Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Descartes e a Filosofia do Cogito A filosofia de Descartes inaugura de forma mais acabada o pensamento moderno propriamente dito, juntamente com a dos empiristas ingleses. Pensamento antecipado e preparada, é claro, pelo humanismo do séc. XVI, pelas novas concepções científicas da época. Entender as linhas mestras do pensamento de Descartes é, portanto, entender o sentido mesmo dessa modernidade. ( O século XVI, ao final do qual nasce Descartes (1596), é um período de grandes transformações, de ruptura com o mundo anterior. As grandes navegações, iniciadas já no séc. XV, e principalmente a descoberta da América vão alterar radicalmente a própria imagem que os homens faziam da Terra. A decadência do sistema feudal e o surgimento do mercantilismo trazem uma nova ordem econômica baseada no comércio, com a defesa da livre iniciativa, e no individualismo. A ideia de modernidade está assim estreitamente relacionada à ruptura com a tradição, ao novo, à oposição à autoridade da fé pela razão humana e à valorização do indivíduo, livre e autônomo, em oposição às instituições. Essas ideias terão uma importância central do desenvolvimento de Descartes. A crença no poder crítico da razão humana individual. Ora, se a autoridade externa, institucional, da Igreja e do saber científico é incerta, tendo perdido sua credibilidade, o que nos resta? A única alternativa possível parece ser a interioridade, a própria razão humana, sua racionalidade. A racionalidade pertence à natureza humana e, portanto, o homem traz dentro de si a possibilidade de conhecimento. “Penso, logo existo” é uma das mais célebres expressões filosóficas. O que significa isso, entretanto? Trata-se da conclusão do “argumento do cogito”, por meio do qual o filósofo pretende encontrar um fundamento seguro para a construção do “edifício do conhecimento”. O que Descartes busca é uma certeza imune ao questionamento cético. É preciso então que o filósofo autêntico coloque em questão tudo o que aprendeu dessa tradição e, encontrando um princípio metodológico seguro, reconstrua o seu conhecimento, agora sobre as bases sólidas. A etapa inicial da argumentação cartesiana é a formulação de uma dúvida metódica, colocando em questão todo o conhecimento adquirido, todas as nossas crenças e opiniões. A dúvida é necessária, já que dentre esses conhecimentos e crenças muitos há que descobrimos ser comprovadamente falsos e outros que não parecem justificados. Podemos considerar assim que a grande contribuição cartesiana à filosofia, do ponto de vista da questão do método e da fundamentação do conhecimento, é o germe da atitude crítica introduzida pela dúvida, que dá portanto início ao desenvolvimento da longa reflexão sobre os limites do conhecimento humano. A Tradição Empirista: A Experiência como Guia Em linhas gerais, “empirismo” significa uma posição filosófica que toma a experiência como guia e critério de validade de suas afirmações, sobretudo nos campos da teoria do conhecimento. O termo é derivado do grego empeiria, significando basicamente uma forma de saber derivado da experiência sensível e de dados acumulados com base nessa experiência, permitindo a realização de fins práticos. O empirismo constituiu-se a partir do séc. XVI – juntamente com o racionalismo, que representamos pela filosofia de Descartes – como uma das principais correntes formadoras do pensamento moderna em sua fase inicial (até fins do séc. XVIII). Para o empirismo não há ideias inatas, isto é, o conhecimento não é inato, mas resulta da maneira como elaboramos os dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência. A mente é como uma “folha em branco”, a tabula rasa, na qual a experiência deixa as suas marcas. Bibliografia: MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
Compartilhar