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Historia do direito resumo

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História do direito - Resumo
Pré História 
Considerações Iniciais: 
Existe grande dificuldade dos historiadores para estudar o direito dos povos sem escrita, pois não existem registros confiáveis de como aquelas sociedades se organizavam. Acreditava-se que a sociedade se dividia em clãs e cada família tinha suas próprias regras.
Com o surgimento das cidades, da escrita e do comércio, apareceram os registros das primeiras civilizações. Os mais antigos documentos jurídicos escritos apareceram no Egito e na Mesopotâmia, cerca de 3.000 anos antes de Cristo. 
Passa-se, assim, ao estudo do direito no Egito Antigo, na Mesopotâmia, o direito hebreu e o direito romano. 
O Direito dos povos sem escrita
Visão do historiador sobre o direito:
Compõe um dos aspectos políticos para regulamentar a vida em sociedade
É um fenômeno humano
Resultado de um processo histórico
Fontes do Direito
São documentos que representam qualquer coisa produzida pelo ser humano por mais simples que seja, que carrega elementos da história. Fonte Histórica seria o direito escrito por diferentes povos que impuseram as leis
Históricas -> produzidas pelos antigos (direito positivo) Ex: Direito Romano
Reais -> princípios que deram origem as fontes históricas (ideias religiosas – mitos)
Formais -> com o direito positivo se expressa -> LEX (lei), consuetudo (costume), jurisprudência, doutrina. 
Características básicas dos povos da Pré-História:
Paleolítico -> sociedade dos caçadores ou coletores
 nomadismo
4 a 3 milhões de anos – Hominídeos
2,5 milhões de anos – Homo Habilis
1,7 milhões de anos – Homo Erectus
200 – 100 mil anos – Homo sapiens sapiens
O historiador estuda o que os homens fizeram para organizar a sobrevivência. Na visão do historiador, o direito serve para regulamentar a vida da sociedade, o direito é um fenômeno humano, o direito é resultado de passa e o direito corre atrás para entender essa demanda social.
Características do Direito na Pré-história
Características do direito: documentos pré-históricos que chegaram a nós: são posses, bravuras, pinturas rupestres, ferramentas, sítio arqueológico
Não havia Código
O direito na Pré-história é numeroso e diverso – vários grupos
É posicionado por fortes laços sociais – a regra é para mantes a comunidade para manter a união
É carregado de aspectos míticos sobrenaturais religiosos – cria regras (normas de sacrifício) para evitar o castigo
Julgamento pelo Ordálio 
(John Gilissen - capítulo 1º - O direito dos povos sem escrita)
Direito na Mesopotâmia
O conjunto de normas escritas, com certa ordenação, mais antigo que é conhecido foi criado na Mesopotâmia, região entre o Rio Tigre e o Eufrates (correspondentes aos atuais Irã e Iraque), pelo Rei Hamurabi, da primeira dinastia babilônica; disputada na antiguidade e ainda hoje, pois há influência entre 3 continentes.
Havia outras ordenações antes, em especial na Suméria, mas não existem muitos registros confiáveis delas. O Código de Hamurabi data de 1800 a 1500 a.c. e é baseada na lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”. Acredita-se que ele seja uma compilação das normas anteriores, porém mais extenso, melhor ordenado e mais autoritário que a legislação que o antecedeu. 
As 281 normas contidas em tal legislação foram talhadas em uma rocha escura, encontrada na cidade de Susa, atual Irã. O Código trata de vários ramos do Direito: civil, comercial e criminal. A punição era diferente para cada classe social e a pena de morte era a mais comum. Ninguém podia alegar ignorância da lei como desculpa, mas poucos sabiam ler naquela época. A hierarquia da sociedade dividia-se em 3 grupos: homens livres, subalternos e os escravos. A vítima levava seu ofensor a um tribunal, que poderia ser em um templo sagrado ou em suas proximidades. Quem tivesse testemunhas e os testemunhos mais confiáveis “ganhava a causa”. Além disso, as ordálias eram comuns (provas sobrenaturais, normalmente dolorosas, em que acusados eram submetidos para que se chegasse ao juízo divino. Ex: queimavam uma pessoa viva, se morresse era porque era culpada e Deus quis) e a pena transcendia a pessoa do infrator. Se alguém matasse o filho de outrem, seu filho seria morto. O que hoje é considerado desumano, na época era um avanço, pois antes desta legislação a vingança podia inclusive superar o mal causado. Com este Código, o limite da punição passou a ser a mesma medida do mal. 
Características dos direitos uniformes: 
Os direitos desses povos que surge na Mesopotâmia, onde as características importantes são: escrita, cidade e comércio (circulação de gente) – Na pré-história, a síntese dos elementos, representa a derrotada de uma cidade fechada, organizada em tribos onde há um direito simples apenas pelo costume, mas aos poucos vai se construindo por uma nova sociedade urbana, de experiências políticas, dinâmica que demanda um novo tipo de direito (exemplo: Código de Hamurabi)
2140 – 2004 a.C. -> Código de Ur-Nammu
1930 a.C. -> Código de Esnunna (60 artigos)
1880 – 1870 a.C. -> Código de Lipit-Ishtar (37 artigos)
C 1750 -> Código de Hamurabi
Lei do Talião (principio para entender): “olho por olho e dente por dente” (vingança) que é interpretada como aqui se faz você paga, mas na verdade, é um sistema penal que é feito para impedir que a punição não pode ser superior ao dano – art. 196 (reciprocidade)
(John Gilissen - Fundamento da história do Direito) 
Direito Grego
As constituições dos gregos para civilização ocidental – constitui entre a tradição clássica de gregos e tradição judaica cristã (mudou o ocidente)
Compreender o direito grego a partir de uma articulação mais ampla:
 FILOSOFIA – LEISIDIREITO – POLÍTICA 
Conceito de Nomos (lei)
Direito articulado á atividade política da Pólis (cidade)
Definição de cidade – Estado a partir de Fustel de Coulanges
Os magistrados segundo Aristóteles
O sistema jurídico da Grécia antiga parece derivar mais de uma noção de justiça, que estaria difusa na consciência coletiva do que em textos coletivos. Os gregos não foram grandes juristas e a principal contribuição dele foi para a filosofia e para a ciência política. 
Cada cidade grega tinha seu próprio direito. Assim sendo, com exceção do período em que a Grécia ficou sob dominação de Alexandre, o Grande, e houve certa homogeneidade na legislação, em cada local existiam certas peculiaridades na ordem jurídica. 
Na Grécia Antiga já havia ideias de cidadania, mas não se percebia a noção de ser individual. A respeito, não se indagou, concretamente, sobre a existência de direitos fundamentais do indivíduo em face do Estado e de seus agentes. Ao contrário, os filósofos gregos acreditavam que a personalidade humana somente poderia se desenvolver se estivesse integrada e subordinada a comunidade e, consequentemente, ao Poder Público. Platão e Aristóteles entendiam que o homem deveria viver em função do Estado. 
(Luiz Carlos de Azevedo - capítulo 2 - O direito grego)
Direito Romano
753 a.C. – Monarquia
509 a.C. – República 
27 a.C. – 476 d.C. – Império 
LEI – natureza a justiçaIvirtude
Cidadão – homem livre
LEI – igualdade de todos cidadãos perante a lei
LIBERDADE – cidadão só deve se submeter a lei 
ERIUNIU – Tribunal de Justiça popular
Princípio – é viver honestamente, não lesar ninguém e dar a cada o seu
Definição de cidadeIestado - Por Fustel da Coufonges
Funcionamento da democracia grega
A magistratura em Aristóteles 
DIREITOS HUMANOS
Princípio do Direito Humani
Diferença em Direitos e JUS
JUSIPLUBLUIM
JUSIPREVATEM
O Direito Romano que costumava ser estudado compreende o conjunto de normas que regeram a sociedade do antigo Império Romano, de 754 a.C. até 564 d.C., quando ocorreu a morte do Imperador Justiniano. Durante estes períodos, o Direito Romano passou por 3 fases: a do direito antigo, a do direito clássico e a do direito do baixo Império (pós-clássico)
Os juristas romanos tinham formação filosófica e conheciam os pensadores gregos, mas a preocupação
deles foi eminentemente prática e menos filosófico. Com efeito, os romanos foram grandes aplicadores da filosofia grega nas relações humanas. Eles reconheciam o fato de que nem sempre o justo coincide com o lícito. 
Princípio de Direito Romano 
Directus e JUS
Justitia
Jus Publicum
Jus Privatum (jus civile, jus gentinos e jus naturale)
	MAGISTRATURA
	DURAÇÃO
	QUANTIDADE
	ATRIBUIÇÕES
	Consulado
	1 ano
	2
	Magistrado Superior Poder Político, administrativo e militar
	Censura
	Cada 5 anos por 18 meses
	2
	Recenseamento; lista dos cavalheiros, álbum dos senadores, exames dos costumes e sanções eventuais gestões do patrimônio
	Pretura
	1 ano
	2 a 10
	Competência judiciária. Comando militar – Governador de província 
	Questura
	1 ano
	10 até 20
	Gestão do Tesouro
	Edilidade
	1 ano
	4 a 6
	Cuidar dos mercados, das vias públicas e organizar os jogos
	Tributo da Plebe
	1 ano
	2 até 10
	Vetar as leis e orientações do Senado propor plebiscito 
Roma passou por diferentes formas de governo, o que refletiu em seu ordenamento jurídico. Neste caminho, costuma-se dividir estes períodos em: realeza, república, principado e dominato. 
- 1º Período Real (da origem de Roma até a queda da realeza em 510 a.C.)
Não se sabe ao certo como surgiu a Roma. Vários autores defendem que foram etruscos que a fundaram. Outros, entretanto, entendem que lá existia uma população na região do Lazio, quando os etruscos a dominaram. 
No período da Realeza a organização do Estado romano se resumia ao rei, ao Senado e aos comícios. O rei tinha o comando de exército, o poder de polícia, além das funções de juiz e de sacerdote. Era vitalício, mas sua sucessão não se fazia pela hereditariedade, mas pela indicação do antecessor ou escolha do Senado na ausência dela. Por sua vez, o Senado era o conselho do rei. Seus membros eram escolhidos pelo próprio rei, entre os membros das diferentes gentes (agrupamento de várias famílias – gentiles e clientela). O Senado era convocação pelo rei e se subordinava a ele. Por fim, os comícios erram Assembleias que não deliberavam, apenas aprovavam ou rejeitavam a proposta de quem lhe presidia. 
- 2º Período republicano (de 510 a.C. até 25 a.c.)
Na República, o Senado tornou-se o verdadeiro centro do governo. Nesta época, dois magistrados eleitos anualmente substituíram o rei na tomada de decisões. Os juízes eram eleitos anualmente e os censores a cada 5 anos. Os magistrados não eram remunerados, mas eram invioláveis durante a investidura do cargo. Porém, eles poderiam ser chamados para prestar contas depois de seu mandato. Todos os magistrados tinham potestas (poder de expressar a vontade do Estado), mas nem todos tinham imperium (poder de deter e punir os cidadãos, além de apresentar propostas aos comícios. 
As fontes do direito eram o costume (principal fonte do direito privado), leis (propostas pelo magistrado) e os éditos dos magistrados. Era comum a existência de jurisconsultos, que faziam estudos do direito vigente em cada caso concreto. 
Por fim, são também fontes do direito romano os editos dos magistrados, conjunto de declarações (edicta) destes, em que expunham aos administrados os projetos que pretendiam desenvolver. Para o Direito Romano, assumem maior relevância os editos dos pretores, e, em especial, os editos urbanos. O pretor, como magistrado que o era, era detentor do poder de fazer editos, contribuindo assim para o florescimento, em oposição ao jus civile (formalista e rigoroso), do jus honorarium, mais humano, pois com ele se fazia uso da equidade, instrumento através do qual o pretor adequava a justiça ao caso concreto, abrandando-se a impessoalidade do caso concreto.
A plebe (pessoas que não eram gentiles nem clientes e habitavam a cidade, sem fazer parte dela) não tinha acesso a magistratura. Em certo momento, revoltados com o arbítrio dos magistrados patrícios, os plebeus resolveram sair de Roma para criar uma outra cidade. Os patrícios, então, transigiram e, além de criar Assembleias de plebeus (plebicito), editaram leis escritas, que culminaram na Lei das XII Tábuas.
A Lei das XII Tábuas ainda consagrava a diferenciação entre patrícios e plebeus, mas já foi um avanço. Isto porque, por maior que fosse o tratamento díspar, era melhor que o subjetivismo e casuísmo da ausência de qualquer previsão. Com um ordenamento, pelo menos, era possível saber qual seria a diferença entre as classes sociais. 
Na referia legislação, a Tábua I previa o chamamento a juízo; a Tábua II, julgamentos e furtos; a Tábua III, direitos de crédito e sanções aos devedores, a Tábua IV dispunha sobre o casamento e pátrio poder; a Tábua V cuidava da herança e da tutela; a Tábua VI havia disposições sobre a propriedade e posse; a Tábua VII previsão de delitos; a Tábua VIII trazia direitos prediais; na Tábua IX havia dispositivos de Direito Público; na Tábua X continha direito sacro e as Tábuas XI e XII complementaram matérias das Tábuas precedentes;
- 3º Período do principado (de 27 a.C., quando o Senado investe Octaviano, futuro Augusto, no Poder Supremo – princeps, até 285 d.C.)
Os generais podiam, livremente, recrutar soldados, que prestavam juramento e tinham subordinação direta a eles. Isto fez com que os generais tivessem muito poder. 
Julio César e Pompeo disputavam o comando de Roma. Em seguida, Octaviano, sobrinho e filho adotivo de Julio César, chegou ao poder após a morte do tio e o dividiu com Marco Antônio. Octaviano conseguiu centralizar todo o Poder em suas mãos e recebeu do Senado o título de Augusto, que significava que ele não estava subordinado a nada, nem mesmo a lei. Tal período foi uma transição entre a república e a monarquia absoluta.
- 4º Período do dominato (285 a 565 d.C., data em que morreu Justiniano)
O imperador governava e administrava o vasto território com ajuda de funcionários por ele nomeados e livremente demitidos. 
No século III, houve uma crise que provocou mudanças profundas na estrutura política do Império Romano. Constantino reorganizou o império e reconheceu o cristianismo como religião oficial. Além disto, fundou uma nova capital, Constantinopla, na antiga Bizâncio (atual Turquia). O império Romano foi dividido. Roma passou a ser a capital do “Império Romano do Ocidente”, enquanto Constantinopla (Bizâncio) a capital do “Império Romano do Oriente”. 
No início deste período não havia grandes juristas, apenas práticos. A citação de juristas antigos chegou a ser proibida por Constantino. Mas, depois surgiram escolas de Direito. Quando Justiniano chegou ao poder começou uma reforma militar e legislativa. A obra legislativa de Justiniano até hoje é a principal fonte do direito privado moderno. Ela contém quatro partes: Institutas (manual escolar), Digesto (compilação de julgados), Código (compilação das leis) e Novelas. Este conjunto é chamado de “corpus iuris ciuilis” (corpo do direito civil)
Cada fase do Império Romano possuía certas características e o direito foi sendo modificado. Entretanto, existem algumas linhas gerais, em especial do direito de Justiniano, quais sejam: 
As “pessoas” não eram sujeitos de direito, eram objeto de direitos. Pessoas físicas eram os homens (ser masculino). Mas apenas os homens livres, pois os escravos eram equiparados as coisas. A escravidão podia ocorrer pela captura do inimigo ou pelo nascimento de origem escrava. 
O feto era considerado apenas vísceras da mulher, mas tinha expectativas de direito. Assim, do ponto de vista patrimonial podia ser protegido. 
O parentesco ocorria quando o nascimento fosse oriundo de “justa núpcia”, ou seja: em um casamento com “manus”. Com efeito, “manus” era um poder marital pelo qual a mulher ingressava na família do marido e devia se submeter totalmente a ela. O divórcio extinguia o casamento, mas não o “manu”, ou seja: a mulher continuava se submetendo a família do ex-marido. Apenas se ocorresse uma “venda por três vezes” é que se extinguia o “manu”. A “venda por três vezes” era uma formalidade em que havia uma simulação de
venda para outra pessoa e a devolução, pelo mesmo valor, para, em seguida, uma nova venda sem devolução para a “venda” finalmente sem concretizada.
Fontes do direito no período da Realeza:
As fontes do direito romano na realeza são duas: o Costume e a Lei.
- Costume (consuetudo, mos maiorum) é o uso repetido e prolongado de normas jurídicas tradicionais, jamais proclamadas solenemente pelo Poder Legislativo.
Nas palavras de Ulpiano, costumes são o consentimento tácito do povo, envelhecido por longo hábito (Mores sunt tacitus consensus Populi, longa consuetudine inveteratus).
Os elementos do costume são dois, um externo, que é o uso, a observância constante da norma; outro interno, que é o elemento psicológico, a convicção de que a norma eleita funciona como lei.
A autoridade e força do costume provêm do acordo geral, mas tácito, de todos os cidadãos. É o jus non scriptum, direito costumeiro ou consuetudinário.
- A Lei, ao contrário do costume, resulta de uma declaração feita pelo poder competente, advindo sua autoridade do acordo formal dos cidadãos.
As leis teriam sido obra dos sete reais. No entanto, muitos negam a existência de aludidas leis reais.
Teriam sido elas votadas pelos Comícios por cúrias, e compiladas, nos fins da realeza ou no início da república, por Sexto Papírio, como nos informa Pompônio no Digesto.
Direito Romano: o papel do pretor. 
Pretor: Era classificação / espécie dos magistrados romanos. Tinha como função principal cuidar da primeira fase do processo entre particulares. Verificava a procedência das alegações diante das provas apresentadas, julgando a demanda.
Dividiam-se em:
PRETOR URBANO: Cuidava dos conflitos entre patrícios;
PRETOR PEREGRINO: Cuidava dos conflitos entre a plebe e os patrícios.
O cargo de pretor, em Roma, era um cargo de magistratura, como a dos cônsules, a dos censores, questores e a dos edis curúis21, ou seja, como magistratura tinham o poder de representar o povo ou um comando no interesse público22. Em Roma23, a ideia da representação do povo24 foi mantida até o período imperial25. Essa representatividade alcançava inclusive os plebeus, que também conquistaram uma magistratura própria, os tribunos da plebe26. Com a implementação do sistema imperial romano, o magistrado deixou de lado a sua representatividade, que advinha das eleições, passando, de forma gradativa, a ser um funcionário do imperador e agindo como a sua longa manus27. O pretor aparece, em Roma, quando se abandona o processo das legis actio28, no período pré-clássico, em que há um rigoroso formularismo verbal29, como se pode lembrar em uma passagem famosa em Gaio, que refere a utilização da palavra videira, enquanto a Lei das XII Tábuas determinava que se utilizassem árvores cortadas. Quem não se enquadrasse no rigor da lei perderia a causa. Há uma mudança no processo: de início, “presumivelmente era um processo unitário, em que tanto a introdução como a decisão do litígio, cabiam ao Magistrado”30, mas que evolui para um sistema de bipartição do processo, “com as fases in iuri, i.e., no tribunal [...] perante o magistrado judicial, e apud iudicem, i.e., perante um particular a quem foi confiada a função judicial (iudex, ‘jurado’; necessária uma pluralidade de pessoas) a quem compete julgar e mais tarde, também, proclamar a sentença”. Esse processo repartido é adotado nas ações da lei, mas é implementado após nas épocas pré-clássica e clássica. No modelo bipartido, a principal figura vai ser justamente a do pretor 31, em que se renuncia a fórmulas solenes, redigindo-se, posteriormente, por escrito a fórmula processual, de modo a introduzir o processo litigioso (a litis contestatio e a exeptio). Era uma fórmula que permitia a adaptação “às múltiplas necessidades de uma ordem jurídica evoluída e cada vez mais complexa”32, especialmente pelo fato de que havia a necessidade de administrar a justiça entre os estrangeiros e cidadãos romanos e entre estes e os estrangeiros, o que acabou acontecendo com a criação do pretor peregrino33. A atividade do pretor era administrar a justiça nas causas civis, mas também nas causas de direito público34. Exercia essa missão de uma atividade tríplice: a de interpretar (adiunvandi), a de integrar (suplendi) e a de corrigir (corrigendi) o ius civile35. Segundo Kaser: Os romanos chamam ius civile (em contraposição a jus honorarium) ao núcleo tradicional do seu ordenamento jurídico, a velha ordem tradicional, que, baseando- -se no direito consuetudinário (mos maiorum), foi em parte consagrada nas doze tábuas e desenvolvida na sua interpretação (interpretatio), às vezes completada mais tarde por Leis e Senado Consultos.36 Embora fosse dois estratos jurídicos distintos que revelam diversidade, ou falta de unidade, como o jus civile e o jus honorarium, sublinhe-se que é possível perceber a marca do tradicionalismo37. “Assim, por exemplo, muitos aspectos do jus honorarium (criado pelos magistrados) que se estende a todos os campos do Direito Privado e do Processo Civil, encontram seu fundamento e sua origem no próprio jus civile. E talvez seja oportuno lembrar que ‘recentes estudos confirmaram que o jus civile era, na sua origem, consuetudinário, era o costume jurídico dos romanos”. Há, pois, na evolução do Direito romano, uma unidade na diversidade (in varietate concordia), isto é, “uma certa tradição que só aos poucos e diante da própria evolução histórica vai cedendo às transformações inevitáveis”38. O jus civile tem uma formação baseada na ratio, construído historicamente, mas que necessita se renovar. Por isso, anota Almiro do Couto e Silva: Muito embora não pudesse o ius honorarium abrogar formalmente o ius civile, a ele, no entanto, se sobrepunha na prática, pois o Direito que era efetivamente aplicado era o ius honorarium e não o ius civile. Não é outra razão pela qual Gaio dizia que o ius civile, embora formalmente vigente, não passava de um nudum jus; um direito esvaziado de conseqüências e efeitos imediatos sobre a realidade.39 Conforme explica Cruz40, a atividade dos pretores era orientada pelos grandes princípios jurídicos: De não abusar dos poderes, de não prejudicar alguém, de atribuir a cada um o que é seu e, para evitar o arbítrio, era uma atividade controlada a) pelo ius intercessionis dos cônsules [...]; (b) por quem detivesse a tribunicia potestas; c) por uma provocatio ad populam; e, sobretudo, pela crítica, bem temível dos iurisprudentes. Além disso, se um pretor na administração da justiça cometesse voluntariamente uma arbitrariedade prejudicando ou favorecendo injustamente alguém, comprometeria fatalmente sua promoção no cursus honorum. 41 O pretor, na concessão de suas tarefas, usava dois expedientes: os decreta, quando resolvia um caso particular, ou o edictum (edicto), quando anunciava ao povo, com antecedência, as suas atividades, os casos que lhe seriam submetidos e, especialmente, os casos para os quais não havia previsão de submissão. Essas atividades inicialmente eram orais e transmitidas na assembleia e, posteriormente, foram transcritas42. Tinham como escopo principal informar ao público com antecedência e certeza todas as hipóteses previstas pelo ius civile ou pelo pretor, nas quais este prometia ou não proteção jurídica. Conforme houvesse ou não proteção jurídica, diria respectivamente – em relação ao ius civile, “actionem denegabo”, e em relação ao ius prætorium nem sequer aparentemente podia ser considerado arbitrário ou incerto; pelo contrário, a todos inspirava plena confiança.43 Esses editos do pretor urbano eram comunicações escritas publicadas sobre tábuas pintadas de branco (álbum), em que os assuntos eram epigrafados em vermelho para se destacar (rubricae). Eram fixados no fórum, para que pudessem ser lidos sem dificuldade e terminavam sempre com a sigla q.s.s.s. (quae supra sunt scripta)44. Destaque-se que até a Lex Cornélia os pretores não eram vinculados aos editos, mas sempre respeitavam as promessas para não comprometer o êxito de seus trabalhos45 ou serem acusados de arbitrariedades46. Esses
edicta podiam ser perpetua ou anuais os que eram dados no início de sua magistratura, contendo os vários critérios que seguiria no exercício de suas funções durante esse ano. Eram afixados no fórum no início de janeiro. As repentina eram utilizadas no caso concreto, em uma situação emergencial, em situações em que nem os edicta perpetua ou o ius civile solucionavam o caso. Conforme José Cretella Júnior47, essa faculdade de lançar mão dos editos repentinos degenera em abuso, “tendo alguns magistrados violado seus próprios editos, motivo por que a Lex Cornelia aboliu essa espécie de edito”. 
Características das Magistraturas :
Todos os magistrados eram eleitos pelo povo, para um período de apenas um ano.
Só o censor permanecia no cargo por 5 anos.
Não havia hierarquia entre cônsules e magistrados.
Os magistrados eram autônomos em suas funções.
Os magistrados só podiam se candidatar ao mesmo cargo, após o intervalo de 1 ano.
A prestação de contas dos magistrados para o povo era rigorosa.
O povo exercia controle e fiscalização rigorosos sobre os atos dos magistrados, que podiam ser depostos quando a população desejasse.
NOVOS MAGISTRADOS:
Pretores: Cuidavam da justiça.
Questores: Cuidavam dos impostos e tesouros públicos.
Censores: Cuidavam do recenseamento.
Edis: Encarregados das benfeitorias da cidade e do controle dos preços.
	Para os romanos, Magistrado era qualquer cidadão eleito pelo povo, para exercer uma função pública e específica.
O pretor era um magistrado (não um juiz), eleito pelo povo para um período de um ano. O número de pretores variava de acordo com as necessidades da população. O pretor precisava necessariamente ter conhecimentos profundos do Direito.
	Era o primeiro a atender as partes demandantes. O credor, acompanhado de duas testemunhas, procurava o pretor para expor oralmente os fatos e pedir providências. Depois de examinar a situação, o pretor decidia se havia ou não fundamento.
	No caso do réu admitir a dívida, o pretor estabelecia o prazo para pagamento da dívida; em caso de não pagamento, cabia ao pretor estabelecer a sanção: desde a penhora até a prisão. Quando acontecia do réu não reconhecer dívida, o pretor fazia as partes escolherem o juiz e a este fornecia um roteiro limitando a questão em seus pontos básicos. Era o pretor que garantia a execução da sentença quando dada pelo juiz.
“IUS PUBLICUM” E “IUS PRIVATUM”
	O binômio direito público/ direito privado é visto geralmente pela doutrina, a partir do célebre texto atribuído a Ulpiano.
	“Publicum ius est quod ad statum rei Romanae spectat; privatum, quod ad singulorum utilitatem : sunt enim quaedam publice utilia, quaedam privatim”. (= O direito público é o que versa sobre a situação da coisa romana; o privado, sobre o interesse dos particulares. Com efeito, algumas coisas são úteis públicas, outras privadamente”.
A “LEI DAS XII TÁBUAS” ( 450 A.C. )
Apesar da grande importância e do caráter da “Lei das XII Tábuas”, essa obra não pode ser considerada a origem dos códigos. Muito do que se fala sobre ela é lenda; existe muita discussão em torno dessa lei. Para alguns, a “Lei das XII Tábuas” resultou da luta entre a plebe e o patriciado; um dos objetivos dos plebeus era o de acabar com a incerteza do Direito por meio da elaboração de um código, mas isso não ficou definido de forma clara. Foi depois dessa lei, que a plebe passou a conquistar os seus direitos, através de leis subsequentes.
	A elaboração dessa lei foi alvo de muita preocupação e cuidados. Segundo alguns autores, em 454 a.C. foi enviada a Grécia uma embaixada, composta de três membros, para estudar a legislação de Sólon, que acabava de ser editada.; Quando de seu retorno, em 452 a.C., foram eleitos pelo povo dez magistrados, os “decênviros”, para elaborar essa lei. Após terminarem o seu trabalho, os decênviros pretenderam perpetuar-se no poder, mas foram depostos por uma revolta popular.
	Esse cuidado em eleger pessoas especialmente para a elaboração da lei, é uma lição transmitida para a posteridade. Esse exemplo de legitimidade deveria ser seguido nos dias atuais : uma Constituição só deveria ser elaborada, revisada ou reformada, por pessoas eleitas para esse fim específico.
	Existem alguns aspectos dessa lei, que estão em vigor até hoje. Um exemplo, é o “direito de ser citado” (quem tem o direito de se defender, tem o direito de tomar conhecimento). Apesar disso, não pode ser considerada um código, e sim uma condenação dos costumes da Antiga Roma.
	Não chegou até nossos dias o texto completo da “Lei das XII Tábuas”, mas parece certo, que algumas disposições que nos foram transmitidas como pertencentes a essa lei, não faziam parte da codificação original, mas a ela foram atribuídas, talvez em virtude da transmissão oral dessa Lei. Segundo Cícero, as crianças aprendiam essa Lei, cantarolando-a na escola.
(José R. Lopes - capítulo Roma - O direito na história)
Direito Medieval
Considerações Iniciais: 
Com a queda do Império Romano desaparece o Poder centralizador e, em primeiro momento, ocorre certa anarquia na Europa. Desse modo, cada região começa a aplicar regras próprias. A sociedade medieval era concentrada em pequenos espaços entre vastas regiões pouco povoadas. Estas regiões ficavam conhecidas como feudos. 
No feudalismo, cada feudo tinha suas próprias regras e cada povo seus costumes. Havia, também, disputa pelo Poder entre a Igreja Católica e as monarquias que se formavam com a reunião de vários feudos. 
O direito na sociedade feudal, na verdade, era uma adaptação de um poder centralizador e as sucessivas invasões bárbaras (muçulmana, húngara e escandinava)
Ordens religiosas fortaleceram os mosteiros que resultaram na Inquisição, que foi criada pela Igreja Católica para julgar todos aqueles que ameaçavam sua doutrina. Os que a questionavam eram perseguidos e, aos condenados, aplicavam-se penas cruéis (inclusive a morte na fogueira em praça pública). 
O Direito aplicado na Idade Média, então, era o direito canônico (da Igreja Católica Romana) e o direito da monarquia de cada região (com variações em cada feudo e grande número de “leis privadas”). Entre estes sistemas jurídicos, destacam-se: o direito bizantino no sudeste da Europa; o direito muçulmano, em especial no sudoeste do continente e o “common law” inglês.
Papel da igreja no direito medieval
Direito Medieval = Direito Feudal (aplicado pelo senhor feudal no seu feudo) e Direito Canônico (aplicado pela Igreja Católica Romana em toda a Cristandade). O discurso jurídico canônico se materializou no Tribunal da Santa Inquisição (oficializado pelo Papa em 1231).
Com relação ao direito, na Idade Média Ocidental, após a fragmentação dos reinos bárbaros, vamos encontrar dois tipos de direito: o chamado Direito Canônico ( que era o direito da Igreja Católica).
Na Europa Feudal, a Igreja era a instituição que monopolizava a interpretação da realidade social, pois era ali que estavam os estudiosos, os eruditos, os chamados “doutores da Igreja”; e a Igreja logo se tornou um lugar de saber inquestionável, para onde as pessoas deveriam se dirigir para saber o que deveriam fazer para alcançar a salvação eterno. Deus estava na origem de tudo: a vida e a morta dependiam da vontade de Deus, e era a Igreja que tinha o conhecimento sobre como alcançar a salvação, atendendo os desígnios de Deus. 
Aos poucos a Igreja Católica foi criando regras que visavam não só ao controle do clero, que se tornava cada mais hierarquizado e complexo, mas também ao controle da população em que geral, que vivia, em sua grande maioria, soba a autoridade de senhores feudais católicos, que respeitavam a Igreja. 
Podemos salientar a importância da Igreja ocidental na Idade Média, tendo assumido muitas das tarefas públicas, sociais e morais do antigo império romano. A Igreja era a força espiritual de longe mais importante; era a mais coerente e mais extensa organização social da Idade Média; a sua ordem jurídica interna era a mais poderosa da Idade Média (Wieacker,
1967, p. 67). Foi ela a responsável, desde o início, pela fixação de um conceito de direito, calcado na ética social e, sobretudo, na ética cristã. Tal importância fica clara citando-se Wieacker (1967, p. 17): A cristandade fixou desde o início o conceito do direito. Na medida em que a fonte de todo o direito não escrito – que arrancava da consciência vital espontânea – continuou a ser a ética social, e na medida em que toda a ética européia continuou a ser, até bem tarde na época moderna, a ética cristã, a doutrina cristã influenciou o pensamento jurídico, mesmo quando legislador e juristas estavam pouco conscientes dessa relação. Através do cristianismo, todo o direito positivo entrou numa relação ancilar com os valores sobrenaturais, perante os quais ele tinha sempre que se legitimar. Nessa fundamentação ética não podemos nos esquecer da influência grega, principalmente platônica, de grande influência à teologia, nesse momento histórico: Esta metafísica, inteiramente estranha às origens da cristandade, bem como às do direito romano, foi a descoberta de Platão, descoberta que os padres da Igreja receberam e a teologia da alta Idade Média renovou. Ainda que ela seja considerada uma descoberta do espírito grego, o certo é que, para o pensamento jurídico europeu até o início da época moderna, foi quase exclusivamente mediada pela teologia (Wieacker, 1967, p. 17). Sendo assim, vemos uma grande primazia do direito canônico**** na Europa, principalmente por seu caráter unitário, sua predominância escrita, uma grande supremacia na regulação do direito privado. O direito canônico teve uma importância crucial na formação e manutenção das instituições e da cultura jurídica ocidental. Toda a reorganização da vida jurídica européia, com o desenvolvimento das cortes, dos tribunais, e das jurisdições tem influência do direito da Igreja. Segundo Gilissen (2003, p. 134 e 135), vários fatores ressaltam a importância desse direito para o medievo: o caráter ecumênico da Igreja, que se coloca como a única religião verdadeira para a universalidade dos homens; a dominação sobre certos ramos do direito privado, que foram regidos exclusivamente pelo direito canônico, durante vários séculos, mesmo para os laicos; o fato de ser o único direito escrito, durante a maior parte da idade média, tendo sido objeto de trabalhos doutrinais, muito mais cedo que o direito laico, constituindo-se numa ciência do direito canônico, exercendo influência na formulação e desenvolvimento deste direito laico. Segundo este autor, o direito canônico é um direito religioso, retirando suas regras de princípios divinos, revelados nos livros sagrados, o Antigo e o Novo Testamento. É o direito de todos os que adotam a religião cristã, onde quer que se encontrem (Gilissen, 2003, p. 135). Além disso, a formação de uma classe de juristas, oriunda de dentro da organização eclesiástica foi fundamental para o desenvolvimento de uma camada de profissionais, que disputará mais tarde com os não clérigos, o poder de dizer o direito.
Em 306, Constantino (†337) foi aclamado imperador pelo exército e tornou-se o “César” do ocidente, com autoridade sob a Britânia, Gália e Espanha. Em 312 ele derrotou o seu rival Maxêncio (senhor da Itália e norte da África), tornando-se o único imperador da parte ocidental do Império Romano. Na véspera da famosa batalha da Ponte Mílvia, perto de Roma, Constantino teve um sonho em que viu as primeiras letras do nome de Cristo e as palavras “Com este sinal, vencerás”. Disposto a confiar a sua causa ao Deus dos cristãos, ele fez com que o monograma Chi-Rho fosse pintado nos escudos dos soldados. Quando ele entrou em Roma em triunfo, os costumeiros tributos de agradecimento aos deuses de Roma foram omitidos. O imperador havia lançado a sua sorte com a causa minoritária dos cristãos e desde então considerou o Deus cristão como o protetor do império e o patrocinador da sua própria missão de reforma e reconstrução. (Ver Walker, 125.)
No ano seguinte (313) Constantino e Licínio, o imperador do oriente, encontraram-se em Milão e chegaram a um acordo acerca dos cristãos. O célebre Edito de Milão proclamou a liberdade de consciência, concedeu ao cristianismo plena igualdade com os outros cultos e ordenou a devolução de todas as propriedades eclesiásticas confiscadas durante a perseguição. Eventualmente, Licínio impôs sérias restrições à vida pública das igrejas. Unindo interesses políticos e religiosos, Constantino derrotou Licínio em 324, tornando-se o único governante do império. As igrejas despertaram para o fato de que a causa de Roma e a causa de Cristo haviam se tornado uma só.
Ao assumir o controle do leste, Constantino apercebeu-se de um grave conflito teológico que ameaçava a unidade e a estabilidade do império. Era a controvérsia ariana, iniciada pelo presbítero Ário, por volta de 318, em Alexandria, que versava sobre a natureza ou status de Jesus Cristo. Para resolver o problema, Constantino (o pontifex maximus) convocou todos os bispos do império a se reunirem em Nicéia, na Ásia Menor, para o que veio a ser o primeiro concílio universal da igreja (325). O próprio imperador presidiu os trabalhos da assembléia e influenciou as suas decisões no sentido da adoção praticamente unânime de um credo que excluía o arianismo. Constantino e seus sucessores também afetaram a vida da igreja fazendo grandes concessões à mesma e aos seus líderes (edifícios, doações, cargos, privilégios – ver Bettenson, 45-48), ao mesmo tempo que reprimiram o paganismo.
As décadas seguintes viram as constantes ingerências de Constantino e dos seus filhos nos assuntos internos da igreja, seja para resolver as divergências resultantes da formulação de Nicéia, seja para sanar cismas, rivalidades pessoais e outras questões. A igreja iniciou a prática de recorrer às autoridades civis para impor as suas decisões e aplicar penalidades aos insubmissos. Por diferentes razões, Atanásio, o bispo de Alexandria (328-373) e defensor intransigente da ortodoxia nicena, foi exilado cinco vezes por Constantino e seus sucessores.
Juliano, “o Apóstata” (361-363) ainda tentou restaurar o paganismo como religião do império. Eventualmente, subiu ao trono um enérgico soldado e administrador espanhol, Teodósio I (379-395), o Grande, que marcou a vitória definitiva da ortodoxia nicena na igreja e no império. Depois de Nicéia, Constantino e seus sucessores haviam em geral apoiado os arianos, por conveniências políticas do império oriental. Foi o esforço ingente de Atanásio e depois dos três capadócios, Basílio de Cesaréia (†379), Gregório de Nazianzo (†389?) e Gregório de Nissa (c.395), que garantiu a aceitação da fórmula de Nicéia no oriente.
Em 380, Teodósio e seu colega Graciano promulgaram um edito decretando que “todos os povos” do império deviam “praticar... a religião que é seguida pelo pontífice Dâmaso [de Roma] e por Pedro, bispo de Alexandria” – a saber, o cristianismo ortodoxo que confessava “a única Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (cf. Bettenson, 51; Ayer, 367). Este decreto, que marcou o triunfo do partido niceno sobre o arianismo, também marcou um novo momento na história da relação das igrejas com o estado romano. Claramente o cristianismo era agora a religião oficial do império e todas as outras foram proibidas, inclusive as formas variantes do próprio cristianismo. Seguindo os seus predecessores, Teodósio convocou em 381 um sínodo de bispos orientais que ficou conhecido como o Concílio de Constantinopla, e que teve como tarefa primária a afirmação da plena divindade do Espírito Santo.
A transferência da capital de Roma para Constantinopla (330), entre outros fatores, levou a uma diferente concepção das relações entre a igreja e o estado na região oriental, em comparação com o ocidente. No Império Romano Oriental, mais tarde o Império Bizantino, e conseqüentemente na Igreja Ortodoxa, a teoria e prática predominante veio a ser o cesaropapismo, isto é, a suprema autoridade exercida pelo governante secular sobre a igreja, mesmo em questões
doutrinárias.
No ocidente, com o declínio do Império Romano, a igreja teve mais liberdade de um controle direto pelas autoridades civis, o que, entre outros fatores, contribuiu para o fortalecimento do papado. (No ano 476 o general germânico Odoacro destronou Rômulo Augústulo, o último imperador do ocidente.) Em parte por causa da liderança imperial ineficaz e em parte devido à autoridade inerente atribuída à igreja de Roma, os bispos romanos tiveram de assumir a responsabilidade por questões judiciais, defesa militar e outras matérias seculares.
Foi nesse contexto que o papa Gelásio I afirmou pela primeira vez a doutrina das duas espadas (494), escrevendo ao imperador bizantino Anastácio I: “Existem dois poderes pelos quais este mundo é principalmente governado: a autoridade sagrada dos papas e o poder real. Destes, o poder sacerdotal é muito mais importante, porque tem de prestar contas acerca dos próprios reis humanos diante do tribunal divino... Tu sabes que a ti compete, em matérias concernentes à recepção e reverente administração dos sacramentos, ser obediente à autoridade eclesiástica, ao invés de controlá-la” (ver Barry I, 147). Em outras palavras, existem duas esferas separadas, a igreja e o estado, nenhuma exercendo os direitos da outra. Todavia, a esfera espiritual é superior à temporal, e nos conflitos o papa e o bispo prevalecem sobre o imperador porque são responsáveis pela salvação deste. Essa teoria foi utilizada insistentemente pelos papas medievais.
O grande imperador Justiniano (527-565) ignorou solenemente a teoria dos dois poderes, colocando a igreja dentro do sistema estatal. Sua grande coleção e restauração da lei romana, as Institutas de Justiniano, incorporou conceitos cristãos, deu garantias legais à fé ortodoxa, penalizou heresias e apoiou a obra missionária. O papa, os bispos e os clérigos deviam ser nomeados para os seus cargos e regulados em suas vidas particulares; os concílios eclesiásticos foram limitados em sua liberdade. Ver Barry I, 142-47.
Definição de cesaropapismo
Sistema de relações entre a igreja e o estado em que ao chefe do estado cabia a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã.
Cesaropapismo é, pois, atitude do governo civil para com a Igreja ao se atribuir nela direitos de pontífice máximo, com as suas consequências lógicas. As causas dessa atitude que floresceu e frutificou principalmente no Oriente foram a gratidão da Igreja, aliada do esmagamento que sofria dos imperadores que a perseguiam e depois lhe concederam privilégios; e o apoio e a ajuda concedidos pelos imperadores que se tinham cristianizado aos hereges e outorgados contra os bispos e vice-versa; a celebração de concílios e sínodos ao padrão das reuniões civis que requeriam aprovação imperial; 
Invasões Bárbaras e o aumento do poder político da Igreja
Direito canônico (conjunto de leis e regulamentos feitos ou dotados pelos líderes da igreja para o governo da organização cristã e seus membros)
Conflito entre o poder espiritual e o poder temporal = dar a cada um o seu -> definir as autoridades
Definição de cesaropapismo (relação entre igreja e Estado, chefe de Estado que regulava a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã)
Conflito entre poder temporal e poder espiritual
PROBLEMA: Onde reside o poder soberano? No Papa ou no Imperador? (Poder de comandar sem ser comandado
Questão de justiça: dar a cada um o que é seu
(Princípios e argumentos - Imperador e Papa)
Direito Português
Reis portugueses que começaram o processo de centralização do poder do direito
Importância das ordenações = compilação e organização das leis que devem reger o Estado português
Início desse processo - D. João I (1385 - 1433)
Término e aplicação - D. Afonso V (1438 - 1481) (por isso falamos ordenações Afonsinas divididas em 5 livros)
I livro: Organização administrativa judiciária do reino
II livro: Leis sobre a igreja e mosteiros
III livro: Sobre o ofício do juiz
IV livro: sobre as obrigações e contratos
V livro: sobre os processos e crimes
(Luiz Carlos de Azevedo - O direito português)

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