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Mobilidade no Transporte Urbano SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656132 57 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Mobilidade no Transporte Urbano – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Transporte público . 2. Transporte coletivo - planejamento. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | A Mobilidade Urbana 6 1 A Mobilidade Urbana 7 2 O Trânsito Urbano 10 3 Políticas Públicas para o Trânsito Urbano 11 4 Polos Geradores de Tráfego (PGTs) 12 5 Transporte Coletivo e Mobilidade Social 13 6 Circulação de Cargas e seus Impactos 16 7 Como Melhorar a Circulação de Cargas? 17 8 Precisamos de Ideias e Planejamento 18 Atividades 19 Referências 20 Unidade 2 | Qualidade no Transporte Urbano 22 1 Qualidade no Transporte Urbano 23 2 Quem São os Usuários do Transporte Coletivo 24 3 Importância do Transporte Coletivo para o Usuário 25 3.1 Importância Social 26 3.2 Importância Econômica 27 3.3 Importância Ambiental 27 4 A Qualidade no Transporte Coletivo 28 4.1 O Que é a Qualidade para o Usuário 28 4.2 Confiabilidade 29 4.3 Tempo de Deslocamento 29 4.4 Acessibilidade 29 4.5 Conforto 30 4 4.6 Conveniência 30 4.7 Segurança 30 4.8 Custo 31 5 Como o Passageiro Considera esses Fatores de Qualidade 31 5.1 Qualidade do Sistema de Linhas 31 5.2 Qualidade Durante a Viagem 33 5.3 Qualidade no Pré-Atendimento e Pós-Atendimento 34 Atividades 35 Referências 36 Unidade 3 | Cidadania no Transporte de Passageiros 38 1 Cidadania no Transporte de Passageiros 39 2 Noções de Cidadania 40 3 Transportando Pessoas 41 4 Pessoa com Mobilidade Reduzida 42 4.1 Gestantes e Idosos 42 4.2 Crianças 43 4.3 Obesos 43 5 Pessoas com Deficiência 44 5.1 Deficiente Visual 45 5.2 Deficiente Físico 46 6 Dicas gerais 49 7 O Que Vem Sendo Feito 49 8 Cordialidade no Atendimento a Todos 50 Atividades 53 Referências 54 Gabarito 56 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Mobilidade no Transporte Urbano! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 15 horas e foi organizado em 3 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | A Mobilidade Urbana 5h Unidade 2 | Qualidade no Transporte Urbano 5h Unidade 3 | Cidadania no Transporte de Passageiros 5h 6 UNIDADE 1 | A MOBILIDADE URBANA 7 Unidade 1 | A Mobilidade Urbana 1 A Mobilidade Urbana Segundo o parágrafo primeiro do Artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro: § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. (BRASIL, 1997) Podemos dizer que o trânsito ocorre quando existem necessidades de deslocamento das pessoas para trabalhar, estudar, realizar negócios, para o lazer, entre outras finalidades, e decorre da ocupação do solo pelos diferentes usos. Cabe ao governo das cidades a responsabilidade de garantir ao cidadão o seu direito de ir e vir, de forma segura e preservando a sua qualidade de vida. Também é das cidades que devem partir as iniciativas que busquem diminuir os níveis de congestionamento e seus efeitos na mobilidade urbana. Dessa maneira, não basta ter um carro, é preciso seguir as leis de trânsito. Não basta dirigir, é fundamental respeitar os colegas de trânsito, estando em qualquer outro meio de locomoção, por exemplo, de bicicleta ou até mesmo a pé. Agora podemos definir a mobilidade urbana como sendo o deslocamento de pessoas e bens dentro do espaço das cidades. Esta mobilidade (movimentação) significa de uma forma geral a facilidade de locomoção por meio de ônibus, trem, metrô, bicicleta, ou seja, está relacionado com toda uma estrutura e opções disponíveis para fazermos as nossas atividades. Também pode ser destacado que a mobilidade urbana inclui uma estrutura que forneça acessibilidade aos deficientes (físicos e visuais) e outra coisa importante que muitas vezes passa despercebido por nós é a importância das calçadas e a sua contribuição para a mobilidade. 8 A mobilidade urbana pode ser explicada com alguns exemplos: • Quando pegamos um ônibus e ele nos deixa em nosso destino dentro do tempo previsto e com a qualidade na forma em que o transporte é realizado; • É poder utilizar o transporte público para realizar o trajeto de casa ao trabalho, ou para a escola e o lazer, permitindo deixar o carro em casa; • É o transporte utilizado por um fornecedor e um cliente, realizado dentro do tempo previsto, obedecendo às regras locais de trânsito e chegando ao seu destino com qualidade; • É permitir que o transporte de cargas seja realizado de forma que a cidade possa ser adequadamente abastecida e que o fluxo de mercadorias seja feito de forma a minimizar o impacto desta movimentação no trânsito local; • É ter um trânsito que cause o mínimo de impacto na perda de tempo devido a paradas e congestionamentos. De forma clara e objetiva, a mobilidade urbana é poder ir aos lugares que você deseja de forma segura e efetiva. É saber que ao entrar em um transporte público, você irá chegar ao seu destino com segurança e no horário desejado. Assim, fica claro que a mobilidade urbana tem como principal objetivo garantir ou fornecer meios para que as pessoas sejam elas: pedestres, passageiros do transporte público, motoristas particulares e de empresas se locomovam com qualidade. Deve-se ter consciência da importância do gerenciamento da mobilidade, item fundamental para qualquer política pública que pretenda ser eficiente. O que importa é a qualidade da mobilidade dos indivíduos e não como essa melhoria vai contribuir para determinada empresa, ou gerar lucros. O que importa são as pessoas. 9 A mobilidade urbana pode ter seu equilíbrio alterado por diversos fatores, tais como: • Excesso de carros circulando no trânsito urbano; • Malha rodoviária urbana; • Polos geradores de trânsito (adiante explicaremos melhor o que é isto); • Transporte coletivo insuficiente; • Movimentação de cargas; • Crescimento urbano e populacional desordenado; • Políticas públicas de transporte. Para que você possa compreender quais as contribuições de cada um dos fatores na mobilidade urbana, preparamos uma explicação desses fatores, que serão apresentados a seguir. Para que possamos ir aos lugares que desejamos ou necessitamos diariamente é importante pensar na qualidade da nossa mobilidade. Como assim? Temos que pensar no todo, ou seja: c Será que compensa pegar o carro sozinho e ficar de 1 a 2 horas no trânsito e chegar ao trabalho de certa forma já cansado tanto fisicamente, quanto mentalmente... ...Ou pegar um transporte público, embora sem o conforto do carro,mas que chegará ao destino em um tempo semelhante e você nem precisou brigar com os outros condutores? Se não é possível fazer isto todos os dias, esta ação poderia ser feita regularmente em algum dia da semana? ...Ou será que consigo dar ou pegar carona com alguma outra pessoa? 10 2 O Trânsito Urbano Para falarmos de trânsito urbano, imagine a seguinte situação: o trânsito de uma cidade às seis da tarde, que é considerado um horário de grande movimentação em que temos os mais variados fluxos, desde o retorno do trabalho, estudantes indo para as faculdades, transportadoras fazendo entregas, pessoas indo e voltando de compras e lazer, etc. As grandes cidades enfrentam uma série de problemas derivados do estilo de vida que a maior parte da população vive em seu cotidiano. Podemos dizer que o trânsito urbano é um dos maiores temas de discussão, gerando reclamações por parte da população. Percebe-se que é uma das áreas que merece maior atenção por parte do poder público. Associado ao trânsito urbano, devemos levar em consideração as seguintes consequências diretas: • Poluição ambiental; • Poluição sonora; • Tempo de deslocamento; • Lotação do transporte público; • Dificuldade de transporte e movimentação de cargas; • Necessidade de rodízio urbano (em alguns casos). Temos também consequências indiretas, que devem ser levadas em consideração: • Segurança dos motoristas; • Segurança dos pedestres; • Saúde pública; 11 • Acidentes. Já imaginou o que aconteceria se todo mundo que utiliza ônibus, optasse por seguir de carro? Abaixo apresentamos uma tabela que compara a capacidade de transportar pessoas nos diferentes tipos de transporte: O que queremos mostrar é a necessidade ter consciência da qualidade da mobilidade e que cada um de nós pode contribuir. 3 Políticas Públicas para o Trânsito Urbano Os efeitos negativos do trânsito urbano fizeram com que políticas públicas importantes fossem criadas para tentar reduzir o seu impacto na vida das pessoas das cidades onde houve grande aumento do volume de trânsito. Tomando como exemplo a cidade de São Paulo ou do México, podemos citar os diversos tipos de rodízios que foram criados ao longo das últimas duas décadas, com o objetivo de diminuir a poluição, mas de também oferecer maior mobilidade na cidade. Sistema de Transporte Tipo de veículo Capacidade passageiro/ veículo Quant. de veículos para equivaler o metrô/trem Metrô Trem (8 carros) 2.400 - Ônibus Convencional 75 32 ônibus Ônibus Articulado 120 20 ônibus Ônibus Biarticulado 190 12,63 ônibus Carro Convencional 1 2.400 carros 12 Mas infelizmente, mesmo com as medidas de controle e redução do tráfego de veículos nos centros urbanos, o crescimento econômico também contribui com o aumento no volume de tráfego, especialmente em consequência da construção de empreendimentos que configurem os chamados Polos Geradores de Tráfego. Você sabe dizer o que é um Polo Gerador de Tráfego? 4 Polos Geradores de Tráfego (PGTs) Para explicar sobre o que são polos geradores de tráfego, veja a definição do Manual de Procedimentos Denatran (Departamento Nacional de Trânsito): Os Polos Geradores de Tráfego (PGTs) são empreendimentos de grande porte que atraem ou produzem grande número de viagens, causando reflexos negativos na circulação viária em seu entorno imediato e, em certos casos, prejudicando a acessibilidade de toda a região, além de agravar as condições de segurança de veículos e pedestres. (DENATRAN, 2004) Ficou clara a definição? Que tal alguns exemplos? Temos como exemplos de polos geradores de tráfego: shopping centers; academias; escolas e faculdades; hipermercados; estádios de futebol; centros comerciais; feiras; condomínios residenciais. Todos eles possuem um grande potencial de provocar efeitos indesejáveis no trânsito, seja em sua fluidez ou em sua segurança. Um dos efeitos mais visíveis do aumento do número de alguns tipos específicos de polos geradores de tráfego (como centros comerciais e hipermercados) é o aumento da circulação de caminhões no entorno do polo. Este efeito causa uma mudança substancial no trânsito do local e de suas ruas adjacentes. 13 Imagine um trânsito que fique perto de um shopping center, um hipermercado, escolas e faculdades. Imagine que, no mesmo horário, exista uma circulação de caminhões que irão entregar mercadorias, próximo a este local. Consegue imaginar os efeitos que serão gerados? Quando isto acontece é necessário pensar em uma estratégia conjunta e integrada, entre os agentes públicos, os responsáveis pelo empreendimento e as empresas de transporte para que o impacto seja minimizado. A informação e a comunicação passam a ter papel fundamental na melhoria da fluidez do trânsito. No caso do impacto dos caminhões que fazem entregas, deveríamos pensar nos melhores horários e que fosse levado em consideração as necessidades de todas as partes envolvidas. Da nossa parte, podemos tomar algumas medidas práticas: • Quando vamos aos shopping centers, podemos escolher os horários que possuem um fluxo menor no trânsito, como por exemplo, os horários diferentes das saídas das empresas; horários de saídas de escolas/faculdades; • Olhar se no dia existe feiras, jogos de futebol e shows na região e procurar horários alternativos; • Sempre que possível utilizar o transporte público. 5 Transporte Coletivo e Mobilidade Social Já imaginou passar por uma situação em que você precisa chegar ao escritório na hora certa para uma reunião que pode significar a sua promoção e, por um problema técnico, o sistema de ônibus ou trens urbanos da sua cidade está funcionando com maiores intervalos e a estação está lotada? Esta é uma cena que ocorre em diversos momentos em algumas cidades brasileiras, especialmente naquelas em que a quantidade de usuários do sistema de transporte público é superior à sua capacidade. E principalmente no início e no final do dia de trabalho, gerando os chamados horários de pico. 14 O modelo de tráfego que foi adotado para a maioria das grandes cidades é o rodoviário e onde o carro individual é o meio de transporte mais presente, ocupando a maior parte da malha viária das grandes cidades. Algumas cidades fazem diversas campanhas para que os condutores de carro individual possam levar outros passageiros, por exemplo, uma pessoa ao ir trabalhar daria “carona” para três vizinhos. Com esta pequena ação já seriam 3 carros a menos nas vias. Este modelo, em conjunto com o crescimento das cidades, de sua população e da frota de veículos, provocou uma equação complicada de resolver. Da mesma forma que o número de motoristas aumentou nos últimos anos, a quantidade de pessoas que precisam utilizar o transporte público também aumentou muito, o que tem provocado uma limitação na capacidade de atendimento do transporte público. Políticas públicas têm sido realizadas, como a ampliação da malha ferroviária e metroviária, além da construção de faixas exclusivas para a circulação de ônibus nas vias principais das grandes cidades. 10 km/h = 20 ônibus 20 Km/h = 10 ônibus Podemos perceber por meio da figura que a mobilidade urbana é afetada pela quantidade de veículos no trânsito. Imagine que devido à grande quantidade de veículos os ônibus consigam andar somente a 10 km/h, para atender uma quantidade de passageiros de uma cidade, imaginemos que necessitaria de 20 ônibus. Vamos imaginar agora que a via possui uma fluidez melhor e que os ônibus andem a 20 km/h, assim seria necessário à metade dos ônibus, o que garantiria uma mobilidade de qualidade em tempo e também menos congestionamento. O objetivo é fornecerum transporte de qualidade para toda a população. Mas será que mesmo com todas essas medidas, o sistema de transporte consegue atender todos os usuários? Infelizmente não. 15 Algumas destas medidas, como a implantação dos corredores destinados à circulação dos ônibus, trazem consequências indesejáveis para o trânsito e o entorno. O espaço destinado à circulação dos carros e caminhões perde uma faixa, e o restante da via onde o corredor é construído, acaba aumentando o nível de congestionamento. O comércio da região é afetado, pois na via onde o corredor é construído são eliminadas muitas conversões à esquerda, o que aumenta consideravelmente a distância mínima para a realização de retorno ou a passagem para o outro lado da via. Ou seja, podemos dizer que o transporte coletivo tem uma importância e uma série de consequências grandes no que diz respeito à sua parcela de participação no sistema de mobilidade urbana. Mas ainda há uma luz no fim do túnel. Existem exemplos em diversos países de que o investimento maciço em transporte coletivo resolveu muitos problemas de mobilidade urbana e melhorou as condições de trânsito do local. c As cidades que estamos falando, por exemplo, são Berlim e Stuttgart, na Alemanha, que possuem projetos de mobilidade urbana em que os principais meios de transporte da população são o metrô, o trem e as bicicletas. Esses sistemas, além de ajudar a reduzir os congestionamentos, são considerados projetos sustentáveis e ecologicamente corretos, pois possibilitam grande redução nas emissões de gases poluentes na atmosfera. 16 6 Circulação de Cargas e seus Impactos Como já falamos anteriormente, em um polo gerador de tráfego, a presença do caminhão pode provocar um aumento grande do trânsito. Por isso, algumas cidades criaram uma série de medidas que regulam a circulação deste tipo de veículo, algumas delas são: • Rodízios específicos para caminhões; • Horários restritos para carga e descarga em determinadas áreas da cidade; • Restrição ao tamanho e capacidade de carga em algumas ruas ou avenidas; • Faixas específicas para a circulação de caminhões nas vias expressas. Essas medidas foram criadas para minimizar o impacto do caminhão no trânsito das grandes cidades. Como exemplo, podemos até lembrar como fica o trânsito com a quebra de um caminhão, em uma via expressa. O tempo levado para a remoção deste caminhão da via é, normalmente, muito superior ao tempo de remoção de um carro. Isso pode provocar um efeito dominó no trânsito da via, causando um grande congestionamento. Imagine: Um caminhão quebra às oito da manhã, um guincho vem para removê-lo, uma avenida de três faixas é reduzida para somente uma faixa, as pessoas saem para trabalhar e o comércio abre. Não seria muito agradável, não é? Por isso, foram desenvolvidas essas medidas, para prevenir o problema antes que ele exista. A manutenção preventiva é um dos fatores que pode ser considerado a chave para o sucesso das medidas de melhoria da fluidez do trânsito. Ela pode poupar muitas horas de lentidão no cotidiano do trânsito urbano. Outro fator importante a ser apresentado é a grande quantidade de caminhões que circula nas vias principais das grandes cidades. Ao mesmo tempo em que este transporte garante o abastecimento da cidade e permite o escoamento de produtos para portos e aeroportos, o impacto no trânsito é grande. 17 e Os caminhões que realizam o transporte de cargas param com frequência para carga e descarga e, em função do seu tamanho, precisam de mais espaço para estacionar e manobrar. Além disso, trafegam mais lentamente nas vias e são mais difíceis de ultrapassar que um carro. Por conta destas características, diversas cidades restringem a circulação de caminhões em horários de pico. 7 Como Melhorar a Circulação de Cargas? Podemos destacar pequenas ações que fazem uma grande diferença na questão da melhoria da circulação de cargas e, consequentemente, a mobilidade urbana: • É importante para o motorista que transporta carga saber sobre as áreas que existem restrições/ proibições de circulação; • Quais são os horários e as ruas da cidade em que a operação de carga e descarga é permitida; • Quais são as rotas alternativas. • Sempre esteja com o seu veículo em perfeitas condições, pois uma quebra, mesmo longe acaba impactando os outros fluxos. 18 8 Precisamos de Ideias e Planejamento Medidas públicas em conjunto com ações planejadas das empresas de transporte podem minimizar esse problema, realizando uma Engenharia de Tráfego eficiente e que traga os benefícios necessários a todos os envolvidos com o trânsito das grandes cidades. Deve haver uma coordenação de ações, obedecendo às necessidades da população, mas levando em conta também os negócios realizados pelas empresas e os compromissos de distribuição, armazenagem e entrega dos produtos comercializados. 19 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. A mobilidade urbana tem como principal objetivo garantir ou fornecer meios para que as pessoas, sejam elas pedestres, passageiros ou motoristas se locomovam com qualidade. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Medidas públicas em conjunto com ações planejadas das empresas de transporte podem minimizar esse problema, realizando uma Engenharia de Tráfego eficiente e que traga os benefícios necessários a todos os envolvidos com o trânsito das grandes cidades. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 20 Referências APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Programa de Atualização Médica. Atenção na abordagem psicopedagógica às pessoas com deficiências e seus familiares – Fascículo 6. São Paulo: APAE, 2004. BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9503.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. DENATRAN; FGV. Manual de procedimentos para o tratamento de polos geradores de tráfego. Brasília: DENATRAN, 2004. Disponível em: www.denatran.gov.br/ publicacoes/download/PolosGeradores.pdf. Acesso em: 22 jun. 2012. DORNELLES, J. R. W. O que são direitos humanos. Coleção Primeiros Passos. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. DUARTE, F.; LIBARDE, R. Introdução à Mobilidade Urbana. Paraná: Juruá, 2007. EBTU – Empresa Brasileira de Transportes Urbanos. Planejamento da Operação, Diagnóstico do Sistema Existente. Módulo de Treinamento, STPP Gerência do Sistema de Transporte Público de Passageiros. Brasília: EBTU, 1988. FREDERICO, Cláudio de Senna; NITTO, Caetano Janniniand; PEREIRA, Arnaldo Luís Santos. Transporte metropolitano e seus usuários. Estud. av., São Paulo, v. 11, n. 29, jan./abr. 1997, p. 413-428. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico do Brasil 2000. Brasília: IBGE, 2012. IPEA. Políticas sociais – acompanhamento e análise. Brasília: IPEA, 2008. Disponível em: <www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/bpsociais/bps_15/16_completo.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012. 21 LERNER, James; ARQUITETOS ASSOCIADOS. Avaliação comparativa das modalidades de transporte público urbano. Julho de 2009. Curitiba, 2009. Disponível em: www. ntu.org.br/novosite/arquivos/AvaliacaoComparativa_web_ semcapa.pdf. Acesso em: 25 set. 2012. NUNES, M; LUNA, A. Brasil visita a Alemanha, referência de mobilidade urbana. Revista Planeta Sustentável. Editora Abril. Julho de 2010. Disponível em: <http:// planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cidade/brasil-referencia-mobilidade-urbana- european – green-mobility-tour-579101.shtml>.Acesso em: 20 jun. 2012. PAROLIN, F. Princípios para a atuação do poder público em mobilidade urbana. ln: IV Congresso Brasileiro de Regulação da ABAR – Associação Brasileira de Agências de Regulação. Manaus: ABAR, 2005. PETZHOLD, G. Qualidade no transporte público minimiza problemas de mobilidade. Revista The Fix City Brazil. EMBARQ BRASIL. Julho de 2012. Disponível em: <http:// thecityfixbrasil.com/2012/07/18/qualidade-no-transporte-publico-minimiza- problemas-de – mobilidade/>. Acesso em: 2 jul. 2012. TORO, J. B.; DUARTE, N. M. Mobilização Social. Belo Horizonte: Autêntica, 1996. Disponível em: <http://www.aracati.org.br/porta1/pdfs/13_Biblioteca/Publicacoes/ mobilizacao_social.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2009. 22 UNIDADE 2 | QUALIDADE NO TRANSPORTE URBANO 23 Unidade 2 | Qualidade no Transporte Urbano 1 Qualidade no Transporte Urbano Oferecer um transporte de qualidade aos habitantes é um desafio para as prefeituras de todas as cidades brasileiras. O transporte possibilita que milhares de pessoas realizem suas atividades diariamente, deslocando-se pela cidade. O usuário do transporte coletivo, que, muitas vezes, não possui um veículo particular, precisa do transporte público para fazer seus deslocamentos. É a alternativa que ele tem para realizar as atividades de lazer, estudo, trabalho, consultas médicas etc. É importante destacar que o transporte coletivo faz mais do que apenas atender uma necessidade. O transporte é um direito de todo cidadão. Como este usuário escolhe o modo de transporte? Quais são os motivos para esta escolha? Quando uma pessoa vai de um lugar para outro, por algum motivo, numa determinada hora, ela precisa escolher como se deslocar ou como ela pode se deslocar. Então, como o usuário escolhe esse transporte? Será que a escolha é consciente? Quando o passageiro decide usar um ônibus, um táxi ou um trem, ele considera alguns elementos na sua escolha. Para tomar essa decisão, ele procura a alternativa que oferece melhor qualidade de transporte. Por esse motivo, aumentar a qualidade do transporte, atrair e proporcionar mais satisfação aos passageiros é um grande desafio. E o condutor e o cobrador participam diariamente desse desafio. 24 As dificuldades enfrentadas pelos usuários no dia a dia, como congestionamento, poluição, falta de transporte, atrasos, desconforto dos assentos, passagens multo caras, têm levantado as seguintes questões: As condições do transporte coletivo oferecido à população são boas? O que o usuário espera do sistema de transporte? Como o condutor pode ajudar a oferecer um serviço melhor? 2 Quem São os Usuários do Transporte Coletivo As pessoas que utilizam os serviços de transporte coletivo podem ser classificadas em diversos grupos: de acordo com a renda, com a profissão, sexo, ou de acordo com os motivos pelos quais elas precisam de transporte. No Brasil (CNI, 2009), os principais meios de transporte utilizados pelos habitantes das regiões urbanas e das regiões metropolitanas são: a pé (22%), transporte público (25%), automóvel (19%), bicicletas (7%), motocicletas (10%) e ônibus e van fretados (9%). Ou seja, 1/4 da população brasileira utiliza o transporte coletivo. Nos últimos anos, a quantidade de passageiros diminuiu bastante. Ao mesmo tempo, houve crescimento na quantidade de veículos particulares. Hoje, muitas pessoas conseguem financiamento para a compra de um automóvel, pagando pequenas parcelas durante muitos anos. Ainda segundo a mesma pesquisa, apesar da redução na quantidade de passageiros, o transporte coletivo ainda é muito importante e representa aproximadamente 52% dos deslocamentos diários realizados em veículos. Ou seja, mais da metade das pessoas que saem de casa para ir a algum lugar escolhe o transporte coletivo urbano. Esses passageiros utilizam, por exemplo, ônibus, trem, van, táxi, metrô etc. 25 e Devemos sempre nos lembrar que a maior parte dos usuários do transporte coletivo são os trabalhadores, que dependem do transporte em seus deslocamentos diários, para procurar emprego ou para chegar ao trabalho. São homens ou mulheres, jovens ou adultos, que acordam e saem de casa cedo e precisam do transporte. São pessoas preocupadas em não chegar atrasadas no trabalho ou na entrevista de emprego. E essas pessoas dependem bastante do transporte. 3 Importância do Transporte Coletivo para o Usuário O transporte urbano coletivo desempenha um papel social e econômico de fundamental importância na vida de milhões de brasileiros que moram nas cidades e precisam se deslocar diariamente. Muitos são os seus aspectos relevantes. Entre eles, podemos destacar que o transporte coletivo proporciona locomoção para aquelas pessoas que não possuem automóvel particular ou que não podem dirigir. E não são apenas os trabalhadores que utilizam o transporte coletivo. Muitos idosos precisam do transporte para ir até os hospitais ou para fazer uma consulta médica. Crianças e adolescentes precisam ir diariamente à escola. Devemos nos lembrar também das pessoas com deficiências, que não podem dirigir e dependem do transporte coletivo. Outro fator importante é que o transporte coletivo ajuda a aliviar o trânsito, diminuir os congestionamentos e reduzir a poluição, gerada pela quantidade de veículos nas vias. Um ônibus pode levar muitos passageiros ao mesmo tempo. Os veiculas particulares levam apenas quatro ou cinco pessoas. Muitas vezes, vemos apenas uma pessoa dentro de cada carro. Assim, o número de carros nas ruas aumenta e os congestionamentos são cada vez maiores. 26 Além disso, quando um passageiro escolhe o transporte coletivo ele ajuda a diminuir a necessidade de investimentos na construção de ruas, viadutos, estacionamentos etc. Os recursos economizados com essas obras podem ser aplicados em projetos sociais mais importantes e com maior impacto na vida de todos os brasileiros. A seguir, serão destacados alguns pontos para reforçar a importância do uso do transporte coletivo e da manutenção da qualidade dos serviços. O objetivo é mostrar como o transporte coletivo faz parte do cotidiano das pessoas e como ele pode ajudar a melhorar a qualidade de vida nas cidades. 3.1 Importância Social No campo social, o transporte coletivo possibilita o acesso ao emprego, à saúde, à habitação, à educação, ao comércio, à cultura e ao lazer. Embora o número de passageiros no transporte coletivo esteja diminuindo, a maioria das pessoas ainda depende desse transporte para se deslocar na cidade. Muitas famílias possuem automóvel, mas nem todos podem usá-lo. Portanto, mesmo para as famílias que têm carro, o transporte coletivo apresenta-se como uma necessidade. Se o pai de família sai para trabalhar usando o carro, como a mãe pode levar o filho na escola? Os dois não podem usar o mesmo carro ao mesmo tempo. De acordo com o IBGE, nas próximas duas décadas, o número de idosos vai crescer. Muitos idosos não podem dirigir, pois têm dificuldades de visão ou mesmo de conduzir o veículo. Com o crescimento do número de idosos, o transporte precisa estar adequado para atender da maneira mais correta possível esses novos passageiros. 27 3.2 Importância Econômica O transporte coletivo ajuda a desenvolver a economia, ele permite que as pessoas se desloquem para fazer compras, ir ao supermercado, à farmácia, levar encomendas. Dessa maneira, as pessoas acabam participando do crescimento da economia local. Como já havia sido mencionado, o principal motivo pelo qual as pessoas utilizam o transporte coletivo é o trabalho, correspondendo, no Brasil, a maioria dos deslocamentos. Um dos principais motivosde insatisfação dos passageiros é o tempo de viagem. Multas pessoas passam várias horas por dia dentro do veículo, desperdiçando um tempo que poderia ser gasto em outras atividades ou com o convívio familiar. Um dos motivos que torna as viagens mais demoradas é a lentidão do trânsito, que é resultante principalmente dos congestionamentos. c Embora seja difícil avaliar o quanto os congestionamentos afetam a qualidade no transporte e a qualidade de vida dos passageiros, em muitas pesquisas de opinião os usuários apontam os níveis de tráfego e de congestionamento como uma das maiores causas de desgastes diários. Passageiros de todas as idades reclamam da demora e dos atrasos no transporte. Para agravar ainda mais esse problema, muitas vezes não há assentos disponíveis e os passageiros fazem um trajeto demorado em pé, permanecendo muitas horas desconfortáveis no veículo, até chegar ao trabalho ou em casa. 3.3 Importância Ambiental Do ponto de vista ambiental, o transporte coletivo pode ajudar a reduzir a poluição, pois com menos carros nas ruas diminui a emissão de fumaça. O problema da poluição atmosférica é bastante grave e vem piorando nos últimos anos. Os altos níveis de poluição tendem a piorar, principalmente, nas regiões metropolitanas, onde circula um grande número de veículos. A poluição traz prejuízos à saúde da população, principalmente de idosos e crianças. 28 4 A Qualidade no Transporte Coletivo Considerando a importância do transporte coletivo para o dia a dia dos passageiros e para uma melhor qualidade de vida das pessoas, precisamos entender, afinal, o que é a qualidade no transporte coletivo. 4.1 O Que é a Qualidade para o Usuário O desempenho do sistema de transporte está diretamente relacionado ao atendimento das expectativas dos usuários. Ou seja, o passageiro acha que o transporte está bom quando este atende às suas necessidades. Assim, o bom atendimento aos passageiros é um dos indicadores da qualidade dos serviços oferecidos e é o que pode ser mais facilmente percebido e considerado pelo usuário. h Os principais atributos relacionados ao transporte que o usuário considera na hora de fazer a sua escolha são: • Confiabilidade • Tempo de deslocamento • Acessibilidade • Conforto • Conveniência • Segurança • Custo 29 A seguir, esses atributos serão explicados de forma simples para que possamos entender como o passageiro percebe estes fatores de qualidade. Posteriormente, eles serão analisados em grupos, que é a maneira como o usuário está acostumado a avaliar a qualidade do transporte que ele utiliza. 4.2 Confiabilidade É a exatidão no cumprimento da programação estabelecida para o serviço de transporte, além da manutenção dos itinerários pré-fixados e informados aos usuários. A confiabilidade do serviço é percebida de duas formas pelo usuário: pela pontualidade e pela regularidade. Para o usuário, alguns atrasos eventuais especialmente decorrentes de situações inesperadas são bastante compreensíveis. No entanto, quando os atrasos são frequentes o usuário passa a não confiar mais no transporte. 4.3 Tempo de Deslocamento Um dos atributos de mais fácil percepção pelo usuário é o tempo de deslocamento, que é o tempo gasto entre o local de saída e o local de chegada. O tempo de deslocamento é afetado pela velocidade que, por sua vez, depende das condições do tráfego, das vias, e da quantidade de paradas etc. 4.4 Acessibilidade É caracterizada pelo maior ou menor facilidade de ingresso no transporte público. Pode ser classificada em dois aspectos: acessibilidade espacial (quando existem terminais e paradas acessíveis) e acessibilidade temporal (que considera os intervalos entre os veículos e a presença de transporte ao longo de todo o dia ou quando o usuário precisa deste). 30 4.5 Conforto As condições de conforto podem ser medidas por muitos aspectos, dentre os quais podemos citar: a temperatura, a ventilação, o ruído, a velocidade, aceleração e desaceleração, altura dos degraus, largura das portas, disposição dos assentos, além das condições de ocupação no veículo (o quanto o veículo encontra-se lotado). Numa viagem curta, o passageiro quase não sente os efeitos do desconforto. No entanto, numa viagem muito longa, estes fatores podem incomodar bastante. 4.6 Conveniência A conveniência reflete algumas características do sistema, tais como a necessidade de transferência (passar de um veículo para outro), períodos de operação (manhã, tarde e noite), níveis de serviços nos horários de menor movimento (veículos cheios), formas de cobrança da passagem (em dinheiro, bilhete, cartão). Além disso, a conveniência também se refere às condições de infraestrutura e limpeza dos pontos de parada e dos terminais, a localização das paradas, a presença de informação sobre linhas e horários, a disponibilidade de serviços agregados (lixeira, orelhão, caixa de correio). 4.7 Segurança A segurança se refere aos aspectos de proteção do usuário durante a viagem contra acidentes e também a proteção dos usuários contra crimes (agressões, furtos, ameaças e roubos) dentro dos veículos ou nas paradas, nas estações e nos terminais. 31 4.8 Custo O preço da tarifa do transporte é consequência da qualidade e da variação dos custos para oferecer o serviço. Quando pensa no custo do serviço o usuário se pergunta: O serviço vale o valor que está sendo cobrado? Eu consigo pagar esse valor? 5 Como o Passageiro Considera esses Fatores de Qualidade Os indicadores de qualidade que o usuário pode perceber e que ele considera quando escolhe o transporte combinam diversos fatores. O usuário do transporte avalia a qualidade do serviço de forma direta e indireta a partir da percepção e da análise desses fatores. São três grandes grupos que serão detalhados a seguir. e O primeiro conjunto de qualidade avaliada é a qualidade do sistema de linhas, que se refere à cobertura espacial, conveniência, frequência e à pontualidade. Outro fator é a qualidade durante a viagem, na qual o usuário percebe a qualidade do veículo, o conforto, as condições de embarque e desembarque, a ocupação. Por fim, o usuário avalia a qualidade do pré-atendimento e do pós-atendimento, em que ele considera a informação e o atendimento que recebe. 5.1 Qualidade do Sistema de Linhas Em relação à cobertura espacial, o passageiro observa a distribuição das linhas pela cidade. É importante possuir opções de deslocamento. É fundamental que ao utilizar o serviço de transporte coletivo ele possa chegar o mais perto possível do local do destino desejado. Um sistema de transporte que esteja presente em toda a cidade é 32 chamado um sistema com boa cobertura espacial, ou seja, é um transporte que está presente na maior parte da área urbana, permitindo ao passageiro alcançar grande parte da cidade. h Se as linhas passarem perto da casa ou perto do local de trabalho ou mesmo de qualquer local de origem ou de destino podemos dizer que o sistema oferece boa conveniência, ou seja, que o transporte é conveniente, fácil e prático para aquele passageiro. Além da boa área de cobertura espacial e da conveniência, o passageiro considera importante que o sistema ofereça uma boa frequência, ou seja, que os intervalos entre um veículo e o próximo não sejam muito longos. Ele pensa se terá que esperar demais até que passe outro veículo. Assim, quando uma linha apresenta uma boa frequência o usuário não fica nervoso ou preocupado em perder um ônibus ou se o ônibus vai passar multo lotado, pois ele sabe que logo irá passar outro veículo no qual ele poderá entrar. Porfim, deve ser destacada a pontualidade, que para o usuário é fundamental. Para o trabalhador que precisa chegar ao trabalho em determinado horário, para o estudante que precisa chegar ao colégio, para o passageiro que tenha hora marcada para uma consulta, a pontualidade é de grande importância. E o cumprimento dessa pontualidade é um dos fatores que levam o passageiro a confiar no sistema de transporte. 33 5.2 Qualidade Durante a Viagem A qualidade durante a viagem é o fator de mais fácil percepção pelo passageiro, pois se refere às impressões que o usuário tem ao longo de sua viagem no interior do veículo. Primeiramente, o usuário percebe a qualidade do veículo em que ele viaja. São considerados o modelo do veículo, sua idade, a disposição dos assentos, a localização do motor, da catraca etc. Entre esses fatores o que mais se destaca é a idade do veículo que, muitas vezes, se confunde com as condições de conservação e de manutenção. Outro fator importante durante a viagem e que mais se associa à qualidade do transporte é a ocupação do veículo. Os serviços de transporte urbano permitem que alguns passageiros façam a viagem em pé. No entanto, em algumas situações, a quantidade de passageiros é tão elevada que as pessoas se sentem bastante desconfortáveis, muito próximas umas das outras. Essa sensação de desconforto é maior quando os deslocamentos são muito longos, quando a viagem é curta, o passageiro não se importa de ficar em pé. No entanto, quando ele precisa ficar no veículo por um período muito longo, a ocupação do veículo interfere na percepção da qualidade do transporte. O conforto no interior do veículo geralmente se refere aos assentos e à possibilidade de abertura das janelas. Dessa forma, o material que reveste os bancos, a ventilação no interior do veículo e a temperatura durante a viagem contribuem para maior ou menor grau de conforto do passageiro ao longo do trajeto. Em relação às condições de embarque e desembarque, o passageiro avalia a existência e altura de degraus ou, no caso de pessoas com deficiência, de rampas ou elevadores que facilitem o acesso ao veículo. Uma das questões que envolvem diretamente o condutor é a distância que o condutor para o veículo em relação à calçada. Distâncias grandes dificultam o embarque do passageiro e, em dias de chuva, são desconfortáveis. Em alguns casos, os degraus na entrada do veículo são muito altos, gerando dificuldade para crianças e idosos embarcarem no veículo. 34 5.3 Qualidade no Pré-Atendimento e Pós-Atendimento Muitas vezes, o condutor e o cobrador do veículo de transporte coletivo não percebem, mas a forma como eles recebem e tratam os passageiros durante a viagem é muito importante. O atendimento se inicia no momento do embarque, na maneira como o motorista estaciona na parada ou no terminal. Há situações em que o passageiro não está seguro do itinerário e do destino daquele veículo e precisa que o condutor e o cobrador esclareçam essas dúvidas. E muito frequente que o usuário procure saber se aquela linha vai até um bairro ou se passa em determinada loja ou prédio. E é nesse atendimento que o condutor e o cobrador podem atuar de forma decisiva para melhorar a qualidade do serviço oferecido. Eles são as pessoas que recebem o passageiro quando este acessa o sistema. Muitas vezes, o usuário encontra todos os dias o mesmo cobrador e o mesmo motorista. Muitos passageiros estabelecem uma relação de confiança e de companheirismo com os profissionais do transporte e sentem que a presença deles faz parte do seu cotidiano, como se fosse um amigo ou um parente. e É sempre importante lembrar que não são somente os usuários cativos que necessitam de um bom atendimento. Um turista de passagem pela cidade, por exemplo, precisa de auxílio e esclarecimento, pois muitas vezes os mapas e folhetos não apresentam a informação de forma adequada. Muitos passageiros são usuários da linha pela primeira vez e também não conhecem o itinerário. O cobrador e o motorista são as pessoas apropriadas para auxiliar esses passageiros, indicando a parada mais adequada para descer ou informando os horários daquela linha. 35 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Os indicadores de qualidade que o usuário percebe e considera quando escolhe o transporte combinam diversos fatores aqui organizados em três grandes grupos: o grupo de indicadores sobre a qualidade do sistema de linhas; a qualidade durante a viagem e, a qualidade do pré-atendimento e do pós-atendimento. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. O transporte coletivo faz parte do cotidiano das pessoas e ajuda a melhorar a qualidade de vida nas cidades. Quando um passageiro escolhe o transporte coletivo ele ajuda a diminuir a necessidade de investimentos na construção de ruas, viadutos, estacionamentos etc. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 36 Referências APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Programa de Atualização Médica. Atenção na abordagem psicopedagógica às pessoas com deficiências e seus familiares – Fascículo 6. São Paulo: APAE, 2004. BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9503.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. DENATRAN; FGV. Manual de procedimentos para o tratamento de polos geradores de tráfego. Brasília: DENATRAN, 2004. Disponível em: www.denatran.gov.br/ publicacoes/download/PolosGeradores.pdf. Acesso em: 22 jun. 2012. DORNELLES, J. R. W. O que são direitos humanos. Coleção Primeiros Passos. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. DUARTE, F.; LIBARDE, R. Introdução à Mobilidade Urbana. Paraná: Juruá, 2007. EBTU – Empresa Brasileira de Transportes Urbanos. Planejamento da Operação, Diagnóstico do Sistema Existente. Módulo de Treinamento, STPP Gerência do Sistema de Transporte Público de Passageiros. Brasília: EBTU, 1988. FREDERICO, Cláudio de Senna; NITTO, Caetano Janniniand; PEREIRA, Arnaldo Luís Santos. Transporte metropolitano e seus usuários. Estud. av., São Paulo, v. 11, n. 29, jan./abr. 1997, p. 413-428. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico do Brasil 2000. Brasília: IBGE, 2012. IPEA. Políticas sociais – acompanhamento e análise. Brasília: IPEA, 2008. Disponível em: <www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/bpsociais/bps_15/16_completo.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012. 37 LERNER, James; ARQUITETOS ASSOCIADOS. Avaliação comparativa das modalidades de transporte público urbano. Julho de 2009. Curitiba, 2009. Disponível em: www. ntu.org.br/novosite/arquivos/AvaliacaoComparativa_web_ semcapa.pdf. Acesso em: 25 set. 2012. NUNES, M; LUNA, A. Brasil visita a Alemanha, referência de mobilidade urbana. Revista Planeta Sustentável. Editora Abril. Julho de 2010. Disponível em: <http:// planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cidade/brasil-referencia-mobilidade-urbana- european – green-mobility-tour-579101.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2012. PAROLIN, F. Princípios para a atuação do poder público em mobilidade urbana. ln: IV Congresso Brasileiro de Regulação da ABAR – Associação Brasileira de Agências de Regulação. Manaus: ABAR, 2005. PETZHOLD, G. Qualidade no transporte público minimiza problemas de mobilidade. Revista The Fix City Brazil. EMBARQ BRASIL. Julho de 2012. Disponível em: <http:// thecityfixbrasil.com/2012/07/18/qualidade-no-transporte-publico-minimiza- problemas-de – mobilidade/>. Acesso em: 2 jul. 2012. TORO, J. B.; DUARTE, N. M. Mobilização Social. Belo Horizonte: Autêntica,1996. Disponível em: <http://www.aracati.org.br/porta1/pdfs/13_Biblioteca/Publicacoes/ mobilizacao_social.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2009. 38 UNIDADE 3 | CIDADANIA NO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS 39 Unidade 3 | Cidadania no Transporte de Passageiros 1 Cidadania no Transporte de Passageiros Nem sempre os meios de transporte ou seus condutores estão preparados para receber passageiros que precisam de cuidados especiais e que, assim como os demais, também tem hora certa para chegar a um destino. Cadeira de rodas, bengala, cão-guia ou aparelho auditivo fazem parte da vida de muita gente que luta para se manter independente e integrada à sua própria rotina. Dependemos na maioria das vezes dos meios de transporte para as nossas atividades do dia a dia. h A mobilidade, especialmente em grandes centros urbanos, não depende apenas do meio de transporte, mas também de atitudes positivas de seus condutores. Nesse sentido, o compromisso com o respeito às diferenças e aos valores humanos é fundamental para minimizar ou evitar toda e qualquer forma de discriminação. A prática da cidadania começa pela prática do respeito, seja ele individual ou coletivo. 40 2 Noções de Cidadania Cidadania – sempre ouvimos esta palavra em algum lugar ou a lemos em livros, revistas, textos em geral, ou seja; ela está presente no nosso cotidiano. Também muito presente em discursos, palestras; na boca de pessoas como líderes comunitários, educadores e políticos. Enfim, o termo “cidadania” está presente no mundo inteiro. Porém, de tanto falarmos e ouvirmos a palavra cidadania, nós corremos o risco de dizê-la sem nada sentir e sem compreendê-la. Mas afinal, o que é cidadania? Tente você mesmo responder. Cada um dará uma resposta diferente a esta pergunta. Para ajudar nesta questão, o sociólogo Herbert de Souza (o Betinho), militante político brasileiro, nos dá uma resposta que envolve os princípios gerais que regem uma atitude cidadã. Segundo Betinho, cidadania é “O valor básico de uma sociedade democrática, construída por todos e para todos”, e é fundamentada em cinco princípios éticos: igualdade, liberdade, solidariedade, participação e diversidade. A ideia de cidadania também pode ser traduzida como um sinônimo de participação em movimentos sociais, tais como: de defesa da ecologia, de direitos humanos, de melhoria das condições de infraestrutura do bairro e da comunidade, movimentos pela paz, voluntariado (em creches, entidades assistenciais, Conselhos Tutelares, ONGs), participação em sindicatos e em partidos políticos. Viver a cidadania é acreditar que a humanidade pode viver melhor; acreditar e lutar para que as possibilidades de vida garantidas a uns possam ser acessíveis a todos. Ser cidadão, portanto, é ver a si próprio e aos outros como seres humanos legítimos, onde certezas se alternam com incertezas, porém, há que haver espaço para a compreensão e a prática dessa diversidade, muitas vezes resultante de diferenças culturais, sociais, religiosas e econômicas. 41 A cidadania pode ser exercida em todo lugar e a qualquer momento. Uma das formas de exercê-la é no transporte de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência e/ou restrição de mobilidade. Auxiliá-las na sua necessidade de ir e vir é um ato cidadão e que representa um respeito às diferenças e uma compreensão do papel de cada um na sociedade. Essa possibilidade de ir e vir de forma independente e sem barreiras pode ser definida como mobilidade urbana, cujo conceito detalhado veremos a seguir. 3 Transportando Pessoas Como falamos anteriormente, todo cidadão possui direitos e deveres. Mas para o exercício desses direitos é necessário respeitar alguns princípios: independência, dignidade e autonomia. Em hipótese alguma podemos excluir alguém por alguma dificuldade de locomoção e movimentação. h Pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade, não precisam apenas de transporte com infraestrutura e veículos acessíveis, elas precisam também de um atendimento cortês e adequado que deve ser prestado por motoristas, cobradores, e todos os funcionários envolvidos no sistema de transporte. Esses profissionais tem a importante missão de garantir condições de um transporte seguro, digno e cidadão no qual todos se sintam incluídos e respeitados. Conhecer os tipos de deficiência e as limitações das pessoas com restrição de mobilidade e saber como trabalhar para minimizar essas dificuldades é fundamental para a prestação de um excelente atendimento. 42 4 Pessoa com Mobilidade Reduzida Enquadram-se nessa categoria todas aquelas pessoas que por algum motivo específico tiveram a sua mobilidade reduzida, seja em função de um estado físico, mental, permanente ou mesmo momentâneo, como: a mulher grávida, o idoso, a criança, o obeso etc. Todas essas pessoas, de uma maneira ou de outra, encontram dificuldades na sua mobilidade e precisam muitas vezes do apoio, da compreensão e da boa vontade de outras pessoas para garantirem seu direito de ir e vir. Auxiliar essas pessoas com restrição de mobilidade é um dever e uma responsabilidade de todos os cidadãos. Por isso, separamos algumas dicas e conceitos que o ajudarão a prestar um atendimento adequado a essas pessoas. 4.1 Gestantes e Idosos As gestantes e os idosos, em função das suas condições, costumam ter movimentos mais lentos e maior dificuldade de locomoção, sendo assim certos cuidados devem ser considerados e o respeito ao ritmo de cada um é imprescindível. Ao perceber dificuldades no embarque e desembarque dessas pessoas, ofereça ajuda. Além disso, oriente sempre os passageiros quanto ao respeito aos assentos preferenciais, pois tanto a gestante como os idosos necessitam viajar sentados para evitar riscos de queda. 43 No caso da gestante, quando o estágio da gravidez já está bem avançado, o condutor e o cobrador devem autorizar o seu embarque e desembarque pela mesma porta, sem o comprometimento do pagamento da passagem. Isso evitará constrangimentos no momento de passar pela catraca. 4.2 Crianças Transportar crianças requer uma atenção redobrada dos pais e consequentemente das pessoas envolvidas nesse transporte, pois as crianças costumam ter muita energia e interesse por tudo que as rodeia. Então o risco de acidente tende a aumentar. O principal cuidado que deve existir no transporte de crianças é garantir que elas permaneçam sentadas adequadamente durante todo o percurso e com os braços para dentro do veículo. Cabe também ao condutor e ao cobrador solicitar aos pais ou acompanhantes da criança que fiquem atentos aos seus movimentos para evitar acidentes. 4.3 Obesos A pessoa com sobrepeso muitas vezes encontra dificuldades de mobilidade, especialmente no momento de passar pela catraca e de encontrar um assento adequado. O maior cuidado que se deve ter ao transportar uma pessoa obesa é o de não gerar nenhum tipo de constrangimento. Dessa forma, sempre que necessário o passageiro com sobrepeso deve embarcar e desembarcar pela mesma porta. Atitudes como essa demonstram respeito pelo próximo e cidadania. 44 5 Pessoas com Deficiência Uma pessoa com deficiência é aquela que apresenta algum comprometimento em sua capacidade de trabalho. A deficiência pode existir em uma pessoa desde o seu nascimento, seja ela por problemas genéticos ou na gravidez da mãe. Ela também pode ser adquirida por acidentes ou doenças no decorrer da vida. Abaixo estão listados os tipos de deficiências mais frequentes: • Visual: a deficiência visual pode ser apresentada de dois tipos: a) cego (neste tipo de deficiência, a leitura se faz pelo sistema braile);b) baixa ou nenhuma visão (quando a pessoa tem acesso à leitura somente por meio de símbolos ampliados); • Física ou motora: pessoa que apresenta dificuldades de locomoção ou movimentação. Normalmente, ela necessita de um tempo maior para se locomover e realizar suas atividades; • Auditiva: apresentam dificuldade de comunicação, pois lhes falta a compreensão dos sons, ou seja, impossibilidade de escutar e/ou compreender a fala através do ouvido; • Mental: pessoa que apresenta limitação intelectual. Estas pessoas muitas vezes não apresentam limitações físicas; • Múltipla: pessoa que apresenta associação de duas ou mais deficiências. Conheça agora algumas dicas de como transportar adequadamente pessoas com deficiência. 45 5.1 Deficiente Visual • Apresente-se e pergunte se você pode ajudá-lo e qual a melhor forma de fazer isso; • Jamais agarre o braço da pessoa. Espere que ela segure o seu braço, e avise-a sobre obstáculos como buracos, degraus etc.; oriente-a também na hora de descer de um veículo, alertando sobre degraus, indicando corrimões etc.; • Para auxiliar o portador de deficiência visual a subir no ônibus, deve-se adotar a seguinte posição: pessoa com deficiência visual um degrau atrás do guia; • Providencie acomodação ao deficiente visual e o oriente sobre onde deve segurar; • Não se intimide de usar palavras como “cego”, “veja” ou “olhe”. Nem você nem os portadores de deficiência podem evitá-la. O importante não é procurar as palavras, e sim dizê-las sempre com respeito a quem lhe é direcionada; • Se você não sabe como direcionar essa pessoa, seja franco e diga: “eu gostaria de ajudar, mas o que devo fazer?”; • Nunca acaricie um cão guia, pois ele não deve ser distraído em hipótese alguma, você deve ter em mente que ele está a serviço de alguém. A entrada e a permanência deste cão nos transportes são garantidas por lei. e Motoristas e cobradores devem ficar sempre atentos. Avise sempre ao deficiente visual caso o itinerário tenha sido mudado, ou se precisar parar fora do ponto. Ao parar o veículo, certifique- se de que não parou com a porta em algum possível obstáculo, como em frente a postes e árvores. 46 5.2 Deficiente Físico a) Cadeirante (pessoa que usa cadeira de rodas): • Em caso de aceite de ajuda, deixe que a pessoa lhe diga de que forma quer que você a auxilie; • Não agarre e muito menos se apoie na cadeira de rodas; ela é uma extensão do corpo do deficiente físico; • Não tenha receio de falar as palavras “andar” ou “correr”, utilize estes termos sem constrangimento; • Se possível, escolha o caminho sem barreiras arquitetônicas, pois o deficiente poderá precisar de ajuda para ultrapassá-las; • Tente ficar no mesmo nível do cadeirante, no caso de conversas demoradas, para que não faça a pessoa ficar olhando muito tempo para cima; • Em caso de locomoção de cadeirante em escadas ou rampas inclinadas, adote o deslocamento em “marcha à ré”, pois assim evita que a pessoa perca o equilíbrio. • No transporte, como o ônibus ou em qualquer outra situação, não insista se a pessoa dispensar ajuda para subir ou descer. e Quando o ônibus não for adaptado para o transporte de cadeirantes, para ajudá-lo a subir no ônibus são necessárias duas pessoas para retirá-lo da cadeira de rodas. Uma deve segurar o tronco (região das axilas), de costas para o degrau o qual vai subir, e a outra pessoa segura nas pernas (na linha dos joelhos, por baixo). O mesmo posicionamento deve ser feito no caso de ajuda para descer, só que neste caso, quem segura as pernas será o primeiro a descer. 47 b) Usuário de muletas: • Acompanhe o usuário de muletas ou bengalas posicionando-se do lado oposto destes objetos, acompanhando o ritmo de seus passos, para que assim você não esbarre nas muletas ou bengalas; • Deixe as muletas sempre ao alcance das mãos da pessoa deficiente; • Nunca empurre, puxe ou toque o ombro de um usuário de muletas ou bengalas, e no caso de estar acompanhando-o, fique sempre meio passo a frente; • No caso de auxílio para descer ou subir do ônibus, posicione-se atrás da pessoa para subir e à frente para descer. Os deficientes físicos devem sempre ser conduzidos cuidadosamente, adotando sempre o mesmo sentido do fluxo, mantendo distância da parede. Desta forma, você evita colisões em objetos e manobras bruscas, no caso de cadeirante. c) Deficiente auditivo: • Tome cuidado para sempre deixar sua boca visível. Fale de frente para a pessoa e claramente; • Fale em tom de voz e velocidade normais, exceto se lhe pedirem para falar mais devagar – não grite; • Fale com expressão. Lembre-se de que estas pessoas não podem ouvir as mudanças sutis do tom de sua voz (indicando brincadeira ou seriedade); mas elas saberão ler suas expressões faciais, gestos ou movimentos de seu corpo; • Ao conversar, toque levemente seu braço para a pessoa perceber que você tem algo a lhe dizer. Mantenha o contato visual, do contrário, dificilmente a pessoa saberá que a conversa acabou; 48 • Se você não entender o que um surdo quer lhe dizer, peça para que ele repita; • Se um surdo estiver acompanhado de intérprete, fale diretamente ao surdo, nunca ao intérprete; • Cuidado para não andar entre duas pessoas conversando através da linguagem de sinais, isto atrapalha a conversa. Apesar da deficiência auditiva, muitas pessoas surdas falam. Então, não se surpreenda se uma pessoa com este tipo de deficiência cumprimentá-lo ou agradecer pela gentileza ou serviço. d) Deficiente mental: • Cumprimente-a normalmente. Para facilitar a compreensão, a linguagem deve ser o mais objetiva possível; • Dê atenção, expresse alegria pela companhia, converse; • Superproteção não é bom para crianças, jovens, adultos ou idosos. Ajude somente quando for necessário; • Quando necessário, busque mais informações junto a associações ou entidades especializadas; • Em caso de emoções fortes, como a ansiedade por não estar conseguindo fazer algo, procure ajudar tranquilizando-o; • Se a pessoa estiver desacompanhada no transporte, pergunte aonde ela quer descer. A dificuldade que uma pessoa com deficiência mental pode ter na leitura, em assimilações de símbolos, ou suas limitações cognitivas e de raciocínio, não a exclui do convívio, participação em sociedade como qualquer outro cidadão. 49 6 Dicas gerais Além de todas as dicas já informadas, não esqueça também dos seguintes cuidados ao transportar qualquer pessoa portadora de deficiência ou com restrição de mobilidade: • Parar com o veículo o mais próximo do meio-fio para facilitar o seu embarque; • Ser atencioso e aguardar com paciência até que a pessoa possa ingressar no veículo com segurança; • Auxiliar a pessoa para entrar no veículo, seja ele ônibus, micro-ônibus ou veículo de passeio, sempre que solicitado; • Reinicie o movimento do veículo com cuidado, aguarde até que a pessoa esteja devidamente sentada para então dar prosseguimento à viagem; • Ao dirigir-se ao usuário faça o de maneira respeitosa; • Forneça sempre informações quando solicitado; • Quando for o caso, avise sobre os assentos preferenciais. 7 O Que Vem Sendo Feito Durante muitos anos acreditava-se que a maior dificuldade das pessoas com necessidades especiais era entrar no veículo. Para a solução desse problema, acreditava-se que a adaptação dos veículos para os usuários de cadeiras de rodas, por meio de elevadores ou rampas, seria a solução mais adequada. No entanto, existem muitas outras dificuldades que o motorista e o cobrador podem ajudar a amenizar. 50 Nos últimos anos, as dificuldades das pessoas com restriçõesde mobilidade passaram a ser vistas com mais seriedade. Assim, não foram somente os usuários de cadeiras de rodas que ganharam mais atenção. Muitas pessoas passaram a se preocupar com as dificuldades que as crianças e os idosos apresentavam para subir e descer os degraus dos ônibus. Alguns sistemas de transporte adotaram soluções em que a altura do piso do ônibus é a mesma altura da calçada, facilitando o embarque. Alguns sistemas de comunicação especiais para os deficientes visuais foram criados para auxiliar na informação das linhas e horários. 8 Cordialidade no Atendimento a Todos O transporte faz parte da vida da maior parte dos brasileiros. Cada um de nós pode um dia precisar do transporte coletivo, portanto, todos nós podemos ser passageiros um dia. Tratar bem o passageiro é garantir que você, seus familiares ou seus amigos também sejam bem tratados pelos outros cobradores e condutores. Quando um passageiro se sente bem tratado ele também terá mais vontade de tratar bem o condutor, o cobrador e os demais passageiros. Essas relações melhoram o ambiente durante a viagem no transporte coletivo e proporcionam maior qualidade ao transporte. O transporte é um direito de todo cidadão e todos merecem ser atendidos por um serviço de transporte com qualidade. É na família, na escola, na comunidade e no trabalho que, ao longo de nossa vida, vamos construindo a nossa identidade em um processo de aprendizagem contínuo. Todas as coisas que aprendemos e compartilhamos fazem parte daquilo que somos, pensamos e fazemos. As pessoas não nascem sabendo conviver umas com as outras; a convivência social precisa de aprendizagens básicas que devem ser ensinadas, aprendidas e desenvolvidas. 51 Para facilitar o entendimento, tomaremos por base os Códigos da Modernidade, criados pelo filósofo colombiano Bernardo Toro, e que representam as sete competências mínimas para a participação produtiva e a inserção social do ser humano no século 21. • Aprender a não agredir o outro; • Aprender a comunicar-se adequadamente, observando as possibilidades de entendimento do outro; • Aprender a interagir respeitando convicções pessoais; • Aprender a tomar decisões em grupo; • Aprender a se cuidar para se sentir bem e se apresentar aos outros: • Aprender a cuidar dos lugares por onde passamos ou vivemos (especialmente os locais públicos, como hospitais, escolas, praças etc.); • Aprender a valorizar o saber social, principalmente regras, valores, práticas culturais e tradições locais. 52 Resumindo Chegamos ao final do curso. Esperamos que o conteúdo aqui apresentado tenha colaborado para a sua compreensão do trânsito e o que deve ser feito para melhorá-lo. O importante é que cada um faça a sua parte, pois cada vez mais, o poder público deve atuar para melhorar a mobilidade urbana. Hoje, problemas derivados do trânsito, do transporte público e da movimentação e circulação de cargas são considerados como alguns dos problemas principais do cotidiano das grandes cidades, ao lado da saúde e da segurança pública, entre outros problemas urbanos. Cabe aos agentes públicos criar políticas que possibilitem a prevenção dos problemas mais comuns derivados da mobilidade urbana. Departamentos de engenharia de trânsito, fiscalização, manutenção e ampliação da malha viária e atuação rápida do poder público estão entre as medidas que devem ser continuamente executadas. Portanto, se forem criadas políticas públicas que busquem a melhoria da mobilidade urbana, basta seguirmos essas medidas para transformarmos o trânsito em uma real mobilidade. Mas, vale ressaltar que o primeiro passo é a conscientização de todos nós que estamos envolvidos diretamente com o trânsito: motoristas, pedestres e usuários do sistema de transporte em geral, sobre o impacto provocado pelas nossas ações na vida das outras pessoas. 53 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. O procedimento para quando o ônibus não for adaptado para o transporte de cadeirantes consiste em dispor de duas pessoas para ajudá-lo a subir. Elas irão retirá-lo da cadeira de rodas. Uma deve segurar o tronco (região das axilas), de costas para o degrau o qual vai subir, e a outra pessoa segura nas pernas (na linha dos joelhos, por baixo). O mesmo posicionamento deve ser feito no caso de ajuda para descer, só que neste caso, quem segura as pernas será o primeiro a descer. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Em hipótese alguma podemos excluir alguém por alguma dificuldade de locomoção ou movimentação. O transporte é um direito de todo cidadão e todos merecem ser atendidos por um serviço com qualidade. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 54 Referências APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Programa de Atualização Médica. Atenção na abordagem psicopedagógica às pessoas com deficiências e seus familiares – Fascículo 6. São Paulo: APAE, 2004. BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9503.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. DENATRAN; FGV. Manual de procedimentos para o tratamento de polos geradores de tráfego. Brasília: DENATRAN, 2004. Disponível em: www.denatran.gov.br/ publicacoes/download/PolosGeradores.pdf. Acesso em: 22 jun. 2012. DORNELLES, J. R. W. O que são direitos humanos. 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Acesso em: 20 jun. 2012. 55 LERNER, James; ARQUITETOS ASSOCIADOS. Avaliação comparativa das modalidades de transporte público urbano. Julho de 2009. Curitiba, 2009. Disponível em: www. ntu.org.br/novosite/arquivos/AvaliacaoComparativa_web_ semcapa.pdf. Acesso em: 25 set. 2012. NUNES, M; LUNA, A. Brasil visita a Alemanha, referência de mobilidade urbana. Revista Planeta Sustentável. Editora Abril. Julho de 2010. Disponível em: <http:// planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cidade/brasil-referencia-mobilidade-urbana- european – green-mobility-tour-579101.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2012. PAROLIN, F. Princípios para a atuação do poder público em mobilidade urbana. ln: IV Congresso Brasileiro de Regulação da ABAR – Associação Brasileira de Agências de Regulação. Manaus: ABAR, 2005. PETZHOLD, G. Qualidade no transporte público minimiza problemas de mobilidade. Revista The Fix City Brazil. EMBARQ BRASIL. Julho de 2012. 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