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Apostila de Direito Constitucional - Malu Aragão

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Profa. Malu Aragão 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Profa. Malu Aragão 
 
 
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CONCURSO: 
 
ASSUNTO: 
1 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS...........................................................................................01 
2 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.......................................................................05 
2.1 – Direitos e Deveres Individuais e Coletivos...........................................................08 
2.2 – Direitos Sociais......................................................................................................39 
2.3 – Nacionalidade.......................................................................................................49 
2.4 – Direitos Políticos...................................................................................................52 
2.5 – Partidos Políticos...................................................................................................55 
3 – DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS...........................................56 
4 – CF Atualizada até a Emenda Constitucional No 95..........................................................61 
 
1 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL: FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS NO 
ÂMBITO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. 
O termo princípio traduz-se na ideia de início, origem, 
começo, e ainda, numa outra acepção, em mandamento, 
norma nuclear de um sistema. Nesse contexto, os princípios 
fundamentais nada mais são que as diretrizes básicas que 
produzem decisões políticas imprescindíveis à estruturação 
do Estado. São alicerce, a base, as linhas mestras sociais e 
políticas que norteiam e inspiram os conteúdos positivados 
pelo legislador constituinte originário. 
No artigo 1º estão estabelecidos os fundamentos da 
República Federativa do Brasil, como se vê a seguir: 
Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
I – a soberania; 
II – a cidadania; 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V – o pluralismo político. 
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
Nesse dispositivo tem-se a definição da República 
Federativa do Brasil sob o aspecto territorial, ou físico, a 
República é composta dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
Há de se observar que República Federativa do Brasil é o 
nome do Estado Brasileiro, que adota o federalismo, por 
isso a designação Estado Federal. Este, por sua vez, compõe-
se de coletividades regionais autônomas denominadas 
Estados-membros ou federados. 
Para Celso Bastos, soberania é atributo que se confere ao 
poder do Estado em virtude de ser juridicamente ilimitado 
(todo o poder). Já autonomia é margem de discrição de que 
uma pessoa goza para decidir sobre seus negócios (parcela 
do poder). 
A Constituição adotou como Forma de Estado o 
Federalismo, que no conceito de Dalmo Dallari é uma 
“aliança ou união de Estados”, baseada em uma constituição 
e onde “os Estados que ingressam na federação perdem sua 
soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, 
contudo, uma autonomia político-administrativa”. Assim, 
não se admite secessão, separação ou segregação. Lembre-
se, o legislador constituinte determinou a impossibilidade 
de qualquer deliberação sobre proposta de emenda 
constitucional tendente a abolir a Federação (Art. 60, §4º, I 
da CF). 
A República foi a Forma de Governo assumida pelo país, 
tendo como características: a eletividade, temporariedade e 
responsabilidade do governante perante os governados. 
 
Tais fundamentos, especificados no artigo em referência, 
devem ser conceituados. Vamos? 
 
O Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, em 
nosso Estado Federal, foi consagrado em nossas 
constituições republicanas desde 1891 e tem duas 
finalidades básicas: a unidade nacional e a necessidade 
descentralizadora. Inadmissível, portanto, qualquer 
pretensão de separação de um Estado-membro, do Distrito 
Federal ou de qualquer Município da Federação, inexistindo 
em nosso ordenamento jurídico o denominado direito de 
secessão, pois a mera tentativa de secessão permitira a 
decretação de intervenção federal (Art. 34, I da CF). 
O Estado Democrático de Direito é mais amplo que Estado 
de Direito. A expressão “Estado de Direito” na sua origem 
significa governo a partir de leis, porém quaisquer leis. Com 
a introdução da característica de ser democrático na 
Constituição Federal de 1988, impõe-se a todas as normas a 
observância a tal princípio; não sendo suficientes apenas as 
leis, mas principalmente que nestas esteja inserido o 
conteúdo democrático, uma vez que o regime político 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Profa. Malu Aragão 
 
 
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adotado é a democracia. 
A soberania significa poder ilimitado na ordem interna e 
independente na ordem internacional. 
A cidadania está relacionado com a titularidade de direitos 
políticos, implicando, assim, na parcela detentora de 
capacidade eleitoral ativa. 
A dignidade da pessoa humana compreende o direito de 
nascer com vida e permanecer vivo com uma vida digna. 
Deve ser interpretado com o máximo de amplitude possível 
na hora de conceituá-lo, aplicando o princípio da máxima 
efetividade ou eficiência. 
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa são 
características do sistema capitalista: valorização do 
trabalho, único responsável pela subsistência e 
desenvolvimento dos indivíduos e do país e a prevalência da 
livre iniciativa, a qual afasta os ideais socialistas de 
planificação da economia. 
O pluralismo político não significa apenas 
pluripartidarismo, sendo este uma espécie do gênero 
daquele. Caracteriza-se pela aceitação de diversidade de 
opiniões, participação plural na sociedade do mais diversos 
modos, abrangendo associações, sindicatos, partidos 
políticos, igrejas, universidades, escolas etc. 
O Regime Político adotado no Brasil, o democrático, ou 
seja, governo do povo, para o povo, pelo povo. O poder 
advém do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente (democracia semidireta ou 
participativa), nos termos do parágrafo único do artigo 1º. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, 
ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade 
judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; 
caso contrário, nega-se o Estado de Direito. (STF HC 
73.454/RJ). 
EMENTA. (...) O princípio da livre iniciativa não pode ser 
invocado para afastar regras de regulamentação do 
mercado e de defesa do consumidor. (STF RE 349.686, 
14.06.2005). 
 
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
Defende a doutrina que a divisão é de Funções, e não de 
Poderes, considerando que o Poder é uno, além de ser 
indivisível e indelegável. 
A Tripartição de Poderes foi esboçada por Aristóteles e 
firmada por Montesquieu e Locke. 
Os poderes participam, por vezes, das atribuições uns dos 
outros, a fim de que se garanta a harmonia entre eles, a 
inocorrência de abusos e a consequente realização do bem 
da coletividade, através do sistema de freios e contrapesos 
– checks andbalances. Assim as funções administrativa, 
legislativa e judiciária não são exercidas com exclusividade, 
mas apenas preponderantemente por cada “Poder”. Daí a 
denominação em funções típicas e atípicas (secundárias ou 
subsidiárias). 
Os Poderes são harmônicos e independentes, ou seja, entre 
os órgãos há cortesia no trato recíproco e na atuação do 
exercício de suas atribuições não há ingerência dos demais, 
com liberdade para organizar serviços e tomar decisões, 
apesar da doutrina indicar na própria constituição exceções 
a separação dos poderes, como por exemplo, o artigo 50, 
parágrafo 1º. 
Como exemplo, tem-se a competência de legislar do Poder 
Legislativo. O Congresso aprova os projetos de leis, que 
podem ser sancionados ou vetados pelo Presidente da 
República e no caso de haver sanção, poderá o Poder 
Judiciário declarar a inconstitucionalidade. 
Ressalte-se que o Princípio da Separação dos Poderes é 
cláusula pétrea (art. 60, 4º, III). 
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II – garantir o desenvolvimento nacional; 
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação. 
Não se trata de um rol taxativo, mas exemplificativo. 
Como medida concreta a EC nº 31, de 14.12.2000, criou o 
Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, acrescentando 
ao ADCT os artigos 79 a 83. 
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I – independência nacional; 
II – prevalência dos direitos humanos; 
III – autodeterminação dos povos; 
IV – não intervenção 
V – igualdade entre os Estados; 
VI – defesa da paz; 
VII – solução pacífica dos conflitos; 
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX – cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X – concessão de asilo político. 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Profa. Malu Aragão 
 
 
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Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará 
a integração econômica, política, social e cultural dos 
povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
Os dez princípios de relações internacionais que devem ser 
hermeneuticamente analisados e concretizados com o 
intuito de lograr o objetivo constante no parágrafo único e 
consistem em verdadeiros desafios das relações 
internacionais rumo a efetiva implantação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
O princípio da independência nacional retrata, segundo 
Cretela Júnior, a afirmativa da soberania como fundamento 
da República, previsto no artigo 1º da Lei Maior. O princípio 
da autodeterminação dos povos também está marcado 
pela Soberania, pois diz respeito aos limites a todo e 
qualquer poder colonizante. Ainda no campo da soberania, 
o princípio da não intervenção consiste na proibição de um 
Estado interferir sobre outro em assuntos de natureza 
interna. 
Acerca do princípio da prevalência dos direitos humanos, 
tem-se a lição de Pedro Dallari: "a prevalência dos direitos 
humanos, enquanto princípio norteador das relações 
exteriores do Brasil e fundamento colimado pelo País para a 
regência da ordem internacional não implica tão-somente o 
engajamento no processo de edificação de sistemas de 
normas vinculados ao Direito Internacional Público. Impõe-
se buscar a plena integração das regras de tais sistemas à 
ordem jurídica interna de cada Estado". 
O princípio da igualdade prevê que todos os Estados são 
iguais perante a lei brasileira. 
O princípio da solução pacífica dos conflitos determina 
como o Brasil se posiciona em relação aos conflitos. O 
desinteresse em envolver-se em um conflito e a falta de 
incentivo a prática da guerra estão relacionados ao princípio 
da defesa da paz, um objetivo supranacional. 
O princípio do repúdio ao racismo e ao terrorismo é um 
compromisso ético-jurídico assumido pelo Estado Brasileiro, 
quer perante a sua própria Constituição, quer em face da 
comunidade internacional. Há adesão do Brasil a tratados e 
acordos multilaterais que repudiam quaisquer 
discriminações raciais, de cor, credo, descendência ou 
origem inspiradas na pretensa superioridade de um povo 
sobre outro. 
Sobre o princípio da cooperação para o progresso da 
humanidade, o legislador pretende alcançar uma 
cooperação entre países para um desenvolvimento 
unilaterial ou bilateral ou multilateral. Nesse sentido, o 
Brasil já possui relações internacionais de cooperação, tais 
como: a Declaração de Princípios sobre a Cooperação entre 
o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do 
Canadá para a Manutenção da Paz e da Segurança 
Internacionais, realizado em Brasília, em 15 de janeiro de 
1998, e o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre 
a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, 
aprovado pela Resolução da Assembléia da República n.º 
83/2000, de 14 de dezembro de 2000. 
Partindo do conceito, segundo o mestre Rezec, asilo 
político “... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro 
perseguido alhures – geralmente, mas não 
necessariamente, em seu próprio país patrial -, por causa 
de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes 
que, relacionados com a segurança do Estado, não 
configuram quebra do direito penal comum”, verifica-se 
que não há incompatibilidade entre o instituto do asilo 
político e o da extradição passiva, na exata medida em que 
o Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo 
formulado pelo Poder Executivo na concessão 
administrativa daquele benefício. A condição jurídica de 
asilado político não suprime, só por si, a possibilidade de o 
Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas às 
condições constitucionais e legais que a autorizam, a 
extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro 
asilado no Brasil só não será passível de extradição quando 
o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime 
político ou de opinião. 
É importante, ainda, comentar sobre a relativização da 
soberania em prol dos direitos humanos. A teoria da 
soberania absoluta e plena foi sendo transformada até se 
alcançar o que se denomina de princípio da soberania. Os 
princípios da não-intervenção e da igualdade formal dos 
Estados não exercem papel imperativo no contexto 
internacional, tendo em vista as justificativas dadas pelas 
grandes forças mundiais, tais como o terrorismo, os Direitos 
Humanos e até mesmo a busca pela justiça e pela paz, na 
tomada de medidas que interferem fora do âmbito daquilo 
que poderíamos chamar de soberania interna dos Estados. 
No Brasil, um novo conceito de soberania surgiu frente os 
avanços trazidos pela Constituição Federal de 1988 e as 
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, em que 
prevalece a dignidade humana nas relações internacionais. 
Exemplo disso é a submissão do Brasil ao Tribunal Penal 
Internacional (art. 5º, §4º, da CF/88). 
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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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By Kílvia Palácio 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
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2 – TÍTULO II: DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
 
 
1.0. BREVE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A história dos direitos fundamentais está diretamente 
ligada ao aparecimento do constitucionalismo no final do 
século XVIII, que, entretanto, herdou da idade média as 
ideias de contenção do poder do Estado em favor do 
cidadão, tendo como ponto ápice a célebre Magna Carta, 
escrita na Inglaterra, em 1215, pela qual o Rei João Sem 
Terra reconhecia alguns direitos dos nobres, limitando o 
poder do monarca. 
Com a Revolução Francesa, em 1789, se acentuaram os 
movimentos e documentos escritos que buscavam garantir 
aos cidadãos os seus direitos elementares em face da 
atuação do poder público. Destaque-se a denominada 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, 
produto daquela revolução ocorrida em território francês. 
Pouco antes disso, porém, outro documento entrava para 
a história, como resultado da revolução Americana, a 
Declaração de Virgínia, elaborada em 1776, estabelecendo 
os direitos fundamentais do povo norte-americano, tais 
como a liberdade, a igualdade, eleição de representantes, 
dentre outros. 
Em 1948, logo após a 2
a
 Guerra Mundial, a Organização 
das Nações Unidas fazia editar a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem, estendendo para praticamente todo o 
mundo o respeito e a proteção aos direitos fundamentais 
do ser humano. 
Paulo Bonavides, comentando sobre a importância das 
declarações dos direitos do homem, enaltecendo aquela 
nascida na França, em mais uma lição magistral, ensina 
que: “Constatou-se então com irrecusável veracidade que 
as declarações antecedentes de ingleses e americanos 
podiam talvez ganhar em concretude, mas perdiam em 
espaço de abrangência, porquanto se dirigiam a uma 
camada social privilegiada (os barões feudais), quando 
muito a um povo ou a uma sociedade que se libertava 
politicamente, conforme era o caso das antigas colônias 
americanas, ao passo que a Declaração francesa de 1789 
tinha por destinatário o gênero humano. Por isso mesmo, 
e pelas condições da época, foi a mais abstrata de todas as 
formulações solenes já feitas acerca da liberdade”. 
 
2.0. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E GARANTIA. 
Muitos doutrinadores diferem “Direitos” de “Garantias” 
Fundamentais. Essa distinção, no direito brasileiro, foi feita 
por Rui Barbosa, ao separar as disposições declaratórias, e 
as garantias, disposições assecuratórias. Em outras palavras, 
o direito é o “bem” protegido pela norma e a garantia é o 
mecanismo criado pela norma para defender o direito. Em 
contrapartida, Sampaio Dória, defende a tese de que as 
Garantias também são Direitos. 
Os direitos e garantias fundamentais, consagrados na 
constituição federal, não são ilimitados, absolutos, uma vez 
que encontram seus limites nos demais direitos igualmente 
consagrados pela Carta Magna (Princípio da relatividade ou 
convivência das liberdades públicas). 
Na lição de Canotilho, os direitos fundamentais exercem a 
função de defesa do cidadão sob dupla perspectiva: a) no 
plano jurídico-político, funcionam como normas de 
competência negativa para os Poderes Públicos, proibindo-
os de atentarem contra a esfera individual da pessoa; b) no 
plano jurídico-subjetivo, implicam o poder de exercer 
positivamente os direitos fundamentais (liberdade positiva), 
e de exigir omissões dos poderes públicos. 
 
3.0. CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
A doutrina, baseada na ordem histórica cronológica em que 
passam a ser institucionalmente reconhecidos, classifica os 
direitos fundamentais em dimensões (gerações). Em 
primeira análise, Paulo Bonavides, os classificou em: 
Direitos de primeira dimensão: são os direitos civis e 
políticos, e compreendem as liberdades clássicas (liberdade, 
propriedade, vida, segurança). São direitos do indivíduo 
perante o Estado, são limites impostos à atuação do Estado, 
resguardando direitos considerados indispensáveis a cada 
pessoa humana. Significa uma prestação negativa, um não 
fazer do Estado, em prol do cidadão. 
Direitos de segunda dimensão: correspondem aos direitos 
sociais, que são direitos de conteúdo econômico e cultural 
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da 
população. Significa uma prestação positiva, um fazer do 
Estado em prol dos menos favorecidos pela ordem social e 
econômica. Esses direitos nasceram em razão de lutas de 
uma nova classe social, os trabalhadores. 
Direitos de terceira dimensão: corresponde aos direitos 
difusos e coletivos, são os direitos de solidariedade e 
fraternidade, considerados transindividuais, os direitos de 
pessoas coletivamente consideradas. São direitos coletivos, 
como a proteção ao meio ambiente, à qualidade de vida 
saudável, ao progresso, à paz, à autodeterminação dos 
povos e a defesa do consumidor, da infância e da juventude. 
Note-se que há um comparativo desses direitos ao lema da 
Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. 
Em outra oportunidade, o mencionado autor cita ainda os 
direitos de quarta dimensão: “São direitos da quarta 
geração o direito à democracia, o direito à informação e o 
direito ao pluralismo. Deles depende a concretização da 
sociedade aberta ao futuro, em sua dimensão de máxima 
universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se no 
plano de todas as relações de convivência”. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL PARA CONCURSOS 
| Profa. Malu Aragão 
 
 
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Embora alguns doutrinadores afirmem que o direito à paz 
esteja inserido entre os direitos de terceira dimensão, Paulo 
Bonavides o desloca para a quinta dimensão, em virtude de 
suas características próprias e independentes, pois estaria 
em um “patamar superior”, merecendo visibilidade superior 
aos demais direitos fundamentais. E para tanto, afirma 
expressamente que “A dignidade jurídica da paz deriva do 
reconhecimento universal que se lhe deve enquanto 
pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento 
de conservação da espécie, reino de segurança dos 
direitos”. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Enquanto os direitos de primeira geração 
(direitos civis e políticos) — que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o 
princípio da liberdade e os direitos de segunda geração 
(direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica 
com as liberdades positivas, reais ou concretas — acentuam 
o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que 
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram o 
princípio da solidariedade e constituem um momento 
importante no processo de desenvolvimento, expansão e 
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, 
enquanto valores fundamentais indisponíveis, nota de uma 
essencial inexauribilidade. (...) (STF MS 22.164, 17/11/95). 
 
4.0. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS (EFICÁCIA PRIVADA OU EXTERNA). 
Quando se fala da relação entre particulares, vê-se que 
existe eficácia horizontal dos direitos fundamentais, mas 
quando se está diante da relação entre particular e Estado, 
passa a existir eficácia vertical dos direitos fundamentais. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Eficácia dos direitos fundamentais nas 
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não 
ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e 
o Estado, mas igualmente nas relações travadasentre 
pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os 
direitos fundamentais assegurados pela Constituição 
vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, 
estando direcionados também à proteção dos particulares 
em face dos poderes privados. Os princípios constitucionais 
como limites à autonomia privada das associações. (...). (STF 
RE 201.819, 27/10/06). 
 
5.0. EFICÁCIA “IRRADIANTE” DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. 
Dimensão subjetiva – é a visão clássica dos Direitos 
Fundamentais. Consiste em enxergá-los como um direito da 
pessoa em face do Estado, o qual deve exercer um papel 
negativo (abstenção de intervir para que não viole os 
direitos previstos, notadamente os direitos e garantias 
individuais) ou positivo (prestações que o Estado faz para as 
pessoas de forma a garantir condições mais dignas de 
sobrevivência, notadamente os direitos sociais). 
Dimensão objetiva – A dimensão objetiva dos direitos 
fundamentais tem como consequência a eficácia irradiante 
dos direitos para o legislativo na função de legislar, para o 
executivo na função de administrar e para o Judiciário na 
função jurisdicional. É a nova visão, onde os Direitos 
Fundamentais devem ser enxergados não só sob a ótica dos 
“direitos das pessoas frente ao Estado”, mas como 
enunciados que contém alta carga valorativa. Valores, 
princípios, regras que norteiam a aplicação do 
ordenamento jurídico e assumem um papel central no 
constitucionalismo. Nesse aspecto, a visão objetiva cumpre 
com o papel de: estruturar, regulamentar, concretizar, 
estruturar, impor o cumprimento das normas o mais rápido 
possível (visto que os direitos fundamentais têm aplicação 
imediata); em suma, devem ser observados pelas normas 
jurídicas futuras. Importante lembrar que esses direitos 
podem ser condicionados uns em relação aos outros (caso, 
de sigilo de dados, por exemplo), preservando-se os núcleos 
essenciais de cada um. 
 
6.0. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
As características dos direitos fundamentais é um tema 
doutrinário, assim dá ensejo a muitas discussões jurídicas. 
Há um rol enumerativo das características, mas nunca 
deixando de existir divergências entre as teses dogmáticas 
apresentadas. Com fundamento nas doutrinas 
constitucionalistas e nos reconhecimentos jurisprudenciais, 
as características mais importantes no que tange aos 
direitos e garantias fundamentais são: universalidade, 
indivisibilidade, interdependência, interrelacionaridade, 
imprescritibilidade, complementaridade, individualidade, 
inviolabilidade, indisponibilidade, inalienabilidade, 
historicidade, irrenunciabilidade, vedação ao retrocesso, 
efetividade e limitabilidade. 
1. Universalidade: os direitos e garantias fundamentais 
vinculam-se ao princípio da liberdade, conduzido pela 
dignidade da pessoa humana, os mesmos devem ser 
destinados a todos os indivíduos, independente da 
raça, credo, nacionalidade, convicção política, a 
coletividade jurídica em geral. 
2. Indivisibilidade: os direitos compõem um único 
conjunto, uma totalidade, pois não são analisados de 
maneira isolada, separada. O desrespeito a um deles 
constitui a violação de todos. 
3. Interdependência: os direitos fundamentais são 
intrinsecamente relacionados, pois para atingirem suas 
principais finalidades possuem intersecções. 
4. Interrelacionaridade: a evolução da proteção nacional 
e internacional dos direitos fundamentais assegurou 
maior abrangência a inviolabilidade dos direitos e 
garantias fundamentais no âmbito regional e mundial. 
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Dita característica concede a pessoa a opção da 
proteção da inviolabilidade do seu direito 
fundamental, a global ou regional. 
5. Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se 
perdem com o tempo, não prescrevem, apesar de 
existir exceções a essa regra. 
6. Inalienabilidade: os direitos são intransferíveis, 
inegociáveis e indisponíveis, sem cunho patrimonial. 
Tal inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa 
humana. 
7. Historicidade: os direitos fundamentais nasceram de 
uma única evolução e desenvolvimento histórico e 
cultural. Como afirmava o saudoso professor 
Norberto Bobbio: “os direitos do homem, por mais 
fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou 
seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas 
por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos 
poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de 
uma vez e nem de uma vez por todas. (...) o que 
parece fundamental numa época histórica e numa 
determinada civilização não é fundamental em outras 
épocas e em outras cultuas.” 
8. Irrenunciabilidade: parte da premissa de que os 
direitos fundamentais não podem ser renunciados 
pelo seu titular, que não pode fazer com eles o que 
quiser, uma vez que os mesmos possuem uma eficácia 
objetiva no sentido de que não importa apenas ao 
sujeito ativo, mas interessam a toda coletividade. 
Entretanto, a suprema Corte Constitucional (STF) vem 
admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de 
certos direitos. 
9. Vedação ao retrocesso: os direitos fundamentais uma 
vez estabelecidos não se admite o retrocesso visando a 
sua limitação ou diminuição, existindo parte da 
doutrina afirmando que tais direitos constituem uma 
limitação metajurídica ao poder constituinte originário, 
atuando como critério de aferição da legitimidade do 
conteúdo constitucional. A referida característica 
impede a revogação de normas garantidoras de 
direitos fundamentais e impede a implementação de 
políticas públicas de enfraquecimento de direitos 
fundamentais. 
A exegese constitucional assegurada a proteção do 
núcleo essencial e intangível dos direitos 
fundamentais, tendo origem no próprio Estado 
Democrático de Direito que se define pela proteção 
extremada da dignidade do Homem e plena eficácia 
das normas implementadas, sendo que os direitos 
sociais já realizados e efetivados pela legislação devem 
ser tidos como constitucionalmente garantido, tendo 
como consequência a invalidade das medidas que 
visam anular ou cancelar o núcleo dos direitos 
fundamentais, devendo as mesmas ser consideradas 
inconstitucionais. 
10. Efetividade: o Estado deve exercer o papel de garantir 
a máxima efetividade dos direitos fundamentais. 
11. Limitabilidade ou relatividade: reza que nenhum 
direito fundamental poderá ser considerado absoluto, 
mas devem ser interpretados e aplicados levando-se 
em consideração os limites fáticos e jurídicos 
existentes, especialmente quando estão diante de 
outros direitos fundamentais. Conforme ressalta Paulo 
Gustavo Gonet Branco: “(...) os direitos fundamentais 
podem ser objeto de limitações, não sendo, pois, 
absolutos. (...) Até o elementar direito à vida tem 
limitação explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que 
se contempla a pena de morte em caso de guerra 
formalmente declarada.” 
Ademais, as limitações aos direitos fundamentais não 
são ilimitadas, só podendo ser limitado o estritamente 
necessário, uma vez que com os preceitos 
constitucionais devem respeitar os princípios da 
razoabilidade e proporcionalidade. Segundo Konrad 
Hesse: “A limitação de direitos fundamentais deve, por 
conseguinte, ser adequada para produzir a proteção 
do bem jurídico, por cujo motivo ela é efetuada. Ela 
deve ser necessária para isso, o que não é o caso, 
quando um meio mais ameno bastaria. Ela deve, 
finalmente, ser proporcional em sentido restrito, isto 
é, guardar relação adequada com o peso e o 
significado do direito fundamental.” 
12. Inviolabilidade: impõe a observância dos direitos 
fundamentais por normas infraconstitucionais ou por 
atos das autoridades públicas.. 
13. Complementaridade: os direitos fundamentais 
constitucionais se complementam e nãohá hierarquia 
entre eles. 
14. Concorrência: podem ser exercidos cumuladamente 
por um mesmo sujeito ativo. 
15. Aplicação imediata (eficácia direta, imediata e 
vinculante): com base no artigo 5º, §1º da 
Constituição Federal que diz: “As normas definidoras 
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata”, assevera que cabe aos poderes públicos 
(Judiciário, Legislativo e Executivo) promover o avanço 
desses direitos. 
Para o professor José Afonso da Silva, afirmar que as 
normas tem “aplicação imediata” significa que as 
normas são aplicáveis até onde possam, até onde as 
instituições ofereçam condições para seu 
atendimento. "Aplicabilidade", por outro lado, é um 
conceito desenvolvido pelo referido professor que se 
refere ao fato de as normas já poderem ser aplicadas 
às situações quando da promulgação da Constituição. 
Assim, todas as normas são aplicáveis, mas nem todas 
têm aplicação imediata. 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
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EMENTA: OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM 
CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional 
brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter 
absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse 
público ou exigências derivadas do princípio de convivência 
das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a 
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas 
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde 
que respeitados os termos estabelecidos pela própria 
Constituição. O estatuto constitucional das liberdades 
públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão 
sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - 
permite que sobre elas incidam limitações de ordem 
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do 
interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência 
harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia 
pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com 
desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (STF RMS 
23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 
12.05.2000). 
EMENTA. A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO 
OBSTÁCULO CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO 
EAO INADIMPLEMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE 
DIREITOS PRESTACIONAIS. - O princípio da 
proibição do retrocesso impede, em tema de direitos 
fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas 
as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação 
social em que ele vive. - A cláusula que veda 
o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas 
do Estado (como o direito à educação, o direito à saúde ou 
o direito à segurança pública, v.g.) traduz, no processo de 
efetivação desses direitos fundamentais individuais ou 
coletivos, obstáculo a que os níveis de concretização de tais 
prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser 
ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. 
Doutrina. Em consequência desse princípio, o Estado, após 
haver reconhecido os direitos prestacionais, assume o dever 
não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob 
pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-
los, abstendo-se de frustrar - mediante supressão total ou 
parcial - os direitos sociais já concretizados. (...) (STF ARE 
639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda 
Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-
2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-00125). 
2.1.- DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS. 
DIREITOS. DESTINATÁRIOS. PRINCÍPIOS DA ISONOMIA. 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
Os destinatários dos direitos e deveres ora mencionados são 
os brasileiros e estrangeiros residentes no país, devendo a 
expressão “residentes no país” ser interpretada no sentido 
de que tais direitos só serão assegurados dentro do 
território brasileiro, não excluindo o estrangeiro em trânsito 
pelo território nacional, segundo entendimento defendido 
pela doutrina e pela jurisprudência pátria. 
Tais direitos são extensíveis às pessoas jurídicas, no que 
couber, bem como ao próprio Estado. 
O princípio da Igualdade ou princípio da isonomia está 
previsto no caput desse artigo, prescrevendo que toda 
pessoa tem o direito de tratamento idêntico pela lei, em 
concordância com os critérios albergados pelo 
ordenamento jurídico. Entretanto, deve-se buscar não 
somente a igualdade formal, direcionada ao legislador, mas 
a igualdade real ou material ou substancial, direcionada ao 
operador do direito, ao intérprete. Parte-se da premissa de 
que a verdadeira igualdade está em tratar igualmente os 
iguais e desigualmente os desiguais. 
O referido princípio não veda o tratamento diferenciado 
estabelecido pela lei, proíbe as diferenças arbitrárias, as 
discriminações absurdas, já que o tratamento desigual aos 
desiguais é uma questão de justiça, sendo justificável pelo 
objetivo que se pretende atingir pela lei, conforme a súmula 
683 do STF que reza: “O limite de idade para a inscrição em 
concurso só se legitima em face do art. 7º, XXX, da 
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza do 
cargo a ser preenchido”. Entretanto somente serão possíveis 
tais distinções se estiverem previstas em lei. 
Vale destacar as discriminações positivas (affirmative 
actions), proveniente do direito norte americano, que cuida 
em estabelecer medidas de compensação para reduzir as 
desigualdades sociais. É neste escólio que traz a lição do 
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim B. Barbosa 
Gomes, que ensina: As ações afirmativas 'consistem em 
políticas públicas (e também privadas) voltadas à 
concretização do princípio constitucional da igualdade 
material e à neutralização dos efeitos da discriminação 
racial, de gênero, de idade, de origem nacional e de 
compleição física. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por 
seus entes vinculados e até mesmo por entidades 
puramente privadas, elas visam a combater não somente as 
manifestações flagrantes de discriminação de fundo 
cultural, estrutural, enraizada na sociedade'. 
A discriminação reversa deve-se revestir de uma índole 
compensatória e não meramente garantir uma repartição 
de bens, sem levar em conta o uso da liberdade das pessoas 
e o esforço e mérito de cada um. Avaliadas sob o teste do 
princípio da proporcionalidade, as medidas de 
discriminação reversa devem ser adequadas para superar os 
obstáculos que o preconceito gerou para o grupo. Para isso 
devem-se dirigir a propiciar condições de acesso a bens e 
serviços que a discriminação vedou. Devem ter em mira o 
restabelecimento de uma igualdade de oportunidades tão 
efetiva quanto possível. 
 
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EMENTA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não 
domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar 
o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a 
tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito 
subjetivo, de que também é titular, à observância e ao 
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas 
que compõem e dão significado à cláusula do devido 
processo legal. - A condição jurídica de não-nacional do 
Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir 
domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal 
acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou 
discriminatório. (...). (STF HC 94.404/SP. Min. Rel. Celso de 
Mello. DJ 18.06.2010). 
EMENTA (...) Inexistência de ofensas ao direito à vida e da 
dignidade dapessoa humana, pois a pesquisa com células-
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os 
fins a que se destinam) significa a celebração solidária da 
vida e alento aos que se acham à margem do exercício 
concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver 
com dignidade (Ministro Celso de Mello). (...) A 
potencialidade de algo para se tornar pessoa humana já é 
meritória o bastante para acobertá-la, infra 
constitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas 
de obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três 
realidades não se confundem: o embrião é o embrião, o 
feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Donde 
não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de 
pessoa humana. O embrião referido na Lei de 
Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma vida a caminho 
de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam 
possibilidades de ganhar as primeiras terminações 
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade 
como projeto de vida autônoma e irrepetível. (...) Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente 
improcedente. (STF ADI 3510/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO. 
29/05/2008). 
EMENTA. (...). Na espécie, aduziu inescapável o confronto 
entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver 
respeitada sua dignidade e, de outro, os de parte da 
sociedade que desejasse proteger todos os que a 
integrariam, independentemente da condição física ou 
viabilidade de sobrevivência. (...) Afirmou que, conforme a 
Resolução 1.480/1997 do Conselho Federal de Medicina 
(CFM), os exames complementares a serem observados 
para a constatação de morte encefálica deveriam 
demonstrar, de modo inequívoco, a ausência de atividade 
elétrica cerebral ou metabólica deste órgão ou, ainda, 
inexistência de perfusão sanguínea nele. Elucidou que, por 
essa razão, o CFM, mediante a Resolução 1.752/2004, 
consignara serem os anencéfalos natimortos cerebrais. 
Desse modo, eles jamais se tornariam pessoa. Nessa senda, 
sintetizou que não se cuidaria de vida em potencial, porém, 
seguramente, de morte. (...). Exprimiu, pois, que a 
anencefalia mostrar-se-ia incompatível com a vida 
extrauterina, ao passo que a deficiência, não. (...) Observou 
que seria improcedente a alegação de direito à vida dos 
anencéfalos, haja vista que estes seriam termos antitéticos. 
(...). Destarte, a interrupção de gestação de feto 
anencefálico não configuraria crime contra a vida, 
porquanto se revelaria conduta atípica. (...). Por derradeiro, 
versou que atuar com sapiência e justiça, calcados na 
Constituição e desprovidos de qualquer dogma ou 
paradigma moral e religioso, determinaria garantir o direito 
da mulher de manifestar-se livremente, sem o temor de 
tornar-se ré em possível ação por crime de aborto. (STF 
ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12-4-
2012, Plenário). 
EMENTA. (...). Sabemos, tal como já decidiu o STF (RTJ 
136/444, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello), que o princípio 
da isonomia – cuja observância vincula todas as 
manifestações do Poder Público – deve ser considerado, em 
sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir 
privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: a) o da 
igualdade na lei e b) o da igualdade perante a lei. A 
igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade 
puramente abstrata – constitui exigência destinada ao 
legislador, que, no processo de formação do ato legislativo, 
nele não poderá incluir fatores de discriminação 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. (...) A 
igualdade perante a lei, de outro lado, pressupondo lei já 
elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes 
estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão 
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou 
discriminatório. A eventual inobservância desse postulado 
pelo legislador, em qualquer das dimensões referidas, 
imporá, ao ato estatal por ele elaborado e produzido, a eiva 
de inconstitucionalidade. (STF AI 360.461 AgR, Rel. Min. 
Celso de Mello, 2ª T, DJ de 28-3-2008). 
EMENTA. (...). No mérito, asseverou-se que a norma 
adversada erigira a educação à condição de direito social, 
dever do Estado e uma de suas políticas públicas 
prioritárias. (...) Rechaçaram-se, de igual modo, as alegações 
de afronta aos princípios da igualdade, da isonomia, da não 
discriminação e do devido processo legal ao argumento de 
que não se afiguraria legítimo, no ordenamento, que vagas 
no ensino superior fossem reservadas com base na condição 
socioeconômica do aluno ou em critério racial ou de suas 
condições especiais. Salientou-se que a igualdade seria valor 
que teria, no combate aos fatores de desigualdade, o seu 
modo próprio de realização. Além disso, a distinção em 
favor dos estudantes que tivessem cursado o ensino médio 
em escolas públicas e os egressos de escolas privadas 
contemplados com bolsa integral constituiria discrímen a 
compensar anterior e factual inferioridade. (...). (STF ADI 
3.330, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 3-5-2012, 
Plenário). 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição; 
Somente poderá existir tratamento diferenciado entre os 
dois sexos quando a finalidade pretendida for atenuar os 
desníveis, constantes na constituição e nas leis 
infraconstitucionais. Exemplos: art. 7º, XVIII e XIX, 40, III, 
143, §§ 1º e 2º, 202, I e II. 
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 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). No mérito, prevaleceu o voto proferido pelo 
Min. Ayres Britto, relator, que dava interpretação conforme 
a Constituição ao art. 1.723 do CC para dele excluir 
qualquer significado que impeça o reconhecimento da 
união contínua, pública e duradoura entre pessoas do 
mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como 
sinônimo perfeito de família. Asseverou que esse 
reconhecimento deveria ser feito segundo as mesmas 
regras e com idênticas consequências da união estável 
heteroafetiva. (...). (STF ADI 4.277/DF, rel. Min. Ayres Britto, 
DJ 5.5.2011). (ADPF 132). 
EMENTA. Violência doméstica. (...) O art. 1º da Lei 
11.340/2006 surge, sob o ângulo do tratamento 
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, 
harmônica com a CF, no que necessária a proteção ante as 
peculiaridades física e moral da mulher e a cultura 
brasileira. (STF ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento 
em 9-2-2012, Plenário). 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
Consagração do princípio da legalidade. Tal princípio visa 
combater o poder arbitrário do Estado, pois somente 
mediante espécies normativas elaboradas segundo as 
regras do processo legislativo pátrio podem-se criar 
obrigações para os indivíduos. O princípio da legalidade se 
difere do princípio da reserva legal nesse ponto, pois este 
consiste em dizer que a regulamentação de determinada 
matéria há de fazer-se necessariamente pelo poder 
legislativo, aparecendo na constituição sob a forma: “nos 
termos da lei” ou “na forma da lei” e aquele é a submissão e 
o respeito à lei. 
A Constituição Federal estabelece essa reserva de lei, de 
modo absoluto ou relativo. Assim, temos a reserva legal 
absoluta quando a norma constitucional exige para sua 
integral regulamentação a edição de lei formal, entendida 
como ato normativo emanado do Congresso Nacional 
elaborado de acordo com o devido processo legislativo 
constitucional. Por outro lado, temos a reserva legal relativa 
quando a Constituição Federal, apesar de exigir edição de lei 
formal, permite que este fixe tão somente parâmetros de 
atuação para o órgão administrativo, que poderá 
complementa-la por ato infralegal, sempre, porém, 
respeitados os limites ou requisitos estabelecidos pela 
legislação.Existe ainda a reserva legal simples e a qualificada. A reserva 
legal simples ocorre no caso de a Constituição Federal 
estabelecer, em seus artigos, que determinado assunto seja 
objeto de lei ("na forma da lei", "nos termos da lei"). A lei 
não pode limitar o conteúdo da Constituição ou suprimi-lo, 
ou seja, há limites implícitos na lei que será elaborada. A 
reserva legal qualificada ocorre no caso de, além de 
estabelecer qual assunto será objeto de lei, o dispositivo da 
Constituição estabelece as condições ou fins que devem ser 
objeto da norma ("para fins de"). Como exemplos pode se 
indicar os incisos VII e XII, ambos do presente artigo. 
Vale ressaltar que a Administração Pública é regida pela 
legalidade estrita, pois não pode atuar contra a lei, nem na 
ausência da lei. 
Dispositivos correspondentes – artigo 5º, XXIX e artigo 37, 
“caput”, todos da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula Vinculante nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a 
exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo 
público. 
EMENTA. (...). A reserva de lei em sentido formal qualifica-
se como instrumento constitucional de preservação da 
integridade de direitos e garantias fundamentais. O 
princípio da reserva de lei atua como expressiva limitação 
constitucional ao poder do Estado, cuja competência 
regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente 
idoneidade jurídica que lhe permita restringir direitos ou 
criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode criar 
obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em 
domínio constitucionalmente reservado ao âmbito de 
atuação material da lei em sentido formal. (STF ACO 1.048-
QO, 31/10/07). 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado 
o anonimato; 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à 
imagem; 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença; 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
Segundo o ilustre Alexandre de Morais, “a proteção 
constitucional abrange não só o direito de expressão oral ou 
por escrito, mas também o direito de ouvir, assistir e ler”. 
A vedação do anonimato é ampla, inclui todos os meios de 
comunicação. 
O direito de resposta aplica-se em relação às ofensas, 
configurem ou não infrações penais, tendo como requisito a 
proporcionalidade, devendo o desagravo ter o mesmo 
destaque, a mesma duração e o mesmo tamanho que a 
notícia geradora da lesão. A responsabilidade pela 
divulgação do direito de resposta é do órgão de 
comunicação. O dano pode ser material (danos sofridos e 
lucros cessantes), moral (à intimidade da pessoa) e à 
imagem (dano produzido contra a pessoa em suas relações 
externas). 
Dispositivo correspondente – art. 220, “caput” e §2º, todos 
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da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...). Programas humorísticos, charges e modo 
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e 
quadros espirituosos compõem as atividades de ‘imprensa’, 
sinônimo perfeito de ‘informação jornalística’ (§ 1º do art. 
220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que é 
assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o 
exercício concreto dessa liberdade em plenitude assegura 
ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer 
pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, 
irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades 
e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, 
pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de 
resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A 
crítica jornalística em geral, pela sua relação de inerência 
com o interesse público, não é aprioristicamente suscetível 
de censura. Isso porque é da essência das atividades de 
imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus 
do pensamento crítico e necessário contraponto à versão 
oficial das coisas, conforme decisão majoritária do STF na 
ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a 
locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, 
informação e criação artística. (...). (STF ADI 4.451-MC - REF, 
rel. min. Ayres Britto, Plenário, DJ de 24-8-2012). 
EMENTA. (...). Não é proibindo, recolhendo obras ou 
impedindo sua circulação, calando-se a palavra e 
amordaçando a história que se consegue cumprir a 
Constituição. (...). A norma infraconstitucional não pode 
amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições 
ao exercício de liberdades”. (...). O que não me parece 
constitucionalmente admissível é o esquartejamento das 
liberdades de todos pela censura de uns, especialmente no 
caso de obras biográficas que dizem respeito não apenas ao 
biografado, mas que diz respeito a toda coletividade pela 
sua natureza de referenciabilidade do que precisa ser 
aproveitado. (...). (STF ADI 4815, Min. Rel. Cármem Lúcia, DJ 
10/06/2015). 
EMENTA: Editais de concurso público não podem 
estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo 
situações excepcionais em razão de conteúdo que viole 
valores constitucionais. Com base nesse entendimento, o 
Plenário, por maioria, deu provimento a recurso 
extraordinário em que se discutia a constitucionalidade de 
proibição, contida em edital de concurso público, de 
ingresso em cargo, emprego ou função pública para 
candidatos que possuam tatuagem. No caso, o recorrente 
fora excluído de concurso público para provimento de cargo 
de soldado da polícia militar por possuir tatuagem em sua 
perna esquerda. (...) A opção pela tatuagem relacionar-se-
ia, diretamente, com as liberdades de manifestação do 
pensamento e de expressão (CF, art. 5°, IV e IX). Na espécie, 
estaria evidenciada a ausência de razoabilidade da restrição 
dirigida ao candidato de uma função pública pelo simples 
fato de possuir tatuagem, já que seria medida 
flagrantemente discriminatória e carente de qualquer 
justificativa racional que a amparasse. Assim, o fato de uma 
pessoa possuir tatuagens, visíveis ou não, não poderia ser 
tratado pelo Estado como parâmetro discriminatório 
quando do deferimento de participação em concursos de 
provas e títulos para ingresso em carreira 
pública. Entretanto, tatuagens que representassem 
obscenidades, ideologias terroristas, discriminatórias, que 
pregassem a violência e a criminalidade, discriminação de 
raça, credo, sexo ou origem, temas inegavelmente 
contrários às instituições democráticas, poderiam 
obstaculizar o acesso a função pública. Eventual restrição 
nesse sentido não se afiguraria desarrazoada ou 
desproporcional. Essa hipótese, porém, não seria a do 
recorrente que teria uma tatuagem tribal, medindo 14 por 
13 cm. (STF RE 898.450, rel. min. Luiz Fux, j. 17.08.2016). 
O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, 
acolheu o pedido formulado em ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade da expressão “em horário diverso do 
autorizado”, contida no art. 254 da Lei 8.069/1990 
(“Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em 
horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua 
classificação: Pena – multa de vinte a cem salários de 
referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade 
judiciária poderá determinar a suspensão da programação 
da emissora por até dois dias”) – v. Informativos 650 e 806. 
A Corte afirmou que tanto a liberdade de expressão nos 
meios de comunicação como a proteção da criança e do 
adolescente seriam axiomas de envergadura constitucional 
e que a própria Constituição teria delineado as regras de 
sopesamento entre esses valores.A respeito, rememorou o 
julgamento da ADPF 130/DF (DJE de 6-11-2009), em que 
consignada a plenitude do exercício da liberdade de 
expressão como decorrência da dignidade da pessoa 
humana e como meio de reafirmação de outras liberdades 
constitucionais. O presente caso destacaria a liberdade de 
expressão na sua dimensão instrumental, ou seja, a forma 
como se daria a exteriorização da manifestação do 
pensamento. A real consagração da liberdade de expressão, 
nos termos do art. 5º, IX, da CF, dependeria da liberdade de 
comunicação social, prevista no art. 220 da CF, de modo a 
garantir a livre circulação de ideias e de informações, a 
comunicação livre e pluralista, protegida da ingerência 
estatal. Assim, liberdade de programação seria uma das 
dimensões da liberdade de expressão em sentido amplo, 
essencial para construir e consolidar uma esfera de discurso 
público qualificada. Por outro lado, a criança e o 
adolescente, pela posição de fragilidade em que se 
colocariam no corpo da sociedade, deveriam ser 
destinatários, tanto quanto possível, de normas e ações 
protetivas voltadas ao seu desenvolvimento pleno e à 
preservação contra situações potencialmente danosas a sua 
formação física, moral e mental. Nessa direção, o ECA 
concretizaria o valor de preservação insculpido na 
Constituição, ao estabelecer incentivos para que se 
alcançassem os objetivos almejados e ao fixar uma série de 
vedações às atividades a eles contrárias. (...) Embora a 
norma discutida não impedisse a veiculação de ideias, não 
impusesse cortes em obras audiovisuais, mas tão somente 
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exigisse que as emissoras veiculassem seus programas em 
horário adequado ao público-alvo, implicaria censura 
prévia, acompanhada de elemento repressor, de punição. 
Esse caráter não se harmonizaria com os arts. 5º, IX; 21, XVI; 
e 220, § 3º, I, todos da CF. A exibição do aviso de 
classificação indicativa teria efeito pedagógico, a exigir 
reflexão por parte do espectador e dos responsáveis. Seria 
dever estatal, nesse ponto, conferir maior publicidade aos 
avisos de classificação, bem como desenvolver programas 
educativos acerca desse sistema. Ademais, o controle 
parental poderia ser feito, inclusive, com o auxílio de meios 
eletrônicos de seleção e de restrição de acesso a 
determinados programas, como já feito em outros países. A 
tecnologia, inclusive, seria de uso obrigatório no Brasil, 
apesar de ainda não adotada (Lei 10.359/2001). De todo 
modo, seria sempre possível a responsabilização judicial das 
emissoras de radiodifusão por abusos ou danos à 
integridade de crianças e adolescentes, tendo em conta, 
inclusive, a recomendação do Ministério de Estado da 
Justiça em relação aos horários em que determinada 
programação seria adequada. Nesse aspecto, a liberdade de 
expressão exigiria igualmente responsabilidade no seu 
exercício. As emissoras deveriam observar na sua 
programação as cautelas necessárias às peculiaridades do 
público infantojuvenil. Elas, e não o Estado, deveriam, não 
obstante, proceder ao enquadramento horário de sua 
programação.(STF ADI 2.404, rel. min. Dias Toffoli, j 
31.08.2016, Plenário). 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
as suas liturgias; 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, V, já assegurava 
os direitos religiosos, desde que respeitasse a do Estado, 
nos seguintes termos: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e 
Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que tem por base 
a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, 
é garantida pela Constituição do Império, pela 
maneira seguinte. 
(...). 
V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de 
Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não 
ofenda a Moral Publica. 
(...)”. 
A partir da Constituição Federal de 1891, estabeleceu-se o 
Estado Laico ou Leigo, que não adota qualquer religião 
como oficial. Como ensina José Afonso da Silva, “na 
liberdade de crença entra a liberdade de escolha de religião, 
a liberdade de aderir à qualquer seita religiosa, a liberdade 
(ou o direito) de mudar de religião, mas também 
compreende a liberdade de não aderir à religião alguma, 
assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser 
ateu e de exprimir o agnosticismo”. 
Bom lembrar que o livre exercício dos cultos é assegurado 
enquanto não forem contrários à ordem, tranquilidade e 
sossego públicos, bem como compatíveis aos bons 
costumes. E a liberdade religiosa não é absoluta, uma vez 
que não será permitido a qualquer religião ou culto atos 
atentatórios à lei, sob pena de responsabilidade civil e 
criminal. 
Artigos correspondentes: art. 210, §1º e art. 215, §2º, 
ambos da CF/88. 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a 
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
Segundo posicionamento jurisprudencial, o Preâmbulo não 
constitui norma central, não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado, já que 
não tem força normativa. 
Entretanto, o Preâmbulo faz parte da estrutura da 
Constituição Federal, que se divide em Preâmbulo, texto 
permanente e texto temporário (Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias – ADCT). 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. 
NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas 
centrais da Constituição Federal: essas normas são de 
reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, 
mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a 
ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). 
II. Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. 
Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de 
reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo 
força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade 
julgada improcedente. (ADI 2.076/AC. Rel. Min. Carlos 
Velloso, DJ 08.08.2003). 
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a recurso 
ordinário em habeas corpus para trancar ação penal em que 
se imputa ao recorrente a suposta prática de crime de 
racismo, por meio de incitação à discriminação religiosa (Lei 
7.716/1989, art. 20, § 2º). No caso, sacerdote da Igreja 
Católica Apostólica Romana publicou livro no qual, segundo 
a acusação, explicitou conteúdo discriminatório a atingir a 
doutrina espírita. O Colegiado equacionou que, em um 
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cenário permeado por dogmas com fundamentos 
emocionais, os indivíduos tendem a crer que professam sua 
fé dentro da religião correta e que aquela é a melhor, e essa 
certeza contém intrínseca hierarquização. Nesse ambiente, 
é necessário avaliar a observância dos limites do exercício 
das liberdades constitucionais. Por sua vez, não cabe ao 
Judiciário censurar manifestações de pensamento. Assim, 
eventual infelicidade de declarações e explicitações escapa 
do espectro de atuação estatal. (...) A Turma assinalou que a 
característica plural da Constituição impõe que 
determinados interesses, na hipótese em que colidentes, 
sejam contrastados a fimde alcançar a máxima efetividade 
de ambos. É necessário que as posições divergentes sejam 
mutuamente respeitadas, reclamando-se tolerância em 
relação ao diferente. (...) Assim, eventual animosidade 
decorrente de observações desigualadoras não configura, 
necessariamente, preconceito ou discriminação. (STF RHC 
134.682, rel. min. Edson Fachin, j 29.11.2016). 
 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
Hospitais, asilos (públicos e privados), presídios e quartéis 
são locais de internação coletiva. 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo 
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 
fixada em lei; 
A escusa de consciência e de crença aplica-se às obrigações 
legais de forma genérica e não somente ao serviço militar 
obrigatório, embora esse seja o exemplo mais indicado 
pelos doutrinadores quando enfocam o assunto. 
O artigo 143 da Constituição Federal, prescreve: 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos 
da lei. 
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, 
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de 
paz, após alistados, alegarem imperativo de 
consciência, entendendo-se como tal o decorrente de 
crença religiosa e de convicção filosófica ou política, 
para se eximirem de atividades de caráter 
essencialmente militar. 
O serviço alternativo no caso de descumprimento do 
serviço militar obrigatório por imperativo de consciência é 
estabelecido pela lei nº 8.239/91. 
Caso não seja cumprida a prestação alternativa, ocorrerá a 
privação dos direitos políticos, nos termos do artigo 15, IV, 
da CF/88: 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja 
perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
... 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
(...). 
 
INVIOLABILIDADES 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
Princípio da exclusividade. A intimidade, como exigência 
moral da personalidade para que em determinadas 
situações seja o indivíduo deixado em paz, constituindo um 
direito de controlar a indiscrição alheia nos assuntos 
privados que só a ele interessa, tem como um de seus 
fundamentos o princípio da exclusividade, formulado por 
Hannah Arendt com base em Kant. 
Os conceitos de intimidade e vida privada são interligados, 
mas podem ser diferenciados. A intimidade da pessoa diz 
respeito às relações subjetivas e de trato íntimo, relações 
familiares e de amizade e a vida privada refere-se a todos os 
relacionamentos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como 
os comerciais, de trabalho, de estudo, etc. 
O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de 
que entidade de classe não tem legitimidade para 
promover interpelação judicial em defesa da honra de seus 
associados, por se tratar de um direito personalíssimo de 
quem, concretamente, se viu atingido pelas afirmações 
tidas por ofensivas (PET nº 1.249/DF-AgR, Pleno, Relator o 
Ministro Celso de Mello, DJ de 9/4/99). 
 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
Súmula 227 do STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral. 
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do Morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou durante o dia, por determinação judicial; 
A expressão casa tem um alcance muito amplo, não sendo 
limitada pelos conceitos de direito privado, como já 
pacificou o STF, considerando casa todo local delimitado e 
separado que alguém utiliza com exclusividade, mesmo que 
para fins profissionais, não importando a relação jurídica de 
seus habitantes com aquele prédio ou terreno. O Código 
Penal Brasileiro conceitua “casa” em seu artigo 150. 
Para José Afonso da Silva dia é o período das 6:00h às 
18:00h e para Celso de Mello deve ser levado em conta o 
critério físico-astronômico, como o intervalo de tempo 
situado entre a aurora e o crepúsculo. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) Busca e apreensão em aposentos ocupados 
de habitação coletiva (como quartos de hotel) - subsunção 
desse espaço privado, desde que ocupado, ao conceito de 
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"casa" - consequente necessidade, em tal hipótese, de 
mandado judicial, ressalvadas as exceções previstas no 
próprio texto constitucional. - para os fins da proteção 
jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da constituição da 
república, o conceito normativo de "casa" revela-se 
abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de 
habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, 
II), compreende, observada essa específica limitação 
espacial, os quartos de hotel. (...). (STF RHC 90.376/RJ, Rel. 
Min. Celso de Mello. DJ 18.05.2007). 
EMENTA. (...). Cuidando-se de crime de natureza 
permanente, a prisão do traficante, em sua residência, 
durante o período noturno, não constitui prova ilícita. (STF 
HC 84.772, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 19-10-
2004, Segunda Turma, DJ de 12-11-2004.) No mesmo 
sentido: HC 70.909, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento 
em 11-10-1994, Plenário, DJ de 25-11-1994. 
EMENTAS: (…).7. PROVA. Criminal. Escuta ambiental. 
Captação e interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos 
ou acústicos. Meio probatório legalmente admitido. Fatos 
que configurariam crimes praticados por quadrilha ou 
bando ou organização criminosa. Autorização judicial 
circunstanciada. Previsão normativa expressa do 
procedimento. Preliminar repelida. Inteligência dos arts. 1º 
e 2º, IV, da Lei nº 9.034/95, com a redação da Lei nº 
10.217/95. Para fins de persecução criminal de ilícitos 
praticados por quadrilha, bando, organização ou associação 
criminosa de qualquer tipo, são permitidos a captação e a 
interceptação de sinais eletromagnéticos, óticos e 
acústicos, bem como seu registro e análise, mediante 
circunstanciada autorização judicial. 8. PROVA. Criminal. 
Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais 
óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da 
autoridade policial, no período noturno, para instalação de 
equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. 
Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da 
prática de crime por advogado, no escritório, sob pretexto 
de exercício da profissão. Situação não acobertada pela 
inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, 
da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 
8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a 
inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio 
advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo 
concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, 
sob pretexto de exercício da profissão. (…). (STF - Inq: 2424 
RJ, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 
26/11/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-055 
DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010). 
EMENTA: (...) A entrada forçada em domicílio sem mandado 
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando 
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a 
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação 
de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos 
atos praticados. (...) (STF RE 603616, Rel. Min. Gilmar 
Ferreira Mendes, J. 05.11.2015). 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e dascomunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Vê-se que não houve previsão de quebra do sigilo das 
correspondências e nem de dados (bancários, fiscais ou 
telefônicos) mediante lei, haja vista que a exceção 
constitucional expressa refere-se somente à interceptação 
telefônica, entretanto entende-se que nenhuma liberdade 
individual é absoluta, sendo possível, respeitados alguns 
parâmetros, a interceptação das correspondências e 
comunicações telegráficas e de dados sempre que as 
liberdades públicas estiverem sendo utilizadas como 
instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas. 
O preceito que garante o sigilo de dados engloba o uso de 
informações decorrentes da informática e a quebra do sigilo 
dos dados telefônicos consiste na apreensão do histórico de 
conta telefônica (extrato telefônico), dentre outros. Além do 
Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal admite que a 
Comissão Parlamentar de Inquérito, diretamente, 
determine a quebra do sigilo dos dados. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a 
constitucionalidade do artigo 6º da lei complementar nº 
105/2001, no Recurso Extraordinário nº 601314, para 
reconhecer o direito de a Receita Federal obter a 
transferência do sigilo dos dados bancários. 
Há quebra do sigilo telefônico quando a captação for 
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica 
alheia, sem o conhecimento dos comunicadores, por 
decisão judicial (cláusula de reserva jurisdicional), na forma 
da lei nº 9.296/96 e para fins criminais. Referida 
interceptação difere da Escuta telefônica, que é a captação 
realizada por um terceiro de uma comunicação telefônica 
alheia, mas com o conhecimento de um dos comunicadores 
e da gravação telefônica, que ocorre entre dois 
interlocutores, onde um deles capta a conversa sem o 
conhecimento do outro e sem intervenção de terceiro. A 
gravação telefônica, em regra, é lícita, segundo 
jurisprudência da Corte Suprema. 
Dispositivos correspondentes: arts. 136, I, “b” e “c” e 139, 
III, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A administração penitenciária, com 
fundamento em razões de segurança pública, de disciplina 
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, proceder à interceptação da 
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a 
cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não 
pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas 
ilícitas (...). (STF HC 70.814/SP). 
EMENTA. (...) O Tribunal já firmou entendimento de que as 
Comissões Parlamentares de Inquérito são dotadas de 
poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a 
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partir de meros indícios, demonstrar a existência concreta 
de causa provável que legitime a quebra do sigilo. (...) Causa 
provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário e 
telefônico. Segurança denegada. (STF MS 24217/DF, rel Min 
Maurício Corrêa, 18/10/2002). 
EMENTA. Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da 
União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. 
Sigilo. 1. A Lei Complementar nº 105, de 10/1/01, não 
conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para 
determinar a quebra do sigilo bancário de dados constantes 
do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses 
poderes ao Poder Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo 
Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de 
Inquérito, após prévia aprovação do pedido pelo Plenário da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário 
de suas respectivas comissões parlamentares de inquérito 
(§§ 1º e 2º do art. 4º). (...). (STF MS 22.801/DF. Rel. Min 
Menezes Direito. DJ 13.03.2008). 
EMENTA: Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. 
Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso 
de crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a 
entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é 
lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em 
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que 
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante 
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e 
penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos 
praticados.(STF RE 603.616, rel. min. Gilmar Mendes, j. 
05.11.2015, Plenário, DJ 10.05.2016). 
EMENTA (...) SÉTIMA PRELIMINAR. DADOS DE EMPRÉSTIMO 
FORNECIDOS PELO BANCO CENTRAL. PEDIDO DIRETO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. 
REQUISIÇÃO FEITA PELA CPMI DOS CORREIOS. POSTERIOR 
AUTORIZAÇÃO DE COMPARTILHAMENTO COM O 
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA INSTRUÇÃO DO INQUÉRITO. 
LEGALIDADE. (...). (STF Inq. 2.245/MG. Rel. Min. Joaquim, 
Barbosa, DJ 09.11.2007). 
EMENTA. Prova emprestada. Penal. Interceptação 
telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e 
produção para fim de investigação criminal. Suspeita de 
delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. 
Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento 
administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos 
eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à 
colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a 
questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 
1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em 
interceptação de comunicações telefônicas e em escutas 
ambientais, judicialmente autorizadas para produção de 
prova em investigação criminal ou em instrução processual 
penal, podem ser usados em procedimento administrativo 
disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em 
relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores 
cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa 
prova. (STF Inq 2.424 QO. Rel. Min Cezar Peluso. DJ 
24.08.2007). 
EMENTA. (....) O presente caso versa sobre a gravação de 
conversa telefônica por um interlocutor sem o 
conhecimento de outro, isto é, a denominada “gravação 
telefônica” ou “gravação clandestina”. Entendimento do STF 
no sentido da licitude da prova, desde que não haja causa 
legal específica de sigilo nem reserva de conversação. 
Repercussão geral da matéria (RE 583.397/RJ). 3. Ordem 
denegada. (STF HC 91613, Relator Min. GILMAR MENDES, 2ª 
T, DJ 17-09-2012). 
EMENTA: (...). O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não 
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade 
em relação aos cidadãos, por meio do princípio da 
capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos 
objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária 
para a fiscal. (...). (STF RE 601314, Rel. Min. EDSON FACHIN, 
Plenário, Julgamento em 24.02.2016). 
 
LIBERDADE DE PROFISSÃO 
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer; 
Compete à União legislar sobre o exercício das profissões, 
nos termos do artigo 22, XVI, da CF/88. 
 Jurisprudência relacionada ao tema: 
EMENTA. (...) A reserva legal estabelecida pelo art. 5º, XIII, 
não confere ao legislador o poder de restringir o exercício 
da liberdade profissional a ponto de atingir o seu próprio 
núcleo essencial. (...) O jornalismo é uma profissão 
diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício 
das liberdades de expressão e de informação. (...) O 
jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, são 
atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e 
não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso 
implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, inciso 
XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, 
se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos 
do art. 5º, incisos IV, IX, XIV, e

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