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www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 1 PROTEÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO AMBIENTAL: 1 Monitoramento ambiental: conceitos, objetivos e suas aplicações no monitoramento de solo, ar, água, fauna, flora e ecossistemas. 2 Proteção florestal (prevenção e combate a incêndios florestais), legislação aplicada ao uso do fogo. 3 Conceitos básicos de: cartografia, sistemas de informação geográfica, sensoriamento remoto, imageamento e interpretação de mapas. 4 Lei nº 9.605/1998. 5 Decreto nº 6.514/2008. 6. Lei Complementar nº 140/2011. 1 Monitoramento ambiental: conceitos, objetivos e suas aplicações no monitoramento de solo, ar, água, fauna, flora e ecossistemas. Monitoramento Ambiental consiste na realização de medições e/ou observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores e parâmetros, com a finalidade de verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua magnitude e avaliada a eficiência de eventuais medidas preventivas adotadas (Bitar & Ortega, 1998). Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é de fundamental importância para o acompanhamento da situação, tanto para a empresa e para o Poder Público, como também para a realização de auditoria, tema que veremos no próximo tópico. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 2 Monitoramento ambiental O monitoramento ambiental é uma importante ferramenta para a administração dos recursos naturais. Este oferece conhecimento e informações básicas para avaliar a presença de contaminantes, para compreender os sistemas ambientais e para dar suporte as políticas ambientais. O monitoramento consiste em observações repetidas de uma substância química químico ou mudança biológica, com um propósito definido de acordo com um planejamento prévio ao longo do tempo e espaço, utilizando métodos comparáveis e padronizados. Segundo van der Oost e colaboradores (2003), os cinco métodos de monitoramento ambiental que devem ser seguidos para avaliar o risco de contaminantes para os organismos e classificar a qualidade ambiental dos ecossistemas são: - monitoramento químico – avalia a exposição medindo os níveis de contaminantes bem conhecidos nos compartimentos ambientais; - monitoramento da bioacumulação – avalia a exposição medindo os níveis de contaminantes na biota ou determinando a dose crítica no local de interesse (bioacumulação); - monitoramento do efeito biológico – avalia a exposição e o efeito determinando as primeiras alterações adversas que são parcial ou totalmente reversíveis (biomarcadores); - monitoramento da saúde – avalia o efeito através do exame da ocorrência de doenças irreversíveis ou danos no tecido dos organismos; - monitoramento dos ecossistemas – avalia a integridade de um ecossistema através de um inventário de composição, densidade e diversidade das espécies, entre outros. Quando organismos vivos são usados no monitoramento ambiental para avaliar mudanças no meio ambiente ou na qualidade da água o monitoramento é chamado de monitoramento biológico ou biomonitoramento. Para que um biomonitoramento seja bem sucedido é importante a escolha do biomonitor que atenda as seguintes características (Figueira, 2006) • capacidade de acumulação mensurável da substância química de interesse; • distribuição generalizada na área de estudo; • ausência de variações sazonais na quantidade disponível para amostragem; • capacidade de acumulação diferenciada do poluente, relacionando a intensidade de exposição ao fator ambiental. Esta relação deve poder ser descrita de uma forma quantitativa ou semi-quantitativa; • ausência de variações sazonais na capacidade de acumulação; • acumulação da substância química apenas pela via que se quer avaliar; • identificação taxonômica fácil; www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 3 • que tenha sua fisiologia, ecologia e morfologia suficientemente estudada. Assim, durante o biomonitoramento são utilizados biomarcadores (celulares, tecido, fluidos corporais, mudanças bioquímicas, entre outros) para indicar a presença de poluentes ou como sistema de aviso de efeitos iminentes. Biomarcadores O biomarcador é uma característica que pode ser: bioquímica, fisiológica, morfológica ou histológica, utilizada para indicar a exposição ou o(s) efeito(s) de uma substância sobre o organismo de um ser vivo. A qualidade de um biomarcador está relacionada a capacidade de uma mudança ser medida antes que alguma consequência adversa significativa ocorra no organismo de interesse. Um biomarcador ideal deve ser específico para um composto ou classe de compostos, podendo ser utilizado em diferentes espécies (IPCS,1993). Convém salientar que é necessário que o sistema envolvido seja bem conhecido para que se possa interpretar a influência que o meio ambiente exerce sobre ele. A ordem seqüencial de resposta ao estresse causado por um poluente em um sistema biológico é visualizado na Figura 9. O efeito em nível hierárquico superior é sempre precedido por mudanças no processo biológico. Desta forma, o biomarcador é utilizado como um sinal prévio refletindo a resposta biológica causada por uma toxina. Representação esquemática da ordem sequencial de respostas ao estresse causado por poluentes em um sistema biológico (adaptado de van der Oost et al., 2003). Biomarcadores podem ser divididos em três classes (National Research Council, 2003; IPCS, 1993): - biomarcadores de exposição: são aqueles que detectam e mensuram a quantidade de uma substância exógena, seus metabólitos ou o produto da interação entre o xenobiótico e a molécula ou célula alvo em um compartimento do organismo; www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 4 - biomarcadores de efeito: são aqueles que incluem alterações bioquímicas, fisiológicas ou outra alteração nos tecidos ou fluidos corporais de um organismo que podem ser reconhecidos e associados com uma doença ou possível prejuízo a saúde; - biomarcadores de suscetibilidade: são aqueles que indicam a habilidade adquirida ou inerente de um organismo a responder a exposição a um xenobiótico específico, incluindo fatores genéticos e mudanças nos receptores que alteram a suscetibilidade de um organismo a uma dada exposição. Os biomarcadores de exposição podem ser usados para confirmar ou estimar a exposição de indivíduos ou de uma população a uma determinada substância ou grupo de substâncias fornecendo uma relação entre a exposição externa e a dose interna. De acordo com a definição, a bioacumulação de certos contaminantes persistentes em tecido de animais pode ser considerada com um biomarcador de exposição. Os biomarcadores de efeito podem ser usados para documentar alterações pré- clínicas ou efeitos adversos a saúde devido a exposição externa e absorção de determinada substância. Os biomarcadores de suscetibilidade ajudam a elucidar a variação no grau de resposta da exposição a substâncias tóxicas observadasem diferentes indivíduos. O uso de biomarcadores de peixes no estudo da resposta biológica e bioquímica a contaminantes tem atraído grande interesse já que podem ser encontrados praticamente em todos os ambientes aquáticos e desempenham importante papel na cadeia alimentar, já que têm a função de transportar energia de níveis tróficos inferiores para níveis superiores (Beyer et al., 1996). No entanto, as variações na fisiologia de diferentes espécies de peixes podem repercutir de forma diferenciada nas respostas de um biomarcador. Apesar disso e de sua alta mobilidade, peixes são considerados bons organismos para o monitoramento da poluição em ambientes aquáticos. Baseados nos critérios formulados por Stegeman e colaboradores (1992), van der Oost e colaboradores (2003) propõem seis critérios que devem ser observados para avaliar um biomarcador em peixes: (1) Confiabilidade na quantificação do biomarcador (com controle de qualidade) resultante de ensaios simples e de baixo custo; (2) Sensibilidade da resposta do biomarcador a exposição ou a efeitos de poluentes utilizados como parâmetros de aviso; (3) Definição clara dos dados de base de modo a permitir a distinção entre a variabilidade natural (ruído) e o estresse induzido pelo contaminante (sinal); (4) Conhecimento dos fatores que possam dificultar a interpretação da resposta do biomarcador à exposição ao poluente; www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 5 (5) Estabelecimento do mecanismo de relação entre a resposta do biomarcador e a exposição ao poluente (dosagem e tempo); (6) Estabelecimento do valor toxicológico do biomarcador, tal como a relação entre sua resposta e o impacto ao organismo. O uso e o aprimoramento dos processos de monitoramento ambiental vêm se tornando uma demanda da sociedade em todos os ramos da atividade econômica e, sobretudo, nas atividades agrícolas de forte impacto, como é o caso da cana-de-açúcar. A grande polêmica referente à cultura da cana está ligada principalmente à queima que antecede a colheita, e que gera impactos ambientais locais e regionais. Características O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar - qualitativa e quantitativamente - as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e institucionais também são incluídas neste tipo de estudo, já que exercem influências sobre o meio ambiente. Com base nesses levantamentos, o monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam o estado de conservação, preservação, degradação e recuperação ambiental da região estudada. Também subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo, além de auxiliar na definição de políticas ambientais. O monitoramento ambiental permite, ainda, compreender melhor a relação das ações do homem com o meio ambiente, bem como o resultado da atuação das instituições por meio de planos, programas, projetos, instrumentos legais e financeiros, capazes de manter as condições ideais dos recursos naturais (equilíbrio ecológico) ou recuperar áreas e sistemas específicos. Como exemplo, pode-se citar o monitoramento de um recurso hídrico, que tem os seguintes objetivos: acompanhar as alterações de sua qualidade; elaborar previsões de comportamento; desenvolver instrumentos de gestão; fornecer subsídios para ações saneadoras. Implantação A implantação de atividades de monitoramento ambiental necessita de uma seleção prévia de indicadores que expressem as condições qualitativas ou quantitativas do que será medido e avaliado. Esses parâmetros devem descrever, de forma compreensível e significativa, os seguintes aspectos: o estado e as tendências dos recursos ambientais; a situação socioeconômica da área em estudo; o desempenho de instituições para o cumprimento de suas atribuições. A escolha dos indicadores depende dos seguintes fatores: www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 6 objetivos do monitoramento; o que será monitorado; informações que se pretende obter. Esses parâmetros são medidos em campo, laboratório e em escritório, sendo que alguns são bastante simples e outros, muito complexos. Rede de monitoramento Na maioria das vezes, o monitoramento é realizado em vários locais, formando a chamada rede de monitoramento. Trata-se de um sistema que capta dados em várias áreas, com abrangência local, regional, nacional e internacional. A rede é capaz de fornecer uma base de dados comparativa, tanto em relação ao próprio local amostrado quanto a outras regiões. O sistema de coleta de dados aumenta o conhecimento sobre uma determinada região, o que permite tomadas de decisão mais acertadas e um planejamento ambiental adequado. Objetivos do Monitoramento Ambiental Monitoramento Ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, visando identificar e avaliar qualitativamente e quantitativamente as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. É um instrumento de controle e avaliação, servindo para conhecer o estado e as tendências qualitativas e quantitativas dos recursos naturais e as influências exercidas pelas atividades humanas e por fatores naturais sobre o meio ambiente. Desta forma, seus resultados poderão subsidiar medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo. Dentre os objetivos do monitoramento de um projeto pode-se citar: I) verificar os seus impactos reais; II) comparar os impactos com as previsões realizadas; III) detectar mudanças não previstas e relacionadas a atividade ou projeto; IV) alertar para a necessidade de agir, caso os impactos negativos ultrapassem certos limites. Dependendo das características do projeto o monitoramento não deve se restringir a parâmetros ou indicadores físicos e biológicos, mas também deve contemplar indicadores de impactos sociais e econômicos. Nesse caso, a atividade não emprega a mesma estrutura que o monitoramento biofísico, mas deve observar o mesmo rigor científico, dentro das especificidades das ciências sociais com programas de monitoramento de médio ou longo prazo, que atendam as necessidades e expectativas com base em metodologias criteriosas de coleta e análises de dados que garantem uma avaliação precisa das mudanças ocorridas no ambiente ao longo do tempo e podem embasar decisões de gestão. Monitoramento Ambiental do solo Monitoramento do solo avalia, impede ou diminui os efeitos de substâncias que podem prejudicar o solo ou, água, ar e organismos em contato com o solo. O solo é um meio complexo e heterogêneo, produto de alteração do remanejamento e da organização do material original (rocha, sedimento ou outro solo), sob a ação da vida, da atmosfera e das trocas de energia que aí se manifestam, e constituído por quantidades variáveis de minerais, matéria orgânica, água da zona não saturada e saturada, ar e organismos vivos, www.klimanaturali.orgwww.klimanaturali.org Página 7 incluindo plantas, bactérias, fungos, protozoários, invertebrados e outros animais. São funções do solo: • sustentação da vida e do "habitat" para pessoas, animais, plantas e outros organismos; • manutenção do ciclo da água e dos nutrientes; • proteção da água subterrânea; • manutenção do patrimônio histórico, natural e cultural; • conservação das reservas minerais e de matérias primas; • produção de alimentos; e • meio para manutenção da atividade sócio-econômica. A degradação do solo é um processo lento impulsionado por ambos os determinantes, ou seja, por meios naturais e humanos. A identificação do problema na fase inicial fornece em tempo hábil, medidas suficiente para a formulação de políticas de intervenção através da implementação de políticas de baixo custo. Os principais processos que conduzem à desertificação são os processos que alteram os ciclos naturais da água através da erosão do solo, salinização, redução de carbono orgânico do solo e as mudanças da aridez do solo. Monitoramento do solo detecta e avalia a possível libertação de substâncias a partir de instalações industriais diretamente para os solos e ambientes afins, bem como a monitorização de derrames históricos e vazamentos em áreas protegidas por lei. Para o monitoramento é necessária ter a amostragem para estabelecer as condições de base para expansões significativas de novas áreas de monitoramento. No entanto, algumas instalações (ou partes deles) podem ficar isentos dos requisitos de monitoramento do solo, devido a riscos mínimos do tipo de operação, ou porque os controles de engenharia estão no local para proteger o solo. Monitoramento ambiental do ar Monitorar o ar é observar continuamente as concentrações na atmosfera de quaisquer poluentes que afetam a qualidade do ar. Nesse sentido, o objetivo da rede de monitoramento da qualidade do ar é avaliar continuamente as características que tornam o ar um ambiente propício ao ser humano e ao meio ambiente em geral, possibilitando observação das emissões relativas às fontes fixas e móveis. O índice de qualidade do ar – IQAr é uma escala informativa das concentrações, estabelecida pelo CONAMA 03/90. A mesma legislação estabelece ainda os padrões primários e secundários da qualidade do ar. Os padrões primários são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Já os padrões secundários de qualidade do ar, são as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, aos materiais e ao meio ambiente em geral. A poluição atmosférica tem sido objeto de discussões cada vez mais freqüentes, pois foi observado um crescimento considerável de diversas fontes de poluentes atmosféricos nos últimos anos, em especial a frota de veículos automotores em circulação. O impacto ambiental provocado pelos poluentes atmosféricos reflete diretamente na saúde humana, nos ecossistemas e www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 8 nos materiais de modo que a cada dia aumenta a necessidade de dar maior atenção ao monitoramento da qualidade do ar. Os centros urbanos, com o passar dos anos, tiveram um grande crescimento populacional e, conseqüentemente, um aumento considerável das atividades antrópicas necessárias para atender à população (transporte público, indústrias, obras diversas, etc). O impacto destas atividades em associação com outras ações negativas do homem sobre o meio ambiente, como as queimadas e a devastação de áreas verdes por meio do desmatamento, tornam cada vez mais impuro o ar que nos circunda. A comunidade médica internacional entende que respirar um ar impuro é altamente prejudicial à saúde e, dependendo da concentração dos poluentes, toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. As pessoas de grupos sensíveis como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas costumam apresentar sintomas ainda mais graves. Desta forma, o poder público possui a obrigação não só de realizar o monitoramento da concentração dos principais poluentes, mas de adotar as medidas mitigadoras necessárias para manter a qualidade do ar em índices que garantam a saúde e o bem estar da população. Monitoramento da Qualidade do Ar O monitoramento da qualidade do ar tem como objetivo a quantificação de poluentes atmosféricos, bem como a avaliação da qualidade do ar em relação aos limites estabelecidos. Em razão da maior concentração na atmosfera e dos efeitos nocivos que apresentam, os principais poluentes atmosféricos são: Partículas totais em suspensão (PTS) - partículas de até 100 µm de diâmetro Partículas inaláveis (PI) - partículas de até 10 µm de diâmetro Fumaça – parâmetro determinado pelo escurecimento de um filtro através da deposição de partículas em suspensão. A Resolução Conama nº 3/1990 estabelece para cada um desses poluentes padrões de qualidade do ar, ou seja, limites máximos de concentração que, quando ultrapassados, podem afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos ao meio ambiente em geral. O Distrito Federal adota estes padrões como referência para avaliar a qualidade do ar em geral e os padrões da Resolução Conama nº 382/2006 para acompanhar as emissões provenientes de empreendimentos licenciados. O efeito da poluição atmosférica sobre a saúde é estimado através do Índice de Qualidade do Ar (IQAr) onde a concentração do poluente está relacionada com um valor adimensional do índice que, por sua vez, pode ser associado à uma escala de cores em função dos possíveis efeitos esperados na população. Desta forma, conhecendo a concentração de poluentes, o ar analisado pode ser classificado como de qualidade: boa, regular, inadequada, má e péssima. Monitoramento ambiental da água A água desempenha papel de extrema importância na vida humana, e seu tratamento para consumo tem por finalidade atender aos padrões de potabilidade, de maneira a não oferecer riscos à saúde. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 9 No Brasil os padrões e procedimentos relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade, são regulamentados pela Portaria n. 518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde. Esta Portaria determina padrões e limites em relação aos parâmetros: Físicos – como pH, cor e turbidez; Químicos – como alumínio, amônia, cloro residual e substâncias que podem representar risco à saúde (fluoreto, chumbo, mercúrio, nitrato, etc.); Microbiológicos – como coliformes fecais e organismos patogênicos; Radioatividade As águas residuárias são aquelas que após utilização humana apresentam suas características naturais alteradas. Estes efluentes líquidos são produzidos por indústrias ou são resultantes dos esgotos domésticos urbanos. A devolução dessas águas residuárias de qualquer fonte poluidora ao meio ambiente deve prever seu tratamento, se necessário. Este lançamento pode ser feito em rios, mares e fontes subterrâneas, desde que obedeçam às condições determinadas pela legislação. Para verificar a conformidade deste efluente que será lançado, são analisados parâmetros como: Temperatura, pH e materiais sedimentáveis; DBO (demanda bioquímica de oxigênio) 5 dias; Elementos químicos,dentre outros. O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) regulamenta no âmbito federal os padrões de lançamento de efluentes através das Resoluções n. 357 de 17 de março de 2005, e n. 397 de 03 de abril de 2008. Cada Estado pode determinar padrões de lançamentos mais restritivos se julgarem necessário, e a fiscalização fica sob a responsabilidade da agência de controle. A importância deste controle é evitar que tornem a qualidade da água imprópria e nociva à saúde humana ou que possa prejudicar a fauna e a flora. A disponibilidade de água, tanto em quantidade como em qualidade, é um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento regional considerando-se tanto o meio urbano como o rural. Pelas características do seu ciclo, a quantidade da água no planeta tem se mantido aproximadamente constante desde a antigüidade. Por isso, tecnicamente, ela não está se tornando escassa. O que ocorre é uma carência da água para atender determinadas demandas que estejam associadas a uma qualidade mínima, respeitada a sua disponibilidade local. As causas desta carência são comumente associadas à poluição dos recursos hídricos e ao direcionamento estratégico de atividades consultivas para regiões onde sua disponibilidade natural é limitada. Por falta de estudos específicos no passado, mesmo que a disponibilidade quantitativa no Brasil seja impressionante, a maior parte das regiões brasileiras vivenciam hoje conflitos pelo uso da água motivados pela heterogeneidade da sua distribuição espacial, pelo adensamento populacional descontrolado, pela ocupação desordenada da área de drenagem das bacias hidrográficas, pelo direcionamento estratégico agro-industrial sem que as outorgas e licenciamentos sejam comparados à disponibilidade local e à sua capacidade de carga, além dos desperdícios na conservação do recurso. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 10 Portanto, numa estratégia de sustentabilidade de longo prazo, o problema da carência dos recursos hídricos deve ser entendido como uma dupla preocupação: a da quantidade da água, necessária para atender a demandas atuais e futuras, e a da qualidade, necessária para permitir o seu uso sem o comprometimento das demandas ecossistêmicas. METODOLOGIA DE APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS Dentre os parâmetros analisados no monitoramento foram selecionados os seguintes para demonstrações nos gráficos e tabelas: Oxigênio Dissolvido O oxigênio dissolvido na água é fundamental para manutenção da vida aquática. Quanto menor a concentração de oxigênio dissolvido, maior é a possibilidade de ocorrência de mortandade de peixes e outros seres vivos do meio aquático. Concentrações abaixo de 2,0 mg/l de oxigênio podem ocasionar mortandades de peixes. Altas concentrações de oxigênio dissolvido, além de benéficas para a vida aquática favorecem a depuração da matéria orgânica lançada nos corpos hídricos (vide DBO). DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) É a quantidade de oxigênio necessária para depurar a matéria orgânica biodegradável lançada na água. Portanto, indica a presença de matéria orgânica, que pode ter origem nos esgotos cloacais ou nos efluentes industriais. Quanto maior a concentração de DBO na água haverá uma tendência de redução na concentração do oxigênio que está dissolvido na água. Coliformes Fecais Indicam a presença de esgotos cloacais nas áreas urbanas. Altas concentrações de coliformes fecais são acompanhadas de concentrações mais elevadas da matéria orgânica (DBO). A presença de esgotos cloacais aumenta possibilidade de contrair doenças de veiculação hídrica. Em áreas rurais pode indicar a contaminação oriunda de atividades de pecuária. Metais Pesados São apresentados gráficos com informações sobre os seguintes metais pesados: cádmio, chumbo, cobre, cromo total, mercúrio, níquel e zinco. Quando encontrados em áreas urbanas são indicativos da presença de efluentes industriais (metalúrgicas com galvanoplastia, indústrias químicas, curtumes, etc.). Em áreas rurais, os metais estão presentes em fungicidas e outros tipos de agrotóxicos. Podem ser encontrados também em áreas de mineração. Em alguns casos são decorrentes das características geológicas locais. a) Gráficos de Freqüência das Classes Os Gráficos permitem a visualização da freqüência das Classes em cada um dos locais de amostragem. Parâmetros : oxigênio dissolvido, DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e Coliformes Fecais, bem como uma visão sobre as concentrações de metais pesados (vide item c) fora dos limites estabelecidos pela Resolução Nº 357 / 05 do CONAMA. b) Gráficos das Médias Anuais Indicam as médias anuais em cada um dos parâmetros amostrados. Parâmetros : oxigênio dissolvido, DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e Coliformes Fecais, www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 11 c) Gráficos dos Metais Pesados Apresenta os percentuais de análises fora dos padrões da Resolução Nº 357 / 05 do CONAMA. O primeiro gráfico indica análises fora da Classe 1, e o segundo gráfico mostra as análises fora da Classe 3. São considerados os metais cádmio, chumbo, cobre cromo total, mercúrio, níquel e zinco. A atual Resolução CONAMA nº 357 / 05, publicada em 18/03/2005, revoga a Resolução CONAMA nº 20/86, e nesta nova legislação os padrões de chumbo, cobre e cromo total estão agora mais restritivos. Agência Nacional de Águas – ANA A Agência Nacional de Águas tem como missão implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso a água, promovendo seu uso sustentável em benefício das atuais e futuras gerações. A instituição também possui outras definições estratégicas centrais: Negócio: uso sustentável da água. Visão: ser reconhecida pela sociedade como referência na gestão e regulação dos recursos hídricos e na promoção do uso sustentável da água. Valores: compromisso, transparência, excelência técnica, proatividade e espírito público. A Agência Nacional de Águas (ANA) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, e responsável pela implementação da gestão dos recursos hídricos brasileiros. Foi criada pela lei 9.984/2000 e regulamentada pelo decreto nº 3.692/2000. Já a lei das águas (lei nº 9.433/97) instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Tem como missão regular o uso das águas dos rios e lagos de domínio da União e implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, garantindo o seu uso sustentável, evitando a poluição e o desperdício, e assegurando água de boa qualidade e em quantidade suficiente para a atual e as futuras gerações. Em 27 de julho de 1999, na cerimônia de abertura do seminário Água, o desafio do próximo milênio, realizado no Palácio do Planalto, foram lançadas as bases do que seria a Agência Nacional de Águas (ANA): órgão autônomo e com continuidade administrativa, que atuaria no gerenciamento dos recursos hídricos. Nessa época, o projeto de criação da agência foi encaminhado ao Congresso Nacional, com aprovação em 7 de junho de 2000. Foi transformado na Lei nº 9.984, sancionada pelo presidente da República em exercício, Marco Maciel, no dia 17 de julho do mesmo ano. A finalidade da ANA é implementar, em sua esfera deatribuições, a política nacional de recursos hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida também como Lei das Águas – instrumento legal inspirado no modelo francês que permite a gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos. Compete à ANA criar condições técnicas para implementar a Lei das Águas, promover a gestão descentralizada e participativa, em sintonia com os órgãos e entidades que integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, implantar os instrumentos de gestão previstos na Lei 9.433/97, dentre eles, a outorga preventiva e de direito de uso de recursos hídricos, a cobrança pelo uso da água e a fiscalização desses usos, e ainda, buscar soluções www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 12 adequadas para dois graves problemas do país: as secas prolongadas (especialmente no Nordeste) e a poluição dos rios. A agência é uma autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, conduzida por uma diretoria colegiada. Tal instituição também é responsável pela manutenção de uma rede de Plataforma de coleta de dados visando o monitoramento dos níveis de rios e reservatórios de água em território brasileiro1 Estrutura organizacional Sua estrutura organizacional e regimental é constituída por uma diretoria colegiada, uma secretaria-geral (SGE), uma procuradoria-geral (PGE), uma chefia de gabinete (GAB), uma auditoria interna (AUD), uma coordenação geral das assessorias (CGA) e oito superintendências. A diretoria colegiada é composta por cinco membros: um diretor-presidente e quatro diretores, todos nomeados pelo presidente da República, com mandatos não coincidentes de quatro anos. Monitoramento da Fauna e Flora Monitoramento da Fauna Terrestre tem como objetivo principal, monitorar a fauna silvestre, com o intuito de diagnosticar possíveis alterações nas comunidades ao longo do tempo decorrentes da perda de habitat dada pela supressão da vegetação. Monitoramento de fauna é realizado para avaliar os impactos da mineração e empreendimentos que possa causar impactos negativos sobre as populações da fauna e flora locais, incluindo aves, répteis , mamíferos e sapos. O monitoramento também é realizado em áreas de reabilitação e em outras áreas destinadas para fins de conservação de espécies nativas nessas áreas. Técnicas de monitoramento incluem armadilhas, destacando, a análise chamada ecolocalização (para espécies de morcegos da floresta ) e inspeção de locais de capoeira artificiais sob uma licença emitida pelo órgão ambiental responsável. O monitoramento da flora é, geralmente, realizado sazonalmente para avaliar o desenvolvimento na regeneração de áreas florestais e de reabilitação. Áreas de vegetação remanescente são usadas como pontos de controle para comparação com as áreas de reabilitação. As informações obtidas a partir deste monitoramento são usadas para orientar e melhorar os esforços de reabilitação em áreas semelhantes. Monitoramento da diversidade de espécies da flora, dentro dos locais de reabilitação, são realizados através estratégias elaboradas e avaliada entre as espécies existentes. Esta é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de critérios de conclusão para a reabilitação . Pesquisas oportunistas e sistemáticas são realizadas, com o objetivo de desenvolver uma lista completa das espécies presentes para a comparação com o monitoramento de reabilitação e experimentos. Proteção florestal (prevenção e combate a incêndios florestais), legislação aplicada ao uso do fogo Pragas e Doenças www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 13 As pragas que representam a maior importância econômica são: as formigas cortadeiras em primeira instância, que ocorrem e devem ser controladas durante toda a fase do projeto; em segunda, no caso de plantios de eucalipto, pode-se considerar os cupins, na fase mais juvenil, e as lagartas, como a Thyrinteina arnobia na fase mais adulta, principalmente. Outra praga comum e causadora de sérios problemas é causada pelo fungo Puccina psidii Winter (ferrugem do eucalipto). A primeira ocorrência da ferrugem, causando danos, aconteceu no Espírito Santo, nos anos 70, em plantios de Eucalyptus grandis, com idade inferior a dez anos. Além de ocorrer em mudas de viveiro, a ferrugem pode atingir também plantas jovens no campo até os dois anos de idade, reduzindo a produtividade da cultura e podendo levar à morte os indivíduos mais debilitados. Em relação aos plantios de pinus, o macaco-prego (Cebus apella), vem causando danos consideráveis. O macaco-prego ocorre em praticamente em toda a América do Sul, a leste dos Andes, apresentando uma grande adaptabilidade às condições ambientais e uma grande diversidade comportamental. Tem o hábito de arrancar a casca das árvores para alimentar-se da seiva, que tem sabor doce. Ao romper a casca, a árvore fica sem proteção e a circulação da seiva é interrompida. A árvore fica extremamente debilitada e suscetível ao ataque da vespa-da- madeira, que, em termos de danos econômicos, é uma das principais pragas. Outra praga que vem causando danos é o pulgão (Cinara pinivora e Cinara atlantica) que hoje, ocorre em várias regiões de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O controle de formigas cortadeiras pode ser desenvolvido como citado anteriormente, e para o controle de lagartas tem se usado muito o lagartecida biológico, que tem como agente a bactéria Bacillus thuringiensis, cujos nomes comerciais são o Dipel e o Bac control. Incêndios Florestais Entende-se por incêndio florestal todo fogo sem controle sobre qualquer vegetação, podendo ser provocado pelo homem (intencionalmente ou por negligência), ou por fonte natural (raio). Anualmente, após as geadas, ocorre a estação seca, por um período crítico que se estende do mês de julho até meados de outubro. Neste período a vegetação torna-se suscetível a incêndios. Os incêndios florestais, casuais ou propositados, são causadores de grandes prejuízos, tanto no meio ambiente quanto ao próprio homem e a suas atividades econômicas. No período de 1983 a 1988 no Brasil, os incêndios destruíram uma área de 201.262 hectares de reflorestamento, que representa aproximadamente 154 milhões de dólares para o seu replantio, fora o prejuízo direto. As causas dos incêndios podem variar bastante de região para região. No Brasil, há 8 grupos de causas: raios, queimadas para limpeza, operações florestais, fogos de recreação, o ocasionado por fumantes, por incendiários, estradas de ferro e diversos. Os incêndios, devido principalmente às condições meteorológicas, não ocorrem com a mesma freqüência durante todos os meses do ano. Pode haver também uma variação das épocas de maior ocorrência de incêndios entre as regiões do país, devido às condições climáticas ou às diferenças nos níveis de atividades agrícolas e florestais. Da mesma maneira, os incêndios não se distribuem uniformemente através das áreas florestais. Existem locais onde a ocorrência de incêndios é mais freqüente, como por exemplo os próximos a vilas de acampamentos, margens de rodovias, estradas de ferro, proximidades de áreas agrícolas e pastagens. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 14A proteção das florestas, bem como a de povoamentos florestais, torna-se eficiente quando existe um planejamento prévio das atitudes e atividades a serem tomadas ou implementadas nas diferentes situações que podem apresentar. Quanto ao controle de incêndios florestais, o processo preventivo tem se mostrado como o de maior eficiência, através de aceiros manuais e mecânicos, gradagens internas ao povoamento e um bom sistema de vigilância; este, muito praticado entre empresas florestais vizinhas, num sistema de cooperativismo. Planos de Proteção É necessária a observação de vários fatores existentes na área em questão: O problema do fogo na unidade a ser protegida. Os aspectos físicos da área. Causas mais freqüentes de incêndios, épocas e locais de maior ocorrência, classes de material combustível e delimitação de zonas prioritárias são informações indispensáveis para a elaboração de um plano. Este plano deve incluir as ações propostas para a prevenção, detecção e combate aos incêndios e o registro sistemático de todas as ocorrências. Classes de Combustível Os tipos de vegetação influenciam de maneira significativa no potencial de propagação dos incêndios. Tipo de formação vegetal Propagação Povoamentos de coníferas Mais rápida e intensa Povoamentos de folhosas Mais lenta Florestas plantadas Mais rápido Florestas naturais Mais lenta Pastagens e campos Mais rápida, principalmente após geada Os mapas de combustível, ou cartas de vegetação, permitem prever as áreas nas quais o fogo apresenta maior risco de propagação. Zonas Prioritárias É preciso definir as áreas que devem ser prioritariamente protegidas, embora todas as áreas sejam de grande importância. Áreas experimentais, pomares de sementes, nascentes de água, áreas de recreação, instalações industriais e zonas residenciais são exemplos de áreas prioritárias. Plano Operacional Prevenção A prevenção dos incêndios florestais envolve, na realidade, dois níveis de atividades, a redução das causas (através de campanhas educativas, legislação específica e medidas de controle) e a redução do risco de propagação, que consiste em dificultar ao máximo a propagação dos incêndios que não forem possíveis de evitar. Pode ser feito através da construção www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 15 de aceiros, da redução do material combustível e da adoção de técnicas apropriadas de silvicultura preventiva. Detecção É a primeira etapa do combate a um incêndio. Pode ser fixo, móvel ou auxiliar, dependendo das condições locais e da disponibilidade de recursos da empresa responsável pela proteção da área. A detecção fixa é feita através de pontos fixos de observação, torres metálicas ou de madeira. A altura da torre depende da topografia da área e da altura da floresta a ser protegida. As torres são operadas por pessoas ou por sensores automáticos à base de raios infravermelhos, que detectam o incêndio devido à diferença de temperatura entre o ambiente e a zona de combustão. A móvel é feita através de operários a cavalo, em veículos ou em aeronaves leves. O patrulhamento aéreo é indicado para áreas muito grandes, de difícil acesso. A auxiliar é exercida voluntariamente, por pessoas que não estão ligadas diretamente ao sistema de detecção. Quando bem conscientizadas, através de programas educativos, as pessoas que vivem nas imediações ou transitam pela floresta podem comunicar a existência de focos de incêndio. Passos básicos na detecção dos incêndios: Comunicar à pessoa responsável pelo combate todos os incêndios que ocorrerem na área protegida, antes que o fogo se torne muito intenso, de modo a viabilizar o combate o mais rápido possível; o ideal é cumprir este objetivo em no máximo 15 minutos após iniciado o fogo. Localizar o fogo com precisão suficiente para permitir à equipe do combate chegar ao local pelo acesso mais curto, no menor intervalo de tempo possível. Combate Equipes treinadas, equipamentos adequados, mobilização rápida, plano de ataque já estabelecido - é o necessário para proceder um combate eficiente. Os equipamentos, incluindo as ferramentas manuais, devem ser de uso exclusivo no combate aos incêndios florestais. O tipo e a quantidade de equipamentos para o combate a incêndios depende de vários fatores, tais como: características locais, tipo de vegetação, tamanho da área, número de equipes e disponibilidade financeira. Registro das ocorrências Com base nesses registros é que se pode obter informações sobre causas, épocas e locais de ocorrência, tempo de mobilização, duração do combate, número de pessoas envolvidas, equipamento utilizado, área queimada, vegetação atingida e outros fatores. Prevenção e combate a incêndios florestais PREVFOGO www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 16 As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade. Este problema foi identificado na década de 80, quando as mídias nacionais e internacionais tornaram públicos os dados alarmantes de focos de calor observados pelo Inpe. O fato evidenciou a ausência de estrutura governamental organizada para implementar ações de prevenção e combate aos incêndios florestais e exigiu do Governo uma resposta a este problema. Considerando a importância da temática, o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo foi criado em 1989 e tem atuado na promoção, apoio, coordenação e execução de atividades educativas, pesquisa, monitoramento, controle de queimadas, prevenção e combate aos incêndios florestais em todo território nacional. Os incêndios ocorrem quando os combustíveis inflamáveis são expostos à materiais acesos. A ocorrência de fogo, pode ser reduzida pela remoção da fonte de fogo ou pela remoção do material que pode queimar. Quanto mais valiosa uma área ou produto florestal, maior é a necessidade de eliminar o risco de incêndios. O efetivo controle das fontes de risco, requer o conhecimento de como essas operam localmente, quando e onde os incêndios ocorrem mais comumente. Estas informações estão vinculadas a um registro individual da ocorrência de incêndios este registro é a principal fonte de toda a estatística a respeito dos incêndios. Os dados mais frequêntes para programas de prevenção são: As causas dos incêndios que ocorrem; a época e o local de ocorrência; e a extensão da área queimada. Causas Não deve ser utilizada a classe desconhecida, pois induz a inclusão de outras classes de incêndios nesta categoria. De uma região para outra ocorrem inúmeras alterações, havendo a necessidade de observar as características de cada região para um planejamento. No Brasil, não existem estatística de longo prazo, apenas resultados recentes como os obtidos por SOARES em l983, onde os incendiários, queimas para limpeza e fogos para recreação são os casos com maior porcentagem de ocorrência,respectivamente 33,88% , 32.24% e l2.57%. Porém, existem casos rescritos como os da reflorestadora Sacramento-Resa de Minas Gerais, onde os raios em um período de 6 anos representaram 14% dos incêndios ocorridos. Locais de Ocorrência A definição das áreas de maior ocorrência de incêndios florestais, dependem prioritariamente de informações dos locais de onde ocorre os incêndios, estes dados podem ser estaduais ou municipais. Recentemente a EMBRAPA, fornece pela INTERNET informações sobre incêndios em estados ou regiões. As empresas florestais que possuem estatísticas de ocorrência de incêndios dentro de suas áreas, podem definir claramente onde ocorrem a maior incidência de incêndios e desta forma traçar planos de prevenção mais adequados. Área de Ocorrência www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 17 A distribuição dos incêndios através dos meses do ano é uma informação importante no planejamento da prevenção, pois indica as épocas de maior ocorrência de fogo, que varia significativamente de uma região para outra. Dependenddo principalmente do clima, caracterizado pela frequência e distribuição das chuvas, e seu efeito sobre a vegetação. Por exemplo na região de Telêmaco Borba onde está localizada a Klabin Florestal 80% dos incêndios ocorrem nos meses de julho a dezembro. Extensão da Área Queimada e Tipo de Vegetação Atingida A extensão da área atingida por um incêndio é útil para uma avaliação da eficiência do combate utilizado. O tipo de vegetação, possibilita identificar as espécies florestais ou tipos de vegetação mais sucetíveis à ação do foco em determinada região. Princípios e Métodos Usados na Prevenção de Incêndios A prevenção é considerada a função mais importante do combate de incêndios, e para ser efetiva precisa ser praticada constantemente. Seu objetivo é impedir a ocorrência de incêndios que tem causa de natureza humana, e impedir a propagação de incêndios que não podem ser evitados. Os instrumentos mais utilizados na prevenção são: Educação da população; aplicação da legislação; eliminação ou redução das fontes de propagação do fogo. Educação da população Deve ser aplicada a todos os grupos de idade da população, tanto em zonas urbanas como nas rurais. Sendo que para esse problema particular é necessário preparar o melhor método ou combinação de métodos para a prevenção de incêndios. Para iniciar um programa para educação da população, deve ser conhecida de forma detalhada as causas dos incêndios. Os instrumentos para organizar uma campanha de educação pública são: impresa; rádio; anúncios; filmes; cartilhas; contatos pessoais. Um detalhe importante é a concientização das novas gerações, que futuramente irão influir nos fatores que originam incêndios. Esta concientização de ser feita através de campanhas educacionais, devendo variar deacordo com a região e os problemas que os incêndios representam em cada local. Outra oportunidade de concientização são as festas comemorativas (semana da árvore, semana do meio ambiente, etc.), exposições agropecuárias e outras para implementar as campanhas educativas de prevenção de incêndios. Além disso, podem ser utilizadas placas de alerta com anúncios como: “O fogo apaga a vida”, “Conserve a natureza”e outros, ao longo de estradas que cortam áreas florestais, representando uma concientização permanente sobre os riscos dos incêndios florestais. Outro método de prevenção é o contato pessoal, que pode ser feito com reuniões ou em contato com os proprietários, vizinhos e confrontantes em áreas florestais, alertando a todos sobre os prejuízos causados pelo fogo, sobre o risco de uma queima indesejada, e sobre as formas utilizadas na prevenção de incêndios. Aplicação da Legislação Leis e regulamentos para as atividades relacionadas com uso do fogo na floresta, são importantes medidas de prevenção, os regulamentos diferem basicamente das leis por serem mais localizados, e tem como objetivo principal reduzir o risco de incêndios em determinadas áreas. Na regulamentação por exemplo as áreas florestais podem ser fechadas a visitação em épocas críticas, a proibição ou restrição de fumar em épocas de grande perigo, a proibição da pesca durante a estação de incêndios e outras medidas de caráter local ou regional que contribuam para www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 18 a redução do risco de incêndios. O código florestal brasileiro tem 4 artigos que tratam específicamente do fogo nas florestas são eles: Artigo 11 - O emprego de produtos florestais ou Hulha como combustível obriga o uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação. Artigo 25 - Quando os inêndios rurais não podem ser extintos com os recursos ordinários compete não só ao funcionário florestal com a qualquer autra autoridade pública, requisitar os meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio. Artigo 26 - Contituem as contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de um a cem vezes o salário mínimo mensal, ou ambas as penas cumulativamente: e) fazer fogo em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas. f) Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação. l) Empregar, como combustíveis, produtos florestais ou hulha sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas. Artigo 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação. Parágrafo único - Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastorais ou florestais. A permissão será estabelecida em ato do poder público circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução. Eliminação ou Redução das Fontes de Propagação As técnicas preventivas empregadas para evitar ou evitar a propagação de incêndios baseiam-se principalmente no controle da quantidade, arranjo continuidade e inflamabilidade do material combustível. As técnicas mais preconizadas são: Construção e Manutenção de Aceiros Podem ser naturais como estradas ou cursos d`água, ou especialmente construidas para impedir a propagação dos incêndios, e para fornecer uma linha de controle estabelecida no caso de ocorrer um incêndio. Um aceiro é uma faixa livre de vegetação, onde o solo mineral é exposto. A largura dessa faixa depende do tipo de material combustível, da localização em relação à configuração do terreno e das condições metereológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios. Porém alguns autores como SOARES recomendam que esta faixa não deve ser inferior a 5 metros, podendo chegar a 50 m de largura em locais muito perigosos. Em áreas florestais, existem aceiros principais mais largos, e secundários, mais estreitos. De maneira geral os aceiros não são suficientes para deter incêndios, porém são extremamente úteis como meio de acesso e pontos de apoio para o combater os focos de incêndios. Deve ser lembrados que os aceiros só são eficientes quando existe uma manutenção, mantendo- os limpos e trafegáveis principalmente durante a área de maior perigo de incêndios. Redução do Material Combustivel www.klimanaturali.orgwww.klimanaturali.org Página 19 A eliminação ou a redução desse material, é a forma mais eficiênte para se evitar a propagação dos incêndios, existem diversas maneiras de reduzir a quantidade do material combustível, tais como: meios químicos, biológicos e mecânicos, além disso também ; é utilizada a queima controlada, que embora perigosa é de baixo custo, principalmente para reduzir o material combustível no interior dos planaltos florestais. A queima da vegetação seca às margens de estradas de rodagem ou de ferro, é também um meio eficiente de reduzir o material combustível. Cortinas de segurança A implantação de vegetação com folhagem menos inflamável, é uma prática eficiênte para reduzir a propagação do fogo, pois dificulta o asceso do fogo às copas, facilitando o combate. Locais de captação D’água O reflorestamento de pequenos cursos d`água formando pequenos açudes, é de fundamental importância para obtenção de água no caso de combate a incêndios, recomenda-se a implantação de tomada d`água a cada 5 km para assegurar uma eficiência razoável dos caminhões bombeiros no controle de incêndios. Além disso, esses locais de captação podem ser utilizados em outras atividades como: melhorar o microclima, recreação e psicultura, auxilio ao plantio e a aplicação de defensivos, entre outros. Planos de Prevenção A fim de organizar os trabalhos de prevenção são elaborados os planos de prevenção. Nestes planos são detalhados de formas simples e objetiva, as atividades que serão desenvolvidas numa determinada área para prevenir incêndios florestais. O Plano de prevenção, engloba as seguintes etapas: 1 - Obtenção de informações sobre as ocorrências de fogo, e aspectos legais da área como: locais de maior ocorrência, período de maior ocorrência de incêndios durante o ano, tipo de cobertura vegetal vegetal da área, etc. 2 - Determinar as causas mais frequêntes dos incêndios e concetrar nestes esforços de prevenção. As causas variam deacordo com a região, sendo agrupados em 8 grupos, raios, incendiários, queimas para limpeza, fogos de recreação, operações florestais, fumantes, estradas de ferro e diversos. 3 - Decidir quais as técnicas e medidas preventivas serão adotadas, quem irá executá-las e quando serão executadas. No plano deverá ficar estabelecido, qual será a melhor forma, por exemplo de adequar a população de uma determinada região. Assim como a pessoa e a equipe responsável pela atividade prevista, com um cronograma indicando o início e o término de cada atividade planejada. 4 - Obter informações sobre todas as operações desencadeadas pelo plano de prevenção, a fim de auxiliá-lo, corrigí-lo e e dar novas condições quando for necessário. Legislação aplicada ao uso do fogo 1 - LEI Nº. 4.771- DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 Art. 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 20 Páragrafo único- Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução. 2 - LEI Nº. - 6.938 - DE 31 DE AGOSTO DE 1981 DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propicia a vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio - econômico, aos interesses da Segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal. Estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias a preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios; II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; III - à perda ou suspensão de participação, em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade. Art. 15 - O poluidor que expuser a perigo a incolumidade humana, animal ou vegetal ou estiver tornando mais grave situação de perigo existente, fica sujeito a pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. 3 - Código Penal Brasileiro dos Crimes Contra a Incolumidade Pública Capítulo I: Dos Crimes de Perigo Comum Incêndio Art. 250: Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. Pena: reclusão de três a seis anos, e multa Aumento da pena §1º - As penas aumentam de um terço: a) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 21 Incêndio culposo § 2º - Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos. 4 - LEI Nº. 9.605, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1998. Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo Único - Se o crime é culposo, a pena de detenção de seis meses a um ano, e multa. Art. 43. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais normas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano. Pena - detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 5 - DECRETO Nº 2.661, DE 8 DE JULHO DE 1998 Regulamenta o parágrafo único do art. 27 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, Código Florestal, mediante o estabelecimento de normas de precaução relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais, e dá outras providências. 6 - Portaria nº 94 - N de 09 de julho de 1998 Art 1º Fica instituída a queima controlada, como fator de produção e manejo em áreas de atividades agrícolas, pastoris ou florestais, assim como com finalidade de pesquisa científica e tecnológica, a ser executada em áreas com limites físicos preestabelecidos. Art 5º - Fica instituída a queima solidária, realizada como fator de produção em regime de agricultura familiar, em atividades agrícolas, pastoris ou florestais. Parágrafo único: Para os efeitos desta Portaria, entende-se por queima solidária aquela realizada pelos produtores sob a forma de mutirão, ou de outra modalidade de intenção, em área de diversas propriedades. Conceitos básicos de: cartografia, sistemas de informação geográfica, sensoriamento remoto, imageamento e interpretação de mapas Conceitos básicos de cartografia Mesmo considerando todos os avanços científicos e tecnológicos produzidos pelo homem através dos tempos, é possível, nos dias de hoje, entender a condição de perplexidadede nossos ancestrais, no começo dos dias, diante da complexidade do mundo a sua volta. Podemos também intuir de que maneira surgiu no homem a necessidade de conhecer o mundo que ele habitava. O simples deslocamento de um ponto a outro na superfície de nosso planeta, já justifica a necessidade de se visualizar de alguma forma as características físicas do "mundo". É fácil imaginarmos alguns dos questionamentos que surgiram nas mentes de nossos ancestrais, por exemplo: como orientar nossos deslocamentos? Qual a forma do planeta? Etc. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 22 O conceito de Cartografia tem suas origens intimamente ligadas às inquietações que sempre se manifestaram no ser humano, no tocante a conhecer o mundo que ele habita. O vocábulo CARTOGRAFIA, etimologicamente - descrição de cartas, foi introduzido em 1839, pelo segundo Visconde de Santarém - Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de Macedo Leitão, (1791 - 1856). A despeito de seu significado etimológico, a sua concepção inicial continha a idéia do traçado de mapas. No primeiro estágio da evolução o vocábulo passou a significar a arte do traçado de mapas, para em seguida, conter a ciência, a técnica e a arte de representar a superfície terrestre. Em 1949 a Organização das Nações Unidas já reconhecia a importância da Cartografia através da seguinte assertiva, lavrada em Atas e Anais: "CARTOGRAFIA - no sentido lato da palavra não é apenas uma das ferramentas básicas do desenvolvimento econômico, mas é a primeira ferramenta a ser usada antes que outras ferramentas possam ser postas em trabalho”.(1) (1) ONU, Department of Social Affair. MODERN CARTOGRAPHY - BASE MAPS FOR WORLDS NEEDS. Lake Success. O conceito da Cartografia, hoje aceita sem maiores contestações, foi estabelecido em 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posteriormente, ratificado pela UNESCO, no mesmo ano: "A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização”. O processo cartográfico, partindo da coleta de dados, envolve estudo, análise, composição e representação de observações, de fatos, fenômenos e dados pertinentes a diversos campos científicos associados à superfície terrestre. FORMA DA TERRA A forma de nosso planeta (formato e suas dimensões) é um tema que vem sendo pesquisado ao longo dos anos em várias partes do mundo. Muitas foram às interpretações e conceitos desenvolvidos para definir qual seria a forma da Terra. Pitágoras em 528 a.C. introduziu o conceito de forma esférica para o planeta, e a partir daí sucessivas teorias foram desenvolvidas até alcançarmos o conceito que é hoje bem aceito no meio científico internacional. A superfície terrestre sofre freqüentes alterações devido à natureza (movimentos tectônicos, condições climáticas, erosão, etc.) e à ação do homem, portanto, não serve para definir forma sistemática da Terra. A fim de simplificar o cálculo de coordenadas da superfície terrestre foram adotadas algumas superfícies matemáticas simples. Uma primeira aproximação é a esfera achatada nos pólos. Segundo o conceito introduzido pelo matemático alemão CARL FRIEDRICH GAUSS (1777-1855), a forma do planeta, é o GEÓIDE (Figura 1.2) que corresponde à superfície do nível médio do mar homogêneo (ausência de correntezas, ventos, variação de densidade da água, etc.) www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 23 supostamente prolongado por sob continentes. Essa superfície se deve, principalmente, às forças de atração (gravidade) e força centrífuga (rotação da Terra). Os diferentes materiais que compõem a superfície terrestre possuem diferentes densidades, fazendo com que a força gravitacional atue com maior ou menor intensidade em locais diferentes. As águas do oceano procuram uma situação de equilíbrio, ajustando-se às forças que atuam sobre elas, inclusive no seu suposto prolongamento. A interação (compensação gravitacional) de forças buscando equilíbrio faz com que o geóide tenha o mesmo potencial gravimétrico em todos os pontos de sua superfície. É preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para contornar o problema que acabamos de abordar lançou-se mão de uma Figura geométrica chamada ELIPSE que ao girar em torno do seu eixo menor forma um volume, o ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO, achatado nos pólos (Figura 1.1). Assim, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica. Muitos foram os intentos realizados para calcular as dimensões do elipsóide de revolução que mais se aproxima da forma real da Terra, e muitos foram os resultados obtidos. Em geral, cada país ou grupo de países adotou um elipsóide como referência para os trabalhos geodésicos e topográficos, que mais se aproximasse do geóide na região considerada. A forma e tamanho de um elipsóide, bem como sua posição relativa ao geóide define um sistema geodésico (também designado por datum geodésico). No caso brasileiro adota-se o Sistema Geodésico Sul Americano - SAD 69, com as seguintes características: www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 24 - Elipsóide de referência - UGGI 67 (isto é, o recomendado pela União Geodésica e Geofísica Internacional em 1967) definido por: -semi-eixo maior - a:6.378.160m - achatamento - f: 1/298,25 - Origem das coordenadas (ou Datum planimétrico): - estação: Vértice Chuá (MG) - altura geoidal : 0 m - coordenadas: Latitude: 19º 45º 41,6527‟‟ S Longitude: 48º 06‟ 04,0639" W - azimute geodésico para o Vértice Uberaba : 271º 30‟ 04,05" O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) é constituído por cerca de 70.000 estações implantadas pelo IBGE em todo o Território Brasileiro, divididas em três redes: - Planimétrica: latitude e longitude de alta precisão - Altimétrica: altitudes de alta precisão - Gravimétrica: valores precisos de aceleração da gravidade. Para origem das altitudes (ou Datum altimétrico ou Datum vertical) foram adotados: Porto de Santana - correspondente ao nível médio determinado por um marégrafo instalado no Porto de Santana (AP) para referenciar a rede altimétrica do Estado do Amapá que ainda não está conectada ao restante do País. Imbituba - idem para a estação maregráfica do porto de Imbituba (SC), utilizada como origem para toda rede altimétrica nacional à exceção do estado Amapá. LEVANTAMENTOS Compreende-se por levantamento o conjunto de operações destinado à execução de medições para a determinação da forma e dimensões do planeta. Dentre os diversos levantamentos necessários à descrição da superfície terrestre em suas múltiplas características, podemos destacar: LEVANTAMENTOS GEODÉSICOS GEODÉSIA - "Ciência aplicada que estuda a forma, as dimensões e o campo de gravidade da Terra". FINALIDADES - Embora a finalidade primordial da Geodésia seja cientifica, ela é empregada como estruturabásica do mapeamento e trabalhos topográficos, constituindo estes fins práticos razão de seu desenvolvimento e realização, na maioria dos países. Os levantamentos geodésicos compreendem o conjunto de atividades dirigidas para as medições e observações que se destinam à determinação da forma e dimensões do nosso planeta (geóide e elipsóide). É a base para o estabelecimento do referencial físico e geométrico necessário ao posicionamento dos elementos que compõem a paisagem territorial. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 25 Os levantamentos geodésicos classificam-se em três grandes grupos: a) Levantamentos Geodésicos de Alta Precisão (Âmbito Nacional) - Científico: Dirigido ao atendimento de programas internacionais de cunho científico e a Sistemas Geodésicos Nacionais. - Fundamental (1ª Ordem): Pontos básicos para amarração e controle de trabalhos geodésicos e cartográficos, desenvolvido segundo especificações internacionais, constituindo o sistema único de referência. b) Levantamentos Geodésicos de Precisão (Âmbito Nacional) - Para áreas mais desenvolvidas (2ª ordem): Insere-se diretamente no grau de desenvolvimento socioeconômico regional. É uma densificação dos Sistemas Geodésicos Nacionais a partir da decomposição de Figura s de 1ª ordem. - Para áreas menos desenvolvidas (3ª ordem): Dirigido às áreas remotas ou aquelas em que não se justifiquem investimentos imediatos. c) Levantamentos Geodésicos para fins Topográficos (Local) Têm características locais. Dirige-se ao atendimento dos levantamentos no horizonte topográfico. Têm a finalidade de fornecer o apoio básico indispensável às operações topográficas de levantamento, para fins de mapeamento com base em fotogrametria. Os levantamentos irão permitir o controle horizontal e vertical através da determinação de coordenadas geodésicas e altimétricas. MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO Dentre os levantamentos planimétricos clássicos, merecem destaque: - Triangulação: Obtenção de Figuras geométricas a partir de triângulos formados através da medição dos ângulos subtendidos por cada vértice. Os pontos de triangulação são denominados vértices de triangulação (VVTT). É o mais antigo e utilizado processo de levantamento planimétrico. - Trilateração: Método semelhante à triangulação e, como aquele, baseia-se em propriedades geométricas a partir de triângulos superpostos, sendo que o levantamento será efetuado através da medição dos lados. - Poligonação: É um encadeamento de distâncias e ângulos medidos entre pontos adjacentes formando linhas poligonais ou polígonos. Partindo de uma linha formada por dois pontos conhecidos, determinam-se novos pontos, até chegar a uma linha de pontos conhecidos. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 26 LEVANTAMENTO ALTIMÉTRICO Desenvolveu-se na forma de circuitos, servindo por ramais às cidades, vilas e povoados às margens das mesmas e distantes até 20 km. Os demais levantamentos estarão referenciados ao de alta precisão. - Nivelamento Geométrico: É o método usado nos levantamentos altimétricos de alta precisão que se desenvolvem ao longo de rodovias e ferrovias. No SGB, os pontos cujas altitudes foram determinadas a partir de nivelamento geométrico são denominados referências de nível (RRNN). - Nivelamento Trigonométrico: Baseia-se em relações trigonométricas. É menos preciso que o geométrico, fornece apoio altimétrico para os trabalhos topográficos. - Nivelamento Barométrico: Baseia-se na relação inversamente proporcional entre pressão atmosférica e altitude. É o de mais baixa precisão, usado em regiões onde é impossível utilizar-se os métodos acima ou quando se queira maior rapidez. LEVANTAMENTO GRAVIMÉTRICO A gravimetria tem por finalidade o estudo do campo gravitacional terrestre, possibilitando, a partir dos seus resultados, aplicações na área da Geociência como, por exemplo, a determinação da Figura e dimensões da Terra, a investigação da crosta terrestre e a prospecção de recursos minerais. As especificações e normas gerais abordam as técnicas de medições gravimétricas vinculadas às determinações relativas com uso de gravímetros estáticos. À semelhança dos levantamentos planimétricos e altimétricos, os gravimétricos são desdobrados em: Alta precisão, precisão e para fins de detalhamento. Matematicamente, esses levantamentos são bastante similares ao nivelamento geométrico, medindo-se diferenças de aceleração da gravidade entre pontos sucessivos. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 27 LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS São operações através das quais se realizam medições, com a finalidade de se determinar à posição relativa de pontos da superfície da Terra no horizonte topográfico (correspondente a um círculo de raio 10 km). Figura 1.3 - Maior parte da rede nacional de triangulação executada pelo IBGE Figura 1.4 - Rede de nivelamento geodésico executado pelo IBGE POSICIONAMENTO TRIDIMENSIONAL POR GPS Na coleta de dados de campo, as técnicas geodésicas e topográficas para determinações de ângulos e distâncias utilizadas para a obtenção de coordenadas bi e/ou tridimensionais sobre a superfície terrestre, através de instrumentos ópticos e mecânicos tornaram-se obsoletos, sendo mais utilizada na locação de obras de engenharia civil e de instalações industriais. www.klimanaturali.org www.klimanaturali.org Página 28 Posteriormente, sistemas eletrônicos de determinações de distâncias por mira "laser" ou infravermelhas determinaram uma grande evolução. A geodésia por satélites baseados em Radar (NNSS), em freqüência de rádio muito altas (bandas de microondas) foi desenvolvido pela Marinha dos Estados Unidos com a finalidade básica da navegação e posicionamento das belonaves americanas sobre superfície, em meados dos anos 60. Surgiu através de pesquisas sobre distanciômetros durante a 2ª Grande Guerra e foi amplamente utilizado até o início de 1993. Atualmente, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) com a constelação NAVSTAR ("Navigation System With Timing And Ranging"), totalmente completa e operacional, ocupa o primeiro lugar entre os sistemas e métodos utilizados pela topografia, geodésia, aerofotogrametria, navegação aérea e marítima e quase todas as aplicações em geoprocessamento que envolvam dados de campo. O GPS Em 1978 foi iniciado o rastreamento dos primeiros satélites NAVSTAR, dando origem ao GPS como é hoje conhecido. No entanto, somente na segunda metade da década de 80 é que o GPS se tornou popular, depois que o Sistema foi aberto para uso civil e de outros países, já que o projeto foi desenvolvido para aplicações militares, e também em conseqüência do avanço tecnológico no campo da microinformática, permitindo aos fabricantes de rastreadores produzir receptores GPS que processassem no próprio receptor os códigos de sinais recebidos do rastreador. Referência O sistema geodésico adotado para referência é o World Geodetic System de 1984 (WGS- 84). Isto acarreta que os resultados dos posicionamentos realizados com o GPS referem-se a esse sistema geodésico, devendo ser transformados para o sistema SAD-69, adotado no Brasil, através de
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