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INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL COM IDOSOS

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INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL COM IDOSOS
REVISÃO DE LITERATURA
As intervenções psicossociais provindas dos avanços teórico-práticos da PsicologiaSocial surgem como possibilidades de novas práticas psicológicas, repensando modelos
e perspectivas. Rabelo & Neri (2013) salientam que as intervenções psicossociais tem semostrado relevantes ao meio científico, evidenciando isto por sua crescente expansão,contrapondo-se ao modelo biomédico, este que influenciou diversas práticas emPsicologia, como ciência. Assim, as intervenções psicossociais visam reflexão,adaptação, mudança e aprendizagem, sendo catalizadora do processo de atualização e
desenvolvimento pessoal e coletivo. Estes mesmos autores afirmam que os grupos deabordagem psicossocial por meio de uma relação afetiva e de simpatia, promovemreflexões sobre a maneira de se estar no mundo, e que as mudanças ocorrem por meio deprocessos. Deste modo, Rabelo e Neri (2013) apontam que os grupos para idosos focamno diálogo e na comunicação para o desenvolvimento das atividades e do
funcionamento grupal. Assim contrastando com Magesky, Modesto e Torres (2009),que afirmam que o envelhecimento é um processo dinâmico de transformaçõesbiopsicossociais e que as práticas no campo da gerontologia devem visar a promoção daqualidade de vida e do exercício da cidadania, visto que esta fase da vida é marcada por
estereótipos que levam á exclusão social, impedindo uma velhice bem-sucedida.Portanto, ‘’estimular, problematizar, refletir, questionar, improvisar são os produtos deum trabalho ético em Psicologia’’ (Magesky, Modesto & Torres, 2009). Sendo assim,fazemos da concepção destes autores nossa bússola para orientação deste trabalho.
O envelhecimento é um processo natural e universal carregado de representaçõessociais negativas, portanto faz-se necessário desmistificar tais representações e apontar avelhice como período de transformações, possibilidades e desenvolvimento. SegundoPatrício, Hoshino & Ribeiro (2009) uma das características da velhice é a
hipervalorização do passado, e ‘’ a perda da memória da história individual é a perda dosignificado existencial’’. Seguindo a perspectiva destes autores, a ressignificação dasvivências do passado é uma necessidade terapêutica que impulsiona a longevidade, e suanão-ressignificação é um indicativo de neurose. O significado existencial que o sujeitodá ás suas vivências está sempre na relação com o outro, ai a importância dos grupos
psicossociais, como fomentadores de redes de apoio social.
Selli, Junges & Meneghel (2008) afirmam que o ser humano é umacomplexificação de processos de vida e que tais processos podem interferir nos projetos
existenciais, o que demanda ressignificação. A ressignificação é o processo adjunto como processo de revisar a vida que amplia possibilidades para novas significações esentidos ás experiências, tendo referências simbólicas e socioculturais. A ressignificaçãoatualiza os modos de ser e estar no mundo, a integralidade e totalidade do ser. Assim,afirmam Selli, Jungues & Meneghel (2008), a ressignificação da vida implica um
processo de subjetivação, de apropriar-se e reordenar a vida, de enfrentar problemasexistenciais e avançar com novos significados. O grupo como espaço para diálogopropicia reflexões e surgimentos de insights, que conduzem ao processo de revisão davida e sua ressignificação. Sobre a revisão da vida, Perez & Almeida (2010) alegam queesta promove a consciência sobre si mesmo, sendo um mecanismo para a integralidade
do ego, revivendo e atualizando os significados das experiências vividas; assim aevocação de memórias tornam-se referências para definição, recomposição eressignificação da identidade. Estes mesmos autores salientam que as atividadesexpressivas favorecem o resgate da história de vida, de emoções e sentimentos, o que é aproposta da arteterapia como técnica usada neste projeto de intervenção.
A arteterapia é uma prática que usa recursos expressivos para facilitar o contatocom o próprio universo simbólico e imaginário, excitando a elaboração de conteúdosinternos e ampliação da consciência, o que pode ser uma propulsão para a reciclagem e
possível ressignificação (Barreto & Cunha, 2009). Esse fazer artístico segundo Ciornai(2004) tem potencial de cura, de auto-conhecimento, de mudanças, de ampliação deconsciência, de ressignificações. O processo criativo envolvido no recurso da técnicaarteterapêutica pressupõe-se uma abertura á descoberta, ao crescimento, aoenriquecimento pessoal e á novas significações de vida. Este processo se dá na relação
dialógica com o outro, relação de ajuda, de reciprocidade, de acompanhamento e derespeito ás expressões subjetivas do outro, como ser-no-mundo. Na arteterapia oindividuo pode usar de sua criatividade sem receios, usando da espontaneidade e daautenticidade, expressando seu modo de ser.
Integrar infância, adolescência, adultez e velhice é promover integração do serglobal, total. É revisar o caminho percorrido, é refazer o caminho mostrando ascondições humanas, como seres capazes de se reinventar, de ser o que se é, de tornar-sepessoa, de ser um Ser, integral, único, humano. Este projeto de intervenção psicossocial
objetiva promover a ressignificação da vida em todas as suas etapas, através de recursose técnicas pautadas no arcabouço téorico-prático da Psicologia.
PLANO DE AÇÃO 1: INTEGRANDO E RESSIGNIFICANDO A INFÂNCIA
Objetivos do Encontro:
• Integração dos membros do grupo.
• Informação sobre o grupo de intervenção psicossocial.
• Estabelecimento do contrato de convivência/psicológico.
• Trabalhar a revisão de vida na infância e sua ressignificação.
Procedimentos:
1. Após formado o grupo em círculo, os facilitadores incentivarão a integração dogrupo, apresentando-se e estimulando para os membros se apresentem, em uma relação
dialógica.
2. Após a integração, os facilitadores comunicarão sobre o grupo de intervençãopsicossocial, esclarecendo sobre os objetivos e o funcionando do mesmo.
3. Em seguida será realizado o contrato de convivência/psicológico, onde serãodefinidas em conjunto com os membros algumas regras para que se tenha uma relaçãogrupal saudável, assegurando a coesão e o respeito aos membros e aos conteúdosprovindos da interação grupal.
4. Técnica expressiva de arteterapia.
5. Fechamento da sessão grupal, com um diálogo de despedida.
Arteterapia: Ressignificando a própria história de infância
Objetivo:
Evocar memórias de infância através do desenho expressivo, possibilitando novossentidos e ressignificações, através da rede de apoio psicossocial.
Procedimento da técnica expressiva de arteterapia:
1. Dividir os integrantes do grupo em subgrupos de 3 á 5 membros para cadafacilitador.
2. Disponibilizar os materiais para que os membros possam ter acesso.
3. Estimular os subgrupos para que expressem no papel A4 suas memórias,sentimentos, emoções e reflexões sobre sua infância.
4. Juntar os subgrupos em um grupo. Dialogar sobre suas vivências de infância,através dos desenhos expressivos, buscando novos sentidos e ressignificações.
Tempo previsto:
Esta técnica grupal está prevista para um período de trinta minutos, sendo sujeito áalterações.
Materiais:
Papel A4, lápis de cor e de escrever, tinta guache, pinceis, tesoura, cola, revistas,canetas e giz de cera.
Estratégia de avaliação:
A avaliação da sessão grupal terá como critério as falas dos participantes do grupo.
PLANO DE AÇÃO 2: TRANSPONDO FASESDA VIDA E SUAS
RESSIGNICAÇÕES- ADOLESCÊNCIA E ADULTEZ
Objetivos do Encontro:
• Retomar reflexões e ressignificações sobre a infância.
• Promover revisão de vida sobre a adolescência e sua ressignificação.
• Promover revisão de vida sobre a adultez e sua ressignificação.
Procedimentos:
1. Em circulo fazer um diálogo reflexivo sobre a infância, consolidando as
ressignificações desta fase.
2. Transpor o diálogo sobre a infância para fase da adolescência e adultez.
3. Aplicação da técnica.
4. Fechamento da sessão grupal,
com um diálogo de despedida.
Técnica do balão
Objetivo:
Promover através do desenho de estados emocionais no balão a expressão desentimentos e emoções devido á evocação de mémórias da adolescência e adultez,
possibilitando através do diálogo a ressignificação de tais experiências.
Procedimento da técnica:
1. Após o diálogo reflexivo sobre adolescência e adultez, propor a técnica do balão.Os facilitadores deverão entregar um balão cheio para cada integrante, assim comocanetão.
2. Solicitar que os integrantes desenhem expressões de estados emocionais no balão.
3. Em seguida, os integrantes devem expor ao grupo uma explicação sobre odesenho, contrapondo sobre sua adolescência e adultez.
4. Os facilitadores devem promover suporte social entre os integrantes, integrandoos diálogos.
5. Os facilitadores devem promover por meio de uma relação dialógica a abertura ánovas possibilidades, conduzindo á ressignificações.
Tempo previsto:
Esta técnica grupal está prevista para um período de trinta minutos, sendo sujeito áalterações.
Materiais:
Balão colorido e canetão.
Estratégia de avaliação:
A avaliação da sessão grupal terá como critério as falas dos participantes do grupo.
PLANO DE AÇÃO 3: REPENSANDO A VELHICE E TECENDO PROJETOS
DE VIDA
Objetivos do Encontro:
• Refletir sobre as temáticas das sessões anteriores.
• Repensar o processo de envelhecimento, ressignificando-o.
• Dialogar sobre projetos de vida salientando a necessidade de suporte
psicossocial.
• Encerramento das sessões grupais, generalizando as temáticas trabalhadas.
Procedimentos:
1. Em circulo, dialogar sobre as temáticas anteriores.
2. Dialogar sobre o processo de envelhecimento, buscando desmistificarrepresentações sociais e possibilitando ressignificações.
3. Por meio da relação interpessoal estabelecida, dialogar sobre os projetos de vidana velhice, discutindo a necessidade do suporte psicossocial.
4. Aplicação da técnica.
5. Diálogo conclusivo sobre as temáticas trabalhadas na intervenção psicossocial.
6. Fechamento da sessão grupal, com um diálogo de despedida
Técnica da memória de vida (Espelho)
Objetivo:
Ampliar a consciência do processo de envelhecimento, viabilizando a ressignificação epromovendo a expansão de projetos de vida.
Procedimento da técnica:
1. Entregar a caixa com espelho aos participantes, de forma que passe por toda aroda.
2. Os facilitadores devem suscitar a observação e atenção ativa das expressões
faciais e fisionomia física, ampliando a consciência corporal.
3. Dialogar sobre o processo de envelhecimento, buscando novas significações.
Tempo previsto:
Esta técnica grupal está prevista para um período de trinta minutos, sendo sujeito áalterações.
Materiais:
Caixas com espelho.
Estratégias de avaliação:
A avaliação da sessão grupal terá como critério as falas dos participantes do grupo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Barreto, E. & Cunha,M. F. g. (2009). Criatividade não tem idade, arteterapia-
reinventando o envelhecimento. Revista IGT na Rede, v.6, n.10, p.21-28.
Ciornai, S. (Org.). (2004). Percursos em arteterapia. (Vol. 1). São Paulo: Summus.
Magesky, A. M., Modesto, J. L. & Torres, L. C. A. (2009). Intervenção psicossocialcom um grupo de idosos institucionalizados. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 217-224.
Patrício, K. P., Hoshino, K. & Ribeiro, H. (2009). Ressignificação existencial dopretérito e longevidade humana. Saúde e Sociedade, v. 18, n. 2, p. 273-283.
Perez, M. P. & almeida, H. M. (2010). O processo de revisão de vida em grupo comoresurso terapêutico para idosos em terapia ocupacional. Revista Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, v. 21, n.3, p. 223-229.
Rabelo, D. F. & Neri, A. L. (2013). Intervenções psicossociais com grupos de idosos.Revista Kairós Gerontologia, v. 16, n. 6, p. 43-63.
Selli, L., Junges, J. R., Meneghel, S. & Vial, E. A. (2008). O cuidado na ressignificaçãoda vida diante da doença. O Mundo da Saúde, v. 32, n. 1, p. 85-90.
Oliveira, I. & Meireles, M. (2004). Oficinas e dinâmicas: técnicas para trabalho emgrupo. São Paulo: Paulinas.

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