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2. A Etapa Colonial: Séculos XVI e XVII (2ª parte). Disciplina: Formação Econômica do Brasil UFRJ - Graduação em Ciências Econômicas (Bacharelado) 2º Semestre de 2015 Prof. Wilson Vieira 1. Formação do Complexo Econômico Nordestino Na segunda metade do século XVII inicia-se um lento processo de decadência nas economias açucareira e criatória. Contudo, as unidades produtivas, tanto nas fases de expansão quanto nas de contração, tendiam a preservar a sua forma original, uma vez que o crescimento era de caráter puramente extensivo (tanto de terras quanto de mão-de-obra) e a expressão dos custos monetários era reduzida, o que tornava o complexo econômico nordestino resistente aos efeitos de curto prazo de uma baixa de preços. Então, apesar da decadência, convinha continuar operando, uma vez que os fatores de produção não tinham uso alternativo (no curto prazo a oferta era totalmente inelástica). 1. Formação do Complexo Econômico Nordestino Tal decadência foi causada pelo afrouxamento do efeito dinâmico externo e trouxe as seguintes consequências: i) atrofiamento da economia monetária; ii) produção de couro; iii) conversão da pecuária em economia de subsistência. Como forma de conclusão do capítulo, Furtado (2007: 105- 106) afirma: A expansão da economia nordestina durante esse longo período [último quartel do século XVII – início do século XIX] consistiu, em última instância, num processo de involução econômica: o setor de alta produtividade ia perdendo importância relativa e a produtividade do setor pecuário declinava à medida que este crescia. Na verdade, a expansão refletia apenas o crescimento do setor de subsistência, no qual ia se acumulando uma fração crescente da população. 2. Contração Econômica e Expansão Territorial A colônia vive no século XVII, além das dificuldades da economia açucareira, uma etapa de maiores dificuldades na sua vida política, como as invasões holandesas. Após a etapa militar (expulsão dos holandeses), ocorre uma baixa de preços no açúcar provocada pela perda do monopólio. Na época da prosperidade da economia açucareira, os portugueses se preocuparam em estender seus domínios para o norte. Segundo Furtado (2007: 108-109): A ocupação foi seguida de decisões objetivando a criação de colônias permanentes. Ao Maranhão foram enviados de uma feita – no segundo decênio do século XVII – trezentos açorianos. Ao iniciar- se a etapa de dificuldades políticas e econômicas para o governo português, essas colônias da região norte ficaram abandonadas aos seus próprios recursos e as vicissitudes que tiveram de enfrentar demonstram vivamente o quão difícil era a sobrevivência de uma colônia de povoamento nas terras da América. 2. Contração Econômica e Expansão Territorial As famílias tiveram que se abastecer de tudo, o que só seria possível com certo número de escravos indígenas, o que explica o fator decisivo de penetração na bacia amazônica: luta pela mão-de-obra indígena que realizaram os colonos do norte e a reação tenaz dos jesuítas, que desenvolveram técnicas mais racionais de incorporação das populações indígenas à economia da colônia. Como consequência, na primeira metade do século XVIII a região paraense se transforma paulatinamente em centro exportador de produtos florestais: cacau, baunilha, canela, cravo, resinas aromáticas. Ao mesmo tempo em que ocorriam os fatos no norte (relatados acima), as colônias de São Vicente e do sul sofriam a repercussão dos problemas na economia açucareira. 2. Contração Econômica e Expansão Territorial Colônia do Sacramento: expansão para o Sul a fim de garantir o mercado dos couros. Por fim, o autor destaca o fato de que as repetidas desvalorizações cambiais entre 1640 e 1700 traziam algum alívio à região exportadora de açúcar, mas agravavam a situação das regiões mais pobres, uma vez que a procura de importações era altamente inelástica. Segundo Furtado (2007: 113): Esses fatores contribuíam para a reversão cada vez mais acentuada a formas de economia de subsistência, com atrofiamento da divisão do trabalho, redução da produtividade, fragmentação do sistema em unidades produtivas cada vez menores, desaparição das formas mais complexas de convivência social, substituição da lei geral pela norma local, etc.. 3. Bibliografia FURTADO, Celso. Formação do complexo econômico nordestino. In: __________. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Cap. 11, p. 101-106. __________. Contração econômica e expansão territorial. In: __________. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Cap. 12, p. 107-113.
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