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Kaldor Robinson CEPAL

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Modelo de Kaldor/Robinson e a distribuição de renda
Nicholas Kaldor e Joan Robinson, autores da tradição Keynesiana, defendiam que o aumento do investimento levaria a um aumento dos preços. Como os salários não aumentam na mesma proporção que os preços (devido a questões institucionais), haveria um aumento dos lucros face aos salários com o aumento do investimento. Como a propensão a poupar por parte de quem recebe lucros tende a ser superior à propensão a poupar de quem recebe salários, haveria um aumento da poupança que compensaria o aumento do investimento. Para autores Keynesianos como Kaldor, é a poupança que se ajusta ao investimento, logo a poupança é a variável chave para o ajustamento, e não a relação entre capital e trabalho como nos modelo neoclássicos (como o modelo de Solow/Swan, por exemplo).
Perspectiva Kaldoriana do problema da distribuição da renda entre salários e lucros:
Cabe notar que a maneira pela qual o autor concebe esta questão está estritamente associada a duas questões fundamentais. 
crítica à teoria neoclássica da distribuição da renda,
problema da estabilidade do crescimento com pleno emprego no longo prazo, isto é, o problema do “fio da navalha” de Harrod. 
O objetivo da abordagem de Kaldor e Robinson sobre o problema da distribuição e do crescimento era “explicar a dinâmica do sistema capitalista na tradição keynesiana de modo a prover uma alternativa à teoria neoclássica de crescimento e distribuição e solapar o pessimismo da teoria clássica”. A influência imediata sobre o trabalho de Kaldor e Robinson é, evidentemente, Keynes. 
É importante citar, no entando, que Kaldor foi muito influenciado Por Kalecki e Robinson.
A teoria neoclássica da distribuição da renda, afirma que cada fator de produção será remunerado de acordo com a sua produtividade marginal.Desta forma, a participação relativa de cada fator no produto nacional estaria relacionada com os produtos marginais relativos, isto é, com a taxa marginal de substituição técnica entre fatores e as quantidades relativas de fatores. Assim, “conhecendo apenas o volume de bens de capital per capta e a tecnologia, podemos descobrir as taxas salarial e de lucro correspondentes às condições de competitividade. A elasticidade da curva fronteira salário-lucro neste ponto, dá a parcela relativa dos lucros e dos salários. A distribuição da renda, em conseqüência, é inteiramente determinada pela tecnologia e pelas participações relativas de fatores. Um aumento (diminuição) da quantidade de um fator em relação a outro reduz (eleva) seu preço.
Para Kaldor e Robinson, o problema com a teoria neoclássica (teoria da produtividade marginal), reside, em parte, do conjunto extremamente restritivo de hipóteses para a sua validade, tais como concorrência perfeita, ausência de economias de escala, existência de retornos constantes. Por outro lado, e talvez de maior importância para o autor assim como para Robinson, está o problema do significado e da medida do capital como um fator de produção. Assim, para derivar o produto marginal do capital é necessário saber seu preço em primeiro lugar. A teoria da determinação dos preços dos fatores e da distribuição pela produtividade marginal é, de acordo com Kaldor, circular. E é também circular, no sentido de que para que as parcelas distributivas estejam relacionadas com os produtos marginais relativos através das elasticidades de substituição, é preciso que a taxa de lucro seja conhecida, mas é precisamente ela que precisa ser determinada”.
Assim, o desafio kaldoriano é o de apresentar uma solução teórica plausível para esta realidade, nos marcos da revolução keynesiana. A variável escolhida é a proporção da renda poupada (s), tomando como hipótese que esta depende fundamentalmente da propensão a poupar a partir dos salários e da propensão a poupar a partir dos lucros, de modo que a poupança agregada da economia pode ser vista como a soma das poupanças de trabalhadores e capitalistas. 
Contudo, estas duas variáveis são tomadas como constantes - dependem fundamentalmente da parcela da renda que é apropriada por cada classe, ou melhor dizendo, pelos salários e pelos lucros. Desta forma, a possibilidade de crescimento equilibrado com pleno emprego no longo prazo, tem como elemento constitutivo e, logicamente precedente, os determinantes da distribuição funcional da renda. 
A análise da distribuição macroeconômica da renda de Kaldor tem, como ponto de partida metodológico, o princípio do multiplicador keynesiano. Para o autor, se é possível determinar o nível de renda, dada a sua distribuição, a partir do multiplicador. Como evidencia o próprio Kaldor, o princípio do multiplicador pode ser alternativamente aplicado à determinação da relação entre preços e salários, se o nível de produção e emprego é tido como dado, ou à determinação do nível de emprego, se a distribuição for dada.
Assim, duas hipóteses são fundamentais para a consecução do modelo kaldoriano. Inicialmente, é preciso supor que existe pleno emprego. É importante notar que esta hipótese faz com que o processo de determinação dos preços seja conduzido inteiramente pela demanda. A hipótese de pleno emprego kaldoriana é derivada tanto de algumas evidências empíricas como de argumentos teóricos. As evidências empíricas dizem respeito ao elevado nível de emprego no pós-guerra, nos países desenvolvidos. Do ponto de vista teórico, Kaldor supõe que a taxa de acumulação é uma função da taxa de lucro esperada, que por sua vez depende da taxa de crescimento da renda.
 
No modelo kaldoriano, mesmo considerando que os custos sejam constantes em uma longa faixa da produção, existiria um nível de lucros normal, a partir do qual um aumento nas vendas implicaria lucros extraordinários o que acarretaria novos investimentos até o ponto de pleno emprego. 
Além disso, Kaldor supõe que a renda nacional pode ser dividida entre salários e lucros. Para o autor, a diferença fundamental entre os agentes que auferem estas duas categorias de renda decorreria do fato de que a propensão marginal a poupar dos trabalhadores seria inferior à propensão marginal a poupar dos capitalistas.
Para Robinson, se há um aumento nos investimentos, significa que uma parcela maior da renda da economia está nas mãos dos capitalistas. Ou seja, lucro determina investimento. Para ocorrer a trajetória equilibrada, é necessário taxa de investimento e de lucro compatíveis. É preciso também analisar a distribuição de renda (pois ela determina o nível de poupança que determina o investimento). 
Sendo assim, como podemos concluir, diferente dos neoclássicos, tanto para Kaldor quanto para Robinson, a distribuição da renda não se dará a partir da remuneração marginal dos fatores, mas sim de outros elementos. Ambos falam de poupança e investimento como elementos fundamentais na distribuição.
Evolução dos marcos analíticos da CEPAL
1. A etapa estruturalista: 1949- 1990
2. A etapa neo-estruturalista: 1990-2008
Etapa estruturalista (1948-1990)
•Anos 50: Industrialização
•Anos 60: Reformas
•Anos 70: Estilos (e discussão sobre o endividamento versus fortalecimento exportador)
Etapa neo-estruturalista (1990-2008)
•Anos 80: Superação com crescimento da asfixia da dívida
•Anos 90: Transformação produtiva com equidade (TPE), fase inicial 
• 1998-2008: TPE (fase de amadurecimento e refinamento) 
Etapa estruturalista inaugural
Economias periféricas em contraste com as centrais: Baixa diversidade produtiva, Especialização em bens primários, Grande heterogeneidade tecnológica e oferta ilimitada de mão-de-obra com rendimentos próximos à subsistência. Estrutura institucional pouco favorável ao acúmulo de capital.
Análise das relações “centro-periferia” com base nesse contraste.
Industrialização é a forma de superar a pobreza e reverter a distância cada vez maior entre a periferia e o centro, mas é problemática: necessidade de investimentos simultâneos em muitos setores – processo muito exigente em matéria de divisas e poupança. Especialização em bens primários:
a capacidade de geração de divisas é limitada e a pressão por divisas alta.
Heterogeneidade produtiva: a produtividade média é baixa e o excedente representa uma pequena proporção da renda. Este ainda é desperdiçado em investimentos improdutivos e consumo supérfluo, há baixa vocação ao investimento e ao progresso técnico.
Implicações analíticas e de política: Tendências negativas - desequilíbrios estruturais na balança de pagamentos (deterioração nos termos de intercâmbio, assimetria entre importações e exportações, etc.), inflação causada por fatores estruturais.
Análise da dinâmica do processo de substituição de importações. Mas ele traz implicações: Como a industrialização espontânea nas estruturas periféricas é muito problemática, é necessário planejá-la.
Entre 1940-1960: Industrialização, Deterioração dos Termos de Troca, Desequilíbrio Estrutural na Balança de Pagamento, Processo de Industrialização via substituição de importações
Década de 1960: Reformas: Agrária e Distribuição de Renda. Dependência e política de Redução da Vulnerabilidade.
 Década de 1970: Dependência e Endividamento. Insuficiência Exportadora – Necessidade de combinar substituição de importação com promoção de exportação.
CEPAL: o estruturalismo original (1950-1970) ao néo-estruturalismo (1990-2000)
Crises do modelo dos anos 1950-1970: fim da ISI e fim da CEPAL estruturalista original, Crise da dívida (1980s), Novo universo geopolítico e « Novo modelo/paradigma » (1990s)O Pensamento da CEPAL da década de 1980 a de 2000.
Década de 1980: Dívida Externa - Necessidade de Renegociação. Ajuste com crescimento. Oposição aos choques de ajuste e necessidade de política de renda.
 Década de 90: Transformação Produtiva com equidade. Nova Especialização Exportadora (maioria tecnologia e valor agregado). 
Década de 2000: Abertura e liberalização Econômica, Financeira, Tecnológica. 
Marco teórico : Novas teorias do comercio internacional (ortodoxo) e mais especificamente as teorias do crescimento endógeno e a nova economia geográfica CEPAL dos anos 2000
A Cepal deslanchou liderada pelo argentino Raúl Prebisch – talvez o maior economista que a América Latina já teve – e teve influência decisiva de Celso Furtado. Ambos defendiam uma agenda de planejamento econômico, com base na industrialização como geradora de empregos e na necessidade de intervenção estatal para assegurar o desenvolvimento do setor. “Furtado deu grandes contribuições para a compreensão de que o subdesenvolvimento não é um atraso – uma infância do capitalismo desenvolvido –, mas fruto de uma série de problemas crônicos que vão se repetindo ao longo da história, tais como vulnerabilidade externa, concentração de renda e desequilíbrios regionais”.
Nos anos 1950, segundo o autor da dissertação, Prebisch e Furtado valorizavam o planejamento e a tentativa de colocar as empresas transnacionais a serviço de projetos nacionais de desenvolvimento. 
Na década seguinte, Prebisch e Furtado já estavam fora da Cepal, mas mantiveram-se como referência para a nova geração de intelectuais, como para Fernando Henrique Cardoso e Enzo. “Os regimes militares se caracterizaram por facilidades e menos exigências ao capital estrangeiro, acreditando que o crescimento econômico compensaria toda a liberdade que se desse às transnacionais”.
o contexto no final dos 60 era de grave crise nas contas externas. “Celso Furtado, que ainda influenciava bastante a agenda das instituições, alertava que as transnacionais cumpriam um papel muito claro no desenvolvimento latino-americano e principalmente brasileiro: atender aos anseios das elites em se modernizar e alcançar estilos de vida parecidos com os das nações centrais, ainda que a população pagasse a conta da concentração de renda e da vulnerabilidade externa”. vem desta época o mito alimentado pelos governos militares de que o crescimento dependente do capital estrangeiro iria resolver os problemas de todas as classes sociais e promover a integração do continente. “Uma senda de prosperidade que não se verificou”, lembra. 
entre o final dos 70 e início dos 80, inclui-se na pauta da instituição idéias renovadas sobre a industrialização e a necessidade de políticas industriais. 
Novos rumos: Quando se chega aos anos 80, com uma crise do padrão de crescimento acumulado ao longo daqueles 30 anos na economia brasileira, a Cepal passa a participar de um debate sobre os malefícios do padrão de desenvolvimento anterior. “O debate era mais sobre as razões da crise, e muitos economistas recorriam ao simplismo de confrontar Estado e mercado, em detrimento do primeiro. Mas a Cepal não se volta contra o Estado: ainda tenta mostrar as potencialidades do planejamento econômico, defendendo um pensamento já desgastado.
Esta tendência, vai se acirrar nos anos 90, pois a resposta à crise da década anterior é uma abertura econômica mais radical em todos os países latino-americanos, com o Brasil sofrendo da mesma sina. “A Cepal, então, já não conta sequer com a influência de Raúl Prebisch, que morre em 1986, e de Furtado, que teve problemas de saúde e passou a publicar pouco”. Embora a Cepal não tenha entrado no discurso de que o capital estrangeiro era uma panacéia para todos os problemas econômicos da América Latina, seus pensadores – “salvo honrosas exceções” – compraram a idéia de que a postura liberal e incentivadora das ações das transnacionais seria benéfica para as economias da região. 
 “Nos anos 90, vendo-se em meio a uma crise, a burguesia nacional vai aceitando e achando até favorável este modelo, trocando boa parte das atividades produtivas pelas atividades especulativas do mercado financeiro, e deixando vários dos grandes setores da economia para as empresas estrangeiras. Uma das lições que a Cepal nos deixa, é que existem alguns interesses comuns que viabilizam esta aliança tática entre o capital estrangeiro e o capital nacional, possibilitando que as transnacionais sempre ganhem força política. Isto é uma constante no nosso processo de desenvolvimento.
Rosa Luxemburgo e Imperialismo
Em 1913, Rosa Luxemburg, no seu livro A acumulação do capital, discutiu o tema do imperialismo a partir da tentativa de resolver o problema da reprodução ampliada do capital, que não estaria suficientemente explicitado no segundo livro d’O capital, de Marx. O argumento de Rosa se desenvolve com a constatação de que a reprodução ampliada ocorre a partir da extração do valor-trabalho na fábrica, na mina e na empresa agrícola, o que conforma o proletariado industrial das economias capitalistas. No entanto, decisivo é também o valor adquirido por meio da incorporação de espaços naturais e sociais pré-capitalistas. Essas seriam as zonas agrícolas de economia camponesa e artesanal, sobreviventes da época feudal, a comuna oriental camponesa, que ainda sobrevivia na Rússia e, principalmente, a ampla zona colonial do mundo. Como Rosa destina pouca importância para o problema da exportação de capitais, no seu argumento o imperialismo passa a ser encarado como um movimento intrínseco à acumulação do capital. O colonialismo é sempre visto como agressão e saque dos povos subjugados e o imperialismo considerado expressão política da acumulação do capital na sua luta pelos resíduos de ambientes não-capitalistas ainda não submetidos à lógica do mercado. 
A concorrência interimperialista levaria ao estreitamento dos vínculos entre o Estado e os interesses capitalistas, à militarização e à guerra. O esgotamento do espaço nãocapitalista de expansão para a acumulação do capital levaria à estagnação econômica e ao aumento da exploração dos trabalhadores. Assim que a guerra imperialista e a estagnação econômica criariam as condições para a necessária revolução socialista. 
Luxemburgo via o imperialismo como a conseqüência lógica do processo de acumulação de capital. Analisando o livro 2 de O Capital, de Marx, Rosa vê uma impossibilidade de o capital se reproduzir em escala ampliada, sem “terceiros mercados”, isto é, sem mercados não capitalistas. A autora vê, de maneira inerente
ao capitalismo, uma tendência ao subconsumo. Assim, para que a sobreacumulação do capital possa se concretizar o capitalismo precisava conquistar novos mercados. Daí surge o processo de internacionalização que é uma condição vital da expansão do capital. As conquistas coloniais seriam a sobrevida do capitalismo. Desta forma, Rosa Luxemburgo acreditava que o limite do capitalismo seria atingido quando ele ocupasse todos os interstícios do planeta. Sem “terceiros mercados” o capitalismo não teria como garantir a continuidade da acumulação e entraria em crise irreversível. Ela analisou a Primeira Guerra Mundial como fruto da disputa interimperialista que levaria ao fim do capitalismo ou à regressão civilizatória da humanidade. Por isto ela lançou, em 1915, a palavra de ordem: “socialismo ou barbárie”

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