabelecimento e a manutenção desses contextos ao longo da sua história
de vida, enfim, do seu desenvolvimento individual. Tudo isso, abordando
conceitos importantes e talvez novos para os operadores do Direito, contudo
de grande importância para um melhor entendimento das futuras unidades
desta disciplina.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
• Definir personalidade;
• Identificar a relevância do conhecimento associado ao
desenvolvimento da personalidade para o direito no contexto
das principais teorias do desenvolvimento: teoria psicanalítica,
teoria do desenvolvimento psicossocial e teoria do
desenvolvimento moral.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Personalidade versus Temperamento;
• Teoria Psicanalítica;
• Estrutura da Personalidade;
• Topografia da mente;
• Dinâmica da Personalidade e os mecanismos de defesa do Ego;
• Os estágios do desenvolvimento da Personalidade de Freud;
• Relevância da Teoria Psicanalítica para a prática da psicologia
jurídica;
• Teoria do Desenvolvimento Psicossocial;
• Estágios de desenvolvimento da Personalidade de Erikson;
• Relevância da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial para a
prática da psicologia jurídica;
• Teoria do Desenvolvimento Moral;
• Relevância da Teoria do Desenvolvimento Moral para a psicologia
jurídica.
Bons estudos!
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
26
PERSONALIDADE VERSUS TEMPERAMENTO
A DSM-IV (American Psychiatric Association [APA], 1994) define
personalidade como “padrões duradouros de perceber, relacionar com o
ambiente e consigo mesmo e pensar a respeito disso”.
As teorias do desenvolvimento identificam os comportamentos
associados aos diversos estágios pelos quais os indivíduos passam,
especificando assim o que é adequado ou inadequado a cada nível do
desenvolvimento.
Logo, os estágios do desenvolvimento são identificados pela idade.
Os comportamentos podem, então, ser avaliados por serem ou não
reconhecidos como apropriados à idade. Idealmente, um indivíduo executa
com êxito todas as tarefas associadas a um estágio antes de passar para o
estágio seguinte (à idade apropriada). Na realidade, porém, isto raramente
acontece. Uma das razões disso está relacionada ao temperamento. O
temperamento designa características de personalidade inatas que
influenciam a maneira pela qual o individuo reage ao ambiente e em última
análise sua progressão no desenvolvimento (Chess & Thomas, 1986). Sendo
que o ambiente também pode influenciar o padrão de desenvolvimento de
um indivíduo. Os indivíduos que são criados num sistema familiar disfuncional
apresentam com freqüência retardo no desenvolvimento do ego. De acordo
com os especialistas no desenvolvimento do ciclo vital, os comportamentos
de um estágio não completado com êxito podem ser modificados e
corrigidos num estágio posterior. Prosseguiremos ao capítulo dois para
compreender em detalhes os estágios do desenvolvimento segundo a teoria
psicanalítica.
TEORIA PSICANALÍTICA
Freud (1961), que já foi chamado de pai da psiquiatria, é considerado
o primeiro a identificar o desenvolvimento por estágios. Ele considerava os
5 primeiros anos da vida de uma criança como sendo os mais importantes,
pois achava que o caráter básico de um indivíduo já estava formado à idade
de 5 anos.
A teoria de personalidade de Freud pode ser considerada de acordo
com a estrutura e a dinâmica da personalidade, a topografia da mente e os
estágios de desenvolvimento da personalidade.
ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
Freud organizou a estrutura da
personalidade em três componentes principais:
id, ego e superego. Eles são distinguidos por suas
funções peculiares e características diferentes.
Id
PSICOLOGIA JURÍDICA
27
O id é o local das pulsões instintivas – o “princípio do prazer”. Presente
ao nascimento, ele dota a criança de pulsões instintivas que buscam satisfazer
necessidades e obter gratificação imediata. Os comportamentos
impulsionados pelo id são impulsivos e podem ser irracionais.
Ego
Também denominado eu racional ou “princípio da realidade”, o ego
começa a desenvolver-se entre os 4 e os 6 meses de idade. O ego vivencia
a realidade do mundo externo, adapta-se a ela e responde a ela. À medida
que se desenvolve e ganha força, o ego procura fazer as influências do
mundo externo agirem sobre o id, para substituir o princípio do prazer pelo
princípio da realidade (Kaplan & Sadock, 1989). Uma das principais funções
do ego é a de mediador, ou seja, de manter a harmonia entre o mundo
externo, o id e o superego.
Superego
Se o id é comandado pelo princípio do prazer e o ego pelo principio da
realidade, o superego pode ser designado como “principio da perfeição”.
Desenvolvendo-se entre os 3 e os 6 anos de idade, o superego internaliza
os valores e princípios morais estabelecidos pelos responsáveis primários
pelo cuidado do indivíduo. Derivado de nosso sistema de recompensas e
punições, o superego é constituído de dois componentes principais, o ideal
do ego e a consciência. Quando uma criança é, consistentemente,
recompensada por “bom” comportamento, a auto-estima aumenta e o
comportamento passa a fazer parte do ideal do ego, isto é, ele é internalizado
como parte de seu sistema de valores. A consciência se forma quando a
criança é consistentemente punida por “mau” comportamento. A criança
aprende por feedback recebido das figuras paternas e da sociedade ou cultura
o que é considerado moralmente certo ou errado. Quando os princípios morais
e éticos ou até mesmo ideais e valores são deixados de lado, a consciência
gera um sentimento de culpa no indivíduo, pois ajudo o ego no controle dos
impulsos. Problemas de baixa autoconfiança e baixa auto-estima ocorrem
quando o superego se torna rígido e punitivo.
TOPOGRAFIA DA MENTE
Freud classificou todos os
conteúdos e operações da mente em três
categorias: o consciente, o pré-consciente
e o inconsciente.
O consciente inclui todas as
memórias que permanecem ao alcance da
percepção do indivíduo. Ele é a menor das
três categorias. Eventos e experiências que
são facilmente recordados ou recuperados
são considerados como parte da percepção
consciente do individuo. Os exemplos
incluem números de telefone, aniversários
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
28
da própria pessoa e outros entes queridos, as datas de feriados especiais
e o que se comeu no almoço nesta tarde. A mente consciente está sob o
controle do ego, da estrutura racional e lógica da personalidade.
O pré-consciente inclui todas as memórias que podem ter sido
esquecidas ou não estão no momento na consciência, mas podem ser
rapidamente trazidos à consciência pela atenção. Os exemplos incluem
números de telefone já sabidos, mas pouco usados e sentimentos
associados a eventos vitais significativos que podem ter ocorrido em algum
momento no passado. O pré-consciente aguça a percepção ajudando a
suprimir da consciência memórias desagradáveis ou não-essenciais. Ele está
parcialmente sob controle do superego, que ajuda a suprimir pensamentos
e comportamentos inaceitáveis.
O inconsciente inclui todas as memórias que não se conseguem trazer
à percepção consciente. Ele é o maior dos três níveis topográficos. O material
inconsciente consiste em memórias desagradáveis ou não-essenciais que
foram reprimidas e só podemser recuperadas por terapia, hipnose e o uso
de certas substâncias que alteram a percepção e têm a capacidade de
reestruturar as memórias reprimidas. O material inconsciente também pode
vir à tona nos sonhos e num comportamento aparentemente incompreensível.
DINÂMICA DA PERSONALIDADE E OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Freud achava que a energia psíquica é a força ou pulsão necessária
para o funcionamento da mente. Originando-se do id, ela satisfaz
instintivamente as necessidades fisiológicas básicas. Freud designou esta
energia psíquica (ou o impulso a satisfazer necessidades fisiológicas básicas,
como fome, sede e sexo) como libido. À medida que a criança amadurece, a
energia psíquica é desviada do id para formar o ego e depois do ego para
formar o superego. A energia psíquica se distribui por esses três
componentes, com o ego recebendo a maior proporção para manter um
equilíbrio entre o comportamento impulsivo do id e os comportamentos
idealistas do superego. Se uma quantidade excessiva de energia for
armazenada num desses componentes da personalidade, o comportamento
vai refletir esta parte da personalidade. O comportamento impulsivo irá
predominar, por exemplo, ao ser armazenado no id uma energia psíquica
excessiva. Um investimento excessivo no ego vai se refletir em
comportamentos de absorção em si mesmo, ou narcisistas, e um excesso
no superego vai ocasionar comportamentos rígidos e autodepreciativos.
Freud usou os termos catexis e anticatexis para descrever as forças
no id, ego e superego que são usadas para se investir energia psíquica em
fontes externas para satisfazer necessidades.
Freud achava que um desequilíbrio entre catexis e anticatexis
ocasionava conflitos internos, produzindo tensão e ansiedade no indivíduo.
A filha de Freud, Anna, elaborou uma lista de mecanismos de defesa
considerados como sendo usados pelo ego como um recurso protetor
Catexis é o processo
pelo qual o id investe ener-
gia num objetivo na tentati-
va de obter gratificação. Um
exemplo é o indivíduo que
se volta, instintivamente,
para o álcool para aliviar o
estresse.
Anticatexis é o uso de
energia psíquica pelo ego e
o superego para controlar os
impulsos do id. No exemplo
citado, o ego tentaria con-
trolar o uso de álcool pelo
pensamento racional, como
“Eu já tenho úlceras por be-
ber demais. Vou chamar
meu conselheiro do AA para
me dar apoio. Não vou be-
ber”. O superego exerceria
controle por: “Não devo be-
ber. Se eu beber minha fa-
mília vai ficar magoada e fu-
riosa. Tenho de pensar em
como isto os afeta. Sou uma
pessoa muita fraca”.
PSICOLOGIA JURÍDICA
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relativamente à ansiedade, efetuando a mediação entre as exigências
excessivas do id e as restrições excessivas do superego.
MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Quando aumenta o nível de ansiedade, a força do ego é testada e
energia é mobilizada para enfrentar a ameaça. Anna Freud (1953) identificou
alguns mecanismos de defesa do ego empregados face a ameaças à
integridade biológica ou psicológica. Alguns desses mecanismos de defesa
do ego têm maior valor adaptativo que os outros, mas todos eles são usados
consciente ou inconscientemente como recursos protetores do ego, num
esforço para aliviar uma ansiedade leve a moderada. Eles se tornam um
fator de desajuste quando são “usados em grau tão extremo que distorcem
a realidade, interferem nas relações interpessoais, limitam a capacidade do
indivíduo em trabalhar de maneira produtiva e promovem a desintegração
do ego e não a integridade do eu” (Stuart & Sundeen, 1987). Os principais
mecanismos de defesa do ego identificados por Anna Freud são discutidos a
seguir.
1. Compensação é encobrir uma fraqueza real ou percebida
enfatizando-se uma característica que se considera mais
desejável.
(a) Um menino deficiente físico, incapaz de participar em
atividades esportivas, compensa tornando-se muito estudioso.
(b) Um rapaz que é o mais baixo de seu grupo considera isso
como uma deficiência e compensa-a tornando-se
excessivamente agressivo e audacioso.
2. Negação é a recusa em reconhecer a existência de uma situação
real ou sentimento a ela associado.
(a) Uma mulher foi informada por seu médico de família de
que tem um caroço no seio. É marcada uma consulta para ela
com um cirurgião; entretanto, ela falta à consulta e ocupa-se
de suas atividades da vida cotidiana sem nenhuma evidência
de preocupação.
(b) Os indivíduos continuam a fumar mesmo tendo sido
informados do risco de saúde envolvido.
3. Deslocamento é a transferência de sentimentos de um alvo
para outro que é considerado menos ameaçador ou neutro.
(a) Um homem que é preterido para promoção em seu
trabalho não diz nada ao patrão, mas depois faz pouco do filho
por não entrar para o time de basquete.
(b) Um menino que é ridicularizado e espancado pelo
valentão de sua classe no recreio vem para casa depois da
escola e dá um chute em seu cachorro.
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
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UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
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4. Identificação é uma tentativa de aumentar o próprio valor
adquirindo-se certos atributos e características de alguém a
quem se admira.
(a) Uma garota adolescente imita os maneirismos
e o estilo de vestir-se de uma estrela do rock
popular.
(b) O jovem filho de um famoso batalhador pelos
direitos humanos adota as atitudes e
comportamentos do pai, na intenção de seguir uma
carreira semelhante.
5. Intelectualização é uma tentativa de evitar as emoções reais
associadas a uma situação de estresse pelo uso dos processos
intelectuais da lógica, raciocínio e análise.
Um jovem professor de psicologia recebe uma
carta da noiva rompendo o noivado. Ele não
demonstra qualquer emoção ao discutir isso com
seu melhor amigo. Em vez disso, ele analisa o
comportamento da noiva e tenta estabelecer as
razões pelas quais a relação fracassou.
6. Introjeção é a internalização das crenças e valores de um outro
indivíduo, de tal modo que eles passam a fazer parte
simbolicamente do eu, a ponto de perder-se o sentimento de
separação ou diferença.
Uma criança pequena desenvolve sua
consciência internalizando o que seus pais
consideram ser certo e errado. Os pais tornam-se
literalmente parte da criança. A criança diz a um
amigo enquanto brinca: “Não bata nas pessoas.
Isso não é bom!”
7. Isolamento é a separação de um pensamento ou uma
recordação do afeto ou das emoções associadas a este.
Uma mulher jovem descreve ter sido atacada
e estuprada por uma gangue de rua. Ela tem
expressão apática e não apresenta nenhuma
reação emocional.
8. Projeção é a atribuição a uma outra pessoa de sentimentos
ou impulsos inaceitáveis pelo próprio eu. O indivíduo “passa a
culpa” desses sentimentos ou impulsos indesejáveis para outra
pessoa, obtendo, assim, alívio da ansiedade a eles
associada.
(a) Um jovem soldado que tem um medo extremo
de participar de combates militares diz a seu
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
PSICOLOGIA JURÍDICA
31
sargento que os outros membros de sua unidade são “um bando
de covardes”.
(b) Um homem de negócios que dá valor à pontualidade chega
atrasado a uma reunião e diz: “Desculpem-me pelo atraso. Meu
assistente não me lembrou da hora certa. É tão difícil encontrar
bons auxiliares hoje em dia.”
9. Racionalização é a tentativa de dar desculpas ou formular
razões lógicas para justificar sentimentos ou comportamentos
inaceitáveis.
(a) Uma mulher jovem não é aceita
para um emprego de secretária após
um mau desempenho num teste de
datilografia. Ela afirma: “Tenho
certeza de que teria me saídomelhor
num processador de palavras. Quase
ninguém usa mais máquina de escrever elétrica hoje em dia!”
(b) Um jovem não pode pagar pelo carro esporte que
desejava muito. Ele diz ao vendedor: “Eu compraria o carro,
mas vou me casar em breve. Este não é exatamente um carro
para um homem com família.”
10. Formação Reativa é evitar a expressão de pensamentos ou
comportamentos inaceitáveis ou indesejáveis exagerando
pensamentos ou tipos de comportamento opostos.
(a) O jovem soldado que tem muito medo de participar de
um combate militar se oferece como voluntário para missões
perigosas na linha de frente.
11. Regressão é o retorno a um nível anterior de desenvolvimento
e às medidas de conforto associadas a esse nível de
funcionamento.
(a) Quando sua mãe vem do
hospital trazendo sua irmãzinha que
acaba de nascer, Tommy, de 4 anos,
que já completou o treinamento
excretor há mais de um ano, começa
a fazer xixi nas calças, chora para ir
para o colo e chupar o dedo.
(b) Uma pessoa que está deprimida vai para o quarto, deita-
se em posição fetal na cama e dorme por um longo período.
12. Repressão é bloquear da própria consciência de modo
involuntário sentimentos e experiências desagradáveis.
Um garoto adolescente não consegue se lembrar de ter dirigido
o carro e ter-se evolvido num acidente em que seu melhor amigo
foi morto.
 EXEMPLIFICANDO
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UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
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13. Sublimação é o redirecionamento de pulsões ou impulsos que
são pessoal ou socialmente inaceitáveis (p.ex., agressividade,
raiva, pulsões sexuais) para atividades que são mais toleráveis
e construtivas.
Um garoto adolescente com fortes impulsos agressivos e
competitivos torna-se a estrela do time de futebol americano
de sua escola.
14. Supressão é bloquear voluntariamente da própria consciência
sentimentos e experiências desagradáveis.
Uma mulher jovem que está deprimida devido a um divórcio
iminente diz à amiga: “Não quero falar sobre o divórcio. Não
há nada mesmo que eu possa fazer sobre isso.”
15. Anulação é o ato de desfazer ou cancelar simbolicamente
uma ação ou vivência anterior que se considera intolerável.
(a) Um homem derrama algum sal na mesa e joga, então,
um pouco o ombro esquerdo para “evitar o azar”.
(b) Um homem que está ansioso por ter de fazer uma
apresentação no trabalho grita com a esposa durante o café
da manhã. Ao retornar para casa naquela noite ele faz uma
parada para comprar-lhe uma dúzia de rosas vermelhas.
OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DE FREUD
Freud descreveu a formação da personalidade por cinco estágios de
desenvolvimento psicossexual. Como já foi colocado anteriormente, Freud
colocou muita ênfase nos 5 primeiros anos de vida e achava que as
características desenvolvidas durante esses primeiros anos influenciavam
fortemente os padrões de adaptação e traços de personalidade do indivíduo
na idade adulta. A fixação num estágio inicial do desenvolvimento vai quase
que certamente ocasionar uma psicopatologia.
Estágio Oral: nascimento aos 18 meses
Durante este estágio o comportamento é
dirigido pelo id e o objetivo é a gratificação imediata
das necessidades. O foco da energia é a boca, com
comportamentos que incluem sugar, mastigar e
morder. O lactente se sente ligado e é incapaz de
diferenciar a si mesmo da pessoa que está fazendo
o papel materno. Isto inclui sentimentos como a
ansiedade, de modo que um sentimento constante
de ansiedade por parte da mãe pode ser passado
a seu bebê, deixando a criança vulnerável a
sentimentos de insegurança semelhantes. Com o
início do desenvolvimento do ego, à idade de 4 a 6 meses, o lactente começa
a ver a si mesmo como separado da figura materna. Uma sensação de
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
 EXEMPLIFICANDO
PSICOLOGIA JURÍDICA
33
segurança e a capacidade de cofiar em outros derivam da gratificação obtida
pela satisfação das necessidades básicas durante esse estágio.
Estágio Anal: 18 meses e 3 anos
As principais tarefas neste estágio são adquirir independência e
controle, com um foco específico na função excretora. Freud achava que a
maneira pela qual os pais e outros
responsáveis pelos cuidados primários
abordam a tarefa do treinamento excretor
pode ter efeitos duradouros sobre a criança
em termos de valores e características de
personalidade. Quando o treinamento
excretor é rígido e inflexível, a criança pode
decidir reter as fezes, ficando constipada. Os
traços de personalidade retentivos adultos
influenciados por esse tipo de treinamento
incluem teimosia, mesquinharia e sovinice.
Uma outra reação a um treinamento excretor
rígido é a criança expelir as fezes de maneira
inaceitável ou em ocasiões impróprias. Os
efeitos a longo prazo deste padrão de comportamento incluem malevolência,
crueldade para com os outros, destrutividade, desorganização e pouca
higiene pessoal. Um treinamento excretor que é mais permissivo e
reconhecedor dá à produção das fezes um sentimento de algo importante e
desejável. A criança torna-se extrovertida, produtiva e altruísta.
Estágio Fálico: 3 a 6 anos
Nesse período o foco da energia passa para a área genital. A descoberta
de diferenças entre os sexos acarreta maior interesse pela própria sexualidade
e por aquela de outras pessoas. Este interesse
pode se manifestar por brincadeiras sexuais auto-
exploratórias ou exploratórias em grupo. Freud
propôs que durante este estágio havia o
desenvolvimento do complexo de Édipo. Ele
descreveu isto como o desejo inconsciente da
criança de eliminar o pai do mesmo sexo e possuir
o pai do sexo oposto para si. Os sentimentos de
culpa ocorrem à emergência do superego durante
este período. A resolução deste conflito interno
ocorre quando a criança vem a apresentar uma forte
identificação com o pai do mesmo sexo e incorpora
as atitudes, crenças e o sistema de valores deste pai.
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
34
Estágio de Latência: 6 a 12 anos
Durante os anos de escola primária o foco
passa do egocentrismo para aquele em que há maior
interesse por atividades em grupo, aprendizado e
socialização com pares. A sexualidade não se
encontra ausente durante este período, mas
permanece obscura e imperceptível aos outros. A
preferência é homossexual, ou seja, as crianças desta
idade evidenciam uma nítida preferência por relações
com indivíduos do mesmo sexo, até mesmo rejeitando
membros do sexo oposto.
Estágio Genital: 13 a 20 anos
No estágio genital há um ressurgimento da
pulsão libidinal com a maturação dos órgãos
genitais. O foco é em relações com membros do sexo
oposto e na preparação para a escolha do parceiro.
O desenvolvimento da maturidade sexual decorre
da autogratificação de comportamentos que foram
considerados aceitáveis pelas normas sociais. As
relações interpessoais se baseiam no prazer
genuíno derivado da interação e não das implicações
mais auto-referentes das associações da infância.
Relevância da Teoria Psicanalítica para a prática
da psicologia jurídica
O conhecimento a respeito da estrutura da personalidade pode ajudar
no reconhecimento dos comportamentos associados ao id, ego e superego
contribuindo na avaliação do nível do desenvolvimento do indivíduo. O
conhecimento do uso dos mecanismos de defesa é importante para fazer
determinações sobre comportamentos desajustados, planejar o cuidado
de clientes de modo a ajudar a produzir mudanças, caso desejado, ou ajudar
os clientes a aceitarem-se como indivíduos únicos.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Na formação do psiquismo humano, além dos fatoresbiológicos,
igualmente importante, são os fatores sociais e culturais. Erikson (1963)
estudou a influência dos processos sociais sobre o desenvolvimento da
personalidade. Ele descreveu oito estágios do ciclo vital durante os quais
os indivíduos lutam com “crises” do desenvolvimento. Tarefas específicas
associadas a cada estágio devem ser completadas para haver a resolução
da crise e crescimento emocional.
Estágios de desenvolvimento da Personalidade de Erikson
Confiança versus Desconfiança: nascimento aos 18 meses
PSICOLOGIA JURÍDICA
35
Principal tarefa do desenvolvimento.
Neste estágio a principal tarefa é desenvolver uma confiança básica
na figura materna e ser capaz de generalizar isto para outras pessoas.
• A realização da tarefa acarreta autoconfiança, otimismo,
confiança na gratificação de necessidades e desejos e esperança
no futuro. A criança aprende a confiar quando as necessidades
básicas são consideradas atendidas.
• A não-realização acarreta insatisfação emocional consigo mesmo
e com outras pessoas, desconfiança e dificuldade nas relações
interpessoais.
Autonomia versus Vergonha e Dúvida: 18 meses a 3 anos
Principal tarefa do desenvolvimento.
A principal tarefa neste estágio é adquirir algum autocontrole e
independência no ambiente.
• A realização dessa tarefa acarreta um sentimento de
autocontrole e a capacidade de retardar a gratificação,
juntamente com um sentimento de autoconfiança na própria
capacidade de desempenho. A autonomia é atingida quando
os pais encorajam atividades independentes e dão
oportunidades para isso.
• A não realização acarreta falta de confiança em si mesmo, falta
de orgulho na própria capacidade, um sentimento de ser
controlado pelos outros e raiva contra si mesmo.
Iniciativa versus culpa: 3 a 6 anos
Principal tarefa do desenvolvimento.
Durante este estágio o objetivo é desenvolver um sentimento de
propósito e a capacidade de iniciar e dirigir as próprias atividades.
• A realização da tarefa acarreta a capacidade de exercer
moderação e autocontrole em relação a comportamentos sociais
impróprios. A afirmação e a responsabilidade aumentam e a
criança aprecia o aprendizado e as conquistas pessoais. A
consciência se desenvolve, controlando, assim, os
comportamentos impulsivos do id. A iniciativa é alcançada
quando a criatividade é encorajada e o desempenho é
reconhecido e reforçado de maneira positiva.
• A não-realização acarreta um sentimento de inadequação e de
derrota. A culpa é vivenciada em grau excessivo, até o ponto
de aceitar-se responsabilidade por situações pelas quais não
se é responsável. A criança pode se ver como má e merecedora
de punição.
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
36
Indústria versus Inferioridade: 6 a 12 anos
Principal tarefa do desenvolvimento.
A principal tarefa aqui é obter um sentimento de autoconfiança pelo
aprendizado, competição, desempenho com êxito e por receber
reconhecimento por parte de outros entes queridos, pares e conhecidos.
• A realização da tarefa acarreta um sentimento de satisfação e
prazer na interação e no envolvimento com outras pessoas. O
indivíduo domina hábitos de trabalho confiáveis e desenvolve
atitudes de merecedor de confiança. Ele é consciencioso, tem
orgulho de suas conquistas e aprecia brincadeiras, mas deseja
um equilíbrio entre a fantasia e as atividades do “mundo real”.
A indústria é alcançada quando é dado encorajamento a
atividades e responsabilidades na escola e na comunidade,
bem como àquelas no lar e é dado reconhecimento às
conquistas.
• A não-realização acarreta dificuldades nas relações
interpessoais, devido a sentimentos de inadequação pessoal.
O indivíduo não pode cooperar ou se comprometer com outras
pessoas e em atividades de grupo, nem resolver problemas
ou completar com êxito as tarefas. Ele pode tornar-se passivo
e dócil ou excessivamente agressivo para encobrir sentimentos
de inadequação. Se isto ocorrer, o indivíduo pode manipular ou
violar os direitos dos outros para satisfazer suas próprias
necessidades ou desejos, pode tornar-se um viciado em
trabalho, com expectativas pouco realista quanto às conquistas
pessoais.
Identidade versus Confusão de Papéis: 12 a 20 anos
Principal tarefa do desenvolvimento.
Neste estágio o objetivo é integrar as tarefas dominadas nos estágios
anteriores a um sentimento seguro do eu.
• A realização dessa tarefa acarreta um sentimento de confiança,
estabilidade emocional e uma percepção de si mesmo como
um indivíduo único. São feitos compromissos com um sistema
de valores, com a escolha de uma carreira e com relações com
membros de ambos os sexos. A identidade é alcançada quando
os adolescentes podem ter experiências independentes,
tomando decisões que influenciam sua vida. Os pais devem
estar disponíveis para dar apoio quando necessário, mas
devem liberar gradualmente o controle ao indivíduo em
maturação, numa tentativa de encorajar ao indivíduo em
maturação, numa tentativa de encorajar o desenvolvimento
de um sentimento independente da própria pessoa.
• A não-realização acarreta um sentimento de constrangimento,
dúvida e confusão quanto ao próprio papel na vida. Valores ou
objetivos pessoais para a própria vida estão ausentes. Os
PSICOLOGIA JURÍDICA
37
compromissos para as relações com outras pessoas não deixam
de existir, mas são, em vez disso, breves e superficiais. Uma
falta de autoconfiança é freqüentemente expressa por um
comportamento delinqüente e rebelde.
Intimidade versus Isolamento: 20 a 30 anos
Principal tarefa do desenvolvimento.
O objetivo durante esta fase é formar uma relação intensa e duradoura
ou um compromisso com outra pessoa, uma causa, uma instituição ou um
esforço criativo (Murray & Zenner, 1997).
• A realização da tarefa acarreta a capacidade de amor e respeito
mútuo entre duas pessoas e a capacidade de um indivíduo de
comprometer-se totalmente com outra pessoa. A intimidade vai
muito além do contato sexual entre duas pessoas. Ela descreve
um compromisso em que são feitos sacrifícios pessoais pelo
outro, quer seja uma pessoa ou, se assim se decidir, uma carreira
ou outro tipo de causa ou tarefa a que o individuo decida dedicar
sua vida. A intimidade é alcançada quando um indivíduo
consegue desenvolver a capacidade de se dar a outro. Isto é
aprendido quando se recebeu este tipo de doação numa
unidade familiar.
• A não-realização acarreta retraimento, isolamento social,
solidão. O indivíduo é incapaz de formar relações íntimas
duradouras, procurando com freqüência a intimidade através
de numerosos contatos sexuais superficiais. Não é estabelecida
uma carreira; ele pode ter uma história de mudanças
ocupacionais (ou pode temer mudanças e permanecer assim
numa situação profissional indesejável). A tarefa não é resolvida
quando a vida no lar foi de privações ou sofreu distorções nas
etapas iniciais (Murry & Zentner, 1997). Não se consegue
desenvolver a capacidade de dar-se sem ter recebido isso
inicialmente dos responsáveis pelo cuidado primário.
Produtividade versus Estagnação ou Auto-absorção: 30 a 65 anos
Principais tarefas do desenvolvimento.
A principal tarefa aqui é atingir os objetivos de vida estabelecidos para
si próprio, ao mesmo tempo em que se leva em consideração o bem-estar
das gerações futuras.
• A realização da tarefa acarreta um sentimento de gratificação por
conquistas pessoais e profissionais e por contribuir de modo significativo
para os outros. O indivíduo é ativo em serviço da sociedade e para ela. A
produtividade é alcançada quando o individuo expressa satisfação com este
estágio da vida e demonstra responsabilidade por fazer do mundo um lugar
melhorpara se viver.
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
38
• A não-realização acarreta ausência de preocupação pelo bem-estar
dos outros e total preocupação com a própria pessoa. Ela se torna retraída,
isolada e muito auto-indulgente, sem nenhuma capacidade de se dar a
outras pessoas.
Integridade do Ego versus Desespero: 65 anos até a morte
Principal tarefa do desenvolvimento.
Durante esta fase o objetivo é rever a própria vida e tirar significado
de eventos tanto positivos como negativos, para obter um sentimento
positivo do eu nesse estágio da vida.
• A realização da tarefa acarreta um sentimento de valor pessoal
e auto-aceitação ao reverem-se os objetivos de vida, aceitando-
se que alguns foram atingidos e outros não. O indivíduo deriva
um sentimento de dignidade de suas experiências de vida e
não teme a morte, vendo-a, em vez disso, como uma outra
fase do desenvolvimento.
• A não-realização acarreta um sentimento de desprezo por si
próprio e desgosto com a maneira pela qual a vida transcorreu.
O indivíduo gostaria de começar de novo e ter uma segunda
chance na vida. Ele ou ela se sente inútil e incapaz de mudar.
Raiva, depressão e solidão são evidentes. O foco pode ser
em fracassos anteriores ou percebidos com tal. A morte iminente
é temida ou negada ou podem predominar idéias de suicídio.
3.2 RELEVÂNCIA DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL PARA
A PRÁTICA DA PSICOLOGIA JURÍDICA
A teoria de Erikson é particularmente aplicável à prática da psicologia
jurídica, por incorporar conceitos socioculturais ao desenvolvimento da
personalidade. Ele proporciona uma abordagem sistemática por etapas e
delineia tarefas específicas que teriam de ser completadas durante cada
estágio. Essas informações podem ser usadas muito facilmente no contexto
psiquiátrico de saúde mental, que estudaremos na unidade IV.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO MORAL
Os estágios de desenvolvimento moral de Kohlberg (1968) não estão
estreitamente ligados a grupos etários específicos. A pesquisa foi realizada
com indivíduos masculinos variando de 10 a 28 anos de idade. Kohlberg
acha que cada estágio é necessário e básico para o estágio seguinte e que
todos os indivíduos têm de progredir seqüencialmente por cada estágio. Ele
definiu três níveis principais de desenvolvimento moral, cada um dos quais
é adicionalmente subdividido em dois estágios. Muitas pessoas não passam
por todos os seis estágios.
Nível I: Nível Pré-convencional (Proeminente dos 4 aos 10 anos de idade)
Estágio 1 – Punição e orientação por obediência.
Nesse estágio o indivíduo responde às orientações culturais de bom
e mau e certo e errado, mas principalmente em termos das conseqüências
relacionadas conhecidas. O medo da punição pode ser o incentivo à
PSICOLOGIA JURÍDICA
39
conformidade. Por exemplo, atitudes do tipo: “Vou fazer isso, porque se não
fizer não vou poder ver TV por uma semana”.
Estágio 2 – Orientação instrumental relativista.
Os comportamentos deste estágio são orientados pelo egocentrismo
e a preocupação com o eu. Há um desejo intenso de satisfazer as próprias
necessidades, mas ocasionalmente as necessidades dos outros são
consideradas. Em sua maior parte as decisões se baseiam nos benefícios
pessoais obtidos. Falas do tipo, “Vou fazer isso se ganhar alguma coisa em
troca” ou ocasionalmente, “... porque você me pediu”, são exemplos desse
estágio.
Nível II: Nível convencional (Proeminente dos 10 aos 13 anos de idade
e até a idade adulta)
Estágio 3 – Orientação por concordância interpessoal.
O comportamento neste estágio é orientado pelas expectativas dos
outros. A aprovação do grupo social do indivíduo e a aceitação neste grupo
proporcionaram o incentivo à conformidade. Atitudes que exemplificam bem
esse estágio são: “Vou fazer isto porque você me pediu”; “...porque isto vai
ajudar a você” ou “... porque isto vai agradar a você”.
Estágio 4 – Orientação por lei e ordem.
Há um respeito pessoal pela autoridade. Regras e leis são necessárias
e sobrepujam princípios pessoais e de grupo. A crença é de que todos os
indivíduos e grupos estão sujeitos ao mesmo código de ordem e ninguém
está isento disso. Por exemplo: “Vou fazer isto porque esta é a lei”.
Nível III: Nível Pós-convencional (Pode Ocorrer da Adolescência em Diante)
Estágio 5 – Orientação legalista dos contratos sociais.
A crença é de que há alguns direitos humanos intrínsecos, aos quais
todos os indivíduos estão habilitados. Os indivíduos que chegam ao estágio
5 desenvolveram um sistema de valores e princípios que determina para
eles o que é certo ou errado; os comportamentos são guiados de maneira
aceitável por este sistema de valores, desde que não violem os direitos
humanos dos outros. O indivíduo no estágio 5 vive de acordo com as leis e
princípios universais; entretanto, ele tem a idéia de que as leis estão sujeitas
à crítica e alterações, conforme a evolução e modificação das necessidades
na sociedade. Como exemplos, temos comportamentos tais como: “Vou fazer
isto porque esta é a coisa moral e legal a se fazer, ainda que não seja minha
escolha pessoal”.
Estágio 6 – Orientação por princípios éticos universais.
O comportamento neste estágio é dirigido por princípios internalizados
de honra, justiça e respeito pela dignidade humana. As leis são abstratas e
não escritas, como a “Regra de Ouro”, “igualdade de direitos humanos” e
“justiça para todos”, não as regras concretas estabelecidas pela sociedade.
A consciência é o guia e uma culpa intensa é a conseqüência quando não se
UNIDADE 2 - CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA GERAL PARA OPERADORES DO DIREITO
40
satisfaz os comportamentos que se espera de si mesmo. A aderência a
esses princípios éticos é tão forte que o individuo é guiado por eles mesmos
sabendo que vão ocorrer conseqüências negativas.
Um exemplo deste último estágio visto por
nós brasileiros em 2003 foi o caso do tratorista
Hamilton dos Santos de 53 anos, que se recusou
a cumprir uma ordem judicial que determinava a
derrubada da casa da merendeira Telma Sueli no
aglomerado da Palestina em Salvador. Santos se
preparava para colocar abaixo a casa da
merendeira, mas percebendo o drama da mulher e das sete crianças que
moram no local, o tratorista chorou e disse que não poderia executar a
ordem nem que fosse preso. O oficial da Justiça que estava na favela para
cumprir a ordem de despejo mandou prender Santos que foi liberado logo
depois, diante da repercussão do caso.
RELEVÂNCIA DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO MORAL PARA A
PSICOLOGIA JURÍDICA
O desenvolvimento moral tem relevância para a psicologia jurídica por
afetar o raciocínio crítico quanto à maneira pela qual os indivíduos deveriam
se comportar e tratar os outros. O comportamento moral reflete a maneira
pela qual a pessoa interpreta o respeito básico por outras pessoas, como o
respeito pela vida humana, liberdade, justiça ou confidencialidade (Davis,
1981).
Como podemos perceber após o estudo dessa unidade, o crescimento
e o desenvolvimento são peculiares a cada indivíduo e continuam durante
todo o seu tempo de vida. A cada estágio se estabelece uma complexidade
crescente no desenvolvimento da personalidade. Esta unidade proporcionou
uma familiarização com as teorias de Freud, Erikson e Kohlberg e suas
aplicações à psicologia jurídica. Esses teóricos proporcionam conjuntamente
uma abordagem multifacetada do desenvolvimento da personalidade,
compreendendo aspectos cognitivos, psicossociais e morais essenciais a
esta disciplina.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia
noprocesso de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija
as respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Prosseguiremos nossos estudos na unidade 3 quando trataremos da
Psicologia Jurídica e sua relação com o Direito e a Lei.
 EXEMPLIFICANDO

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