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HERMANN, J. Reformas, Endividamento Externo e o Milagre Econômico (1964 1973).

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Disciplina: Economia Brasileira 2
Professor: Ricardo Bielschowsky
Aluno: Diego Fangueiro Vieira
Fichamento: HERMANN, Jennifer. Reformas, Endividamento e o ‘Milagre Econômico’ (1964-1973). IN: Economia Brasileira Contemporânea, organização de F. Giambiagi e outros.
1964-73:Duas fases
-1964-67 (Castello Branco): alternância de curtos períodos de recuperação e desaceleração econômica (stop and go, comportamento errático); controle da inflação é preocupação principal (apesar de estratégia gradualista)
PAEG (estabilização) e Reformas estruturais
-1967-73 (Costa e Silva 67-69/ Médici 69-73): caracterizou-se por clara tendência expansiva.
PED (mais desenvolvimentista que PAEG)
Castello Branco (1964-66)
Ministro do Planejamento: Roberto O. Campos ambos de
Ministro da Fazenda: Octávio G. de Bulhões perfil ortodoxo.
Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg): plano de estabilização de preços de inspiração ortodoxa 
Objetivos: Reduzir inflação, aumentar exportações e retomar crescimento.
Política econômica predominantemente restritiva
Ajuste conjuntural e estrutural da economia, visando ao enfrentamento do processo inflacionário, do desequilíbrio externo e do quadro de estagnação econômica do início do período. 
Reformas estruturais: sistema financeiro, tributário e do mercado de trabalho.
Castello Branco (1964-66)
Cenário econômico herdado: estagflação e restrição externa
Duas linhas principais de ação para a superação da crise: 
•Plano de estabilização (PAEG)
•Reformas estruturais 
PAEG (1964-66)
Diagnóstico da inflação: déficit público e aumentos salariais. Os déficits alimentavam a expansão dos meios de pagamento que, por sua vez, sancionavam os aumentos de salários.
Principais medidas do Paeg 
(1) ajuste fiscal, com base em metas de aumento da receita (via aumento da arrecadação tributária e de tarifas públicas) e de contenção (ou corte, em 1964) de despesas governamentais; 
(2) um orçamento monetário que previa taxas decrescentes de expansão dos meios de pagamentos; 
(3) uma política de controle do crédito ao setor privado, pela qual o crédito total ficaria limitado às mesmas taxas de expansão definidas para os meios de pagamento; 
(4) um mecanismo de correção salarial pela média 
Reformas estruturais (64-67)
•Trabalhista: fim do regime de estabilidade no emprego e criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). 
•Tributária: aumento da arrecadação e racionalização do sistema tributário. 
- Carga tributária sobre de 16% do PIB em 1963 para 21% em 1967.
- Aumenta regressividade do sistema tributário (aumento de impostos indiretos e incentivos aos “poupadores”, com níveis de renda mais alta)
- Centralizadora na União
•Financeira: objetivo de criar um sistema de financiamento privado de longo prazo (reduzir dependência de bancos públicos, emissão de moeda e empréstimos externos)
Reforma trabalhista
O FGTS é um fundo formado por depósitos mensais, por parte do empregador, em nome de cada trabalhador, de valor (à época) equivalente a 8% dos respectivos salários nominais. Em caso de demissão ou em algumas situações especiais (como a compra de imóvel, por exemplo), os recursos são liberados para o trabalhador.
Reforma financeira
• Criação do Banco Central do Brasil (Bacen), executor da política monetária, e o
• Criação do Conselho Monetário Nacional (CMN), com funções normativa e reguladora do SFB.
Os mecanismos de correção monetária criados: 
• Correção monetária da dívida pública (jul-64),
• Lei do Mercado de Capitais (1965) e Resoluções posteriores do Bacen autorizaram a emissão de diversos tipos de instrumentos financeiros com correção monetária;
1967: Governo Costa e Silva (que vai até 1969)
Delfim Neto torna-se ministro da fazenda. Manteve a política de combate gradual à inflação, mas imprimiu uma mudança de ênfase da política econômica em dois sentidos: 
• o controle da inflação passou a enfatizar o componente de custos, em vez da demanda, já que a economia operou em ritmo de stop and go nos três anos do governo Castello Branco; 
• o combate à inflação deveria ser conciliado com políticas de incentivo à retomada do crescimento econômico.
Política macroeconômica
•Política salarial continuou restritiva (correções salariais seguiram a regra criada em 1966)
•Política fiscal continuou restritiva (os déficits do governo foram sendo reduzidos)
•Inflexão na Política Monetária em 1967 (após forte restrição da liquidez em 1966) → expansionismo
PED - Plano Estratégico de Desenvolvimento (1968) → mais pró-crescimento que anti-inflação
Objetivos
• a estabilização gradual dos preços, mas sem a fixação de metas explícitas de inflação;
• o fortalecimento da empresa privada, visando à retomada dos investimentos; 
• a consolidação da infraestrutura, a cargo do governo; 
• a ampliação do mercado interno, estimulando demanda de bens de consumo, especialmente dos duráveis. 
Política cambial
A partir de 1968: Minidesvalorizações cambiais 
Evitar que inflação (na casa dos dois dígitos) causasse uma valorização real do câmbio e prejudicasse a balança comercial e, indiretamente, a atividade econômica.
Governo Médici (1969-73)
Política econômica é mantida
Resolução do dilema entre crescimento e equilíbrio externo
• liquidez/juros baixos no mercado externo (capital americano, “boa vontade” dos EUA, e eurodólares)
• posição favorável dos termos de troca, diante do aumento dos preços das commodities exportáveis; 
• a expansão do comércio mundial (EUA começa a apresentar déficits comerciais)
→ se aprofunda abertura financeira iniciada em 64-67 com reformas estruturais.
BP (1968-73)
Cresceram a taxas acumuladas 
• Exportações (275%), liderada pelos bens manufaturados (+639%)	
• Importações (330%). 
Balança comercial equilibrada na média 68-73, com déficits significativos 71-72. 
Razões:
Valorização moderada do câmbio real 
Déficits crescentes na conta de serviços em razão de remessas de juros e lucros (decorrente da captação de capital externo) e fretes [decorrente do aumento da corrente de comércio (X + M)].
“Milagre” (compatibilização entre alto crescimento, baixa inflação e equilíbrio externo) foi viável devido a:
• existência de capacidade ociosa na economia, fruto da debilidade econômica da fase anterior; 
• quadro de ampla liquidez no mercado internacional; 
• regime autoritário facilitava a implementação das políticas do governo; 
• adoção do controle de preços (inclusive salários); 
• política de juros tabelados (em níveis baixos); 
• minidesvalorizações cambiais de acordo com a inflação passada (crawling peg), que evitou movimentos bruscos da taxa de câmbio real, estimulando as exportações e, indiretamente, o nível de atividade econômica;
• captação de recursos externos 
Herança para Geisel:
Vantagens
• inflação baixa, 14% em 73		
• reorganização da estrutura fiscal e financeira; e 
• crescimento acelerado			
• recuperação do BP. 
Problemas
• correção monetária, com seus efeitos perversos sobre a dinâmica dos preços; e 
• aumento da dependência externa do país, em dois setores: industrial (bens de capital, petróleo e seus derivados) e financeiro, este como reflexo da política de endividamento. Essas condições mostrariam seus desafios e riscos a partir do primeiro choque dos preços do petróleo em fins de 1973.

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