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Resumo P2 FEB

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Capítulo 17 - Passivo colonial, crise financeira e instabilidade política 
No fim do século XVIII e começo do seguinte, as guerras napoleônicas atingiram o Brasil 
de duas maneiras distintas: Acelerou a sua evolução política e prolongou a etapa de 
dificuldades econômicas que se iniciara com a decadência do ouro. 
Com Lisboa ocupada pelas tropas de Napoleão, a Colônia se viu em necessidade de ter 
contato direto com novos mercados europeus. Em 1810, realiza tratados com a Inglaterra 
tornando-o uma potência privilegiada com tarifas preferenciais extremamente baixas, 
fazendo com que até a metade deste século XIX a autonomia do governo Brasileiro 
ficasse limitada no setor econômico. 
A separação definitiva de Portugal, em 1822, e o acordo pelo qual a Inglaterra consegue 
consolidar sua posição, em 1827, são outros dois marcos fundamentais nessa etapa de 
grande acontecimento políticos. Dados esses acontecimentos, fica evidente que os 
privilégios concedidos a Inglaterra constituíram-se uma consequência natural da forma 
como se processou a independência, sem maiores desgastes de recursos, mas devendo 
a antiga colônia assumir a responsabilidade de parte do passivo que contraíra Portugal 
para sobreviver como potência colonial. 
Como não existia na colônia nenhuma classe comerciante de importância, resultava que 
a única classe com expressão era a dos grandes senhores agrícolas. Qualquer que fosse 
a forma como se processasse a independência, seria essa classe a que ocuparia o poder 
e de fato foi o que ocorreu a partir de 1831. Sem o entreposto de Portugal no comércio, 
essa classe de agricultores pode proporcionar uma abertura comercial, ocasionando na 
baixa de preços das mercadorias importadas, maior abundancia de suprimentos e maior 
facilidades de se obter crédito. 
Os conflitos da primeira metade do século XIX entre os dirigentes da grande agricultura 
brasileira e Inglaterra resultaram principalmente da falta de coerência com o que os 
ingleses seguiam a ideologia liberal. O tratado feito entre as partes em 1810 constituía-se 
em um instrumento criador de privilégios aos ingleses, e não um sistema liberal 
propriamente dito. Isso criou sérias dificuldades à economia brasileira, exatamente na 
etapa em que a classe de grandes agricultores começava a governar o país. E para piorar 
a situação, a Inglaterra ainda queria impor a eliminação da importação de escravos 
africanos. Assim, entre as dificuldades que encontravam para vender os seus produtos e 
o temor de uma forte elevação de custos provocada pela suspensão da importação de 
escravos, a classe de grandes agricultores se defendeu enfrentando a ira dos ingleses. 
Neste momento, o privilegio aduaneiro concedido a Inglaterra e a posterior uniformização 
da tarifa em 15% ad valorem criavam várias dificuldades financeiras ao governo brasileiro. 
O governo central, que enfrentava extraordinária escassez de recursos financeiros, vê 
sua autoridade reduzir-se por todo o país, numa fase em que as dificuldades econômicas 
criavam um clima de insatisfação em praticamente todas as regiões. O preço do açúcar 
caia persistentemente na primeira metade do século, e os do algodão mais ainda. Na 
Bahia, Pernambuco e principalmente no Maranhão, a renda per capita declinou 
duramente neste período. Na região sul a decadência da economia do ouro levava junto o 
mercado de gado produzido no sul. Como consequências diversas rebeliões aconteceram 
no país em reflexo desse processo de empobrecimento. 
Em meio dessas dificuldades, o café surge como válvula de escapa, passa a ser a nova 
fonte de riqueza para o país. Já nos anos de 1830, esse produto se firma como principal 
elemento da exportação brasileira, e sua progressão é firme. Graças a essa nova riqueza 
forma-se um sólido núcleo de estabilidade na região central mais próxima da capital do 
país, o qual passa a constituir verdade centro de resistência contra as forças de 
desagregação que atuam no nordeste e no sul. 
O Brasil sofria sérios problemas de cunho fiscal também. Não existia um aparelhamento 
fiscal no país, o governo arrecadava somente das tarifas aduaneiras, sendo assim seu 
único meio de subsistência do governo. Quando essa fonte foi limitada, o governo teve 
sérias dificuldades financeiras para desempenhar suas múltiplas funções na etapa de 
consolidação da independência. O financiamento do déficit se faz principalmente através 
da emissão de moeda, mais do que duplicando o meio circulante no período de 1820 até 
1830. Essa forma de financiar o déficit do governo central com emissão de moeda e 
elevação relativa dos preços dos produtos importados, provocados pela desvalorização 
do câmbio, incidiram sobre a população urbana. A grande classe dos senhores agrícolas, 
não foi muito afetada, uma vez em quer se auto abasteciam em seus domínios e o 
trabalho escravo amortecia os gastos monetários. Esses feitos se concentravam sobre as 
populações urbanas de pequenos comerciantes, militares e empregados públicos que 
sentiam o forte efeito da inflação corroendo a sua renda e os tornando cada vez mais 
pobres acarretando em novas rebeliões. 
Capítulo 18 - Confronto com o desenvolvimento dos EUA. 
Acordos com a Inglaterra entre 1810 e 1827, impossibilitariam a industrialização no 
Brasil, retirando o poder do protecionismo. 
Alta da procura por importação devido à facilidades de transporte e comercialização 
(Inglaterra) e exclusão do entreposto português >> pressão na balança de pagamentos >> 
taxa de câmbio >> mais pressão ainda devido a forma do governo financiar seu déficit. 
 
Resultado: depreciação externa da moeda >> aumento do preço dos importados >> 
efeito protecionista grande 
 
- Razões para a não adoção de políticas industriais no Brasil como fora feito nos EUA: 
EUA: protecionismo como sistema geral de política econômica. 
Alta diferença social em relação ao Brasil. 
 
Brasil: Classe dominante era o grupo de grandes agricultores escravistas. 
 
EUA: Classe dominante de pequenos agricultores e comerciantes urbanos 
 
Alexander Hamilton X Visconde Cairu 
Ambos discípulos de Smith 
Alexander fazia estímulos direto às indústrias. 
Relação dos EUA com Inglaterra era diferente: teriam indústrias que não competissem 
com as da metrópole. 
A colônia norte americana desde cedo possuía a noção de produção interna para ter 
sucesso no futuro. 
Avanço da indústria naval >> importante para o período das guerras napoleônicas 
(oportunidade para grande acumulação de capital). 
 
Visconde de Cairu (reflete tbm na crença brasileira): 
Crê na “mão invisível” >> que no final tudo se ajustará ao equilíbrio. 
 
Outro motivo principal para tal crescimento americano no inicio do século XIX foi que, a 
partir da exportação do algodão, os EUA tomaram posição de vanguarda da Revolução 
industrial. 
 
Primeira fase da Revolução Industrial 
Duas características básicas: 
1. Mecanização dos processos manufatureiros >> principal tarefa da Inglaterra. 
2. Substituição da lã pelo algodão >>principal tarefa dos EUA 
Principais motivos da baixa dos preços tbm. 
EUA primeiros decênios do séc : balança deficitária, mas que não pressionava a taxa de 
cambio >> transformava-se em dividas de médio e longo prazo >> bônus do governo >> 
formação de uma corrente de capitais. 
Capítulo 19 - Declínio a longo prazo do nível de renda: primeira metade do século 
XIX 
Desenvolvimento da economia brasileira no inicio do século XIX foi graças ao aumento 
das exportações. 
Tentativas (poucas) de incentivo à industrialização foram falhas por falta de uma 
demanda interna. 
Uma política inteligente de industrialização seria impraticável num pais dirigido por uma 
classe de grandes senhores agrícolasescravistas. 
Primeira condição para o Êxito dessa política: Extensão do setor exportador 
Todo aumento de exportação se deu pelo café (produção concentrada nas áreas 
próximas à cidade do Rio) 
Renda real per capita declinou sensivelmente na primeira metade do século XIX. 
Atividades não ligadas ao comércio exterior poderiam salvar a balança( indústrias, 
serviços localizados nas zonas urbanas) >> aumento do setor de subsistência e não da 
urbanização. 
Capítulo 20 - Gestação da economia cafeeira 
Situação do Brasil no inicio do século XIX: Estagnação; Lento avanço vegetativo; 
progresso do Maranhão só teve efeitos locais; sistema administrativo rudimentar; técnicas 
modernas da Revolução Industrial escassamente penetradas no país, estancamento da 
principal e tradicional força de trabalho africana sem uma opção alternativa. 
Única saída para o Brasil seria o comércio internacional. 
Concorrentes exteriores de algodão, açúcar e couro, além da baixa dos seus preços no 
mercado internacional, contribuíam para piorar a situação do país. 
Questão era: encontrar produtos de exportação em cuja produção entrasse como fator 
básico a terra (país não tinha capital nem mão de obra) 
Café: dada a importância no final o século XVIII >> Alta dos preços graças à 
desorganização do principal produtor da época, o Haiti. 
Produção se concentrou na região montanhosa próxima à capital do país 
Redução dos preços entre 1830 e 1840, não desencorajou os produtores. 
Utilização intensiva de mão de obra escrava (= açúcar) 
Grau de capitalização muito mais baixo do que o açúcar (equipamento muito mais 
simples e de produção local) 
Custos monetários mais baixos que da economia açucareira. 
Principal consumidor nesse inicio era o próprio Rio de Janeiro>> mudança dos hábitos 
com a chegada da Corte. 
Novos empresários eram locais e não mais de Portugal e Holanda como no açúcar. 
Nova classe dirigente conseguia unir a produção + comércio. 
Compreenderam o governo como instrumento importante de ação econômica >> 
controlavam o governo >> utilizavam esse controle para alcançar objetivos perfeitamente 
definidos de uma política. 
Capítulo 21 - O problema da mão de oba 
1. Oferta interna potencial 
Metade do século XIX: força de trabalho brasileira >>massa de 2 milhões de escravos; 
em que a taxa de mortalidade era maior que a de natalidade. 
Condições precárias no Brasil X Condições favoráveis nos EUA (com relação aos 
escravos) 
Características da economia brasileira e como ela se expandia: 
Inglaterra a medida que iam penetrando as novas técnicas, sucessivos segmentos 
preexistentes se desagregavam. 
Intensificação do processo de urbanização >> crescimento populacional. 
A chave de todo o problema econômico estava na oferta de mão de obra 
Brasil: setor de subsistência era disperso por todo o país. 
Cada individuo ou unidade familiar deveria encarregar-se e produzir alimentos para si 
mesmo. 
O homem da economia de subsistência não se limita a viver na sua roça >> pode estar 
ligado a um grupo econômico maior, onde e desempenhava funções e recebe uma 
pequena remuneração. 
Tendência a crescimento do sistema de subsistência leva à redução na importância 
relativa da faixa monetária. 
Economia de subsistência só precisa dos métodos rudimentares. Pois mesmo que 
dispusesse de técnicas mais avançadas, o homem dessa economia teria de abandoná-las 
pois o produto do seu trabalho não teria valor econômico. 
Era tão dispersa que seu recrutamento era difícil. 
Era considerada como ”reserva potencial da força de trabalho”. 
Ideia de que a mão de obra livre não serviria para o trabalho nas grandes lavouras 
25 – Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX 
 
Capítulo 22 – O problema damão de obra II. A imigração europeia 
EUA: Como o imigrante europeu não ia em busca de trabalho na grande lavoura, os 
EUA encontraram como solução a mão de obra escrava africana. Os colonos contavam 
com um mercado em expansão (plantation no sul com mão de obra escava) para vender 
seus produtos 
BRASIL: Para solucionar o problema da mão de obra, já antes da independência havia-
se iniciado a instalação de colônias europeias na América Portuguesa, com o apoio do 
governo. Contudo, seu objetivo era sanar a falta de trabalhadores na grande lavoura, o 
que não havia precedentes dentro desse tipo de imigração. Além disso, a vida na colônia 
era extremamente precária sem um mercado para excedente de produção. Sendo assim, 
coube ao governo arcar com o financiamento desse movimento a fim de alimentar o 
mercado interno e resolver o problema da mao de obra nas lavouras. Com o tempo, essa 
dinâmica passou a consistir na venda do trabalho futuro do imigrante. Ele firmava um 
acordo com a fazenda de que não deveria abandonar seu trabalho até ter pago sua dívida 
pelo financiamento da sua emigração. Assim, isso se transformou rapidamente uma em 
uma exploraçao servil com diferentes níveis de abusos, o que teve forte resposta dos 
países europeus que passaram a proibir a imigração para o Brasil. Com o boom do café, 
a imigração europeia se tornou mais interessante, o que incentivou a gerar mudanças no 
seu processo. Assim, o governo passou a arcar com os custos do transporte e os 
fazendeiros com os do primeiro ano do imigrante no país. Além disso, o europeu recebia 
terras onde poderia cultivar produtos para a sua subsistência. Como resultado, pela 
primeira vez se teve uma forte corrente imigratória da Europa para as lavouras brasileiras. 
Vale ressaltar que os processos de unificação no continente europeu, incentivaram a 
população a vir para a América portuguesa. Como por exemplo, a Itália. 577 mil italianos 
vieram para o Brasil nessa época. 
Capítulo 23 – O problema da mão de obra III. Transumância amazônica 
No fim do século XIX, o Brasil encarou também um outro fluxo migratório além do 
europeu, o da região nordestina para a Amazonia. Com o boom da produção e preço da 
borracha gerado pela Revolução e crescimento industrial, a região passou a ser 
procurada. Contudo, a região apresentava as condições necessárias para a produção 
mas, possuía também, difícil acesso e escoamento da produção. Nesse contexto, ela foi 
apenar uma resposta imediata e de curto prazo para a demanda urgente do mercado 
internacional. Os altos preços ilustravam a situação de muita demanda para pouca oferta, 
o que foi solucionado com produção oriental do material após a Primeira Guerra. 
O grande problema dessa produção era a carência de mão de obra. Isso gerou um fluxo 
migratório para a região que apresentava condições precárias de vida. Esse grande fluxo 
deixa nítido que, se a imigração europeia não tivesse ocorrido, seria possível recorrer a 
mão de obra nacional. Contudo, nesse contexto, o excedente da mão de obra nordestina 
foi destinado para a exploração da borracha. 
Havia sobra de mao de obra na região nordeste devido ao grande crescimento 
demográfico vegetativo devido a quantidade de alimentos disponível na região, resultado 
da abundância de terras. O mesmo aconteceu na região Sul. A busca por terras levou a 
expansão cafeeira para São Paulo e para o Mato Grosso, formando o Triangulo Mineiro. 
A situação do nordestino na Amazonia era bem diversa: começava sempre a trabalhar 
endividado para reembolsar o custo total da sua viagem e os alimentos vinham do 
monopólio do proprietário (o que potencializava seu endividamento). Ou seja, viviam em 
condições precárias que reduziam seu trabalho a servidão. Sendo assim, a miséria 
generalizou-se rapidamente e os fez a viver da forma mais primitiva possível para a 
época. Sendo assim, esse movimento consistiu em um forte desgaste humano em uma 
época na qual o principal problemada economia brasileira era a mão de obra. 
Capítulo 24 – O problema da mão de obra IV. Eliminação 
Na segunda parte do século XIX o problema central da economia brasileira era a oferta 
de mão de obra. A grande questão sobre esse tema era, na verdade, o trabalho servil. 
Nesse contexto, dificilmente se conseguia separar os aspectos exclusivamente 
econômicos do carácter social da discussão. A escravidão no Brasil era a base de um 
sistema secularmente construído, era encarado como uma base estrutural do sistema. 
Mesmo os antiescravistas se assustavam com a possibilidade do fim total da escravidão. 
Prevalecia a visão de que o escravo era uma riqueza e, então, a sua abolição significaria 
o empobrecimento do setor da população responsável pela criação de riqueza no pais. 
Contudo, havia aqueles que compreendiam esse processo com a libertação de capital já 
que o empresário não precisaria empregar uma grande parte do capital no comercio de 
escravos. 
Na região nordestina, as terras de utilização agrícola já estavam praticamente todas 
ocupadas. Assim, os escravos libertados que abandonaram os engenhos encontraram 
grande dificuldade em sobreviver. Nas regiões urbanas já havia um excedente 
populacional que representava um problema social. Limitados por condições 
geoclimáticas, a solução foi aceitar baixíssimos salários nos engenhos que remetiam a 
antiga condição de escravidão. 
Na região cafeeira as consequências da abolição foram diversas. Diante da imigração 
europeia, a mao de obra escrava se tornou menos vantajosa. Nesse contexto, alguns 
escravos libertos conseguiram adquirir terras para subsistência no Sudeste devido a 
abundante quantidade de terras. Já outros conseguiram trabalho nas fazendas de café 
com salários consideravelmente altos se comparados aqueles da indústria açucareira no 
Nordeste. Assim, pode-se dizer que abolição resultou em efetiva redistribuição de renda 
na indústria cafeeira. 
Vale ressaltar o reduzido desenvolvimento mental da população submetida a escravidão, 
que não entendia o consumo além das necessidades já que não possuía esse hábito, tão 
pouco rotina familiar. Isso gerou um retardo na sua assimilação de independência e 
contribuiu para sua segregação social após o ganho de liberdade. Isso entorpeceu o 
crescimento econômico do país por toda primeira metade do século XX. Dessa forma, 
lhes foi atribuído um papel “passivo” nas transformações econômicas do Brasil. 
Ao observarmos a abolição da escravidão de forma ampla, ela representou uma 
mudança muito mais política do que uma contribuição para o desenvolvimento 
econômico. Ela tinha mais importância como fator de quebra de uma estrutura de poder 
do que como de modificação da forma de organização de produção. Em grande maioria, 
ela não representou grandes mudanças na estrutura de produção ou na distribuição de 
renda. Havia-se, na verdade, eliminado um dos pilares da época colonial. 
Capítulo 25 – Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século 
XIX 
A economia brasileira alcançou uma taxa alta de crescimento na segunda metade do 
século XIX, devido ao aumento do volume físico das exportações, que ainda foi 
acompanhado de uma elevação nos preços dos produtos exportados. Em contrapartida, 
houve a redução dos preços dos produtos importados. Porém o desenvolvimento não se 
estendeu a todos os territórios do país devido à diferença das produções de determinados 
setores. Podemos dividi-los em três: 
 
1) Economia do açúcar e algodão e a economia de subsistência a ela ligada 
Era formada pela faixa que se estendia do Maranhão até Sergipe (nordeste excluindo a 
Bahia). Nessa região existiam dois sistemas - o litorâneo, principalmente exportador, e o 
mediterrâneo, principalmente de subsistência. A população desses dois sistemas cresceu 
na mesma proporção, porém mais do que o aumento das exportações, o que levou a uma 
diminuição da renda per capita do sistema exportador. Além disso, houve uma 
transferência de população do sistema exportador para o de subsistência, o que provocou 
uma queda na produtividade devido à pressão demográfica sobre as terras agricolamente 
aproveitáveis da região. 
 
2) Economia principalmente de subsistência do sul do país 
Esse setor se beneficiou indiretamente com a expansão das exportações, pois o 
mercado de dentro do país passou a absorver os excedentes de produção. Os colonos 
mais próximos do litoral se beneficiaram também com a expansão do mercado urbano. 
Apesar de não ter ocorrido um aumento na renda per capita na economia da região do 
Sul, o crescimento bruto da renda foi grande, pois a população desses Estados cresceu 
muito. 
 
3) Economia cafeeira 
Constituído pela região que atualmente é o Sudeste. Houve grandes movimentos 
demográficos dentro dessa região, com a mão de obra passando das regiões de mais 
baixa produtividade (do setor de subsistência) para as outras de mais alta produtividade, 
movimento contrário ao Nordeste. A rápida expansão do mercado interno aumentou a 
produtividade do setor de subsistência, concentrado principalmente em MG. A quantidade 
de café exportado aumentou muito, o preço do café também subiu, proporcionando um 
alto aumento da renda real. 
 
A Bahia produzia cacau e fumo paralelamente. No fim do séc. XIX o cacau ainda não 
tinha grande importância, enquanto o fumo passou a ser amplamente exportado, 
substituindo assim o açúcar. Com isso, enquanto algumas regiões obtinham sucesso, 
outras empobreciam. 
As exportações da região amazônica foram muito importantes no final do séc. XIX 
(borracha). A renda gerada nessa região foi muito maior do que a da região cafeeira. 
A taxa de crescimento do Brasil no séc. XIX foi elevada comparada à taxa de 
crescimento mundial, mostrando que, na realidade, o atraso relativo da economia 
brasileira ocorreu devido ao retrocesso ocorrido no século anterior – o sistema econômico 
brasileiro acabou se tornando muito diferente dos países avançados. 
 
Capítulo 26 – O fluxo de renda na economia de trabalho assalariado 
No final do séc. XIX, a antiga economia exclusivamente de subsistência é substituída 
pelo sistema de um setor assalariado, o que possibilitou a formação de uma economia de 
mercado interno. 
A classe proprietária retém uma parte se sua renda para aumentar seu capital. Já os 
assalariados transformam praticamente toda a sua renda em gastos de consumo. Esses 
gastos em consumo constituem a renda dos pequenos comerciantes e produtores, que 
também gastam grande parte de sua renda consumindo. 
Quando há um impulso externo de crescimento – no momento em que o preço dos 
produtos exportados se elevam e o lucro dos proprietários aumentam – há a expansão 
das plantações como forma de investimento dos proprietários. Como a oferta de mão de 
obra é elástica e as terras são abundantes, aumenta-se a massa de salários pagos e, em 
consequência, a procura de artigos de consumo. Percebemos então que a massa de 
salários pagos no setor exportador é o núcleo de uma economia de mercado interno, 
podendo crescer mais intensamente que a economia de exportação. 
Bastou que o salário do setor cafeeiro fosse mais elevado do que os dos demais setores 
da economia e que a produção se expandisse para que a força de trabalho se 
deslocasse. 
 
Capítulo 27 – A tendência ao desequilíbrio externo 
O funcionamento desse novo sistema econômico apresentava uma série de problemas. 
Um desses problemas era a impossibilidade de se adaptar ao padrão-ouro. 
A teoria monetária do sec. XIX era útil para explicar a realidade europeia, mas causava 
problemas para os países que eram exportadores de produtos primários, como o Brasil. O 
que acontecia era que, segundo essa teoria, se um país importasse mais do que 
exportasse – criando um desequilíbrio em sua balança de pagamentos -, essepaís se 
veria obrigado a exportar ouro, reduzindo consequentemente o meio circulante. Essa 
redução deveria acarretar uma baixa de preços – contrapartida da alta do preço do ouro -, 
criando automaticamente um estimulo às exportações e um desestimulo às importações, 
corrigindo assim o desequilíbrio. O problema era que isso não podia se esperar de uma 
economia que importava muito. Um brusco desequilíbrio da balança de pagamento 
acabaria provocando uma traumatização do sistema, devido à grande redução do meio 
circulante. 
No regime de trabalho assalariado, diferentemente do servil, a procura monetária tende 
a crescer mais que as exportações, e assim começa a surgir a possibilidade de 
desequilíbrio. O aumento da renda ocorre primeiramente graças ao crescimento das 
exportações e também devido ao multiplicador interno. Parte desse aumento da renda 
resultará em mais importação. 
Os desequilíbrios na balança de pagamentos brasileira eram amplos, pois refletiam as 
quedas de preços das matérias-primas no mercado mundial. 
Quando uma crise era deflagrada nos centros internacionais demandantes daqueles 
produtos primários, ocorria uma forte contração da demanda por eles. 
Consequentemente, os preços caiam e, assim, reduziam-se as entradas de divisas 
internacionais; por outro lado, o nível de importações não caía na mesma velocidade, já 
que havia uma defasagem temporal importante: as importações realizadas enquanto 
caiam os preços dos bens exportados estavam sendo financiadas por expansões 
anteriores daquelas exportações. Assim, incorria o país em rombos orçamentários que 
deviam ser cobertos pelas reservas do padrão-ouro. Logo, na possibilidade de incorrer 
continuamente em déficits, surgia como muito problemática a manutenção do padrão-
ouro. 
Na Europa, durante o sec. XIX, não se fez nenhum esforço para elaborar uma teoria 
monetária fora do padrão-ouro. Assim, a moeda que circulava no brasileira 
“inconversível”. Esse enorme esforço de submeter o sistema econômico às regras 
monetárias que prevaleciam na Europa se estendeu nas outras três décadas do sec. XX. 
 
Capítulo 28 – A defesa do nível de emprego e a concentração de renda 
A reserva de mão de obra reforçada pelo forte fluxo imigratório permitiu que a economia 
cafeeira se expandisse durante um longo período sem que os salários reais 
apresentassem tendência para a alta. A elevação do salário médio refletia o aumento de 
produtividade decorrido da transferência de mão-de-obra da economia de subsistência 
para a economia exportadora. O empresário podia reter as melhoras de produtividade na 
economia exportadora porque não havia nenhuma pressão dentro do sistema que o 
obrigasse a transferi-las para os assalariados. Tais aumentos de produtividade eram de 
natureza econômica e refletiam modificações nos preços do café. 
Os frutos dos aumentos de produtividade eram revertidos para o capital e quanto mais 
extensiva fosse a cultura, mais vantajosa seria a situação do empresário. Logo, era mais 
interessante produzir a maior quantidade possível por unidade de capital. A consequência 
é que o empresário estava mais interessado em aplicar seu capital novo na expansão das 
plantações, sem qualquer incentivo à melhora dos métodos de cultivo. 
A mesma observação pode ser feita à terra. Se ela fosse escassa, concluída sua 
ocupação, os empresários seriam induzidos a intensificar a capitalização e a ocupação 
dos solos de qualidade inferior elevaria a renda da terra. Porém, a terra era abundante e 
sempre que se esgotava, o empresário a abandonava. 
As elevações de preços dos bens exportados se manifestavam por meio do ciclo 
econômico, mas isso não se traduzia em contrações do lucro do empresário. A contração 
cíclica trazia um desequilíbrio na balança de pagamentos, cuja correção se fazia por meio 
de reajustamentos na taxa cambial. 
Se a economia operasse dentro das regras do padrão-ouro, a correção do desequilíbrio 
viria como consequência da contração geral que se propagaria do setor exportador a 
todas as atividades econômicas. Porém, a correção do desequilíbrio era através da taxa 
cambial. Ao reduzirem-se os preços dos produtos exportados, tendia a baixar o poder 
aquisitivo externo da moeda nacional e assim encareciam-se todos os produtos 
importados, reduzindo-se sua procura. 
O processo de correção do desequilíbrio externo significava uma transferência de renda 
daqueles que pagavam as importações para os que vendiam as exportações. Como as 
importações eram pagas por todos, os empresários exportadores, na verdade, 
socializavam as perdas que deveriam concentrar-se em seus lucros. 
Resumindo, os aumentos de produtividade econômica da alta cíclica eram retidos 
pelo empresário (tendência à concentração de renda nas etapas de prosperidade). 
Na etapa de declínio cíclico, havia forte baixa na produtividade econômica do setor 
exportador e o mecanismo corretivo do desequilíbrio externo (taxa cambial) 
possibilitava a transferência do prejuízo para a grande massa consumidora. 
Na economia dependente, a crise se apresentava como um cataclismo, de fora para 
dentro. Se a baixa dos preços resultasse em redução dos lucros dos empresários, muitos 
teriam que interromper a produção de café. Porém, a plantação de café pedia grandes 
imobilizações de capital logo, o abandono da plantação de café significaria um grande 
prejuízo para o empresário. Por outro lado, não existia possibilidade alternativa de 
utilização de mão de obra, assim, a perda total de renda seria de grandes proporções. 
Explica-se o motivo de que a economia procurasse manter seu nível de emprego 
durante os períodos de depressão. Qualquer que fosse a redução no preço 
internacional do café, sempre era vantajoso manter o nível das exportações 
Capítulo 29 – A descentralização republicana e a formação de novos grupos de 
pressão 
O processo de depreciação cambial resultava em transferências de renda: entre o setor 
de subsistência e o exportador e também dentro do próprio setor exportador (os 
assalariados rurais recebiam em moeda a principal parte de seu salário e consumiam uma 
série de artigos que eram importados ou semimanufaturados no país com matéria-prima 
importada). Os núcleos mais prejudicados eram as populações urbanas pois consumiam 
grandes quantidades de artigos importados, inclusive alimentos, e o salário real era 
afetado pelas modificações da taxa cambial. 
O efeito regressivo na distribuição da renda provocado pela depreciação cambial era 
agravado pelo funcionamento das finanças públicas. O imposto sobre as importações era 
cobrado a uma taxa fica de câmbio. Ao depreciar-se a moeda, reduzia-se a importância 
ad valorem do imposto, acarretando dois efeitos de caráter regressivo: a redução real do 
encargo era maior para os produtos que pagavam maior imposto e a redução relativa das 
receitas públicas obrigava o governo a emitir para financiar o déficit (funcionando como 
um imposto regressivo pois incidiam sobre as classes assalariadas urbanas). 
A redução do valor em ouro da receita governamental era mais grave porque o governo 
tinha importantes compromissos a saldar em ouro. Ao depreciar-se o câmbio, o governo 
era obrigado a dedicar uma parte muito maior de sua receita em moeda nacional ao 
serviço da dívida externa e para manter os serviços públicos mais indispensáveis, era 
obrigado a emitir moeda-papel. Para defender o câmbio, o governo contraía sucessivos 
empréstimos externos, acarretando uma sobrecarga fiscal. O aumento da importância 
relativa do serviço da dívida na despesa pública tornou mais difícil ao governo financiar 
seus gastos om receitas correntes nas etapas de depressão. Assim, estabelecia-se uma 
conexão entre empréstimos externos, déficits orçamentários emissões de papel-
moedae desequilíbrios da conta corrente da balança de pagamentos, através das 
flutuações da taxa de câmbio. 
A forma de operar do sistema fiscal contribuía para reduzir o impacto das flutuações 
externas, mas agravava o processo de transferência regressiva da renda nas etapas de 
depressão. A redução de carga fiscal ao depreciar-se a moeda operava como um fator 
compensatória da pressão deflacionária externa e por outro lado, a cobertura dos déficits 
com emissões de papel-moeda criava uma pressão inflacionária sentida mais fortemente 
nas zonas urbanas. Assim, a depressão externa transformava-se em um processo 
inflacionário. 
No último decênio do século, desequilíbrios internos desse tipo foram agravados pela 
política monetária que seguiu o governo provisório instalado após a proclamação do 
regime republicano. A política monetária do governo imperial nos anos 80 conduziu a um 
grande aumento da dívida externa e manteve o sistema econômico em regime de 
permanente escassez de meios de pagamentos. Nesse período, o sistema de escravidão 
foi substituído pelo trabalho assalariado (com entrada de 200 mil imigrantes). O sistema 
monetário era inadequado para uma economia baseada no trabalho assalariado: a 
emissão de moeda servia para cobrir déficits do governo e uma menor quantidade e era 
destituído de elasticidade. A partir da crise de 1875, fez-se evidente a necessidade de 
dotar o país de automatismos monetários. 
A incapacidade do governo imperial para dotar o país de um sistema monetário 
adequado refletia divergências de interesses entre distintas regiões do país. A 
organização social do sul transformou-se rapidamente, soba influência do trabalho 
assalariado nas plantações de café e nos centros urbanos e da pequena propriedade 
agrícola na região de colonização das províncias meridionais. As necessidades de ação 
administrativa dos serviços públicos no sul eram cada vez maiores. O governo imperial, 
ligado aos velhos interesses escravistas, apresentava pouca sensibilidade quanto a tais 
necessidades. A proclamação da República, em 1889, toma a forma de movimento de 
reivindicação da autonomia regional. Aos novos governos estaduais coube, nos primeiros 
20 anos, um papel fundamental na política econômico-financeira. A reforma monetária de 
1888 concedeu o poder de emissão a inúmeros bancos regionais, provocando uma 
grande expansão de crédito, dando lugar a uma febril atividade econômica. A expansão 
da renda monetária acarretou enorme pressão sobre a balança de pagamentos. 
A grande depreciação cambial do último decênio do século XIX criou forte pressão sobre 
as classes assalariadas, particularmente nas zonas urbanas. A partir de 1898, a política 
de Murtinho reflete um novo equilíbrio de forças. Uma série de medidas de caráter 
deflacionário e um substancial aumento no valor das exportações tornaram possível a 
recuperação do equilíbrio externo. Os interesses diretamente ligados à depreciação 
externa da moeda enfrentavam a resistência de outros grupos. 
A descentralização republicana deu maior flexibilidade político-administrativa ao 
governo no campo econômico (em benefício aos grandes interesses agrícola-
exportadores) e a ascensão política de novos grupos sociais (facilitada pelo regime 
republicano) reduziu o controle dos grupos agrícola-exportadores sobre o governo 
central. Tem início assim um período de tensões entre os dois níveis de governo 
(estadual e federal) que se prolongo até os primeiros 10 anos do século XX. 
Capítulo III – A revolução 
D. João VI no Brasil 
A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil em 1808 deu à nossa emancipação 
política um caráter diferente do das outras colônias americanas. Enquanto nas demais a 
separação é violenta, no Brasil é o próprio governo metropolitano que lança as bases da 
autonomia brasileira. 
A vinda da Corte deriva do conjunto de circunstâncias que assinalam o agitado momento 
que passa na Europa. Mas, em última análise, representa muito mais uma hábil manobra 
da diplomacia britânica. A questão em vista era a da liberdade do comércio das colônias 
portuguesas, especialmente do Brasil. Com a transferência da Corte, o governo lusitano 
seria mais dependente da Inglaterra. O primeiro ato do regente foi franquear os portos à 
Inglaterra. 
A condição de sede provisória do Brasil foi a causa última e imediata da independência. 
Estabelecendo no Brasil a sede da monarquia, o regente aboliu o regime de colônia. São 
abolidas as velhas engrenagens da administração colonial e substituídas por outras já de 
uma nação soberana. Caem as restrições econômicas e passam para um primeiro plano 
das cogitações políticas do governo os interesses do país. 
A Revolução do Porto tem causas internas no Reino português. É contra o regime 
absolutista monárquico e o regime econômico, social, político e administrativo ligado a 
ele, o profundo dano sofrido pelos interesses portugueses com a nova política adotada 
pelo soberano com relação ao Brasil levou para o lado da revolução setores importantes 
do reino. Tal política era a supressão de um parasitismo secular a que Portugal se 
acostumou e fundou sua economia. Assim, uma das maiores preocupações da revolução 
será fazer voltar o Brasil à condição de colônia. 
O desencadeamento da insurreição faz com que venham à tona as diferentes 
contradições econômicas e sociais da sociedade colonial: diferenças de classes e setores 
sociais, contradições de natureza étnica (preconceito contra todo individuo, mesmo que 
livre, de cor escura), condição dos escravos. São todas essas contradições que deflagram 
quando a colônia é abalada pela revolução constitucional. 
No desenvolvimento da revolução é o “partido brasileiro” que ganhará a supremacia. A 
reação recolonizadora, embora apoiada pela metrópole e cortes portuguesas, será 
vencida. As camadas populares não se encontravam politicamente maduras para fazer 
suas reivindicações. Daí a descontinuidade e falta de rumo nos seus movimentos. 
Permanecerá mais ou menos intacta a organização social vigente. 
Organização do Estado Nacional: a Assembleia Constituinte de 1823 
É a superestrutura política do Brasil-Colônia que, já não correspondendo ao estado das 
forças produtivas e à infraestrutura econômica do país, se rompe para dar lugar a outras 
formas mais adequadas. 
O Brasil teve um período de transição em que não era ainda uma nação autônoma, mas 
tampouco uma colônia. O caráter de “arranjo político” resultou num ambiente de 
manobras de bastidores, em que a luta se desenrola em torno do príncipe regente, 
querendo afastá-lo da influência das cortes portuguesas. Resulta daí, que a 
Independência se fez da transferência de poderes da metrópole para o novo governo 
brasileiro. E na falta de movimentos populares, o poder é todo absorvido pelas classes 
superiores da ex-colônia. 
O projeto de Constituição de 1823 sintetiza as condições políticas de então, já que uma 
constituição reflete as condições políticas reinantes. O projeto era marcado de 
xenofobismo (contra o português, por medo de recolonização), tentava também limitar os 
poderes do imperador e valorizar a representação nacional (indissolubilidade da Câmara, 
veto apenas suspensivo, forças armadas sujeitas ao Parlamento e não ao Imperador), 
discriminação dos direitos políticos (grandes proprietários rurais com todas as vantagens, 
suprimiram-se todas as restrições de ordem econômica, com ampla liberdade econômica 
e profissional. 
O primeiro reinado 
Os adversários da revolução vão tentar a reconquista das posições perdidas e 
encontram no Imperador o instrumento de suas reivindicações. 
A abertura dos portos agravou a precária situação, desenvolvendo as relações 
comerciais e pondo o país em contatocom outros povos mais civilizados, desenvolvem-se 
ao mesmo tempo as exigências da população. As novas exigências dos senhores rurais 
fazem com que se abandonem as produções invendáveis por outras que servissem para 
abastecer o comércio exterior. Transformam-se assim, cada vez mais, as explorações 
rurais em empresas mercantis. Com isto, substitui-se cada vez mais o trabalho livre pelo 
escravo, assumindo o tráfico africano proporções nunca antes vistas. 
A história do primeiro reinado é o longo desfilar de choques entre o poder 
absoluto do Imperador e os nativistas. 
Quando José Bonifácio cai do poder, quem o substitui são os absolutistas que dominam 
até a abdicação de D. Pedro. A dissolução da Assembleia Constituinte em novembro de 
1823 afasta por completo a interferência dos adversários. Isso foi considerado um 
primeiro passo para a recolonização do país. Os nativistas respondiam com agitações, 
que às vezes tinham caráter revolucionário. Logo depois de dissolvida a Assembleia, o 
Imperador nomeou uma comissão elaboradora de um projeto constitucional. Porém, 
apesar de ter jurado a Constituição, não se convocou o Parlamento senão dois anos 
depois. 
Depois das agitações na capital do Império conhecidas como “noite das garrafadas” em 
1831, as coisas se precipitam. D. Pedro procura reconciliar-se com os nativistas tentando 
formar um ministério saído da oposição, agravando mais a situação, que falha. D. Pedro 
chama os absolutistas, escolhendo seus elementos mais revolucionários para um golpe 
de audácia e são eles que formam o ministério. Essa foi a gota d’água e assim D. Pedro 
assina a sua abdicação. 
A menoridade 
Com a abdicação de D. Pedro I chega a revolução da Independência ao termo natural 
de sua evolução: a consolidação do “estado nacional”. A classe que assume o poder 
passa de revolucionária a reacionária. Dada a falta de conexão entre os vários 
movimentos que surgem pelo país, nunca se vai além da tomada do poder local. Os 
escravos não formavam uma massa coesa e representavam um papel político 
insignificante. A população livre das camadas médias e inferiores não tinham coesão 
social nem possibilidade de eficiente atuação política. Além disso, a economia nacional e 
organização social não comportavam naturalmente uma estrutura política democrática e 
popular. No 7 de abril, a insurreição estava nas ruas, o povo não se contentou com a 
simples abdicação de D. Pedro e a formação de um governo saído das classes 
abastadas. 
Diante da onda revolucionária, forma-se a Sociedade Defensora da Liberdade e da 
Independência Nacional, com figuras das classes conservadoras. Seu organizador é 
Evaristo da Veiga, antes opositor a D. Pedro. O objetivo era garantir a situação política 
criada pelo golpe do 7 de abril, contra reação do partido português e contra o extremismo 
revolucionário imanente. Com o auxílio da Guarda Nacional consegue Feijó sufocar as 
revoltas. Em março de 1832 fundam a Sociedade Conservadora, núcleo do partido 
restaurador, o “caramuru”. Figuram os Andradas, inclusive José Bonifácio, tutor de D. 
Pedro II. Em abril, tentaram seu primeiro golpe, que fracassou. 
A revolta dos cabanos no Pará e a regência de Feijó 
A revolta dos cabanos no Pará começa em 1833 e se estende até 1836. Lobo de Souza 
inaugura uma política de energética repressão, escolhido a dedo para a difícil missão de 
repor a província revoltada no caminho da reação. O presidente ganhou a animosidade 
popular e começou um trabalho de agitação popular. O ápice foi em 6 para 7 de janeiro: 
executam o presidente, o comandante das armas e outras autoridades. 
Os cabanos cometem o erro de chamar para o governo Félix Antônio Clemente Malcher 
que protestou fidelidade ao imperador. Por ser contrário ao extremismo da revolução, foi 
ganhando o desgosto popular. Ao querer se desfazer de um dos irmãos Vinagre, 
Francisco Pedro, não encontrou o apoio necessário e foi deposto e executado, logo 
substituído pelo próprio Francisco Pedro. Vinagre, no entanto, também prestou fidelidade 
ao Imperador. Em abril de 1836, chega ao Pará uma poderosa esquadra, trazendo o 
novo presidente legal. Os cabanos refugiados no interior já não podiam oferecer grande 
resistência e vão cedendo terreno. 
No governo do Império, foi eleito em 1835 o padre Diogo Antônio Feijó como regente do 
Império e as condições do país eram agora muito mais difíceis. No Pará estava a revolta 
dos cabanos, no Rio Grande do Sul a revolta dos farrapos. Em 1837, chega a crise a seu 
auge. A resistência de Feijó começa a ceder e passa a Regência a seu substituto legal, o 
ministro do Império – Pedro de Araújo Lima. 
A revolta dos balaios e a agitação praieira 
De 1833 a 1841, foi o Maranhão teatro desse levante, representada pela massa 
sertaneja de trabalhadores rurais empregados na pecuária. A balaiada deu-se por 
sucessivos e ininterruptos levantes. As causas eram a luta das classes médias contra a 
política aristocrática e oligárquica das classes abastadas. Era conhecido no Maranhão por 
Bem-te-vi (devido ao jornal) e sustentava suas ideias na capital da província até a palavra 
de ordem dada da insurreição pelo partido, quando a revolta toma uma feição própria. 
Nos seus primeiros tempos, teve a revolução bastante sucesso, mas logo depois o 
movimento entra em rápido declínio. Em princípios de 1840, assume a presidência da 
província e o comando das armas legais o futuro Duque de Caxias que logo consegue a 
derrota dos balaios. 
Em Pernambuco, toda a agricultura da província se achava nas mãos de um pequeno 
grupo de proprietários rurais, principalmente os Cavalcantis. Na capital, uma burguesia 
comercial rica e poderosa. Pernambuco era o empório comercial de todo o Nordeste e a 
imigração de portugueses para lá era muito grande. Em 1842, surge o partido da Praia, 
que combateria os grandes proprietários da província e o comércio português. Do outro 
lado, surge o partido Ordem formado por todas as classes abastadas. É a luta desses 
partidos, a luta de classes, que constitui a agitação praieira de 1842 a 1849. A indicação 
de Chichorro da Gama em 1845 inaugura o domínio da Praia, cheio de represálias às 
classes abastadas, que chegam a um extremo em 1847. 
A trajetória reacionária de 1837 a 1849 
Com os balaios e os farrapos, vai desaparecendo a confiança nas regências. Havia, na 
ascensão do menino imperador ao trono, a esperança de tranquilidade do país. Os 
governos que se seguem à Maioridade têm o mesmo caráter. O Império se estabiliza no 
seu natural equilíbrio: a monarquia burguesa. As massas populares passam para um 
segundo plano. A partir daí, é dentro da burguesia que se encontram as discórdias e será 
a luta dessas tendências opostas de grupos burgueses que constituirá a história política 
da segunda metade do século XIX. 
Capítulo IV – O Império 
Segundo Reinado 
O Brasil, que com a abertura dos portos em 1808 e o desaparecimento dos entraves que 
ao seu desenvolvimento opunha o regime de colônia, entrava num período de notável 
surto econômico, e não podia dispensar o tráfico de escravos, uma vez em que este era 
ainda a principal fonte de abastecimento de mão de obra nacional. Sendo assim, a mão 
de obra escrava era de suma importância pois: o tráfico ainda correspondia ao estado das 
nossas forças produtivas, em outras palavras: ele se integrava perfeitamente na economia 
brasileira de então. 
Mas a Inglaterra, que sempre pretendeu ter direito sobre Portugal, suas colônias e ex-
colônias não era a favor do tráfico de escravos. Mas engana-se quem acredita que isso 
era por um caso “humanitário”. Acontece, que sua preeminência comercial nas costas da 
África eram ofuscadas pelos traficantes negreiros, em geral portugueses. Deoutro, seus 
interesses nas colônias das Índias Ocidentais, que produziam assim como o Brasil, o 
açúcar, sofrendo assim com a concorrência do Brasil, que era avantajado por fazer uso de 
mão de obra escrava. Por isso, desde cedo a Inglaterra se esforçava para proibir o tráfico 
de escravos. 
Em março de 1850, o poderoso Gladstone (nunca ouvi falar) ameaçava guerrear com o 
Brasil, caso o tráfico de escravos não tivesse um fim. O Brasil, sem poderia bélico, cede a 
essa intimação. 
O efeito imediato desta supressão do tráfico foi liberar subitamente capitais 
consideráveis invertidos. O dinheiro antes que era pago aos importadores de escravos, 
agora ficava no mercado brasileiro, não havendo fuga de divisas. As ações das 
companhias agrícolas, comerciais e da indústria também subiram. A vida comercial de 
uma maneira geral se intensificou. 
Esta intensa atividade se manifesta nos primeiros grandes empreendimentos materiais 
do país, todos posteriores a 1850. Temos em 1854 a construção da estrada de ferro 
brasileira, que ligava Mauá a Fragoso. No ano seguinte tem a estrada de Ferro Pedro II. É 
visível uma caminha no sentido da “modernização” do país deixando para trás o 
medievalismo brasileiro de então. 
Toda essa renovação foi para seus promotores uma oportunidade de uma rápida 
ascensão. Após 1850, fortunas foram feitas e uma nova classe endinheirada surge. 
Desenvolve-se uma parte “progressista” da burguesia nacional ávida a reformas e cujos 
interesses estreitamente se vinculam à transformação econômica do país. 
Mas é claro que essa situação não agradou a todos. O fim do tráfico contrariava os 
grandes oligarcas rurais, que dependiam da mão de obra escrava para a exploração, 
plantação e cultivo de suas terras. 
A luta destes grupos burgueses, “progressistas” e “conservadores-retrógados”, enche o 
cenário político da segunda metade do século XVIII. Alista-se no primeiro principalmente o 
comércio, a “finança”, em uma palavra, os detentores do capital móvel. No segundo, a 
maior parte da riqueza territorial, os proprietários rurais cuja economia assentava no 
trabalho servil naturalmente abalado pela supressão do tráfico. 
O eixo principal em torno de que gira essa luta é naturalmente a questão do elemento 
servil. Depois de 1865, ela quase monopoliza a atenção política do Império. Constituía já 
então o braço escravo o maior obstáculo ao desenvolvimento do país. Não somente sua 
reconhecida improdutividade impedia o progresso da nossa economia, além da grosseria 
exploração agrícola que então possuíamos como também, e principalmente, degradando 
o trabalho em geral, afugentando o braço livre de que carecíamos. Seria essa a principal 
causa da reduzida imigração estrangeira que o Brasil teve até a abolição, segundo Prado 
Júnior. Assim, a favor da escravidão estavam tão somente os proprietários de escravos, e 
contra todas as demais forças políticas e sociais do país. 
Nestas condições, apenas podiam suportar o elevado custo dos escravos determinadas 
culturas altamente lucrativas, como o café, localizado no Rio e São Paulo, que 
atravessavam uma fase de considerável expansão. Daí, um deslocamento de escravos 
para estas regiões, em prejuízo das demais zonas do país em 1861. 
Depois da Guerra do Paraguai, a abolição se tornara de interesse nacional, que não 
podia mais ser sacrificado ao interesse de uma só cultura, o café. Foi assim o Sul o último 
esteio da instituição Servil. 
A evolução política progressista do Império corresponde assim, no terreno econômico, a 
integração sucessiva do país numa forma produtiva superior: a forma capitalista. As 
instituições primitivas como a escravidão, herdadas da antiga colônia, são varridas pelas 
novas forças produtivas que se vão formando e desenvolvendo no correr do século XVIII. 
O FIM DO IMPÉRIO 
A história do segundo reinado nos fornece em toda sua evolução as mais evidentes 
provas de que as instituições imperiais representavam um passado incompatível com o 
progresso do país, e que, por isso, tinha de ser varridas. A questão servil é disto o mais 
frisante exemplo. Só resolveu o governo imperial alistar-se na corrente quando o 
problema já estava à sua revelia praticamente solucionado pela alforria particular e pela 
impossibilidade de reter os escravos que abandonavam em massa as fazendas, o que 
não só desorganizava por completo a vida econômica do país, como ainda tornava de 
todo precária a ordem pública que lhe cabia manter.

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