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Conhecimentos Gerais sobre o Trabalho em Oficinas SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 629 72 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Conhecimentos Gerais sobre o Trabalho em Oficinas – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Oficina mecânica. 2. Oficina mecânica - funcionamento. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | Boas Práticas de Manutenção 6 1 Introdução 7 1.1 Precauções de Segurança na Aeronave e em Oficina 7 1.1.1 Checklist Mínimo de Pessoal 8 1.1.2 Parte 1: Antes da Tarefa 8 1.1.3 Parte 2: Depois da Tarefa 9 1.2 Diretor ou Administrador 10 1.3 Manutenção Principal de Hangar 11 1.4 Manutenção de Linha 15 1.5 Oficinas 18 Glossário 20 Atividades 21 Referências 22 Unidade 2 | Procedimentos Diversos 23 1 Introdução 24 1.1 Ferramentas e Materiais 24 1.2 Materiais de Oficinas 26 1.3 Dimensões, Folgas, Tolerância e Calibração 27 Atividades 29 Referências 30 Unidade 3 | Precauções de Segurança 31 1 Introdução 32 1.1 Reboque, Elevação e Amarração da Aeronave 32 1.2 Procedimento de Abastecimento de Combustível 36 4 1.3 Efeito das Condições Ambientais 38 Atividades 39 Referências 40 Unidade 4 | Técnicas de Desmontagem, Inspeção, Reparação e Montagem 41 1 Introdução 42 1.1 Tipos de Defeitos e Técnicas de Inspeção Visual 42 1.2 Métodos Gerais de Reparação 45 1.3 Processos e Materiais Usados no Controle da Corrosão 47 1.4 Técnicas de Montagem e Desmontagem 48 Glossário 50 Atividades 51 Referências 52 Unidade 5 | Equipamentos Padrões e Ferramentas 53 1 Introdução 54 1.1 Ferramentas e sua Utilização 54 Glossário 60 Atividades 61 Referências 62 Unidade 6 | Verificação Padrão 63 1 Introdução 64 1.1 Tipos de Manutenção 65 1.2 Planejamento da Manutenção 66 Glossário 68 Atividades 69 Referências 70 Gabarito 71 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Conhecimentos Gerais sobre o Trabalho em Oficinas! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 25 horas e foi organizado em 6 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Boas Práticas de Manutenção 5h Unidade 2 | Procedimentos Diversos 4h Unidade 3 | Precauções de Segurança 4h Unidade 4 | Técnicas de Desmontagem, Inspeção, Reparação e Montagem 4h Unidade 5 | Equipamentos Padrões e Ferramentas 4h Unidade 6 | Verificação Padrão 4h 6 UNIDADE 1 | BOAS PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO 7 Unidade 1 | Boas Práticas de Manutenção 1 Introdução A Organização Internacional de Aviação Civil, em inglês, International Civil Aviation Organization (ICAO), sugeriu por meio de vários documentos, que as organizações de manutenção podem desenvolver um sistema chamado boas práticas de manutenção na manutenção de várias atividades de seu pessoal técnico. Caso sejam seguidas, essas práticas evoluem a manutenção padrão, a segurança e a aeronavegabilidade, que acabam resultando, também, na redução de perdas e incidentes. Ademais, com o avanço na indústria da aviação, as tarefas de manutenção têm se tornado cada vez mais explícitas. Os fabricantes de aeronaves e seus equipamentos fornecem instruções detalhadas de manutenção dos seus produtos. As autoridades regulatórias também dispõem de várias regulamentações, as quais geralmente se associam à segurança de voo dos passageiros. Contudo, nesta unidade encontram-se normas de trabalho saudável que podem não ser classificadas sob regras e regulamentações. Essas normas compõem as boas práticas de manutenção, que devem ser assimiladas pelas organizações de segurança, e que ajudarão o pessoal da manutenção a trabalhar meticulosamente e de maneira mais profissional. 1.1 Precauções de Segurança na Aeronave e em Oficina As boas práticas de manutenção são descritas aqui na forma de checklists (listas de verificação). Essas checklists compreendem questões de introspecção, as quais devem ser avaliadas por cada técnico individualmente. A aderência escrupulosa a essas práticas conduz à segurança, e ainda ajuda a alcançar o objetivo de padrões avançados de aero navegabilidade e segurança. 8 Essas orientações se destinam ao interesse de melhorar os padrões utilizados na manutenção do pessoal, bem como organizar as atividades de manutenção. É desnecessário constar que cada indivíduo, durante qualquer trabalho de manutenção, pode carregar a checklist de mínimo de pessoal, instrumento de controle, completando-a antes e após o início e a finalização dos seus trabalhos. Isso também ajuda no aumento da confiança individual concernente ao trabalho sendo realizado. Ademais, a checklist em uma área específica, como a revisão geral, ainda pode ser feita contanto que esteja ligada à área específica de manutenção. 1.1.1 Checklist Mínimo de Pessoal Essa checklist pode ser seguida pelo pessoal enquanto estão na tarefa de manutenção. Ela definitivamente ajuda o profissional a desenvolver suas tarefas de manutenção da maneira apropriada. É dividida em duas partes e contém, no mínimo, as questões que se apresentam na figura. 1.1.2 Parte 1: Antes da Tarefa Antes de iniciar a tarefa proposta, o técnico deve realizar uma auto avaliação, verificando se: • Há preparação mental, física e intelectual para a tarefa; • Existem dados técnicos para realizar a tarefa; • Faz uso de ferramentas e equipamentos apropriados para realizar a tarefa; • O treinamento técnico é suficiente para a tarefa designada; • As precauções de segurança foram observadas; Figura 1: Oficina no hangar com avião suspenso 9 • Há recursos suficientes para a realização da tarefa; • Os requerimentos regulatórios são conhecidos de forma a garantir sua observância; • Não se deve memorizar. Sempre consultar o manual de procedimentos para se obter os valores ou procedimentos corretos. É assegurado ainda, de que a porção correta do manual esteja disponível a todos os responsáveis pela realização do trabalho. 1.1.3 Parte 2: Depois da Tarefa Após a totalização da tarefa, o técnico deve questionar se em relação ao próprio trabalho: • A tarefa foi realizada da melhor maneira possível; • Foi observado o cuidado de manter a maior semelhança possível com o original; • Os dados apropriados foram observados; • Todos os métodos, técnicas e práticas que foram utilizados estiveram dentro do aceitável, previsto pelo fabricante; • Ocorreram distrações, pressões ou estresse; • O trabalho foi revisado pelo operador ou por terceiros antes de ser entregue; • Os registros apropriados do trabalho realizado foram feitos; • Os testes operacionais foram realizados após o término da tarefa; • O local de trabalho está limpo; • Existe disposição para assumir, por escrito, o trabalho feito. 10 1.2 Diretor ou Administrador Segueadiante a lista de observâncias no que compete ao diretor ou administrador do trabalho técnico de manutenção. Assim, deve-se avaliar se: • O pessoal técnico é mentalmente, fisicamente e tecnicamente competente para se submeter à tarefa; • Algum componente do pessoal pode estar sofrendo de vício ou prática viciosa que pode comprometer sua habilidade de desenvolver as tarefas designadas; • A certificação da equipe está com a validade em dia; • Foram providenciadas as ferramentas, equipamentos de trabalho e de proteção e os manuais ao pessoal; • O número de pessoas na equipe é suficiente e qualificado, conforme os pré- requisitos; • O equipamento de apoio de solo, como o hangar, os cavaletes, stands, escadas, entre outros, é satisfatório, adequado e estável, de maneira que não oferece risco aos técnicos, à tripulação, aos passageiros ou danos à aeronave; • O local de trabalho é bem iluminado, com pontos de luz em número suficiente; • Há ventilação correta e suficiente; • O hangar possui equipamento contra incêndio do tipo correto, inclusive os baldes e a areia, que são obrigatórios como alternativa aos extintores; • O pessoal está treinado para utilizar o equipamento contra incêndio, o que pode ser comprovado por certificação; • Uma caixa de primeiros socorros está disponível na área de manutenção, com o conteúdo específico satisfatório. Esta deve conter equipamento específico para tratar choque elétrico, queimadura, sangramento e lavagem ocular; • Quando for necessário, dispor de roupagem protetora especial, como capacetes, luvas, máscaras, óculos de solda, avental protetor, calçados emborrachados, entre outros; 11 • Há bancadas adequadas para a guarda de componentes removidos da aeronave; • Há uma área de quarentena disponível; • Os períodos de inspeção, tarefas e resumos do manual de manutenção estão disponíveis. Em alguns casos, uma leitora ou uma impressora de microfilme pode ser necessária, caso se trabalhem com plantas nesse formato; • Há acesso a fotocópias e a um computador, caso os manuais se apresentem em CD-ROM ou outra mídia; • O número adequado de folhas de trabalhos ou de etiquetas de sobra está disponível; • Há consumíveis e extras disponíveis, o que pode incluir itens genéricos, como agentes de limpeza, trapos, etc.; • As lâmpadas portáteis, lanternas e plugs de todos os cabos elétricos possuem capa ou fiação protegida; • Os carrinhos contêm um cilindro de gás pressurizado; • Os materiais inflamáveis estão separados, com sua área emplacada e protegida; • Há consumíveis com data de validade passada e, em caso positivo, se eles se encontram isolados dos demais e com a marcação de não utilizar. 1.3 Manutenção Principal de Hangar Antes de iniciar o trabalho, deve-se ter em mãos a checklist do mínimo de pessoal. Em seguida, cada técnico deve garantir: • A preparação física e mental para se submeter à tarefa designada; • A disciplina no local de trabalho; Figura 2: Oficina de motor a turbina 12 • A vestimenta correta para o local de trabalho; • A leitura das mensagens no quadro de avisos, relacionadas ao trabalho designado; • O planejamento da sequência de trabalho quando mais de uma análise está envolvida; • A deliberação comumente denominada briefing (instruções) antes do início dos trabalhos; • A listagem das ferramentas desenhadas da tenda de ferramentas, mantendo- as em uma caixa, bolsa ou maleta apropriada e checando o calibre correto; • A verificação de ferramentas com a lista sob a finalização do trabalho designado, antes de retorná-las à tenda de ferramentas; • A verificação do piso do hangar antes de levar a aeronave ao hangar para evitar danos aos pneus; • A remoção de relógios, canetas, óculos de sol ou quaisquer outros itens soltos antes de iniciar o trabalho de manutenção; • A limpeza do local de trabalho; • A observação das instruções preventivas de segurança durante o trabalho sobre as asas, o estabilizador horizontal vertical, as janelas da cabine, e a própria cabine, entre outros; • A cobertura imediatamente após a remoção de componentes, todas as sondas, tomadas, conectores, além de todos os canos abertos, tubos, entradas ocas, e cavidades. Além disso, verificar, dentre outros, elementos dos quais se retiraram componentes, sem utilizar fita adesiva; • A remoção das partes acondicionadas no estande apropriado, designado para esse propósito, de uma maneira organizada, para que nenhum componente se encontre no solo ou uns sobre os outros; • A observação quanto aos respingos de óleo, fluidos hidráulicos, lubrificantes e outros no chão do hangar ou da aeronave; 13 • A cobertura de eventuais respingos de fluidos com serragem ou similares, limpando-os imediatamente; • A utilização da bandeja adequada para drenar ou encher o motor, o sistema hidráulico de óleo e o lavatório com líquido, além de outros compartimentos; • A remoção do excesso de graxa ao final da operação de engraxamento; • A rotulação apropriada do componente logo após sua remoção da aeronave; • A anexação da nota de etiqueta/liberação ao componente ou equipamento de maneira que seja lida antes de a peça ser encaixada na aeronave; • A não instalação de qualquer peça sem a nota de etiqueta/liberação; • O status de calibração dos itens como medidores de pressão, ou carrinho de nitrogênio, pressão do pneu, chave de torque, voltímetro, multímetro, entre outros que requeiram calibração periódica; • A roupagem e/ou equipamento durante trabalho que os requeira esteja sendo utilizada; • A remoção de todas as ferramentas, equipamentos, trapos e detritos diversos, logo após a manutenção da aeronave, ainda dentro do respectivo turno; • O recolhimento de todo o lixo no hangar e o despache no local certo; • A observação dos calçados estejam livres de lama ou similares antes de entrar na aeronave; • A remoção todos os fios de segurança, contra pinos e similares durante a manutenção, descartando-os sem jamais reutilizá-los; • A permanência dos componentes da aeronave como arruelas, porcas, parafusos, em um recipiente durante a montagem e desmontagem; • O desembalo das peças e dos equipamentos longe da área de trabalho; • A observação dos avisos e das instruções durante a instalação ou remoção dos dispositivos sensíveis eletrostaticamente, em inglês, electrostatic sensitive devices (ESD); 14 • O impedimento de toque nos terminais elétricos expostos; • O resguardo em relação ao manual de inspeção, o esquema de inspeção e similares, os quais devem estar sempre à mão a fim de que sejam consultados durante a manutenção. A orientação a não confiar na memória, mantendo os manuais o mais perto possível das estações de trabalho é imprescindível; • A informação de qualquer dificuldade enfrentada no serviço durante a manutenção à autoridade competente antes de prosseguir; • A consulta o respectiva unidade do manual de manutenção que lida com os procedimentos padrões relacionados ao tipo de aeronave, motor e hélice em questão antes do início da manutenção; • A utilização das ferramentas apropriadas e sem desgaste; • O conhecimento da localização e do modo de manuseio dos equipamentos contra incêndio; • A veracidade de que os itens como arruelas, dispositivos de bloqueio, selante, anéis O, gaxetas e outros sejam apropriados e aprovados durante o uso na manutenção. A validade da data deve ser observada antes do uso; • A limpeza das escadas, do acesso por escadas, do estande de trabalho e dos demais itens a fim de que estejam livres de óleo, fluido hidráulico, graxa, etc.; • O aterro da aeronave antes do início da manutenção; • A existência de calços após o hangar da aeronave, mantendo um espaço suficiente entreo pneu e o calço; • A proteção de borracha e o travamento da escada, do acesso por escadas, do estande de trabalho e outros itens possuam antes de utilizá-los em qualquer manutenção; • O ciclo completo do procedimento de documentação como prioridade ao final do trabalho de manutenção; • A completude da lista de mínimo de pessoal. 15 1.4 Manutenção de Linha Antes de iniciar o trabalho, deve-se assegurar de que a lista de mínimo de pessoal esteja à mão e que seja consultada. Na realização da manutenção de linha, deve-se: • Estar em forma física e mental para se submeter ao trabalho proposto; • Observar a disciplina no local de trabalho; • Planejar a sequência de trabalho quando mais de uma análise estiver envolvida; • Obter o briefing apropriado antes do início do trabalho; • Listar as ferramentas tiradas da tenda de ferramentas e mantê-las em uma caixa ou maleta adequada de ferramentas; • Verificar fisicamente as ferramentas com a lista ao se completar o trabalho proposto e antes de retorná-las à tenda de ferramentas; • Verificar a superfície da plataforma em busca de objetos que causem danos; • Remover relógios, canetas, óculos de sol ou qualquer item solto antes de iniciar o trabalho de manutenção; • Manter a limpeza em torno do local de trabalho; • Isolar todas as sondas, portas e similares se a aeronave tiver que permanecer estacionada por um longo período, sendo proibida a utilização de fitas adesivas; • Evitar respingos de óleo, de fluido hidráulico, lubrificantes e outros compostos no piso da aeronave; • Utilizar a bandeja adequada enquanto se completa ou se drena o óleo do motor, o fluido hidráulico, o fluido do lavatório e outros; • Remover o excesso de graxa ao completar a operação de engraxamento; • Identificar, por meio de rótulos, o componente, assim que removido da aeronave; 16 • Ler a nota etiquetas de liberação anexada ao componente/equipamento antes que seja encaixado na aeronave; • Garantir a calibração periódica de itens como os indicadores de pressão do carro de nitrogênio, o indicador de pressão do pneu, a chave de torque, o voltímetro, o multímetro esteja adequada, bem como o carregamento da cinta para sustentação e içamento do motor, antes de seu uso; • Remover todas as ferramentas, equipamentos, trapos e detritos diversos logo após a manutenção, no respectivo turno; • Limpar a lama e similares dos calçados antes de entrar na aeronave; recolher todos os fios de segurança e contra pinos etc. removidos durante a manutenção em uma cesta de lixo, não permitindo sua reutilização; • Manter todos os componentes da aeronave, tais como arruelas, porcas, parafusos, etc. em um contêiner durante a manutenção; • Observar os avisos e instruções de segurança durante a instalação ou remoção de ESDs; • Evitar tocar terminais elétricos expostos; • Não permitir a abertura de pacotes rotulados como ESD por qualquer pessoa senão a que possua treinamento; • Garantir que os terminais elétricos de ESDs normais e os equipamentos de substituição rápida na pista estejam acondicionados em uma caixa de metal com cobertura condutiva; • Garantir que os decalques dos ESDs estejam anexados ao contêiner apropriado de trânsito; • Não permitir que se instalem na aeronave ESDs embalados incorretamente; • Remover a cobertura condutora do equipamento de substituição rápida na pista de serviço e encaixar a cobertura no equipamento de substituição rápida, removida antes do retorno aos estoques. Anexar um decalque de precaução caso um deles não esteja anexado. Dessa forma, identifica-se a unidade como ESD. 17 • Possuir e sempre consultar o manual de manutenção apropriado e o esquema de manutenção, durante o desenrolar da manutenção. Nunca se deve confiar apenas na memória; • Informar à autoridade competente qualquer dificuldade de serviço encontrada durante a manutenção, antes de prosseguir; • Antes do início da manutenção, consultar no manual a unidade pertinente para se obter os procedimentos padrões de manutenção a respeito do tipo de aeronave, motor, hélice ou outras informações em questão; • Utilizar sempre as ferramentas adequadas e sem desgaste; • Utilizar, durante a manutenção, itens de consumo apropriados e aprovados como arruelas, dispositivos de trava, selantes, anéis O, gaxetas, Selos O removidos devem ser destruídos de modo a evitar o reuso acidental; • Manter a escada, o acesso por escadas, o estande de trabalho e outros livres de óleo, fluido hidráulico, graxa, entre outros; • Garantir o calçamento adequado da aeronave, mantendo um espaço entre o calço e os pneus; • Garantir que itens como a escada, o acesso por escadas e o estande de trabalho estejam travados antes de realizar qualquer manutenção que os utilize; • Após o término do trabalho de manutenção, dar prioridade para completar o procedimento de documentação; • Ter cuidado quando se utilizar itens soltos como boné, chapéu ou camisetas com botões, além de bolsos que possam estar soltos próximo à aeronave, quando o motor se encontrar ligado, para garantir que não serão ingeridos pelo motor ou pelo disco do rotor; • Garantir que os dispositivos, como a trava do trem de pouso, as coberturas da sonda pitot, etc. estejam encaixadas com bandeirolas vermelhas; • Garantir que a pessoa que se responsabiliza pela orientação do avião no solo esteja adequadamente treinada e utilize uma roupagem amarela de sinaleiro, bem como os dispositivos de sinalização durante tal operação; 18 • Tomar o cuidado necessário e seguir as instruções do fabricante ao se removerem giros, seja remotamente ou autonomamente com um indicador. Na prática, os giros não devem ser removidos dentro de pelo menos 20 minutos após a energia ter sido removida da unidade; • Garantir que a checklist de mínimo de pessoal tenha se completado. 1.5 Oficinas Antes de iniciar o trabalho deve-se assegurar de que a lista de mínimo de pessoal esteja à mão e que seja consultada. Na realização da manutenção em oficina, deve-se: • Entrar apenas se as roupas e sapatos estiverem limpos; • Manter as bancadas limpas; • Manter organizadas as ferramentas e equipamentos de teste a serem utilizados; • Antes de testar qualquer componente ou equipamento, garantir que instrumentos como os medidores e indicadores, estejam calibrados; • Utilizar um método aprovado de limpeza dos componentes e equipamentos; • Seguir os procedimentos do fabricante ou do órgão da aviação quanto às ações de segurança; • Observar a disciplina no local de trabalho; • Obter o briefing apropriado antes do início do trabalho; • Não se submeter a qualquer trabalho caso o componente ou equipamento esteja sem a identificação adequada; • Coletar qualquer lixo na oficina e depositar em lixeiras com tampa, separadas para esse fim; • Manter arruelas, porcas, parafusos e similares, em um contêiner durante a montagem e desmontagem dos componentes e equipamentos; 19 • Antes de iniciar o trabalho, garantir que os documentos de referência, tais como os manuais de procedimentos do fabricante estejam atuais e sejam mantidos no local de trabalho; • Antes de testar qualquer equipamento ou componente, garantir que os equipamentos e aparelhos de teste estejam limpos, operacionais e calibrados; • Garantir que os estandes de teste, os equipamentos e as estações estejam encaixados com as mangueiras ou fiação elétrica apropriadas e que estejam limpas e adequadamente revestidas; • Garantir que as peças de reposição e consumíveis utilizadas durante a manutenção sejam apropriadas e de tipo aprovado, além de possuir o número do lote ou data de validade rastreáveis e de fontes aprovadas; • Não manter quaisquer materiais consumíveis,tais como anéis (O), selos, gaxetas sob custódia pessoal; • Depositar óleo, combustível, fluido hidráulico, depois de usados, em contêineres de lixo dispostos no local de trabalho; • Estar atento ao potencial de dano interno dos componentes pelo mau manuseio de equipamentos eletrônicos que sejam sensíveis eletrostaticamente; • Embalagens rotuladas como ESDs não devem ser abertas por qualquer pessoa a não ser o pessoal treinado em estações de trabalho em solo especificamente para esse fim; • Sempre consultar e aderir às práticas e procedimentos para o manuseio de ESDs previamente definido no manual de revisão; • Conhecer como se identificam os ESDs; • Garantir que a checklist de mínimo de pessoal tenha se completado. 20 Resumindo Nesta Unidade, observou-se que as tarefas não devem ser memorizadas ao serem realizadas, independentemente da etapa, seja na limpeza, encaixotamento, armazenamento, descarte, entre outros, das peças e ferramentas trabalhadas ou utilizadas. Deve-se consultar constantemente a checklist e os manuais de procedimentos para que se possa adquirir bons resultados e obter procedimentos corretos, sempre com segurança. Mesmo que o trabalho seja efetuado em pequenas partes, o ambiente deve contar com a disponibilidade do manual correspondente. Glossário Briefing: ato de dar informações e instruções concisas e objetivas sobre a tarefa a ser executada. 21 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Antes de iniciar a tarefa proposta, o técnico deve realizar uma autoavaliação, verificando se as precauções de segurança foram observadas. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Antes de iniciar o trabalho, não é necessário ter em mãos a checklist do mínimo de pessoal. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 22 Referências BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 set. 2015. CRANE, D. Aviation maintenance technician series: powerplant. 2. ed. Newcastle: Aviation Supplies & Academics, 2005. EL-SAYED, A. F. Aircraft propulsion and gas turbine engines. Boca Raton, Flórida: CRC, 2008. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook - powerplant. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 2. Disponível em: <http://www.faa.gov/regulations_ policies/handbooks_manuals/aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-2>. Acesso em: 24 jun. 2017. 23 UNIDADE 2 | PROCEDIMENTOS DIVERSOS 24 Unidade 2 | Procedimentos Diversos 1 Introdução A manutenção, do ponto de vista industrial, pode ser definida de duas maneiras: primeiramente, como o conjunto de operações de conservação e assistência a instalações, máquinas e aparelhos é capaz garantir a sua funcionalidade e movimentação ou o deslocamento voluntário de carga. Assim, ela funciona como forma de compreender as operações fundamentais de elevação, de transporte e de descarga. A manutenção de aeronaves, por sua vez, implica em um conjunto de operações que se subentendem aos riscos operacionais. As construtoras e oficinas do setor aeronáutico sempre realizam adaptações em seus programas, inclusive na segurança, como um componente integral de todo o processo viável de construção e manutenção. 1.1 Ferramentas e Materiais Um dos métodos que torna prático o controle de ferramentas é a obrigatoriedade na identificação de cada ferramenta ou equipamento e o seu registro histórico, relativamente a sua origem, localização e programa de manutenção. Para a obtenção de qualquer ferramenta ou equipamento, destinado a uma ação de manutenção, é necessário realizar a abertura de um processo de aquisição em que todas as condições de recepção são mencionadas. Uma das práticas importantes no uso das ferramentas é a realização da sua contagem. Esse controle é um processo elementar e rápido, se forem levadas em consideração algumas regras básicas. Dessa forma, ao utilizar as ferramentas ou equipamentos, um mecânico de manutenção de aeronaves deve observar as seguintes normas: • Não utilizar determinada ferramenta ou máquina sem ter recebido previamente as explicações necessárias sobre o seu modo de manuseio, conservação, utilidade e quanto aos perigos que resultam da sua utilização; 25 • Conhecer todo o equipamento da oficina para obter o máximo de rendimento; • Possuir conhecimento completo da peça a trabalhar, material, dimensões e precisão; • Selecionar corretamente a ferramenta que será utilizada, fator importante para a qualidade do tempo gasto na execução do trabalho; • Conhecer com exatidão suas condições de trabalho. A má utilização de uma ferramenta no local não indicado pode deixá-la defeituosa; • Após sua utilização, sempre retornar a ferramenta ao devido local de arrumação, como mostrado na figura 3. • Limpar a ferramenta após a sua utilização, fazendo imediatamente tal reparo para não perder tempo na próxima utilização; • Não colocar ferramentas nas superfícies ou no interior da aeronave, nos bolsos, nos tabuleiros ou no chão; • Durante a manutenção, deve-se utilizar adequadamente o equipamento de proteção individual (EPI), ou individual protection equipment, de acordo com a figura 4. Devido às novas tecnologias, ou à evolução tecnológica, atualmente é possível saber a, qualquer momento, quais as ferramentas que faltam na bancada. Essa situação possibilita um conhecimento relativamente rápido dos objetos que estão sendo utilizados. Figura 3: Quadro de arrumação das ferramentas Figura 4: Profissionais na manutenção de aeronaves usando EPI Fonte: Portal FAB, 2017. 26 1.2 Materiais de Oficinas Nos cuidados com o manuseio do equipamento, as entidades ou companhias de manutenção de aeronaves são obrigadas a possuir um procedimento específico para a conservação, acondicionamento e manutenção de tais peças. Ocorre que, em qualquer ação de manutenção, a utilização de uma ferramenta ou equipamento obriga o conhecimento e controle de diversos requisitos, tais como: estado, origem, tipo de projeto, validade e emprego correto. No caso de utilizar materiais e ferramentas, ainda existe a necessidade de um conhecimento prévio quanto a sua identificação e acondicionamento adequado. Para que ocorra a aplicação correta, é necessária uma seleção da ferramenta ou do equipamento. Nesse sentido, obrigatoriamente, deverão ser levados em consideração o modo de uso, a conservação, a utilidade e o risco. Ao conhecer as características do utensílio, seja ele madeira, liga metálica, entre outros, pode-se obter o máximo de aproveitamento. Ademais, compreender todas as informações relacionadas ao material como: forma e dimensões, de acordo com a figura, é o que permite selecionar a ferramenta mais apropriada para o serviço. Figura 5: Características do alicate universal 27 1.3 Dimensões, Folgas, Tolerância e Calibração É imprescindível que se tenha o conhecimento das dimensões, folgas e tolerâncias de uma ferramenta para o trabalho em manutenção de aeronaves. O profissional deve estar familiarizado com as características do que vai utilizar, de maneira que seja a mais adequada à operação que vai realizar. As dimensões das diversas chaves se dão em milímetros ou polegadas e as folgas devem ser mínimas, de modo a permitir um encaixe perfeito entre a chave e o elemento de fixação.As tolerâncias de uma ferramenta variam de acordo com o grau de exigência de cada trabalho e, dessa maneira, ao efetuar medições ou apertos de grande exatidão, as tolerâncias deverão ser menores. A calibração é um dos aspectos mais importantes na manutenção de aeronaves. Por isso, as entidades ou companhias aeronáuticas têm os seus programas de inspeção ou calibração periódica, devendo todas as alterações impostas às ferramentas ou equipamentos ser criteriosamente registradas. As figuras exibem algumas ferramentas de manutenção de calibração. Normalmente há um setor responsável pela avaliação da periodicidade e identificação do equipamento, que pode ser chamado de laboratório de calibrações. A norma de calibração regula e define a metodologia de identificação, o tipo de calibração e os selos de validação. O controle da validade de qualquer calibração é de responsabilidade do laboratório de calibrações e da pessoa que utilizará a ferramenta. Figura 6.B: MicrômetroFigura 6.A: Paquímetro digital 28 Resumindo Nesta unidade, foi estudado que, para que as técnicas de manutenção aeronáutica sejam bem sucedidas, há necessidades de suporte para o serviço, como os equipamentos de solo e os equipamentos para a movimentação das aeronaves. Portanto, é possível perceber a necessidade de requerer dos técnicos de manutenção o conhecimento dos diversos procedimentos para o manuseio de ferramentas, equipamentos e máquinas usados na manutenção de aviões. Nesta unidade, foi abordada ainda a importância das ferramentas e dos equipamentos e sua utilização. Por fim, foram mostrados os materiais de oficina na sua utilização e aplicação, assim como as suas dimensões, folgas e calibração. 29 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Conhecer todo o equipamento da oficina para obter o máximo de rendimento é uma das normas que um mecânico de manutenção de aeronaves deve observar. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Nos cuidados com o manuseio do equipamento, as entidades ou companhias de manutenção de aeronaves são obrigadas a possuir um procedimento específico para a conservação, acondicionamento e manutenção de tais peças. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 30 Referências BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 set. 2015. CRANE, D. Aviation maintenance technician series: powerplant. 2. ed. Newcastle: Aviation Supplies & Academics, 2005. EL-SAYED, A. F. Aircraft propulsion and gas turbine engines. Boca Raton, Flórida: CRC, 2008. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook - powerplant. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 2. Disponível em: <http://www.faa.gov/regulations_ policies/handbooks_manuals/aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-2>. Acesso em: 24 jun. 2017. 31 UNIDADE 3 | PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA 32 Unidade 3 | Precauções de Segurança 1 Introdução As tarefas diárias dos profissionais de manutenção de aeronaves de oficina envolvem trabalhos com ferramentas, máquinas e, em alguns casos, produtos ou substâncias químicas. Por isso, para que as ações ocorram bem, o ambiente de trabalho precisa ser adequado e seguro. Durante as operações de uma aeronave, todas as instruções do fabricante devem ser seguidas rigorosamente em relação aos cuidados e à norma de segurança específica para cada modelo de aeronave. 1.1 Reboque, Elevação e Amarração da Aeronave Todas as informações necessárias para os procedimentos de reboque ou para empurrar um avião em condições normais ou anormais, assim como as práticas de manutenção associadas a realização do preparo de uma aeronave para o reboque, são levadas sempre em consideração. Dentre os aspectos importantes para o reboque ou pushback, termo comum na aviação e que significa a ação de puxar a aeronave para trás ou em manobras apertadas, estão a composição da equipe de reboque, as atribuições dessa equipe e as aplicações dos calços. Figura 7: Reboque de uma aeronave 33 Para a composição da equipe de reboque é verificada a quantidade mínima necessária de mecânicos que irão realizar o procedimento, o que varia de acordo com as condições do local onde a aeronave for movimentada. Para todos os reboques é obrigatória a presença de um mecânico no interior da aeronave, na cabine e de um responsável pelo reboque do lado de fora. Nas operações de pushback é essencial a existência de um mecânico junto da cauda e um em cada ponta da asa da aeronave. A equipe completa de um reboque tem que ser composta por seis pessoas autorizadas, como descrito a seguir: • O condutor do trator de reboque ou pushback; • O mecânico responsável pelo reboque, na parte externa; • O mecânico na cabine da aeronave; • O mecânico junto da cauda da aeronave; • O mecânico junto à asa esquerda da aeronave; • O mecânico junto à asa direita da aeronave. O mecânico de manutenção responsável pelo reboque é quem coordena as operações de reboque, colocando-se em uma posição da qual possa observar, informar ou orientar sobre o cumprimento dos procedimentos de cada membro da equipe. Antes de iniciar o reboque ou pushback da aeronave, verificar se foram retirados os calços das rodas principais e de nariz do trem de pouso, assegurando-se de que estão desbloqueadas para a execução da operação. Sempre inspecionar os amortecedores, os pneus do trem de pouso da aeronave e também a barra de reboque, a fim de verificar se está em boas condições de uso. Para tal procedimento, é fundamental que o condutor do trator de reboque esteja qualificado para a execução da tarefa e que o trator se encontre em boas condições de uso. Em caso de emergência, é necessário estar atento e obedecer imediatamente ao pedido de parada por qualquer membro da equipe, não importa sua posição no ato. 34 Durante o reboque da aeronave, o condutor do trator não pode realizar manobras bruscas. E durante a manobra de aproximação do trator à aeronave, o condutor precisa parar o trator a 8 metros de distância e só iniciar a aproximação para o engate da barra de reboque ao trator quando o responsável pelo reboque ordenar. Ao mecânico que se posiciona na cabine da aeronave, compete aplicar os freios da aeronave em caso de emergência. Portanto, ao iniciar o reboque, a pressão do acumulador dos freios da aeronave deve ser inspecionada para que, em caso de necessidade, a atuação seja eficaz. Os mecânicos nas pontas das asas e na cauda da aeronave são assim posicionados quando houver a necessidade de movimentar o avião em locais estreitos ou manobrá- lo próximo de obstáculos. Durante a operação de reboque de uma aeronave, os calços retirados têm de estar próximos da operação de reboque, acompanhando a aeronave, e de fácil acesso à mão para o caso de haver necessidade da sua utilização durante uma emergência. Dessa maneira, a elevação de uma aeronave sobre macacos para pesagem é realizada, assim como a reparação ou os trabalhos de manutenção, levando sempre em consideração o limite de peso máximo sobre os apoios, que não podem, de forma alguma, ser excedidos. Esses valores, tais como os procedimentos para a pesagem do avião, são indicados nas especificações da aeronave. Para a colocação dos macacos, existem pontos devidamente marcados pelo fabricante para a elevação, normalmentesituados nas asas, na seção frontal e posterior da fuselagem e no trem de pouso principal. É importante destacar que, sempre que necessário, deve-se consultar especificamente as instruções do manual do fabricante da aeronave em questão. Para a realização de sua elevação sobre macacos ou pontos de elevação, seguem instruções gerais descritas a seguir: • Colocar a aeronave no hangar de manutenção; • Colocar os calços nas rodas principais e de nariz da aeronave; • Conectar a aeronave ao aterramento mais próximo; • Assegurar que não há equipamento externo algum conectado à aeronave; 35 • Assegurar que a aeronave esteja desligada de qualquer sistema elétrico, hidráulico, etc.; • Assegurar se a área de trabalho se encontra limpa e livre de obstáculos; • Colocar os apoios dos macacos na aeronave; • Colocar os macacos debaixo dos apoios (os macacos das asas entram pelo bordo de ataque, e normalmente ficam com duas pernas paralelas à fuselagem; o macaco de nariz não tem preferência de lado de entrada, e fica normalmente com duas pernas perpendiculares à fuselagem); • Fechar a válvula de desvio dos macacos; • Ajustar a cabeça do macaco ao apoio, e as sapatas ao chão; • Afastar os calços das rodas e liberta-se o freio da aeronave; • Levantar a aeronave fazendo subir todos os macacos simultaneamente, até as rodas estarem a uma distância aproximada de 10 centímetros do chão, conforme a figura; • Retirar os calços debaixo da aeronave. Na operação de elevação da aeronave, é necessário ter sempre um mecânico junto a cada macaco, e outro à frente do nariz do avião. Essencialmente a aeronave é elevada sem que haja alteração no seu centro de gravidade (CG). Para que isso aconteça, a aeronave não pode alterar a sua atitude nos seus três eixos: longitudinal, transversal, também chamado de lateral, ou vertical. Portanto, durante a elevação de qualquer aeronave, é crucial que os macacos sejam atuados uniformemente. Para ter uma noção da importância de manter a uniformidade desse procedimento, se, durante a elevação da aeronave, o seu CG for alterado, isso pode causar a sua queda, provocando também estragos, destruição de equipamentos e ferimentos ou mesmo a morte do pessoal envolvido. Figura 8: Elevação de uma aeronave no hangar 36 No caso de previsão de ventos fortes, e quando o estacionamento não for dentro de um hangar ou local fechado, a amarração da aeronave às argolas de amarração existentes na placa e nos pontos da estrutura do avião é realizada, segundo ilustrado na figura. Figura 9: Argola de amarração nos pontos da estrutura da aeronave Esses pontos normalmente se encontram nas asas e no trem de pouso da aeronave. Eles são posicionados pelo fabricante da aeronave, de acordo com cálculos realizados quanto aos melhores pontos para esse tipo de esforço contra a fuselagem. De forma a evitar esforços estruturais, é essencial que as cordas de amarração do avião estejam bem tensas. 1.2 Procedimento de Abastecimento de Combustível A operação de abastecimento de combustível de uma aeronave é realizada de forma segura, sempre considerando as precauções agregadas, eliminando ou minimizando o risco de incêndio provocado pela liberação de vapores do combustível. Outro aspecto importante a se considerar é a possível contaminação do combustível por pequenas partículas, o que pode gerar graves riscos para a operação das aeronaves, originando as falhas nas unidades de controle de combustível. Existem diversos graus de gasolina de aviação para motores alternativos, que são de forma genérica designados, em inglês, por aviation gasoline (AVGAS). Já o combustível utilizado em turbinas é o querosene, que é designado, em inglês, por aviation turbine (AVTUR) e JET A1 (JP-8). Os combustíveis se especificam da seguinte maneira: 37 • AVGAS – Aviation Gasoline (tipo gasolina, em português); • AVTUR – Aviation Turbine or Aviation Turbo (em português, tipo querosene); • AVTAG – Aviation Turbine and Gasoline (em português, tipo querosene + gasolina). Um dos problemas que podem surgir é a acumulação de água nos tanques devido à condensação. Como forma de segurança, é exigido que os tanques de combustível sejam verificados em relação à existência de água e que sejam drenados em caso positivo. Durante uma operação de abastecimento de combustível, é necessário sempre observar alguns princípios, tais como os descritos adiante: • Realizar todas as operações de abastecimento ao ar livre; • Verificar se os motores estão completamente parados; • Averiguar se o local de abastecimento está com extintores apropriados; • Promover ligações de aterramento, e entre si, de todo o equipamento de abastecimento; • Drenar a água dos tanques das aeronaves e dos tanques de abastecimento dos caminhões; • Evitar pisar nas áreas sinalizadas no step (não pisar) quando o abastecimento for efetuado por cima da asa do avião; • Assegurar que nas proximidades não estão ligadas fontes de energia elétrica ou equipamentos que produzam radiações; • Assegurar a especificação e quantidade de combustível a abastecer. 38 1.3 Efeito das Condições Ambientais Quando as condições ambientais forem difíceis, é necessário estar preparado para contornar as dificuldades da forma mais eficiente. As informações necessárias para estacionar ou guardar uma aeronave em condições normais e anormais ou em períodos curtos ou longos, sob condições atmosféricas extremas, necessitam estar presentes e ser cumpridas de forma rigorosa. O equipamento e os materiais necessários, tais como os calços das rodas, as tampas de vedação, os bloqueios do trem de pouso, os materiais de cobertura, entre outros, precisam se encontrar nos locais adequados para que sua utilização nos vários procedimentos tipificados seja simples, rápida e eficaz. Resumindo Nesta unidade, foram repassadas informações referentes ao cotidiano dos profissionais de manutenção de aeronaves de oficina, no que diz respeito à utilização de ferramentas, maquinários e outros, para que se obtenha um trabalho adequado, com segurança e de ações bem-sucedidas. Foi possível compreender que os cuidados necessários para os procedimentos de reboque, elevação e amarração de avião devem ser levados sempre em consideração, especialmente quanto aos aspectos de segurança. De igual maneira, é necessário ter cautela na operação de abastecimento de combustível de uma aeronave, eliminando ou minimizando qualquer risco de incêndio. 39 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Para todos os reboques é obrigatória a presença de um mecânico no interior da aeronave, na cabine e de um responsável pelo reboque do lado de fora. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Colocar os calços nas rodas principais e de nariz da aeronave é uma das instruções para a realização da elevação sobre macacos ou pontos de elevação. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 40 Referências BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 set. 2015. CRANE, D. Aviation maintenance technician series: powerplant. 2. ed. Newcastle: Aviation Supplies & Academics, 2005. EL-SAYED, A. F. Aircraft propulsion and gas turbine engines. Boca Raton, Flórida: CRC, 2008. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook - powerplant. Oklahoma City: U.S. Departmentof Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 2. Disponível em: <http://www.faa.gov/regulations_ policies/handbooks_manuals/aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-2>. Acesso em: 24 jun. 2017. 41 UNIDADE 4 | TÉCNICAS DE DESMONTAGEM, INSPEÇÃO, REPARAÇÃO E MONTAGEM 42 Unidade 4 | Técnicas de Desmontagem, Inspeção, Reparação e Montagem 1 Introdução Todas as etapas compreendidas entre a desmontagem e a montagem de um conjunto são momentos cruciais para a identificação de anomalias e defeitos que possam estar presentes nas peças. Assim, a inspeção visual se realiza com muito rigor, tomando as devidas medidas de prevenção e seguindo o protocolo de reparação, caso haja detecção de um real problema. 1.1 Tipos de Defeitos e Técnicas de Inspeção Visual Durante a realização da inspeção visual, é possível encontrar diversos tipos de anomalias. As mais comuns entre elas são as descontinuidades – as frinchas – que são provocadas por fatiga e corrosão, conforme se descreve adiante. A descontinuidade pode ocorrer pelo desgaste, mas também pode ser um defeito de fábrica. Ela é identificada pela interrupção na configuração física e na estrutura de um componente. A fatiga, por sua vez, é resultado da variação das cargas impostas sobre as peças durante o serviço. Desse modo, a fissura apresentada na peça se origina nos pontos de maior tensão, e passa a se propagar por todo o material, causando uma potencial ruptura. Já a corrosão é uma das falhas mais comuns identificadas no decorrer das verificações não destrutivas por parte do pessoal de manutenção. Além das anomalias, na inspeção visual, é possível verificar defeitos, como os desgastes, as endentações, as fissuras, as ovalizações, as obstruções em microcanais de lubrificação, a desagregação do material, os empenos, os alongamentos e as deformações, que são os mais comuns entre muitos outros. Adiante elas serão explicadas da melhor forma. 43 Os desgastes causam a diminuição crítica de dimensões e espessuras das peças. Eles se iniciam por causa da fricção que ocorre entre os componentes, pela erosão ou pela corrosão situada em pontos específicos ou dispersa. As frinchas ou fissuras se desenvolvem como resultado da submissão dos componentes a pressões contínuas. Muitas delas advêm de microdefeitos de fundição das ligas, que constituem os componentes e outras são originadas pelo fenômeno denominado fadiga. A corrosão localizada provoca as endentações, e pode ser identificada como micro cavidades sobre as superfícies. Caso a quantidade seja alta e elas sigam um padrão linear, o conjunto de tais microcavidades poderá originar uma frincha. Uma vez solto o material, ocorre sua desagregação. Quanto às ovalizações, é possível afirmar que têm a ver com os desalinhamentos e os descentramentos, especialmente em componentes de revolução do tipo cárteres. Empenos se caracterizam quando não há paralelismo entre pontos equidistantes da peça e superfícies de referência não planas. Já as obstruções em micro canais de lubrificação existem essencialmente em cárteres e suportes de rolamentos. As deformações ou os alongamentos ocorrem devido ao fenômeno de fluência. Elas são recorrentes principalmente nas pás das rodas das turbinas e compressores, por causa da expressiva força centrífuga exercida sobre esses componentes quando estes se encontram em operação. Esses defeitos se agravam nas turbinas, em vista do aquecimento elevado a que se expõem, além de outros menos recorrentes. Esses tipos de defeitos são objetos de estudo pormenorizados sempre que se justifique por meio de ensaios não destrutivos, em inglês, nondestructive tests (NDT), que se pode constatar mais à frente. A maioria dos defeitos pode ser observada na superfície das peças. Porém, é necessária uma avaliação contínua, verificando se nos locais contíguos subsuperficiais se encontram danos que possam evoluir até a superfície, pois, nessas condições, podem levar à fissura e inutilização de um componente. Um tipo de defeito subsuperficial é a fissuração interna. São microfissuras, no geral advindas de problemas de concretização das ligas ao serem fabricadas ou de um processo interno de corrosão, causado pela elevação da temperatura. A exposição a um agente químico que, em função da temperatura, penetra nas ligas por difusão até 44 certa profundidade suscetível que cause a corrosão, também pode causar microfissuras. Há, ainda, fissuras que ocorrem em planos inacessíveis a exemplo dos micro canais de lubrificação nos cárteres. A inspeção visual é uma avaliação básica de componentes e diz respeito a sua observação visual direta, que pode ser realizada a olho nu ou por meio de lentes amplificadoras. Tais lentes podem ter diferentes níveis de amplificação, de acordo com o critério instituído para a avaliação e a zona a ser avaliada. A inspeção visual muitas vezes se trata apenas da observação a olho nu e, ainda assim, permite detectar uma grande variedade de defeitos que necessitem de reparação. Adicionalmente, é recomendado utilizar lentes ou algum outro método. Percebe-se na figura uma inspeção desse tipo. A inspeção de rolamentos é um exemplo da aplicação de um método visual por ampliação, requerendo, ao mesmo tempo, que se exerça grande sensibilidade tátil. Nesse caso específico, deve-se ter cautela redobrada, pois esses componentes são primordiais para os conjuntos rotativos. Podem ocorrer pequenas endentações, deformações superficiais nas áreas de contato, microfocos de corrosão ou riscos, quando se tratar apenas de pontos (esferas), ou linhas (roletes). Também é possível verificar esses defeitos nas superfícies de dentro e de fora das esferas e roletes. Nesse caso, é muito provável que o motor vibre durante seu funcionamento e que se induzam esforços nos outros componentes, o que origina um colapso do próprio rolamento. Dessa maneira, a sensibilidade tátil dos mecânicos que inspecionam, bem como sua acuidade visual, deve ser fundamentalmente apurada. Esse tipo de inspeção é realizado, principalmente, no decorrer da desmontagem, quando se efetua a primeira triagem de componentes que possam conter defeitos. Contudo, a inspeção de rolamentos não se resume apenas a esse tipo de verificação. Podem ainda ser utilizados outros NDT para realizar a avaliação desses componentes. Um tipo de inspeção visual indireta, a ser feita nos componentes, é a Inspeção Visual Remota (IVR). Ela é uma técnica de endoscopia utilizada sempre que os componentes se encontrem em impossibilidade de acesso para que se realize a observação direta. Figura 10: Porcas e parafusos sob a lente amplificadora 45 Esses casos ocorrem quando há componentes instalados em conjuntos superiores, ou até mesmo em motores em que não se justifica a desmontagem ou remoção. Nesses casos, a inspeção pode ser realizada por meio dos furos disponíveis para o alojamento de alguns componentes ou acessórios, ou de furações cegas, feitas especificamente para esse fim, embora sejam passíveis de limitações devido à configuração e à geometria interna desses conjuntos. Ao realizar essas inspeções regularmente, acompanhando a evolução de anomalias possíveis de ocorrer, é importante verificar a estabilidade dos componentes. Em face de uma degradação, medir o grau e a severidade do agravo, a fim de que se tome uma decisão técnica. 1.2 Métodos Gerais de Reparação O próprio meio pelo qual a aeronave atinge o seu objetivo de transporte de pessoas ou de objetos de um local a outro constitui um grande desafio às leis naturais, levantando um alto peso do solo e o transportando pelo ar com segurança. Nesse processo, os componentes estruturais e não estruturais de uma aeronave sofrem com os efeitosdo meio ambiente, segundo previsto por seus fabricantes. Assim, uma vez que na fabricação são utilizados diversos materiais metálicos e não metálicos, é estabelecida uma equação que atenda aos requisitos de peso, elasticidade, resistência à corrosão, à fatiga, entre outros. Diversos fatores facilitam a corrosão dos componentes da aeronave, entre os quais se encontram os seguintes: • A associação de metais diferentes; • A área de contato; • A temperatura; • Os tratamentos térmicos; • O tipo e a concentração de eletrólito; • O oxigênio e os microrganismos. 46 O próprio ambiente em que vive a humanidade é danoso à saúde, por causa dos germes e bactérias que vivem na água e no alimento que ingerimos. O oxigênio, por sua própria natureza, é um dos elementos mais corrosivos da terra. De igual maneira, para a fuselagem e outros componentes de uma aeronave, o dano pode decorrer dos germes, bactérias e principalmente do oxigênio, que favorece não apenas a corrosão da fuselagem, mas também de peças internas que são expostas a esse gás, como se observa nas figuras. Figura 11: Possível deposição de microrganismos na asa de uma aeronave O conhecimento acerca da origem dos materiais utilizados na fabricação da aeronave para realizar uma manutenção eficiente é muito importante. Durante a realização da reparação, a seleção de materiais é um dos aspectos mais importantes. Assim, é recomendável observar atentamente: • A combinação nas montagens de conjuntos; • Os processos de fabricação; • O alívio de tensões; • As proteções temporárias e definitivas contra a ação do meio ambiente; • O ataque microbiológico; • As necessidades de drenagem de eletrólito; • Os acessos especiais para limpeza e manutenção. 47 1.3 Processos e Materiais Usados no Controle da Corrosão As peças constituintes de uma aeronave normalmente recebem do fabricante um acabamento superficial que, além de sua propriedade anticorrosiva, também aumenta a resistência ao desgaste e proporciona uma base adequada para a pintura. No ciclo de manutenção, o tratamento original utilizado para preparar as superfícies metálicas implica em dois tipos possíveis para o tratamento de limpeza a fim de remover todos os resíduos de umidade e de sujeira. Alguns resíduos a serem retirados podem ser: massa e óleo, seja do processo mecânico, da escova de aço, lixa e abrasão mecânica, ou do químico. Os processos químicos são vários e podem depender de cada material e da natureza da sujidade a ser removida. Outra maneira de controlar a corrosão é o método da eletrodeposição, que permite transferir metal de um elemento a outro, por meio de processos eletroquímicos que permitem: • Proteger o metal antes da revisão contra a corrosão; • Proteger o metal base contra o desgaste advindo de abrasão ou pelo desgaste da corrosão; • Controlar a aparência de cor e o brilho, para que se conformem ao desejado; • Aumentar a capacidade de não ficar embaçado; • Proteger o metal base contra determinadas reações químicas; • Aumentar as peças em suas dimensões; • O preparo básico para uma operação de revestimento potencial; • A redução dos custos que vêm do polimento; • Garantir depósitos brilhantes de níquel ou níquel de crômio. 48 1.4 Técnicas de Montagem e Desmontagem Há procedimentos específicos diversificados e adequados a cada tipo de montagem ou desmontagem e pertinentes a cada tipo de aeronave. Em cada aeronave, eles são relacionados na descrição de operação técnica, em inglês, technical operational (TO). Ao realizar uma ação de manutenção, é relevante levar em conta: • Os pré-requisitos indicados pelo TO do fabricante; • O planejamento da operação como um todo; • As ferramentas adequadas para o serviço proposto; • O andamento de toda a documentação; • O armazenamento adequado de cada peça retirada; • O preenchimento documental, como as cartas de trabalho, que finalizam a ação de manutenção. São várias as técnicas de pesquisa de avarias aplicadas na manutenção aeronáutica, e todas em acordo com a TO da aeronave. A utilização da checklist é muito comum e é uma forma simples e prática para se executar a pesquisa, bastando seguir os itens pré- estabelecidos. A pesquisa de panes, comumente conhecida em inglês por troubleshooting, é a técnica mais aplicada em manutenção na pesquisa de avarias. Ela trata de explorar, de maneira sequencial, a existência de uma avaria, sempre executando um procedimento padrão, de modo a confirmar ou não a presença dessa avaria. 49 Resumindo Nesta unidade, foram expostos e exemplificados os tipos de anomalias e defeitos que mais são encontrados na inspeção visual. A importância da inspeção visual e os métodos para que ela se realize também foram apresentados. Foi visto que existem três principais agentes deteriorantes das peças de uma aeronave e que todos levam à corrosão. Embora, desde a fábrica as peças recebam aplicações de camadas anticorrosivas, a equipe técnica precisa dar continuidade à prevenção, retirando a sujeira e a umidade. É necessário utilizar, ainda, um método mecânico, químico ou até mesmo pelo método da eletrodeposição. Por último, foi apresentada uma sequência de diretrizes para o ato da montagem e desmontagem e a importância de utilizar uma checklist para esse fim. 50 Glossário Anomalias: desvio acentuado de um padrão normal; anormalidade, desigualdade, irregularidade. Descentramentos: ocorre quando se desvia do centro geométrico, do meio. Endentações: forma denteada ou conjunto de dentes praticados em um objeto. Eletrodeposição: ocorre durante uma eletrólise, deposição de metal em um eletrodo, em virtude da redução de seu cátion pela aplicação de potencial adequado. Frinchas: abertura ou fenda estreita. Obstruções em microcanais de lubrificação: fechamento ou bloqueio de milésima parte do milímetro de poros ou cavidades lubrificadas para redução de atritos. Ovalizações: diferença entre o menor e maior diâmetro de uma forma cilíndrica não perfeita. 51 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. As frinchas ou fissuras se desenvolvem como resultado da submissão dos componentes a pressões contínuas. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Outra maneira de controlar a corrosão é o método da eletrodeposição, que permite transferir metal de um elemento a outro, por meio de processos eletroquímicos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 52 Referências BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 set. 2015. CRANE, D. Aviation maintenance technician series: powerplant. 2. ed. Newcastle: Aviation Supplies & Academics, 2005. EL-SAYED, A. F. Aircraft propulsion and gas turbine engines. Boca Raton, Flórida: CRC, 2008. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook - powerplant. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 2. Disponível em: <http://www.faa.gov/regulations_ policies/handbooks_manuals/aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-2>. Acesso em: 24 jun. 2017. 53 UNIDADE 5 | EQUIPAMENTOS PADRÕES E FERRAMENTAS 54 Unidade 5 | Equipamentos Padrões e Ferramentas 1 Introdução Para que uma oficina esteja bem equipada, um dos fatores importantes é adquirir aparelhos novos. Mas, além disso, é necessário existir uma equipe de mecânicos bem treinadosem manutenção, a fim manter esses equipamentos em perfeito estado de funcionamento e oferecendo um serviço de real qualidade. Equipamentos de última geração, ou ferramentas de tecnologia de ponta, seriam inúteis caso não funcionassem corretamente, comprometendo gastos até mesmo com a mão de obra que necessita para manusear esses equipamentos e ferramentas. Ou, ainda, deixam de prestar um serviço adequado porque não estão em condições de uso ou porque a equipe não foi treinada para utilizá-los, o que também é um ponto importante a ser considerado. Dessa maneira, manter uma oficina bem equipada é apenas um passo, devendo- se promover a capacitação dos profissionais para que eles executem as operações, sabendo utilizar as ferramentas e equipamentos com eficiência. 1.1 Ferramentas e sua Utilização A palavra ferramenta pode ser definida como utensílio, dispositivo, ou até mesmo um mecanismo utilizado no agir profissional. O trabalho é ontológico ao ser humano, ou seja, é central em sua vida, e sempre vem acompanhado de ferramentas, sejam elas físicas ou intelectuais. A grande variedade de ferramentas empregadas na manutenção aeronáutica abrange aplicação na energia elétrica, pneumática, hidráulica, entre outras. 55 As ferramentas geralmente se dividem em dois grandes grupos – os instrumentos de uso corrente e os de medição de precisão. Os primeiros se subdividem em três tipos: corte, medida e montagem, sendo que os de corte podem ser exemplificados por serrotes, como o da figura, tesouras, escopros, limas, buris, punções, entre outros. Figura 12: Ferramentas utilizadas na aviação Um arco de serra deve possuir armação, punho e folha de serra. Esta última parte é fabricada em aço rápido, molibdênio ou tungstênio, cujas ligas são endurecidas e temperadas. É necessário utilizar óculos de proteção ao manusear essas ferramentas de corte. Figura 13: Arco de serra Punções são bastões de metal com uma ponta moldada. Geralmente são cônicas em uma das pontas e possuem uma superfície plana na outra. Elas são fabricadas em aço temperado e possuem cabeça, corpo e bico. Figura 14: Punções 56 As limas são de corte e possuem cabo, corpo e espiga. Utilizadas na remoção de pequenas quantidades de material, elas são fabricadas em aço especial temperado e rico em carbono, o que as torna muito duras. Assim, elas não podem se submeter a pancadas, pois podem se partir com facilidade. Para a utilização de uma lima, é necessário ter alguns cuidados, tais como: • Não apertar a peça sem mordentes; • Não colocar a mão na espiga; • Não utilizar como martelo, entre outros. Figura 15: Limas Quanto à forma do corte, ela pode ser paralela, em meia-cana, quadrada, redonda ou triangular. É comum a utilização de ferramentas que apertam e afrouxam tanto parafusos quanto porcas nas ferramentas de montagem. A chave utilizada é aquela que atende às necessidades do trabalho a ser realizado. Esses instrumentos são fabricados dentro das normas padrão e algumas são fornecidas pelo próprio fabricante, enquanto as tesouras são geralmente usadas para cortar chapas metálicas finas e telas. 57 Figura 16: Tesouras A chave fixa, também chamada de chave de boca fixa, é usada para apertar ou desapertar porcas e parafusos sextavados ou quadrados. Já a chave estrela contém o próprio campo de aplicação da chave de boca fixa, mas se diferencia em termos padronizados, sendo de uso específico para cada um deles. A chave combinada também recebe o nome de chave de boca combinada e seu uso inclui parafusos sextavados ou quadrados, assim como porcas. Ela é extremamente técnica, pois tem em um de seus extremos uma chave de boca fixa, e, no outro, uma chave de boca estrela, facilitando o trabalho de difícil acesso quando a outra boca não puder solucionar o problema. Não se faz necessário a utilização dos martelos, pois há um alto risco de uma quebra. As ferramentas denominadas de chaves de golpear são indicadas para serviços pesados. Há entre elas dois tipos: a chave fixa, e a chave estrela de bater. Nas suas extremidades possuem reforços justamente por receberem os impactos de martelos ou marretas, de acordo com seu tamanho. Já a chave soquete é o que há de mais abrangente e prático, devido a uma série de acessórios que por ela são oferecidos. São eles que possibilitam a ela ser versátil. Os soquetes podem ser de uma representação estriada ou sextavada, e se encaixam com facilidade em juntas universais, catracas, manivelas, entre outros, desde que sejam pertencentes à classe dos acessórios. Contudo, eles não podem ser usados em maquinários elétricos ou pneumáticos por não aguentar altas velocidades e também devido aos esforços das máquinas durante a rotação. 58 A chave sextavada ou hexagonal é aplicada para a fixação ou soltura de parafusos sextavados internamente. Ela apresenta um formato em L, possibilitando o efeito alavanca ao apertar ou afrouxar de parafusos. A chave de cruzeta possui haste contrária ao cabo, e seu tipo de chave possui formato de cruz. Sob medida se tem parafusos de mesmo nome, que contêm fendas em cruz. Por sua vez, a chave de fenda sextavada é a ferramenta mecânica usada para realizar os apertos e solturas de parafusos maiores, daqueles em que se necessita de grandes esforços. Por outro lado, a chave de boca ajustável tem um aproveitamento amplo. Ela é uma ferramenta muito utilizada nos trabalhos de mecânica nas montagens e fixação de componentes e elementos. Outro instrumento importante é o alicate, ferramenta de material de aço forjado, composto de um pino articulado e dois braços. Existem cortes, garras e pontas em cada extremidade do braço com o objetivo de cortar, segurar, dobrar, retirar e colocar determinadas peças de montagens. Há diversos tipos de alicate e cada um se adequa a um determinado tipo de serviço. O tipo mais utilizado, entre toda a família de alicates, é o alicate universal. Da mesma família, o alicate de pressão é usado manualmente de uma maneira que segure, puxe, dobre e gire peças ou objetos de variados formatos. Em serviços leves, ele desempenha o papel de morsa e contém regulagens de aberturas das suas garras, variando o seu mordente. Os alicates utilizados em anéis de segmento, internamente e externamente, são ferramentas para retirada dessas partes, conhecidos também como anéis de segurança ou elásticos. Além disso, podem mostrar as pontas de forma reta ou de forma curvada. Figura 17: Ferramentas de montagem 59 Para a medição de apertos de parafusos e as porcas, é necessário o uso de um torquímetro, o que ajuda a evitar formar tensões e a consequente deformação das peças trabalhadas. Deve ser usado apenas para realizar apertos finais de parafusos, mesmo que seja rosca de direita ou de esquerda. Assim, jamais se deve aplicar a ferramenta de torque para liberação de porcas e parafusos, pois, uma vez danificados, ao aplicar o torque, pode ser que ultrapasse os limites da chave, apresentando assim danos ou alteração de precisão. Esse tipo de ferramenta de medida é de grande importância e a sua precisão deve ser maior na medida em que a exigência da operação de manutenção assim o exigir. Comumente esse tipo de ferramenta é de uso geral, assim como a fita métrica, os comparadores, entre outros. Já a ferramenta de precisão é um tipo de ferramenta de uso específico associada, rigorosamente, às medidas registradas. São exemplos: a régua métrica, o paquímetro e o micrômetro, entre outros. É possível perceber que, para aumentar a segurança no uso de ferramentas, o mecânico de manutenção deve aplicar a força corretamente, evitando o deslocamento do próprio corpo. Assim, ele mantém o equilíbrio corporal, deixando os pés afastadose a mão livre, apoiada sobre a peça. Além disso, um cuidado primário para com as ferramentas Figura 18.A: Micrômetro para interiores de peças Figura 18.B: Micrômetro para espessura de chapas Figura 18.C: Micrômetro para peças circulares dentadas Figura 18.D: Micrômetro para profundidade da peça Figura 18.E: Micrômetro para peças roscadas Figura 18.F: Micrômetro para medidas especiais 60 que prolonga sua vida útil e auxilia no trabalho, quando uma equipe utiliza as mesmas ferramentas, é posicioná-las sempre em seu lugar predestinado, podendo ser uma bancada, uma parede ou mesmo uma maleta. Resumindo Nesta Unidade, foi possível observar algumas características de ferramentas e equipamentos e a importância de se manter a sua originalidade, não as danificando. As ferramentas foram divididas em grupos e tipos e foram descritas a aparência, constituição e função da maior parte delas, bem como as ações que devem ser evitadas durante o seu manuseio. Foi ressaltada a necessidade do cuidado, por parte do profissional em manutenção, para com as ferramentas de trabalho, evitando o mau uso e guardando-as em locais apropriados, de modo que se possa conservá-las. Glossário Ontológico: refere-se ao sujeito em si mesmo e sua existência; o ser em sua complexidade irrestrita e indispensável. Sextavados: que tem seis faces ou que foi cortado em forma hexagonal ou hexaédrica. 61 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. As ferramentas geralmente se dividem em dois grandes grupos – os instrumentos de uso corrente e os de medição de precisão. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A grande variedade de ferramentas empregadas na manutenção aeronáutica abrange aplicação na energia elétrica, pneumática, hidráulica, entre outras. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 62 Referências BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica – COMAER. Departamento de Aviação Civil – DAC. MCA 58-14: manual do curso mecânico manutenção aeronáutica – grupo motopropulsor. Brasília: DAC, 2004. Disponível em: <http://www2.anac.gov.br/ habilitacao/manualCursos.asp>. Acesso em: 20 set. 2015. CRANE, D. Aviation maintenance technician series: powerplant. 2. ed. Newcastle: Aviation Supplies & Academics, 2005. EL-SAYED, A. F. Aircraft propulsion and gas turbine engines. Boca Raton, Flórida: CRC, 2008. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – EUA. U.S. Department of Transportation. Federal Aviation Administration – FAA. FAA-H-8083-32: aviation maintenance technician handbook - powerplant. Oklahoma City: U.S. Department of Transportation, Federal Aviation Administration, 2012. v. 2. Disponível em: <http://www.faa.gov/regulations_ policies/handbooks_manuals/aircraft/media/FAA-H-8083-32-AMT-Powerplant-Vol-2>. Acesso em: 24 jun. 2017. 63 UNIDADE 6 | VERIFICAÇÃO PADRÃO 64 Unidade 6 | Verificação Padrão 1 Introdução Ao realizar a manutenção, deve-se ainda realizar operações de lubrificação, observação, reparação e melhoramentos, pois são elas que permitem conservar ou melhorar o estado dos equipamentos de modo que se certifique a continuidade e a qualidade da produção. A fim de alcançar os objetivos gerais da manutenção, todas as ações previstas devem ser efetuadas ao longo do ciclo de vida de um equipamento, a fim de garantir a sua operacionalidade de forma eficaz e econômica. Para a manutenção, qualquer equipamento passa por um processo de deterioração a partir do primeiro uso. Nesse sentido, para realizar sua função adequadamente, suas características precisam ser mantidas sempre em boas condições. Existem várias definições para manutenção e uma das mais usuais afirma que é o conjunto de ações que permite manter ou restabelecer um bem em um estado desejado ou com possibilidade de assegurar um serviço determinado. Pode-se ainda entender a manutenção como sendo a combinação de ações técnicas e econômicas de gestão, aplicadas aos objetos para a otimização da sua vida útil. Entende-se como objeto, o produto feito para realizar uma determinada função. Uma boa manutenção consiste em assegurar tais operações por um custo global mínimo, o que se traduz em eficiência. A manutenção tem como objetivos: • Garantir o melhor desempenho pelos menores custos; • Imobilizar peças pelo menor tempo possível; Figura 19: Manutenção na estrutura interna da aeronave 65 • Economizar energia; • Enriquecer a empresa; • Reduzir ao máximo as quebras na produção, a diminuição da qualidade e os atrasos nos prazos de entrega. 1.1 Tipos de Manutenção Dependendo da maneira de agir em face de uma avaria ou anomalia, há dois tipos possíveis de intervenção de manutenção: a que é planejada e a que não é planejada. A primeira é executada quando o objetivo é tratar de uma degradação progressiva como, por exemplo, um ruído crescente, o que permite um planejamento da ação no momento mais conveniente. Enquanto a segunda, como o nome indica, é aquela que ocorre subitamente, de maneira imprevisível. Existem outras modalidades de manutenção, como a curativa, de melhoria, preventiva sistemática e a preventiva condicionada. A manutenção curativa e a de melhoria são realizadas depois que se detecta uma anomalia e têm como objetivo reaver o estado perfeito. No entanto, se a situação ocorrer de forma súbita, com a interrupção do funcionamento, diz-se que ocorreu uma avaria catalítica e, nesse caso, é necessário intervir com emergência. A preventiva sistemática ocorre periodicamente, de acordo com o conhecimento que se possui da degradação aplicável a cada componente, presumindo-se o risco da falha. Um exemplo típico de tarefas que ocorrem nessa situação são as operações de lubrificação. Figura 20: Manutenção preventiva nas palhetas do motor da aeronave 66 Enquanto a manutenção preventiva condicionada se dá ao final da vida útil dos componentes, só é executada quando necessária. Ou seja, é possível perceber o momento de sua ocorrência, medindo as tendências de degradação por meio das técnicas de controle de condição, evitando o eventual colapso ou falha. 1.2 Planejamento da Manutenção A tarefa mais importante do gestor de manutenção se refere ao planejamento e à programação, uma vez que a utilização adequada dos recursos humanos e materiais depende disso. As três etapas do planejamento da manutenção se completam, embora sejam distintas. São elas a documentação, o planejamento e a programação. Nas duas primeiras os trabalhos mensais e semanais de manutenção são planejados e programados baseados nas necessidades operacionais e na disponibilidade de meios para que se cumpram as missões. Os recursos de manutenção só serão bem utilizados se houver planejamento, de modo que o tempo seja adequado para requisitar equipamento auxiliar, material e pessoal e que estes estejam disponíveis quando necessário. O planejamento pode ser mensal, semanal ou diário. No planejamento mensal, devem ser considerados todos os fatores que possam racionalizar a utilização dos meios. Esse plano deve ser concluído e distribuído para todo o pessoal e todos os setores envolvidos até uma semana antes do início do mês e correspondente. O objetivo do planejamento semanal é agir de forma a corrigir, parceladamente, o planejamento mensal, de modo que este seja o mais real possível e possa ser cumprido. Com isso, as probabilidades de sucesso são maiores. O planejamento semanal deve envolver o pessoal para que todos se comprometam a cumpri-lo do modo mais integral possível. Nesse tipo de planejamento, até um dia antes da execução, o pessoal da manutenção deve receber as seguintes informações: • Tempo de uso da aeronave
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