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PSICOLOGIA JURÍDICA 03

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1
PSICOLOGIA JURÍDICA
PSICOLOGIA JURÍDICA
Graduação
PSICOLOGIA JURÍDICA
41
U
N
ID
A
D
E 
3
PSICOLOGIA JURÍDICA, DIREITO E LEI
Nesta unidade abordaremos os vários termos utilizados para nomear
esta área de especialidade da Psicologia. Em seguida, trataremos da definição
de Psicologia Jurídica, acompanhada da confluência entre Direito e Psicologia,
do espectro da especialidade no Brasil. Para finalizar este estudo,
apresentaremos, como de costume, as questões do exercício de verificação
do aprendizado.
OBJETIVOS DA UNIDADE:
Contextualizar a psicologia jurídica e suas disciplinas afins pela história
e identificar a correlação de Psicologia, Direito e Lei.
PLANO DA DISCIPLINA:
• Aspectos históricos.
• Conceito.
• Psicologia e Direito.
• Psicologia e Lei.
Bons estudos!
UNIDADE 3 - PSICOLOGIA JURÍDICA, DIREITO E LEI
42
PSICOLOGIA JURÍDICA: ASPECTOS HISTÓRICOS
As relações humanas no período helênico (grego) eram vistas ou como
preceitos religiosos ou como teorias do direito. Por exemplo: pensadores
helênicos, como Platão, que escreveu “A República” e Aristóteles, que
escreveu “A Política”, foram os primeiros a sistematizar e a encarar os
problemas sociais separadamente da religião, porém ligando-os à política e
à economia. Santo Agostinho, que teve como obra “A cidade de Deus”,
apresentou idéias e análises básicas para as modernas concepções jurídicas
e até sociológicas.
Na Idade Média Européia o cristianismo traçou regras de conduta que
deveriam ser obedecidas, por ser este dominante na época. Durante a
Renascença, surgiram obras que propunham normas entrosadas com a
política e a economia. E já no séc. XVIII, apareceram obras de grande valor
no campo da política, economia e sociologia.
Muitas teorias surgiram para que se tivesse uma visão mais objetiva da
sociedade e do comportamento do homem, de sua formação e de sua
estrutura, dentre elas a psicologia. Mas, como a sociedade sofre mutações
todos os dias, necessário se faz que a Psicologia seja bastante dinâmica
para acompanhar este processo. Esta ciência, que possui um objeto de estudo
tão complexo, engloba em suas análises a relação existente entre o homem
e suas condutas coletivas, no que diz respeito às influências que estas
acarretam para o mesmo e as transformações que geralmente ocorrem ao
se correlacionarem.
Conseqüentemente, ao ingressar na sociedade, o indivíduo tem que
adaptar-se às normas que a mesma impõe. Estas podem ser de acordo com
a moral social ou com a lei, divergindo com relação ao tipo de conduta. O
comportamento considerado como um desvio de conduta terá sanções que
podem ser repressivas, excludentes e se a infração estiver prevista na lei,
esta será objeto do direito. Podemos citar como exemplo, um indivíduo que
faça parte de um grupo religioso e que venha a trair a sua esposa, o mesmo
sofrerá uma sanção de repressão do grupo uma vez que este grupo social
condena essa conduta, podendo o mesmo ser até expulso ou mesmo
responder a um processo judicial.
Diante disso, podemos perceber que o homem durante toda a sua vida
social irá submeter-se a regras, sejam estas impostas por um grupo social
ou pelo Estado. Daí, surge a ligação entre a Psicologia e o Direito, que é
expressa desde a mais simples das relações sociais, podendo ser vislumbrada
até mesmo num jogo entre crianças, onde há regras a serem cumpridas
para que não haja conflitos.
A psicologia de um modo geral pode permitir ao homem conhecer melhor
o mundo, os outros e a si próprio. A psicologia jurídica, em particular, pode
auxiliar a compreender o hommo juridicus e a melhorá-lo, mas também pode
ajudar a compreender as leis e as suas conflitualidades principalmente as
instituições jurídicas, assim como melhorá-las.
A aproximação do direito e da psicologia, bem como a criação de um
território transdisciplinar, é uma verdadeira questão essencial de Justiça.
PSICOLOGIA JURÍDICA
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A sociedade possui vários modos de conduta coletiva. Entre elas, a que
mais se destaca são os usos e os costumes. Recaséns (apud REALE, 1999)
distingue os usos dos costumes, estes exercendo uma simples pressão ou
certa obrigatoriedade, reservando a designação de hábitos sociais para os
usos não normativos. Existem várias teorias que tentam diferenciar as
diversas normas existentes na sociedade, como o direito, a moral, as normas
de trato social, normas técnicas, religiosas, políticas, higiênicas, entre outros.
Porém, esta não é uma tarefa das mais fáceis, pois vários fatores influenciam
nesta diferenciação, entre eles a própria convicção de cada grupo.
Para Recaséns (apud REALE, 1983) a moral tem por sujeito o homem
individual, que esta orienta no sentido de sua vida autêntica. Já o direito
refere-se ao eu socializado, que procura regular no sentido que convenha à
convivência humana em dada sociedade. A psicologia do direito fala da moral
coletiva como fato social e da moral individual, em que o indivíduo é o próprio
legislador.
A Psicologia Jurídica surge exatamente para perceber as conseqüências
comportamentais decorrentes dos tipos de norma de conduta social que
são impostas pelos grupos sociais e estudá-las. É uma ciência muito jovem,
estando, ainda, numa fase de discursar sobre problemas metodológicos.
Atualmente, a Psicologia Jurídica possui várias barreiras que impedem uma
melhor compreensão desta ciência, entre elas pode-se citar a opacidade da
linguagem dos códigos e a impenetrabilidade da ciência jurídica. Portanto,
necessário se faz que haja algumas mudanças para que se possa abordar
melhor a psicologia para o direito.
Em outras palavras, como já houve quem dissesse, de uma cultura do
Dever passamos a uma cultura do Direito. A moral secularizou-se, querendo
com isto dizer que houve uma passagem do sagrado ao profano,
considerando-se quebrada a relação da moral com o transcendente. Esta
secularização é patente nas correntes do pragmatismo, em que o Bem é o
prazer e a utilidade, no assumir da lei natural como busca da felicidade
subjetiva e nos fenômenos da “morte de Deus” e da desacreditação da
moral. Enfim, desde o século XVIII, o direito tornou-se o fato moral
fundamental, celebraram-se os direitos individuais e entoaram-se hinos às
coletividades nacionais e aos direitos dos povos. O homem contemporâneo
desconfia da ética tanto em suas bases econômicas e biológicas bem como
psicológicas. O agnosticismo e o ateísmo foram ganhando terreno, não
obstante as cruzadas desenvolvidas a favor da religião. No século XX, poucas
esferas da vida permaneceram sob a tutela do dever, foi o caso da
sexualidade humana (na primeira metade do século) e da família
(nomeadamente, a relação pais-filhos).
De um valor de Bem passou a conferir-se importância ao Bem-Estar e
nele se alicerçaram as culturas da felicidade subjetiva e do ócio. O mundo
moderno valorizou a sexualidade, “arrancou-a do complexo de culpa e
conferiu-lhe dignidade” (FRANCESCO 1994, p.150) e o prazer, durante tanto
tempo banido e exilado da vida pública, foi promovido à finalidade humana
pela publicidade.
UNIDADE 3 - PSICOLOGIA JURÍDICA, DIREITO E LEI
44
Viveu-se, no decorrer da segunda metade do século XX, a erupção de
uma nova ordem social, com diferenças claras no moralismo dos costumes,
um liberalismo mais evidente nas instituições (como o casamento) e,
paralelamente, uma busca de novos valores e de uma moral individual (tem-
se vindo a apontar a flexibilidade do homem atual, divulgando o desporto e
os prazeres higienistas, entre outros).
No final dos anos 80 foi feita uma curiosa caracterização desse período
como havendo uma “softideologia”, já que de nada serve querer mudar a
ordem do mundo, valeria mais resignar-mo-nos a sofrer as conseqüênciasdos acontecimentos. Nesta perspectiva, cada um deveria cultivar o seu próprio
jardim. A forma cultural perdera o seu sistema de referência e as opiniões
dividiam-se. Havia dois troncos básicos de opinão: os que apelavam ao
regresso a valores re-descobertos e os que apontavam esse momento como
a ambivalência total, a indecisão, uma espécie de pensamento brando ou
“em banho-maria”.
Entre as diversas análises já realizadas em torno do nosso tempo, citamos
ainda a que designou os anos 80 como uma “nova civilização”, pelo surgir
de novos hábitos e novos valores, prevendo uma ultrapassagem da ética
aquisitiva devida à expansão da economia de mercado. As novas palavras
de ordem seriam, entre outras, “descentralização” e “realização pessoal”,
sendo significativa uma nova concepção de natureza (por ação de uma
consciência planetária) e do Homem com uma visão de versatilidade e um
aumento da auto-ajuda, atribuindo-se valor elevado ao que as pessoas
fazem.
Se a vida é desordem, tensão, conflito e procura, a moral não pode ser
linear. Os tumultos da vida interferem com a moral de diversas formas, uma
das mais evidentes é a mudança das idéias morais no tempo.
Os valores e as regras vão mudando e hoje não há um único modelo de
comportamento, mas um repertório de alternativas, veiculados pelos órgãos
de comunicação social. Face às diversas opções, cada um exerce o seu direito
de livre arbítrio e vive do modo que considera melhor para si. E é nesta forma
que se revela a ética pessoal - pela forma de viver. Não se trata,
simplesmente, de uma posição teórica. Mais do que isso, é uma modalidade
da vida prática.
Hoje parece assistirmos a um ressurgimento da ética, que passou a gozar
dos favores nos discursos sociais e políticos. E é patente a antinomia entre
as realidades do mundo social (como a fraude fiscal, a violência ou a “febre
do dinheiro”) e a de uma cultura do dever (de que constituem exemplos os
apelos às medidas de moralização dos costumes, as preocupações com o
ambiente, os valores profissionais, a Bioética ou as campanhas contra a
droga e o tabagismo). Também parece patente a ressurgência dos valores
religiosos, da importância dada à transcendência.
Se não pretendemos, neste espaço de reflexão, debruçar-mo-nos sobre
o assunto, não podemos ignorá-lo completamente. Conforme Trindade
(2004), parece que o momento de arrancar a psicologia do estatuto restritivo
de ciência meramente auxiliar e constituí-la num ramo do pensamento e da
PSICOLOGIA JURÍDICA
45
aplicação do direito chegou. Com isso, exige-se uma tomada de consciência
epistêmica que obriga a criação de um verdadeiro espaço de interlocução,
de transdisciplinaridade, que não é nem metapsicológico, nem metajurídico,
mas a um só tempo psicojurídico.
CONCEITO
Diante do contexto histórico apresentado, é que a psicologia saiu de
seu lugar auxiliar do direito e passou a ocupar o lugar do pensamento e da
aplicação do direito. Agora, porém, o comportamento humano não é mais
um objeto de estudo apropriado somente pela ciência da psicologia, mas
estudado por diversos saberes simultaneamente, em diferentes perspectivas,
sem com isso esgotar-se epistemologicamente.
Nesse sentido, como define Clemente (1998, p.25), a psicologia jurídica:
“É o estudo do comportamento das pessoas e dos grupos enquanto
têm a necessidade de desenvolver-se dentro de ambientes regulados
juridicamente, assim como da evolução dessas regulamentações
jurídicas ou leis enquanto os grupos sociais se desenvolvem neles”.
Como podemos perceber, a psicologia jurídica não é apenas uma simples
justaposição da psicologia com o direito, ou ainda, o resultado de uma soma
de dois ramos diferentes do conhecimento ligados por um objeto em comum
- o homem e seu comportamento. A psicologia jurídica trata-se de um produto
da transdisciplinaridade e, portanto, é uma disciplina ainda por construir.
PSICOLOGIA E DIREITO
O direito possui como função primária pacificar os conflitos existentes na
sociedade. Para Recaséns apud (REALE, 1983) esta ciência regula estes
interesses conflitantes da seguinte forma:
a) Classificando os interesses opostos em duas categorias: a dos que
merecem proteção e a dos que não merecem.
b) Harmonização ou compromisso entre interesses parcialmente opostos.
c) Definindo os limites entre os quais tais interesses devem ser
reconhecidos e protegidos, mediante princípios jurídicos que são
congruentemente aplicados pela autoridade jurisdicional ou administrativa,
caso tais princípios não sejam aplicados espontaneamente pelos particulares.
d) Estabelecendo e estruturando uma série de órgãos para declarar as
normas que servirão como critérios para resolver tais conflitos de interesse,
bem como desenvolver e executar as normas, além de ditar normas
individualizadas aplicando as normas gerais aos casos concretos.
Podemos citar ainda o poder social que se refere ao aspecto psicológico
da vigência do direito. O legislador irá impor suas vontades, seus interesses,
que, na verdade, são as vontades de senso comum através das leis e essas
serão cumpridas pelo povo que irá decidir se vigorará ou não. Portanto, se a
opinião pública pressionar os tribunais, juizes e funcionários administrativos
sobre uma norma, mesmo que esta já esteja regulamentada, deverá haver
uma revisão para que se atenda às necessidades da população.
UNIDADE 3 - PSICOLOGIA JURÍDICA, DIREITO E LEI
46
No início da formação das sociedades surgiram necessidades de se
condenar àqueles que infringiam alguma regra. Esse sentimento de justiça
ou vingança privada podia ser percebido quando um indivíduo que cometia
uma infração recebia uma pena proporcional ou maior do que o crime
cometido. Esse primeiro instinto podia ser vislumbrado também diante de
linchamentos que ocorriam e isso era bastante negativo para a sociedade e
necessitava ser regulado. Foi então surgindo a idéia do Direito positivo.
Atualmente, a justiça popular, ou seja, a de “pagar na mesma moeda”, pode
ser compreendida, muitas vezes, como uma defesa da sociedade diante da
falha da polícia ou dos órgãos de defesa da população. Existe uma grande
deficiência no sistema judiciário, seja ela econômica, política ou social e esta
crise reflete diretamente na sociedade que já não deposita tanto crédito na
justiça, por perceber a lentidão dos processos judiciais, a lotação dos
presídios, a falta de recursos para a polícia, enfim uma série de fatores que
terminam prejudicando o setor judiciário. Esse declínio é provocado, também,
pelo esgotamento do Estado como sociedade politicamente organizada e
gerenciadora das atividades públicas e privadas. Isto está ocorrendo também
em outros países.
Para Philip Selznick apud (SOUTO E FALCÃO, 1980), destaca-se o
condicionamento da justiça e do direito por fatores, como a mentalidade
pragmática, a impaciência com abstrações e os ritmos acelerados das
mudanças sociais, ou seja, as sociedades estão evoluindo e com elas
surgindo novos conflitos que não estão tendo soluções tão imediatas quanto
os mesmos estão necessitando. O setor judiciário precisa de uma reavaliação
para melhor atender e solucionar os conflitos do fim do século.
Psicologicamente, pode-se dizer que cada sociedade possui uma noção
de direito e justiça e que mediante estes conceitos é que se podem analisar
as causas da deficiência do setor judiciário. Muitas vezes o que pode ser
considerado como crime grave no Brasil, não o é nos Estados Unidos. Mas
ainda, alguns tipos de sociedade acreditam que a justiça está relacionada
com a paz social e se não existir um órgão jurisdicional competente que
efetive esse sentimento para esta sociedade, o mesmo tornar-se-á falho.
Segundo Trindade (2004) a Psicologia Jurídica é, pois, fundamentalnão
só ao Direito, mas principalmente essencial à Justiça. Na verdade, para se
chegar à Justiça, é necessário o direito e a psicologia, ambos compartilhando
o mesmo objeto, que é o homem e seu bem-estar”.
A relação entre o direito e a psicologia, portanto, deve ser sempre vista
e analisada como uma reciprocidade, pois é difícil discursar sobre o
ordenamento jurídico sem correlacioná-la com uma verdadeira questão
essencial de justiça.
PSICOLOGIA E LEI
Como vimos, a área da Psicologia Jurídica é relativamente nova, mas
muito importante. Não obstante, como referiu Freud (1969, p.15) “a civilização
precisava ser assumida e a normatividade dirige-se a esse fim, na medida
em que promove a renúncia ao instinto, operando a inserção do sujeito na
cultura”.
PSICOLOGIA JURÍDICA
47
Historicamente, podemos então afirmar que a normatividade constitui
parte da essência do humano uma vez que as leis fundam-se na natureza,
mas só podemos ingressar na sua essência através da contemplação. Da
origem psicossocial das normas, retirou-se o princípio de sua universal
obrigatoriedade que, por sua vez, também seria uma especificidade da própria
norma jurídica. Um vínculo que obriga. Nada parece estranho, pois se o mundo
das relações sociais e jurídicas foi criado pelo homem, seus princípios devem
se encontrar no próprio homem, no seu pensamento e na sua mente, na
sua vontade e nos seus sentimentos. Platão também partiu da idéia de que
a atividade humana é essencialmente motivada por fatores psicológicos,
que coexistem com tantos outros, sejam econômicos ou políticos.
A Psicologia Jurídica, portanto, se fundamenta como uma especialidade
que desenvolve ampla e específica relação entre o Direito e a Psicologia, no
que diz respeito à parte teórica, explicativa, de investigação, aplicação,
avaliação e tratamento. Pode ser compreendida como o estudo, explicação,
promoção, análise, prevenção e em alguns casos, assessoramento e/ou
tratamento dos fenômenos psicológicos, condutas e relacionamentos que
incidem sobre o comportamento legal das pessoas, mediante a utilização de
métodos próprios da Psicologia Científica e cobrindo, portanto, distintos
aspectos de estudo e intervenção, os quais podemos citar: Psicologia Aplicada
aos Tribunais, Psicologia Penitenciária, Psicologia da Delinqüência, Psicologia
Judicial (testemunho, júri), Psicologia Policial e das Forças Armadas, Vitimologia
e Mediação.
O psicólogo jurídico pode exercer diferentes funções, a saber:
· Avaliação e diagnóstico: em relação às condições psicológicas
dos atores jurídicos.
· Assessoramento: orientar e assessorar os operadores do
Direito nas questões próprias da Psicologia.
· Intervenção: desenvolvendo e realizando programas para
prevenção, tratamento, reabilitação e integração dos atores
jurídicos, bem como na comunidade, no meio penitenciário,
tanto a nível individual como coletivo.
· Formação e educação: treinar e selecionar profissionais do
sistema legal (juízes, policiais, advogados, agentes
penitenciários, entre outros) nos conteúdos e técnicas
psicológicas úteis em seu trabalho.
· Campanhas de prevenção social diante da criminalidade e meios
de comunicação: elaboração e assessoramento de campanhas
de informação social para a população em geral e de risco.
· Investigação: estudo e investigação de problemáticas ligadas
à Psicologia Jurídica.
· Vitimologia: investigar e contribuir para a melhora da situação
da vítima e sua interação com o sistema legal.
UNIDADE 3 - PSICOLOGIA JURÍDICA, DIREITO E LEI
48
· Mediação: propiciar soluções negociadas para os conflitos
jurídicos, por meio de uma intervenção mediadora que contribua
para amenizar e prevenir danos emocionais, sociais, e
apresentar alternativas legais, onde as partes possuem papel
importante.
Caro aluno, gostaríamos que você atentasse para o fato de que essas
funções apresentadas anteriormente só vêm reforçar a condição de que
tanto as normas morais, bem como as normas jurídicas apresentam um
conteúdo psíquico, ou seja, emocional.
“Criadas pelos homens, a eles se destinam [...]. A emoção, fazendo o
sujeito aprovar ou desaprovar uma forma de conduta, transporta-o da
ordem dos fatos para a ordem das normas. Transmuta-o do registro
da natureza para o da cultura” (TRINDADE, 2004, p.35).
Enfim, é importante que o operador do Direito saiba que a quase
totalidade das questões jurídicas está relacionada a uma conduta humana,
de cuja determinação dependem decisões judiciais que, ao incidirem na vida
do indivíduo, promovem alterações na sua vida social, no seu patrimônio e
no seu comportamento. Diante desta realidade e da crescente e feliz
percepção de que o poder judiciário vem buscando laudos, perícias,
consultorias e assessoramentos que possam determinar as reais motivações
do comportamento humano, evidencia-se, cada vez mais forte, a importância
do trabalho interdisciplinar entre os profissionais da Psicologia e do Direito.
O campo é vasto, só precisa de bons e interessados profissionais.
Diante do exposto, podemos perceber que desde o surgimento da vida
em sociedade sempre existiram regras e costumes que disciplinavam a vida
dos membros de uma sociedade. A convivência pacífica e justa entre os
povos dependia de tratados e acordos que fixavam este relacionamento, o
que já pode ser considerado como um avanço do percurso da sociedade ao
direito. Vimos também que direito e psicologia coexistem, ou seja, não haveria
um se o outro não existisse. A Psicologia e o Direito são ciências que se
completam por estudarem praticamente o mesmo objeto, que é o homem e
o seu bem-estar.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia
no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija
as respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Agora você já pode iniciar a execução dos exercícios. Bons estudos e até
a unidade 4!

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